sábado, 30 de outubro de 2010

As bases doutrinárias da Reforma e sua aplicabilidade hoje.


Judas verso 3

INTRODUÇÃO: Caros irmãos. Nesta noite eu gostaria de refletir sobre a Reforma Protestante. Hoje comemoramos os 493 anos que o Monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja do Castelo. E diante deste dia especial, gostaria de abordar aquilo que ficou conhecido como “Os Cinco Solas da Reforma”.
Acredito que nunca vamos esgotar um assunto tão vasto como a Reforma da Igreja, visto que até o dia de hoje precisamos reformá-la. Diante disso, esse sermão atende a este propósito, falar de doutrinas antigas, mas também falar da atualidade, pois ainda necessitamos delas atualmente. Por esta razão, sugiro um tema: “As bases doutrinárias da Reforma e sua aplicabilidade hoje”. Porque queremos provar aos irmãos que as doutrinas antigas fazem ecoar em nossas consciências que não estamos livres de perversões doutrinárias. Diante disso, chamo atenção para o seguinte:

I- Sola Scriptura - Somente a Escritura (2 Timóteo 3.16-17)
Toda a afirmação levantada pela Reforma tem como objetivo refutar algum erro romanista. Isso é perfeitamente claro neste Sola. Enquanto o catolicismo abolia a Bíblia de sua doutrina, a Reforma enfatizava a mesma. Vejamos a implicação disso:
a)    Única regra de fé e prática – Nunca houve tão grande promoção do livro sagrado como na Reforma. Não era apenas um ponto doutrinário é a alma da Reforma, de onde procedem seus dogmas e a vida do povo. Logo, isso foi contestado pelos católicos e ainda hoje é motivo de discussão entre os protestantes.
b)   O Pentecostalismo é contra este Sola – A partir do momento que coloco a Bíblia em segundo plano a ouvir um profeta, quando ela não é honrada, nem obedecida estamos fugindo da aplicabilidade do Somente a Escritura.
  
II- Sola Christus – Somente Cristo (João 14.6)
a)    A obra substitutiva de Cristo – Este ponto da doutrina reformada enfatiza a obra mediatória de Cristo, é Ele sendo nosso substituto, tomando nosso lugar, fazendo-nos apenas agraciados pecadores por tudo que Ele mesmo realizou. Acreditamos que sem o Mediador não há evangelho, nem salvação.
b)   O repúdio a outro evangelho – Qualquer tentativa que faça esta obra substitutiva algo menor é uma grande perversão da verdade. Nisto incluímos movimentos como pelagianismo, arminianismo e ecumenismo. O homem só será salvo se for substituído por Cristo em Sua eficácia e eleição.

III- Sola Gratia – Somente a Graça (Efésios 2.8)
a)    Graça suficiente – Somente somos salvos por graça, visto que não merecemos nada a não ser a punição pelos pecados. Nascemos mortos e só podemos ter vida por meio da graça regeneradora. Deus nos levanta do abatimento, nos vivifica da morte e da incapacidade moral, para enfim nos tornar justificados.
b)   Repúdio de uma postura contrária – Temos como demoníaca e perversa o desejo de nos acharmos dignos de salvação. Em nós, como diz o apóstolo, não existe bem nenhum (Rm. 7.18). Não podemos nem mesmo aceitar a idéia de cooperar com esta graça, pois quando dizemos “somente”, excluímos qualquer contribuição humana.
IV- Sola Fide – Somente a Fé (Romanos 1.17)
a)    O artigo fundamental – Lutero disse que este artigo é o reconhecimento de que se ele é crido a igreja permanece ou cai. Cremos nisso. Não cremos que o homem vem a Cristo sem fé. Baseado no texto, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11.6). A simples união a uma igreja não garante nada ao homem. Ele precisa crer para ter vida em Cristo (Jo 3.36).
b)   Repúdio ao nominalismo atual – Devemos, não só quanto a nossa vida, mas quanto à vida da igreja, repudiar os que se dizem crente e não são. Estes, na maioria das vezes, são os responsáveis pelas cismas e confusões. Não se permitem admoestar, nem tão pouco, evoluem na fé. É necessário avaliarmos também se manifestamos fé, se nos agradamos das coisas santas e se nos arrependemos para viver na fé.
  
V- Sola Deo Gloria – Somente a Deus Glória (Isaías 42.8)
a)    A glória exclusiva – Como foi dito no texto, o Senhor não reparte sua glória. Ele não dividirá com os ídolos, o amor ao dinheiro ou a si próprio. O homem que quer agradá-lo precisa se desfazer da sua “fábrica de ídolos” e centrar sua vida e adoração exclusivamente em Deus. Devemos buscar os interesses dele e não os nossos, se isso acontece jamais podemos afirmar este artigo completamente.
b)   Repúdio a postura atual – Quão longe estamos disso hoje. Buscamos satisfazer a nossa vontade e se der fazemos a de Deus. Somos egoístas e mudamos a oração para “eu declaro”, “decreto”, ou coisas assim. Deus para nós é o nosso maior servo, ao invés de Senhor. Que tipo postura é essa? Só podemos lamentar se vivemos assim.

Conclusão: Observe sinceramente se isso é o que você vive. Observe se essa é a doutrina predominante hoje. Acredito que você não precisa pensar muito para ver que não. Estamos trocando estes pilares por um evangelho fácil e voltado para nos satisfazer. Que Deus nos faça retornar ao Evangelho da Reforma, não por uma filiação histórica, mas maior do que isso, por ser aquilo que consta na Palavra. Esta é a nossa maior necessidade hoje.

Soli Deo Gloria!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

493 Anos de Reforma Protestante


Neste ano de 2010 comemoramos os 493 anos da Reforma Protestante. Filhos protestantes de todo o mundo rememoram o dia em que o monge agostiniano Martinho Lutero afixou suas 95 teses sobre as indulgências católicas na porta da igreja do castelo de Wittinberg na Alemanha. Depois de quase cinco séculos ainda precisamos refletir sobre aqueles dias importantes, não com um nostálgico sentimento, mas com uma grande tarefa para estes dias. Na realidade a Reforma nunca foi um evento acabado. Desde o início os reformadores tiveram como lema que "uma igreja que foi reformada sempre precisa ser reformada", no entendimento que a obra nunca se esgota completamente. 
Algumas questões são importantes aqui quanto ao que estamos vivendo no Brasil no momento, por esta razão gostaria de refletir a Reforma da seguinte maneira:
A Reforma é Universal - Ela não é propriedade de um país, de igrejas e de pessoas. Ela é o objetivo de Deus para o Seu povo. Com isso não quero aqui afirmar a exclusividade e pregar a intolerância religiosa, mas do ponto de vista divino, o homem sempre irá precisar de uma Reforma. Ou seja, caído e falido pelo pecado este homem enquanto estiver neste mundo precisa de uma reforma moral, visto que por si só não poderá fazer nada individualmente. Ele, em sua jornada precisará de apoio divino, precisará de uma igreja que se comprometa com a verdade e que lhe ensine os princípios do Evangelho, nesta igreja ele precisará ouvir sobre Cristo e Sua salvação, por esta razão, antes de ser um movimento revolucionário em níveis mundiais a Reforma é um movimento espiritual individual. Começa no movimento de Deus em favor do homem e culmina na salvação deste mesmo homem pela graça divina.
A Reforma não foi um movimento nacionalista - É claro que em alguns aspectos desvincular a Reforma do florescimento do nacionalismo em alguns países como a Alemanha, Suíça e outros no período reformado parece algo incomum, visto que isto realmente aconteceu nestes países. Devido, principalmente a alguns fatores como a exploração exercida pela Santa Sé Católica, também pela celebração dos cultos na língua pátria entre outros. Mas, a Reforma foi um movimento eminentemente religioso. Começou com uma refutação teológica sincera e não foi arquitetado por algum político ou quem quer que seja, que desejasse se beneficiar com as terras católicas ou com o enfraquecimento do catolicismo em algumas áreas.
A Reforma como uma quebra de paradigmas medievais - Várias vertentes podem ser utilizadas para a comprovação desta perspectiva que defendemos. Na realidade a Reforma inaugura uma época tida por muitos como Iluminismo, pois não floresceu apenas nas artes e no redescobrimento das línguas originais, mas com a invenção da imprensa cadeia antes intransponíveis da ignorância caíram por terra. Questões econômicas foram rediscutidas, bem como formas de governar um país e a igreja e assim por diante. Foi de fato um evento único que deu forma ao que conhecemos hoje em nossa sociedade. Com a Reforma nasce os ideais democráticos, a liberdade do culto, o Estado Laico, entre outros pilares da democracia. Logo, sem a Reforma não poderíamos pensar em Ocidente como o conhecemos de forma alguma.
A Reforma e a educação - Antes, no período medieval, as faculdades eram benefícios dos mais ricos, do clero e daqueles que lhes eram chegados. A partir da Reforma vemos a educação chegar aos menos favorecidos, camponeses, artesãos e outros proletariados. Este entendimento começa com Lutero na Alemanha, atinge a Genebra calvinista e chegam às famosas universidades inglesas. Países como Holanda, Estados Unidos e outros também se beneficiam desta ênfase educacional. No entendimento dos reformadores o povo precisava ler a Bíblia para poder compreender suas doutrinas, bem como formar melhores cidadãos para fortalecer o Estado. Por esta razão, até hoje os países reformados são exemplos de educação, enquanto os que tiveram a influência do catolicismo enfrentam grandes dificuldades educacionais e democráticas.
A Reforma e o Culto - Outro grande legado da Reforma Protestante foi o seu culto simples. Destituído das imagens medievais, dos afrescos e proeminência das catedrais neo góticas, o culto protestante era altamente austero e simples. As músicas protestantes inculcavam a doutrina reformada nos corações dos crentes, a prediga era a parte central do culto e a atenção dos fiéis a este momento fazia com que o que se aprendia na igreja fosse aplicado no mundo. As nações protestantes ficaram livres das ladainhas, sinos, procissões das épocas católicas, mas ganharam em introspecção, florescimento moral de uma ética atuante e uma maior espiritualidade destituída de superstições romanistas.
A Reforma e a Ação Social - Após a perseguição ocorrida em países como a França e outros, Genebra acaba se tornando em umcentro de acolhimento de cristãos reformados huguenotes fugitivos, os mesmos foram acolhidos com um organizado sistema de diaconia na igreja Genebrina. Aliás, esta cidade ficou conhecida, nos dizeres de um homem que a visitou, como "a mais perfeita civilização desde o período apostólico". O exercício da misericórdia foi um dos grandes diferenciais dos países reformados em épocas de crise.
A Reforma e a Evangelização - Outra importante contribuição reformada foi a disseminação da doutrina reformada em países ainda não alcançados. Ao contrário daqueles que criticam a doutrina calvinista, taxando-a de altamente acomodada e pouco influente em missões, as organizações reformadas foram grandes agências de evangelismo. Desde os ministros franceses mandados ao Brasil pelo próprio Calvino, até as missões da África pelos ingleses. Até os dias de hoje vemos cristãos calvinistas na vanguarda das missões, o fato de haverem, possivelmente mais arminianos é porque este segmento alcançou uma notoriedade superior nestes dias e não que os calvinistas não evangelizam.
Contudo, o legado da Reforma permanece até aos dias de hoje. Recentemente a Revista Times publicou uma matéria que coloca o calvinismo com a terceira maior idéia deste mundo, mostrando o quanto ainda hoje este segmento é relevante. Neste mês da Reforma  o blog Evangelismo e Reforma saúda a todos os herdeiros da Reforma protestante. Crentes de diferentes denominações, que ao longo dos anos têm mantido vivo o sonho de Reforma da Igreja, que apesar dos dias, não desistem de lutar por uma igreja mais bíblica e saudável. Gostaríamos também de agradecer a Deus por tão importante obra que temos em nossas mãos e desejar a Reforma da Igreja em todas as suas esferas, mas principalmente na teologia e no testemunho. Revelando sã doutrina e vidas santas. Que Deus abençoe a todos que amam a Igreja de Cristo, amém.

domingo, 24 de outubro de 2010

Um inigualável sermão para uma inigualável época


Atos 2.14-41

INTRODUÇÃO: Hoje estaremos observando um dos grandes sermões publicados nas páginas sagradas. Este sermão foi tão impactante que ao seu término quase três mil pessoas se renderam a Cristo.
Nesta noite nós não temos a pretensão de causar o mesmo efeito daquele dia, mas entender o que tinha de impactante naquele discurso e aplicar a nossa vida aquilo que aqueles ouvintes se sensibilizaram. Creio que será altamente produtiva esta nossa busca, pois visará obter o entendimento de questões espirituais profundas para todos nós. Bem como nos conduzirá ao entendimento daquilo que é necessário para um sermão em todos os tempos.
Para tanto, sugiro um título: “Um inigualável sermão para uma inigualável época”. Quando coloco este sermão como inigualável não quero dizer com isso que nada pode ser feito de parecido, mas que esta época em especial, agrupou fatores tais que nunca podem ser perdidos para a igreja de Deus.
Sugiro então três características que se fazem necessárias a todos os sermões depois deste sermão. São elas:

I- Uma pregação sob a influência dominadora do Espírito Santo (vv.14-21).
Este sermão não encontrou solo favorável. Nos versos anteriores foi dito que o evento das línguas despertou espanto e perplexidade (v.12), mas mesmo assim Deus utilizou o mesmo. Vejamos como a influência do Espírito foi determinante para esta prediga.
a)    Dissipando a contrariedade (vv.14-15) – Pedro inicia seu discurso lembrando que não havia necessidade para preconceitos. Esta ação é determinante para dar crédito ao que se queria dizer.
b)   A aplicação da profecia (v.16-21) – Pedro, conduzido pelo Espírito de Deus, aplica aquele evento a uma profecia do livro do profeta Joel 2.28-32. Os judeus viam naquele texto uma conotação escatológica. Logo, Pedro prega que esse dia havia chegado. Ele explica dizendo que:
c)    O Espírito é algo comum (vv.17-18) – No A.T. o Espírito era algo para poucos, mas na dispensação do Espírito este seria derramado sobre todos. A prova disso é a profecia.
d)   O Espírito e os sinais (vv.19-20) – Isso tem a ver não com os dias presentes, mas com a parousia (2ª vinda), onde os fundamentos da terra serão abalados. Mas tais eventos já estão acontecendo a partir desse evento maior.
e)    O Espírito e a salvação (v.21) – Nesta época espiritual a salvação é disponibilizada aos arrependidos, que entendem a mensagem do Evangelho, basta então clamar por esta salvação e conforme a graça de Deus alcança-se a mesma.   
II- Uma pregação eminentemente Cristológica e aplicativa (vv.22-36).
Logo após a evidência do Espírito sob a prediga, surge outra grande necessidade, a Cristologia do sermão. Vejamos como Pedro trata o assunto:
a)    Jesus foi enviado por Deus (vv.22-24) – Ele defende que Deus enviou a Cristo, depois que os sinais foram feitos também por este fato (v.22), sua morte foi propósito divino com a responsabilidade humana (v.23) e também foi ressuscitado pelo poder de Deus (v.24). Para tanto, ele justifica este fato citando Davi.
b)   Jesus e não Davi ressuscitaria (vv.25-28) – Para provar isso ele utiliza o salmo 16.8-11. Nele Davi enfatiza que o Reino de Cristo jamais será abalado (v.25), que nele há segurança nisso (v.26), a ressurreição faz parte de um propósito divino (v.27), em Deus o Messias se alegra pela providência (v.28).
c)    Davi não ressuscitou, mas sabia do propósito (v.29-31) – Ele ressuscitará no fim dos dias, mas a profecia não era para ele e sim para o Messias. Como profeta Davi mesmo sabia que não era para ele.
d)   Uma aplicação necessária (v.32) – Ele, então aplica ao que eles estavam vivendo, que Jesus já havia ressuscitado.
e)    O Senhor enviou o Espírito (v.33) – O Espírito foi enviado por obra de Cristo, depois do mesmo ter sido exaltado à destra de Deus.
f)     Jesus, Senhor e Cristo (vv.34-36) – Pedro então, cita o salmo 110.1 para fundamentar que o Senhor Deus exaltou a Cristo à Sua direita, bem como submeterá Seus inimigos, nomeando-O Senhor e Cristo, o mesmo que foi morto pelas mãos de Israel.

III- Uma pregação emotiva e eficaz para salvar pecadores (vv.36-41).
Esta corajosa afirmação termina com um desfecho surpreendente, vejamos o que acontece:
a)    Corações são compungidos (v.37) – Compungir significa causar dor, no grego significa que um ferrão perfurou suas almas, seus corações estavam inflamados com a pregação, algo sobrenatural os atingiu ao ponto de perguntarem o que fazer.
b)   A apresentação da solução (v.38) – Pedro a resposta suscitada apresenta a solução. Eles deveriam se arrepender para então serem batizados, só então teriam seus pecados removidos e por último também receberiam o Espírito de Deus.
c)    Uma promessa para gerações (v.39) – Texto muito utilizado para a teologia do pacto, onde os filhos dos crentes também recebem promessas concretas. Observe o final do texto, “para quantos o Senhor, nosso Deus chamar, explicando que isso é obra de Deus.
d)   Conselhos aos conversos (v.40) – Posteriormente vem o trabalho de discipulado extremamente necessário para a manutenção da fé.
e)    Crescimento real (v.41) – Ao contrário do que vemos hoje aquela pregação foi a principal responsável por um crescimento qualitativo.

Conclusão: Não somente para pregadores estas palavras são importantes, mas para todos nós. Devemos nos perguntar sinceramente o porquê de não estarmos vivendo dias assim. Sei que aqueles dias eram inigualáveis, mas podemos suplicar ao Senhor que nos faça ver conversões e intrepidez em nossa vida. Deus nos use assim como usou Pedro, não devemos desejar outro sentimento a não ser o desejo de servirmos a Deus com toda nossa força. Deus nos abençoe nesta tarefa, amém.


Soli Deo Gloria!
 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A oração pelos investidos de autoridade

"Antes de tudo, pois exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda píedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus nosso Salvador". (1 Timóteo 2.3)

Este texto nos chama atenção nestes dias que antecedem as eleições presidenciais em nosso país. É verdade que já ouvimos de tudo, desde propostas de ambos os candidatos, até uma série de impropérios provindos dos dois lados. Percebe-se uma natural distinção nestas eleições, de um lado temos um partido que ao longo de oito anos no poder teve ao seu dispor inúmeros aliados que se aproveitam do fato de se apoiarem no poder e na condição de se permanecer mais quatro anos. E do outro temos um partido que defende algumas idéias antigas sobre a democracia e liberdade, além de uma questionável postura quanto a regionalismos e classe social.
Esta eleição é diferente porque suscita aspectos que têm claramente conotações religiosas, onde temas como ética, valores democráticos e outros importantes para o cenário político estão sendo amplamente discutidos. Mas o que dizer das perspectivas nacionais? O que nos espera para o futuro, ou pelo menos para os próximos quatro anos? Creio que devemos nos apoiar no texto de 1 Timóteo 2.1-3. Nele somos informados de que antes de tudo devemos orar. Para muitos esta declaração pode ser meio simplista e para o homem natural tal conduta é inaceitável, pois também dirão que isto pertence ao foro íntimo de cada um e é questão de confessionalidade, porém, está é a prática que se requer da igreja de Cristo. Quanto a isso é imperativo, ainda que nos envolvêssemos na militância dos partidos políticos, ainda que divulguemos nossos pressupostos na internet e ai por diante, persiste o fato de que ainda somos dirigidos por normas maiores do que as conveniências destes dias, a Bíblia é nosso referencial e ela nos manda orar antes de tudo.
A recomendação aqui no verso primeiro é, portanto, para um jovem pastor. Que devia conduzir o seu povo a uma postura piedosa, por isso era urgente uma conduta que demonstrasse essa piedade, a prática da súplica a Deus era o começo de tudo para esta igreja. Tais imprecações não se direcionavam a atender os gostos políticos, do pastor ou da igreja, mas em favor dos homens revestidos de autoridade, fossem aqueles que agradassem, fossem aqueles que desagradassem. O termo usado para rei reflete um período em que a forma de governo das nações era particularmente a monarquia. Possivelmente um tanto quanto diferente dos reis medievais, mas ao que percebo refere-se a César, o principal homem no império romano na época do apóstolo Paulo. Acredito que este título possa também ser aplicado aos líderes hoje em dia, que mesmo que não sejam reis, tem sua autoridade conferida por Deus. Talvez as formas que utilizam este poder sejam diferentes dos antigos reis da antiguidade, mas a autoridade em uma nação por parte da democracia, monarquia ou outro sistema qualquer pode levar a esta aplicação.
Algo precisa ser considerado aqui quanto à necessidade desta oração. Ela não é para que o salário mínimo aumente, para que o pré-sal não seja privatizado, nem tão pouco para se ter ou não amizade com Chavez ou o presidente do Iran, mas para que a igreja viva uma vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Entendo que com tranqüila e piedosa podemos desejar uma administração eficaz da nação, desde que esta não usurpe da igreja o direito de cultuar ao seu Deus e manifestar sua religião. Isso pode até acontecer, independentemente de estabilidade financeira ou não. Não precisamos de progresso para cultuar a Deus. Teremos isso, com Chaves ou não, com Ahmadinejad ou sem ele, desde que as idéias dos mesmos não influenciem a liberdade religiosa do Brasil. Logo, precisamos de leis que permitam nosso culto e é por isso que devemos orar. Claro que se também tivermos como agir o faremos, mas depende do uso de forças democráticas para isso.
Por fim, no verso terceiro, o apóstolo diz que isso é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador. É desejo de Deus que assim nos portemos. Que não nos desesperemos ao ponto de nos preocuparmos com o amanhã. Pelo menos ao meu modo de ver, ainda que Dilma seja eleita ela pensará duas vezes antes de afrontar os princípios da religião. Que fique claro que José Serra não é crente. Ele não a salvação da lavoura. Quem quiser se unir a ele que se una pelas suas propostas de governabilidade da nação e não por ideais religiosos. Nem ele nem Dilma são governantes comprometidos com nossas causas. Seja quem for o presidente devemos interceder por ele ou por ela. Não devemos confundir as coisas. Opiniões partidárias não nos omitem das responsabilidades espirituais. Desejo que cada crente e cada igreja leve em consideração estes postulados eternos da Palavra e que não nos preocupemos com o dia de amanhã, pois serão justamente aquilo que Deus determinar.

Soli Deo Gloria!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Conselho de Pastores de Ouricuri

Desde o dia 27 de julho deste ano a cidade de Ouricuri-PE conta com um conselho de pastores. É notória a importância que o segmento evangélico tem despertado em nosso país. Especialmente nestas eleições presidenciais. A religião, com ênfase nos princípios cristãos, têm desenvolvido uma importância sem precedentes em toda nossa história. Acompanhando este grau de desenvolvimento, a cidade de Ouricuri também se faz representar, no que se refere a influência evangélica ,constituindo o seu primeiro Conselho de Pastores. O mesmo está em funcionamento desde meados deste ano e tem sua diretoria formada pelos seguintes nomes: O pastor Francisco Assis da Silva da Igreja Presbiteriana Renovada como presidente, O pastor Marcelo Miranda de Brito da ADCOL (Assembléia de Deus Columbandê) como vice presidente e o rev. Fabiano Ramos Gomes da Igreja Presbiteriana do Brasil como primeiro secretário, além de pastores de diferentes denominações, batistas, assembleanas e etc.
O Conselho de Pastores de Ouricuri-PE pretende trabalhar em várias frentes, desde a comunhão entre todas as igrejas na cidade, até a influência politica do municipio. Uma ação que sem dúvida marcará a atuação do Conselho será a realização, juntamente com o poder público municipal, do Dia da Marcha para Jesus. Na oportunidade será feito um grande evento gospel com atrasões regionais e nacionais que reunirá uma multidão de crentes no intuíto exclusivo de adorar ao Senhor. Este evento ainda está sendo agendo, mais tudo indica que acontecerá no próximo mês de novembro. Acompanhe as notícias referente a este e outros eventos promovidos pelo Conselho de Pastores de Ouricuri-PE. Evangelismo e Reforma saúda esta importante ação em nossa cidade. Que este instrumento sirva para promover a glória de Deus e a salvação dos perdidos. 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

As missões no sertão nordestino

Tenho aproximadamente 05 anos de evangelização no sertão nordestino, bem como uma vida inteira vivendo nesta região, conhecendo os seus sotaques, crenças e tradições pessoalmente, por meio de uma vivência quase que empírica neste assunto, além de uma reflexão crítica a esse respeito. Ainda acredito que não formulei completamente meu pensamento a este respeito e verdadeiramente creio que preciso de maior fundamentação para tanto. Mas algo me chama atenção quanto ao alcance desse pobre e sofrido  lugar que muitos preferem esteriotipar ao invés de entender seus conflitos e problemáticas.
No que se refere a evangelização desta região, creio que ainda há um longo caminho para percorrer. Não que não hajam igrejas que se proponham a evangelizar, mas que existem muitas contradições envolvendo esta sistemática. Com relação a isso tratei desse tema em outra ocasião neste blog, mas gostaria mesmo é de me deter sobre algumas práticas recorrentes, tanto naqueles que fazem as missões, como naqueles que financiam as mesmas. Por exemplo, creio piamente que já há uma grande possibilidade de que igrejas nordestinas se preocupem a estabelecer suas próprias missões, sem necessitar de ajuda provinda das regiões mais ricas do país. Conheci recentemente algumas igrejas na capital de Pernambuco que fomentam esta missão de forma muito profícua e atuante, mas a maioria delas ainda não observou a importância desta missão. Quero, contuto, ratificar que para participar da evangelização do sertanejo não é necessariamente obrigatório ter grande quantidade de recursos, mas o que falta é uma maior responsabilidade missionária.
Grande parte desta visão atrofiada, percepitível em grande parte das igrejas só acontece em razão de uma visão deficiente da liderança da mesma. Percebo que a maior parte das igrejas de porte médio estão hoje investindo em gastos estruturais. Visitei uma igreja em Minas Gerais que gastou uma grande soma de dinheiro apenas para reformar dois ou três banheiros. Não sou contra investimentos patrimoniais, mas é perceptível, baseado na quantidade que se investe de dinheiro em certas aquisições patrimoniais, em contrapartida a quase vergonhosa quantidade que se investe em missões. 
Em grandes denominações o investimento em novos trabalhos depende da visão que a denominação tem a este respeito. No caso de minha igreja Presbiteriana do Brasil, mais de 50% do orçamento denominacional tem este direcionamento. Porém, tal financiamento depende muito de uma série de fatores, desde uma visão estratégica para determinada região, até a influência política de um concílio ou de uma igreja para adquirir tais recursos. Quando não isso depende da fidelidade dos concílios proponentes e em se tratando de região Nordeste esta fidelidade é muito menor quando é comparada com a situação do Sul e Sudeste brasileiro.
Defendo que o desenvolvimento desta região depende ainda da ajuda financeira de lugares mais ricos, mas não se pode deixar de cobrar uma autonomia própria, no lugar de uma postura meramente passiva e por que não dizer quase humilhante de alguns missionários que ainda tendem a mostrar uma situação de pobreza além da nossa realidade atual. Ainda é grande a diferença entre uma cidade no Sudeste para uma no Nordeste, mas crescem consideravelmente o progresso de determinadas regiões nordestinas, não se justificando certos apelos que rogam por clemência assistencial.
Digo que a ajuda deve vir na capacitação e recursos logísticos, em investimentos em templos e em educação. Deve se evitar a mendicância deplorável de alguns e para isso creio que não existem muitas soluções a não ser uma mudança de caráter. Tenho sempre muita cautela com os termos aqui, não quero ser hipócrita com relação a isso, muitas vezes posso me beneficiar do simples fato de estar em uma região carente, mas não posso viver de forma incompatível com a realidade do local, fato muito comum na forma de viver de alguns pastores e missionários nesta região.
Por fim, faço uma crítica a algumas "instituições" que lucram imensamente em seus projetos evangelísticos, sugando praticamente quase todo o investimento, dificultando um maior contado dos campos menos expressivos. 
Concluo apresentando uma crítica a forma como as missões no Nordeste tem se desenvolvido. Precisamos traçar novas perspectivas se quisermos ter igrejas fortes nesta região. A marcha do desenvolvimento das cidades deve vir acompanhada com a marcha do verdadeiro evangelismo. A influência da igreja comprometida com o Evangelho nesta região será sentida se as igrejas desta região também investirem em missões. Não adianta ficar lamentando o êxodo dos recursos para outras regiões, se nós mesmos não nos preocuparmos com esta tarefa. Mas, conclamo as regiões mais abastadas a não desistirem da região Nordeste, com isso quero dizer que ainda precisamos de recursos para nossos desenvolvimento, mas não em assistencialismo. Recomendo também o investimento em missões naqueles projetos menos famosos, que tanto quanto os demais necessitam de recursos. Existem muitos destes espalhados pela região que não estão na mídia, porém extramente sérios e comprometidos com a lesura de suas ações.
Evangelismo e Reforma se preocupa sensivelmente com esta região e se dispõe a informar aos nossos leitores a respeito o desenvolvimento evangelístico da mesma. Que Deus abençoe a região Nordeste e os projetos relativos à sua evangelização, uma vez que esta carente população também é carente da pregação do genuíno Evangelho. Deus nos abençoe nesta tarefa.

Soli Deo Gloria


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ATIVIDADES DO CAMPO MISSIONÁRIO EM OURICURI

Reunião de Obreiros em Ouricuri

O Campo Missionário Presbiteriano em Ouricuri-PE nestes dias teve duas importantes programações que nos fizeram atuar em duas importantes frentes. Foram elas:

ENCONTRO DE OBREIROS DO PRESBITÉRIO DE PETROLINA
No último sábado, o Campo de Ouricuri esteve recebendo os missionários da região do Araripe, Rev. Eudes Flávio de Araripina, rev. Juan Carlos Pantaleão de Exu, miss. Cleyton de Trindade, miss. Isabel Cristina de Ipubi, miss. Silvânia Santos de Moreilândia, além dos missionários da região do Vale do São Francisco, miss. Edsandro de Petrolândia e a mais nova missionária da cidade de Santa Maria da Boa Vista. Também estavam presentes o presidente da Junta de Missões do PRPE, rev. Raimundo e o presbítero Clóvis Ribeiro. Prestigiaram o evento algumas irmãs, esposas de pastores e missionários.
A reunião serviu para traçar projetos para o ano de 2011, bem como se inteirar da atuação de cada campo missionário, através de relatório verbal fornecido por cada obreiro.

Feijoada em Ouricuri em prol da compra do terreno
FEIJOADA EM PROL DA COMPRA DO TERRENO PARA CONSTRUÇÃO DO FUTURO TEMPLO DO CAMPO.
Neste dia 12 de Outubro estivemos realizando em nosso campo uma feijoada para arrecadar fundos para uma futura compra  e a  consequente construção do templo na cidade de Ouricuri. Na oportunidade estivemos recebendo irmão e amigos que adquiriram bilhetes ao custo de R$ 5,00. A arrecadação foi dentro do estabelecido e pretendemos continuar a efetuar eventos como este até conseguirmos uma quantidade necessária para a compra do terreno. Agradecemos a todos que contribuíram com as vendas dos bilhetes, com a preparação da feijoada e com a ajuda no andamento da mesma. Evangelismo e Reforma prestigia esta ação, rogando a Deus que o Campo Missionário Presbiteriano em Ouricuri tenha êxito nesta empreitada.
Ana, esposa de Paulo cozinheiros da Feijoada
Irmãos degustando a nossa feijoada
Pr. Ednel e esposa
Soli Deo Gloria

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Entendendo os nossos dias evangelicais

Reflexão de Alguém que não vive de maneira adequada.

Gostaria de refletir sobre a nossa condição enquanto igreja do Senhor. Não sei ao certo o que acontece com os crentes de hoje mas me parece que nossa fé não está tão firme assim. Somos uma amálgama de confussões complexas, parecemos estar falando outra língua e atitudes piedosas são esquecidas. É assim, mais ou menos a nossa realidade:
Quando estamos em casa ou em nosso mandato cultural teimamos em ter atitudes contrárias a Palavra. Muitas vezes somos confundidos com o mundo, porque participamos das mesmas coisas, das conversar torpes, da letargia paralizante e de uma infinidade de ações que parecem ir abertamente contra aquilo que pregamos e que deveríamos viver.
Na igreja a situação é mais séria ainda, temos dificuldades em absorver a Palavra e muitas vezes prefirimos os pastores que não se aprofundam na exposição, ou que são simplistas, pois se parece mais com a nossa linguagem cotidiana. Temas complexos para nós são um verdadeiro tédio e um expositor que se afadigue em profundidade bíblica para nós é deveras massante. O grupo de louvor é aparentemente a melhor parte do culto, geralmente neste período eles cantam umas músicas agitas e gostamos de "balançar o esqueleto", pouco sabemos da reverência e da introspecção necessária para este momento solene. Ah, falando em introspecção, quando saímos da igreja ao invés de meditarmos na pregação sinceramente, de forma que ela nos fale a alma, buscamos algum tipo de distração, ou vamos com os amigos para lanchonete lanchar, ou voltamos para casa para assistir o Fantástico ou outro programa dominical.
Orar para nós não é mais como era no passado, com nossos pais espirituais. Eles não tinham muito o que fazer, por esta razão perdiam tanto tempo orando, ou lendo a Bíblia, ou frequentando reuniões na igreja que quase sempre eram todos os dias, com pregações que passavam de quatro horas de exposição. O maneiro agora é orar pouco, refletir pouco e ser mais avulso nas coisas espirituais.
Quanto a questões espirituais não tem problema, o mundo é mesmo muito complexo, nos escondemos em desculpas que todos dão, não dou dízimo porque não me sobra, não invisto em missões e em obras de caridade porque ou é algo para alguns abnegados ou para o governo, portanto, não é, necessariamente conosco e outros inevitavelmente vão fazer.
Quanto ao pastor da igreja em minha opinião ele não passa de um funcionário da igreja, que os mais velhos cobram e nós apenas observamos, não tenho muita intimidade com ele, apenas conheço sua família e o meu contato maior é quando vou para a igreja. 
Nos dias de meio de  semana tão tem problema, acho que ir para igreja nestes dias é coisa de velhos, quase sempre aposentados e que não têm coisa melhor para fazer em casa ou fora. Por isso só vou à igreja aos domingos, ou para cumprir uma obrigação, ou para agradar os meus pais. Ir à Escola Dominical é para mim um grande sacrifício, já acordo cedo todos os dias, para estudar ou trabalhar, acordar cedo no domingo é sacrificial demais para mim. Quanto a me apresentar como crente sou meio reservado, não gosto de demonstrar a minha fé, sou daqueles que preferem ficar no anônimato, prefiro igrejas grandes onde tem muita gente pra fazer as coisas e o pastor ou o presbítero não me cobra por não ajudar. 
Enfim, vou seguindo minha vida assim, descompromisado mesmo, sei que Deus é misercordioso e me perdoa, afinal não sou perfeito mesmo. Penso que um dia tenho que assumir mais responsabilidade, quem sabe quando estiver mais velho e aposentado, talvez o meu tempo sem fazer nada me ajude. Respeito a igreja, mas não quero dedicar os meus melhores dias ao serviço do Senhor, seria algo muito estenuante e não sei se é isso que eu quero. Bom, é assim que eu penso, creio que não estou sozinho e que muitos pensam como eu.

Quantas pessoas pensam assim como este personagem fictício? Estamos vivendo dias em que a carência espiritual atinge todas as classes da igreja. Talvez você diga que isso é mais comum aos jovens e adolescentes, mas também entre os mais velhos a situação é parecida. Quantas desculpas são suficientes para justificar as nossas faltas? Estamos perdendo a oportunidade de crescermos mais no Senhor, de gastarmos os nossos dias em santidade, enquanto isso o nosso estilo de vida se parece a cada dia mais com o jeito mundano de conduzir as coisas. Não é por acaso que os nossos clamores por avivamento e santidade estão tão longe de serem atendidos. Deus desperte as nossas vidas e nos faça mais preocupados com o nosso destino eterno e com o bem de sua igreja.

Soli Deo Gloria