Judas verso 3
INTRODUÇÃO: Caros irmãos. Nesta noite eu gostaria de refletir sobre a Reforma Protestante. Hoje comemoramos os 493 anos que o Monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja do Castelo. E diante deste dia especial, gostaria de abordar aquilo que ficou conhecido como “Os Cinco Solas da Reforma”.
Acredito que nunca vamos esgotar um assunto tão vasto como a Reforma da Igreja, visto que até o dia de hoje precisamos reformá-la. Diante disso, esse sermão atende a este propósito, falar de doutrinas antigas, mas também falar da atualidade, pois ainda necessitamos delas atualmente. Por esta razão, sugiro um tema: “As bases doutrinárias da Reforma e sua aplicabilidade hoje”. Porque queremos provar aos irmãos que as doutrinas antigas fazem ecoar em nossas consciências que não estamos livres de perversões doutrinárias. Diante disso, chamo atenção para o seguinte:
I- Sola Scriptura - Somente a Escritura (2 Timóteo 3.16-17)
Toda a afirmação levantada pela Reforma tem como objetivo refutar algum erro romanista. Isso é perfeitamente claro neste Sola. Enquanto o catolicismo abolia a Bíblia de sua doutrina, a Reforma enfatizava a mesma. Vejamos a implicação disso:
a) Única regra de fé e prática – Nunca houve tão grande promoção do livro sagrado como na Reforma. Não era apenas um ponto doutrinário é a alma da Reforma, de onde procedem seus dogmas e a vida do povo. Logo, isso foi contestado pelos católicos e ainda hoje é motivo de discussão entre os protestantes.
b) O Pentecostalismo é contra este Sola – A partir do momento que coloco a Bíblia em segundo plano a ouvir um profeta, quando ela não é honrada, nem obedecida estamos fugindo da aplicabilidade do Somente a Escritura.
II- Sola Christus – Somente Cristo (João 14.6)
a) A obra substitutiva de Cristo – Este ponto da doutrina reformada enfatiza a obra mediatória de Cristo, é Ele sendo nosso substituto, tomando nosso lugar, fazendo-nos apenas agraciados pecadores por tudo que Ele mesmo realizou. Acreditamos que sem o Mediador não há evangelho, nem salvação.
b) O repúdio a outro evangelho – Qualquer tentativa que faça esta obra substitutiva algo menor é uma grande perversão da verdade. Nisto incluímos movimentos como pelagianismo, arminianismo e ecumenismo. O homem só será salvo se for substituído por Cristo em Sua eficácia e eleição.
III- Sola Gratia – Somente a Graça (Efésios 2.8)
a) Graça suficiente – Somente somos salvos por graça, visto que não merecemos nada a não ser a punição pelos pecados. Nascemos mortos e só podemos ter vida por meio da graça regeneradora. Deus nos levanta do abatimento, nos vivifica da morte e da incapacidade moral, para enfim nos tornar justificados.
b) Repúdio de uma postura contrária – Temos como demoníaca e perversa o desejo de nos acharmos dignos de salvação. Em nós, como diz o apóstolo, não existe bem nenhum (Rm. 7.18). Não podemos nem mesmo aceitar a idéia de cooperar com esta graça, pois quando dizemos “somente”, excluímos qualquer contribuição humana.
IV- Sola Fide – Somente a Fé (Romanos 1.17)
a) O artigo fundamental – Lutero disse que este artigo é o reconhecimento de que se ele é crido a igreja permanece ou cai. Cremos nisso. Não cremos que o homem vem a Cristo sem fé. Baseado no texto, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11.6). A simples união a uma igreja não garante nada ao homem. Ele precisa crer para ter vida em Cristo (Jo 3.36).
b) Repúdio ao nominalismo atual – Devemos, não só quanto a nossa vida, mas quanto à vida da igreja, repudiar os que se dizem crente e não são. Estes, na maioria das vezes, são os responsáveis pelas cismas e confusões. Não se permitem admoestar, nem tão pouco, evoluem na fé. É necessário avaliarmos também se manifestamos fé, se nos agradamos das coisas santas e se nos arrependemos para viver na fé.
V- Sola Deo Gloria – Somente a Deus Glória (Isaías 42.8)
a) A glória exclusiva – Como foi dito no texto, o Senhor não reparte sua glória. Ele não dividirá com os ídolos, o amor ao dinheiro ou a si próprio. O homem que quer agradá-lo precisa se desfazer da sua “fábrica de ídolos” e centrar sua vida e adoração exclusivamente em Deus. Devemos buscar os interesses dele e não os nossos, se isso acontece jamais podemos afirmar este artigo completamente.
b) Repúdio a postura atual – Quão longe estamos disso hoje. Buscamos satisfazer a nossa vontade e se der fazemos a de Deus. Somos egoístas e mudamos a oração para “eu declaro”, “decreto”, ou coisas assim. Deus para nós é o nosso maior servo, ao invés de Senhor. Que tipo postura é essa? Só podemos lamentar se vivemos assim.
Conclusão: Observe sinceramente se isso é o que você vive. Observe se essa é a doutrina predominante hoje. Acredito que você não precisa pensar muito para ver que não. Estamos trocando estes pilares por um evangelho fácil e voltado para nos satisfazer. Que Deus nos faça retornar ao Evangelho da Reforma, não por uma filiação histórica, mas maior do que isso, por ser aquilo que consta na Palavra. Esta é a nossa maior necessidade hoje.
Soli Deo Gloria!