terça-feira, 28 de maio de 2013

O poder de Cristo manifestado no perdão de pecados

Poucas doenças eram mais desesperadoras do que a paralisia, hoje conhecida como poliomielite. Essa doença prostrou inúmeras pessoas no passado e nos tempos de Cristo havia implicações graves, levando muitos a óbito. A pólio é transmitida por via fecal-oral. É uma inflamação que atinge a medula e que na grande maioria dos casos (90%) não manifesta sintomas. Em apenas 1% dos casos atinge o sistema nervoso central, destruindo os neurônios motores e causando a paralisia. A vacina da pólio foi descoberta apenas na década de 1950. Até lá, milhares contraíram a doença.

No texto em particular, somos transportados às implicações, não apenas da doença do paralítico, mas também acerca do debate desenvolvido a partir do momento que Jesus resolve perdoar os pecados deste. No judaísmo era inerente a Deus essa função, os judeus taxam o Senhor de blasfemo por entenderem que essa era uma prerrogativa exclusiva de Deus.

Até hoje existem pessoas que se comportam da mesma forma desses homens letrados em Moisés. Seus dogmas são mais importantes do que a misericórdia. A religião deles não passa de palavras, são havidos em defender suas teses, mas não são capazes de ver a carência e as necessidades mais básicas daquele que sofre bem embaixo dos seus narizes.

Quanta hipocrisia existe nessa religião de língua. Hoje veremos o extremo oposto disso, veremos isso sob o seguinte título: “O poder de Cristo manifestado no perdão de pecados”. Justifico o título defendendo que se quisermos ser semelhantes a Cristo, precisamos manifestar o mesmo perdão. Precisaremos desenvolver esse caráter santo, com auxílio de Deus o Espírito, que qualifica todos aqueles que foram lavados e remidos por Cristo. Vejamos como podemos fazer isso da seguinte forma:

I- O companheirismo e absolvição coletiva (vv.17-19).
O ensino de Cristo confrontando a apatia espiritual (v17) – Parece que essa ocasião ocorreu bem defronte onde havia alguns homens dos mais críticos de Jesus. Eles se representavam com aqueles que vinham da Judéia, Galileia e Jerusalém. Jesus não se importou com a presença deles ali, mesmo sabendo que não estava em solo amistoso. Ele continuou sem ensino, muito embora sua plateia se voltasse contra Ele. Jesus mantinha Seu ensino e vida em perfeita harmonia, Ele não era um mero teórico, mas claramente evidenciava o que falava através dos Seus milagres.
Um companheirismo mais do que bendito (v.18) – Certo ditado popular diz “diga-me com quem andas e eu te direi quem és”. Acredito que aqui se aplica esse ditado. Muitas pessoas se associam a diversos grupos de interesses, mas apenas aquelas que têm em seu círculo de amigos, pessoas piedosas podem se regozijar como esse homem. Quais são seus amigos? Eles lhe levam a Cristo? Eles são como esses homens? Se não são, suponho que você os escolhe de modo leviano as suas amizades e que de fato não seja um cristão piedoso, caso contrário teria amigos piedosos como esse homem.
O esforço desses homens é evidente (v.19) – A bíblia está cheia de exemplos que nos fazem entender que nada pode atrapalhar o nosso movimento em direção a Cristo. Esses homens tinham uma casa pequena pela frente, uma grande multidão e muitos que se incomodaram com a ação deles. Mas, isso não foi o suficiente para detê-los. O acordo inicial, entre eles e o paralítico tinha que ter um bom desfecho, por isso eles o levaram diante de Cristo. Quem tem amigos ao exemplo daqueles homens, deve confiar que mesmo que exista uma grande dificuldade, esta pode ser transposta pela fé, que grande e santo exemplo de companheirismo!

II- O perdão não entendido pelos cultos homens questionadores (vv.20-23).
A fé recompensada pelo reconhecimento de Cristo (v.20) – A princípio Jesus direciona Sua atenção aos homens “vendo-lhes a fé”. Estes não tiveram papel secundário neste propósito, eles, tanto quanto o homem paralítico, precisavam ouvir de Cristo que seus pecados estavam perdoados, algo que sem dúvida encontraram, por isso, eles não podem ser desprezados aqui nesse texto. Em segundo lugar, Jesus contempla a fé daquele homem inerte, que acometido por esse terrível mal, ouviu as solenes palavras “Homem, estão perdoados os seus pecados”. Dando a entender que é mais urgente o perdão de pecados do que a cura do corpo. Se muitos se conscientizassem disso, certamente tremeriam antes de ver nosso Senhor como apenas um curandeiro, Ele é antes de tudo Aquele que nos perdoa pecados.
A cegueira espiritual dos homens cultos (v.21) – Estes homens não estavam preocupados com aquele que estava diante deles em estado de miséria, o paralítico. Também não estavam preocupados com Aquele que perdoara os pecados destes, Jesus. A preocupação deles era com dogmas antigos, que faziam de Deus um conceito abstrato e frio. Poucos sabiam acerca do Messias, sendo Ele Deus, tinha o poder para fazer tal coisa. De fato ninguém pode perdoar pecados, só Deus, a questão é que Jesus é Deus e eles não tinham condições espirituais para enxergar isso.
A repreensão de Jesus (v.22) – Aqui o Messias, entende que eles em seus corações maquinavam o engano e o erro. Ele não precisou que ninguém fornecesse informações sobre aqueles homens. Em Sua onisciência, percebeu o dolo nestes homens e os repreendeu severamente. Ele estava vendo seus corações malignos, manifestando eles mesmos a blasfêmia que condenavam em Cristo.
A pergunta de Cristo (v.23) – Essa pergunta é retórica, visto que Ele não a fez com intuito de ser instruído, mas de respondê-la segundo aquilo que Ele é capaz de fazer. Ele tanto podia fazer uma coisa como a outra e realmente o fez.

III- O perdão alcançado e demonstrado fisicamente (vv.24-26).
O perdão e o milagre físico (v.24) – Esse texto emudece os adversários que subestimam o poder de Cristo. Sim, Ele tem poder para perdoar. Ele não diz novamente o que já havia dito, mas sim aquilo que ainda precisava dizer “Eu te ordeno: Levanta-te, toma teu leito e vai para casa”. Sim, Ele pode perdoar, bem como pode fazer o paralítico andar e fez isso na frente de todos para que soubessem quem era o Filho do Homem.
A ação do paralítico (v.25) – Aquele que não tinha o menor interesse com debate em questão, uma vez que já sabia quem era o Filho do Homem, pois para isso creu, louvou a Deus por tão grande benefício. Seu salto revela o quanto Deus nos soergue para uma nova vida em Cristo, confiados no amor do Senhor e em Sua graça. Pela primeira vez, seus pés o levaram de volta para o lar, sem ajuda de ninguém a não ser do próprio Cristo.
A admiração de todos os presentes (v.26) – O texto não é claro em dizer se entre aqueles que se maravilharam existia algum homem culto, mas com certeza, aqueles que murmuravam viram de fato uma pregação não apenas de língua, mas de vida. Esse último versículo narra a frase “Hoje, vimos prodígios”. Ninguém deixou de vê-los apesar da descrença de muitos. Jesus não precisa de artifícios para fazer a Sua obra. Tudo quanto Ele decretou se cumpriu independentemente da descrença e dos opositores.

Algumas questões precisam ser reforçadas antes de terminarmos:

Em primeiro lugar quem são seus amigos? Eles te levam para Cristo ou te afastam de Cristo. Com quem você se agrada ficar quando direciona sua vida? Ninguém será plenamente cristão se não tiver a companhia de pessoas piedosas. Esses te levaram constantemente para perto de Cristo, assim como esses rapazes fizeram com seu amigo doente.

Segundo, tomemos cuidado com nosso juízo acerca do poder de Deus. Não temos o direito de limitar o Seu poder, fazendo que ele atinja apenas as nossas débeis expectativas. Não penetrou no coração humano aquilo que Deus preparou para os que o temem, logo, descrer do poder de Deus e viver sem a completa confiança nEle e consequentemente viver uma fé pobre e vacilante.

Terceiro, nossa religião precisa ser demostrada. Assim como Cristo a demostrou. Não seja um fariseu acusador, seja alguém envolvido com a causa de Cristo, alguém que visa em todos os aspectos provar que a fé que habita em seu coração é sobrenatural e que tem efeitos permanentes.

E por último, aprendamos o poder que existe no poder manifestado por Cristo no perdão de pecados. Perdoe aquele que te ofendeu isso lhe caracterizará como filho de Deus. Não guarde mágoas em seu coração. Permita-se viver uma vida destituída de conceitos que nos fazem sempre estar na defensiva. Destitua-se desse sentimento que o próprio Deus desprezou ao nos perdoar. Se quisermos ser como Ele, precisamos fazer o mesmo. Que Deus abençoe sua vida, amém.


Soli Deo Gloria!!!


quinta-feira, 9 de maio de 2013

O crente e a bebida alcoólica, uma reflexão sobre um assunto demasiadamente exaurido.



É fato que esse assunto está extremamente desgastado. Muitos comentaristas já versaram sobre o mesmo e volumosas obras também podem ser buscadas e analisadas quanto a este particular. É também notório que geração após geração esse assunto é retomado e muito se discute se é lícito ao crente, homem regenerado, tomar bebida alcoólica. Os defensores desse costume afirmam que não há problema algum, visto que a bíblia não condena o uso moderado, condenando exclusivamente a embriaguez decorrente do excesso. O outro lado, porém, enfatiza os malefícios da bebida e também utiliza um argumento bíblico para condenar a prática. Afinal de contas, quem está com a razão quanto a isso?

Antes de tudo, afirmo que não serei eu que colocarei fim a esse debate. Não me julgo capacitado suficientemente para isso. Acredito que dos dois lados existem argumentos plausíveis e que é necessário que o assunto seja abordado com seriedade e sabedoria, visto que apenas Deus poderá julgar as práticas de cada lado em questão. Neste aspecto fico com o apóstolo Paulo, “tudo o que não provém de fé é pecado”, logo os que bebem ou os que não bebem serão julgados se seus argumentos provêm de fé ou apenas são licenciosos, fazendo muitos errarem com eles. Esse texto apenas tem como objetivo analisar os prós e contras a respeito do uso e finalmente concluir com a opinião do autor, que você pode ouvir e desconsiderar, caso assim o deseje.

O que a Bíblia diz sobre a bebida alcoólica?
Aqui está o cerne da disputa. Existem textos na Sagrada Escritura que parecem aprovar o uso da bebida, fazendo referências poéticas, bem como, doações ao templo eram feitas em forma de oferendas de bebidas, além do argumento que o próprio Senhor Jesus fez uso da bebida quando exerceu seu ministério terreno entre os homens. Por outro lado, existem textos que parecem ser contrários a esse argumento. Esses textos enfatizam questões que são determinantes para aqueles que pensam de modo contrário, ou seja, que não desejam aprovar o uso da bebida, nem para si, nem para os outros. Vejamos a questão analisando o seguinte:

1. A primeira vez que a Palavra “vinho” é mencionada na Bíblia é em Gênesis 9.21. Nesse texto Noé fica embriagado e expõe sua nudez, sendo visto por seu filho Cam, que expõe a situação a seus irmãos, após isso, Cam é amaldiçoado, mas evidentemente, o mais importante é que na primeira ocorrência é realçado o caráter negativo e constrangedor do ato de Noé, apesar do julgamento cair apenas na questão de Cam.

2. Ló e o encesto com suas filhas. Em Gênesis 19.33 obtemos a narrativa de como as filhas de Ló embriagam seu pai com fins de reproduzir a descendência de maneira incestuosa. Esse ato levou a considerar os efeitos do álcool em um homem com certa prudência em outras ocasiões, que fica vulnerável aos efeitos da bebida e o faz transgredir a Lei de Deus a seu contragosto. Logo, esse texto também pesa de forma negativa ao uso da bebida alcoólica.

3. A proibição aos sacerdotes. Em Levítico 10.9 não é condenado o uso do vinho, mas sim o uso por parte dos sacerdotes, quando ministrassem diante do Senhor. Aqui vemos que o Senhor não desejava que seus serviços sagrados fossem feitos por alguém que fosse beberrão e que estivesse sob o efeito de uma substância que faz perder o sentido. Esse texto então, não aprova o uso nesse caso.

4. Os nazireus. Estes homens eram referência de consagração a Deus. Desde o nascimento não podiam fazer uso da bebida (Nm 6.20), levando ao entendimento de que isso dificultaria seu voto e seria visto por Deus como algo leviano. A consagração também em outras passagens, no que se refere à bebida, era recomendada a abstinência em muitas ocasiões, como em votos solenes ou antes de guerras.

5. A repreensão de Eli a Ana. Em 1 Samuel 1.14, o sacerdote Eli chama Ana de filha de belial, em razão de vê-la orando apenas com o movimento da boca. Ana se defende dizendo que estava amargurada e não sob o efeito do vinho. Aqui também existia a prática de se reprovar, quem quer que fosse de orar a Deus sob o efeito do vinho ou da bebida forte. Assim como era proibido para o sacerdote o era também para o adorador.

6. A questão espiritual. Em Efésios 5.18, Paulo repreende a igreja enfatizando que é mais necessário o enchimento do Espírito do que o do vinho, ele ainda afirma que no uso do vinho há dissolução, dando a entender que os apóstolos não viam o vinho de maneira tão favorável.

Todos esses textos demonstram que a Bíblia não é tão amistosa quanto ao uso da bebida e que apesar de haverem texto que parecem aprovar a prática, existem outros, tão importantes quanto, que a reprovam, mas continuemos com nossa reflexão.

A questão cultural
Dentro da tradição cultural israelense é inegável que a mesma continha amplas considerações agrárias. Biblicamente falando, muitas vezes a concepção agrária da cultura judaica foi evocada. Como nas profecias que comparavam o vinho ao sangue derramado pelo juízo divino. A própria Santa Ceia, instituída pelo Senhor é realizada a partir desse simbolismo vinho-sangue. É, então, bem natural que esse entendimento permeasse a bíblia, mas isso não garante que tal prática seja aprovada, meramente por haver menção ou até mesmo palavras que falem da “alegria do vinho” e outras.

Outros países seguiram de perto essa questão cultural. Como é o caso de países protestantes como a Alemanha se identificar com a cerveja, a Escócia com o whisky e a Inglaterra com os Pubs. Esses países podem até mesmo arrogar essa nacionalização dessas bebidas e práticas, mas não podem servir de modelo para a nossa concepção acerca da bebida alcoólica, pois mesmo que sejam práticas culturais, devem ser consideradas a luz da Bíblia e a luz de sua finalidade e necessidade para o povo de Deus.

Os efeitos danosos
É constatado que o alcoolismo é uma prática danosa em todos os aspectos a aquele que faz uso. Tal prática tem efeitos morais, físicos e familiares não somente nos alcoólatras, mas também naqueles que estão mais perto. A família de um alcoólatra tem que enfrentar grandes dilemas com aquele que é dependente químico e a instabilidade familiar é sempre a mais prejudicada.

O alcoolismo é também um grande vício. Vício esse que traz efeitos sobre o corpo e sobre o bolso. Boa parte dos mendigos e pobres em situação de extrema pobreza tem algum tipo de relacionamento com o vício ao álcool. Logo, não podemos esperar que efeitos tão devastadores, no que concerne a aqueles que o praticam, bem como as famílias envolvidas, devam ser aprovados por quem quer que seja. Até mesmo aqueles que não dispõem de argumentos bíblicos tem o vício ao alcoolismo como uma grande mazela e não são receptivos com aqueles que “estão na sarjeta” em razão do uso da bebida.

As instituições que tratam desses dependentes como o AA são taxativos ao afirmarem “evite o primeiro gole”. Muitos cristãos ignoram essa recomendação e dizem que podem se controlar, mas não existe como provar que conseguem esse tal controle a não ser por uma obstinação contumaz e leviana, visto que não somos diferentes organicamente dos não convertidos e os mesmos riscos que eles correm, nós corremos também.

Conclusão
Disse no início que daria meu ponto de vista quanto a esse particular e assim farei aqui. Não creio realmente que a bebida seja algo a ser buscado por um crente piedoso. A própria Bíblia dá indícios de que a prática desse consumo nunca foi ratificada por ela. As nações que se envolveram culturalmente com o álcool tem um retrospecto de escândalos e exemplos danosos, que sem dúvida, as envergonham nacionalmente e familiarmente.

Em nosso país, nunca se buscou aprovar a bebida como algo moralmente digno. Nem mesmo algumas marcas querem estar ao lado de marcas de bebidas e aqueles que são flagrados sob o efeito do álcool, por mais renomado e respeitados que sejam, quando vistos dando vexame, são questionados e julgados por esta índole. O que ganha o cristão no uso desse artifício? Ao meu modo de ver existem muito mais percas do que fatores positivos.

O álcool é algo degradante moralmente. Não deve fazer parte de nossos costumes, nem mesmo ser considerado como algo chique ou adulto. Não existe nada de adulto quando se acaba com o caráter, com a família ou com a sobriedade. Ainda que a Bíblia não proíba, cabe ao crente repudiar o uso. A bíblia também não proíbe o uso de maconha ou outras drogas, mas você realmente está disposto a defendê-la? Concluo meu argumento dizendo que devemos evitar aquilo que nos torna vulneráveis e que nos faz colher destruição e miséria. Se você deseja agradar a Deus em sua vida, faça isso de maneira sóbria e não dando lugar a licenciosidade, efeito que sem dúvida o álcool fará em sua vida.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Thomas Watson, 1699, The Christian Soldier or Heaven to taken by Storm – O Soldado Cristão ou o céu tomado à força.


Thomas Watson, 1699, The Christian Soldier or Heaven to taken by Storm – O Soldado Cristão ou o céu tomado à força.

INTRODUÇÃO

João Batista ao ouvir na prisão sobre a fama de Cristo envia dois de seus discípulos com a seguinte pergunta: “És tu aquele que deve vir ou devemos esperar outro?” (verso 3). Não que João Batista não sabia que Jesus Cristo era o verdadeiro Messias, pois isso tinha sido confirmado pelo Espírito de Deus e por um sinal vindo do céu (Jo 1.33). Mas João Batista vinha se esforçando para corrigir a ignorância de seus discípulos que tinham mais respeito por ele do que por Cristo.

No quarto verso, Cristo responde sua pergunta “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são anunciadas aos pobres”. Jesus Cristo demonstra que Ele próprio é o verdadeiro Messias. Seus milagres eram provas visíveis de Sua divindade. Os discípulos de João ouviram, da parte de Cristo, um grande elogio a respeito de João Batista (verso 7), “O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? É como se Cristo tivesse dito “João Batista não eram um homem inconstante, com pensamentos dúbios, como uma cana sacudida de uma opinião para outra, ele não era Rúben, instável como a água, mas era fixo e firme na piedade, nem mesmo a prisão pôde alterar o caráter dele”.

No verso 8, Ele diz: “Não, o que vocês foram ver? Um homem vestido de roupas finas?” João não usava roupas de seda, mas de pele de camelo, ele não desejava viver na corte, mas no deserto.

Novamente Cristo elogia João como sendo ele o precursor que preparará o caminho diante dEle (verso 10). Ele era a estrela da manhã que precedeu o Sol da justiça e Cristo honra este homem santo. João não é apenas um paralelo para o ministério de Cristo, mas o chefe dos profetas. O verso 9 diz “Então, o que vocês foram ver, um profeta? Sim, eu vos digo que mais do que um profeta. Eu vos digo a verdade: entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista”. Ele era eminente, tanto para a dignidade do cargo, como pela clareza do ensino. E assim, nosso texto proclama: “Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado à força e os servos o tomam dessa maneira”.

1. O prefácio ou a introdução: “Desde os dias de João Batista até agora”. João Batista era um pastor zeloso, um Boanerges, ou filho do trovão, que por meio de sua pregação muitos começaram a ser despertados dos seus pecados.

Sendo assim, aprender que tipo de ministério é esse que em toda sua excelência, trabalha na consciência humana como nenhum outro. João levantou sua voz como trombeta pregando a doutrina do arrependimento debaixo do poder de Deus: “Arrependei-vos, porque o reino de Deus está próximo!” (Mt 3.2). Isso cortava os pecados dos homens e imediatamente seguia-se da pregação sobre Cristo. Primeiro João falou sobre o vinagre da Lei, para só então falar do vinho do Evangelho. Essa foi a pregação que fez os homens buscarem o céu. João não pregou para receber louvor humano, ele preferiu revelar os pecados destes, sem buscar o reconhecimento deles como sábio. Esse tipo de pregação deve ser preferida, pois revela a malignidade humana e expões esta em seus corações. João era uma luz ardente e brilhante que se consumiu com sua mensagem, fazendo esta brilhar em sua própria vida, levando muitos com ele para o céu.

Pedro que estava cheio de um espírito de zelo, humilhou seus ouvintes demonstrando os pecados deles, abrindo em seguida, uma fonte no sangue de Cristo, justamente em seus próprios corações compungidos (At. 2.37). É, sem dúvida uma grande compaixão, receber um ministério que chama o pecador. Se alguém tivesse uma ferida mortal, esse mesmo desejaria ter sua alma aliviada, se encontrasse a cura para isso, ele prontamente diria que teve sua dor aliviada.

2. A matéria do texto. “O Reino de deus é tomado à força e os servos se apoderam dele pela força.”

Em Mateus 5.5 ouvimos que a “terra é a herança dos mansos”. Como então, tomamos esta pela força? Temos uma vida militar. Cristo é o nosso capitão, o Evangelho nosso estandarte e a graça nossa artilharia espiritual, então o céu é tomado à força. Estas palavras se dividem em duas partes:

a) O Combate – Com violência.
b) A conquista – Os servos a tomam pela força.

Trata-se então, de homens que devem ser mestres em buscar o Reino, mesmo que seja a força.

Doutrina: A maneira correta de tomar o céu pela força. Os que entram no céu são guerreiros queridos por Deus.

Essa força tem um aspecto duplo. Trata-se de guerreiros que devem ser corajosos.

1. Punição dos pecados. Quando o Urim e Tumim de Arão não fazem efeito, deve-se recorrer à vara de Moisés. Os ímpios são a parte contaminada e o cancro da comunidade, que por conta dos magistrados, devem ser removidos para fora. Deus colocou os magistrados “para terror dos malfeitores” (1 Pd 2.14). Eles devem ser como o peixe espada, que tem uma espada na cabeça e que não tem sentimentos. Eles devem ter uma espada na mão, com coragem suficiente para cortar a impiedade. A leniência de um magistrado é algo terrível e por não punir os transgressores ele incentiva seus pecados, tornando os pecados de outrem os seus próprios. Magistratura sem zelo é como o corpo sem espírito. Clemência demais encoraja o pecado. Não devemos raspar a cabeça daquele que merece o corte.

2. A defesa dos inocentes. O magistrado deve ser o altar de asilo ou refúgio para os oprimidos que desejam fugir da opressão. Charles, duque da Calabria, era tão apaixonado pela justiça que mandou fazer um sino para ser pendurado no portão do seu palácio, de modo que, quem quisesse tocá-lo seria imediatamente admitido na presença do duque ou na presença de algum de seus oficiais para ter sua causa julgada. Aristides era conhecido por sua justiça. Um certo historiador testemunhou que ele nunca seria a favor de qualquer demanda por causa da amizade, nem tão pouco seria injusto com seu próprio inimigo. A justiça do magistrado é o escudo do homem oprimido.

A violência deve preocupar os cristãos. Embora o céu nos seja dado livremente devemos também lutar por ele. “O que encontra a sua mão para fazer, faça-o conforme as suas forças” (Ec. 9.10). Nossa obra é grande, nosso tempo é curto e nosso Mestre deseja urgência. Precisamos convocar, portanto, todas as faculdades de nossa alma e nos esforçar como se estivemos lutando em uma guerra que custasse nossa vida ou morte, para que, enfim, cheguemos ao Reino celeste. Não só devemos ser diligentes, mas fazermos uso da bravura nesse empenho. Para ilustrar essa preposição, gostaria de demonstra-la aqui.

1. Qual é o tipo de violência que se exclui nesse texto.

1.1.            Uma violência sem conhecimento. Guerrear sem sabedoria. Atos 17.23 “quando passei perto e vendo os vossos santuários, achei também um que estava perto, com esta inscrição, para o deus desconhecido”. Estes atenienses eram guerreiros em suas devoções, mas pode-se dizer a eles as mesmas palavras que Cristo disse a mulher de Samaria (Jo 4.22) “Vós adorais o que não conheceis”. Assim, os católicos também são guerreiros em sua religião. Testemunham penitências, jejuns e dilaceram-se até que lhes escorram o sangue, contudo é um zelo sem conhecimento. A coragem deles é melhor do que a visão que eles têm. Quando Arão foi queimar o incenso sob o altar, ele foi o primeiro a acender as lâmpadas (Ex 25.7). Quando o zelo queima com o incenso o primeiro lugar a ser acendido deve ser o do conhecimento.
1.2.            Ele exclui a violência sangrenta que é dupla. Em primeiro lugar, quando se usa mãos violentas sobre si mesmo. O corpo é uma prisão terrena, onde Deus colocou a alma. Não devemos por fim a essa prisão, mas permanecer com ela até que Deus nos livre pela morte. Somos sentinelas que não tem permissão para abrir a cela sem autorização do nosso capitão. Não devemos ousar fazer isto sem a permissão de Deus. Nossos corpos são templo do Espírito Santo (1Co. 6.9); quando se faz dano ao corpo, destrói-se o templo de Deus. A lâmpada da vida deve permanecer acessa, pois naturalmente existe combustível para mantê-la assim.

Em segundo lugar, quando se tira a vida de outro. Há muitas evidências dessa violência em nossos dias. Nenhum pecado clama como esse que é feito a custa do sangue de outrem (Gn. 4.10). Se existe uma maldição para aquele que fere em oculto como explica Deuteronômio 27.14, então o assassino é duplamente amaldiçoado por causa do homicídio. Se alguém matasse outro sem intenção era possível adorar, desde que levasse sua oferta ao altar, mas se ele tivesse feito isso por vontade própria, ninguém poderia protegê-lo, nem mesmo o santuário de Deus (Ex. 21.14) “se um homem planeja e mata outro homem deliberadamente, levará o homicida e será morto longe do meu altar”. Joabe, sendo homem de sangue, buscou fugir da ira do rei Salamão, embora tenha se apegado às pontas do altar (1Re. 8.29). Antigamente na Boêmia um assassino devia ser decapitado e sua cabeça colocada no mesmo caixão daquele que ele havia matado. Aqui vemos a exclusão dessa violência.

2.  Qual é a força utilizada em nosso texto? Uma força santa. Esse sentido é duplo.

Temos que empreender força para defender a verdade. É necessário citar a pergunta de Pilatos “que é a verdade?” A verdade é tanto a bendita Palavra de Deus, que é chamada a “Palavra da verdade”, como as doutrinas que são deduzidas a partir da Palavra. Demonstro com isso as seguintes doutrinas: A doutrina da Trindade, a da criação, a graça, a justificação pelo sangue de Cristo, a regeneração, a ressurreição dos mortos e a vida de glória. Estas verdades precisam ser defendidas com zelo e força por nós, mesmo que isso custe a nossa própria vida.

A verdade é o que existe de mais glorioso. Não se deve esconder esse ouro precioso que é a verdade. O que devemos fazer para proteger essa riqueza? Ela é antiga, seus cabelos são brancos e evocam respeito, pois se trata daquele que é Ancião de dias. A verdade é infalível, ela é a estrela que conduz a Cristo. A verdade é pura (Sl 119.140). Ela é comparada a prata refinada sete vezes (Sl. 12.6). Não existem manchas, por menores que sejam no rosto da verdade. A única coisa que ela respira é a santidade. A verdade triunfa. Ela é como um grande conquistador, ela abate os seus adversários, depois de conquistar o país e exibe seus troféus de vitória. A verdade pode ser combatida, mas nunca vencida. No tempo de Diocleciano os dias pareciam desesperadores, a verdade parecia sucumbida, pouco tempo depois veio à época de Constatino e então a verdade novamente ergueu a cabeça. Quando as águas do Tâmisa pareciam que iam secar as fortes águas vindas de Deus estavam do lado da verdade. Conquanto houvesse medo que ela não prevalecesse, os céus foram dissolvidos (2Pe 3.12) e a verdade que vem de Deus permaneceu (1Pe 1.25).

A verdade tem efeitos nobres. A verdade faz germinar o novo nascimento. Deus não nos regenera por milagres ou revelações, mas pela Palavra da verdade (Tg 1.18). A verdade é criadora da graça, por isso ela a alimenta (1Tm 4.6). A verdade santifica (Jo 17.17) “santifica-os na verdade”. A verdade é o selo que imprime a santidade em nós, ela é tanto um espelho para nos mostrar os nossos defeitos, como uma pia para lavá-los. A verdade nos torna livre (Jo 18.32), ela lança fora os grilhões do pecado e nos coloca em um estado de filiação e realeza (Rm. 8.11). A verdade é reconfortante, ela anima mais do que o vinho. Quando a harpa de Davi não podia dar nenhum conforto, a verdade se encarregou disso (Sl 119.50) “Esta é a minha consolação na minha aflição porque a tua Palavra me consola”. A verdade é um remédio contra o erro. O erro é o adultério da mente que mancha a alma com traição e sangue. O erro é como um dique de vícios. Um homem pode muito bem morrer por envenenamento, assim como por um tiro, mas estando no erro como estará perante a verdade? A razão pela qual, muitos têm sido levados ao erro é porque ou não conheciam ou não amavam a verdade. Eu nunca teria palavras suficientes para louvar a verdade. A verdade é o fundamento de nossa fé que fornece um modelo exato de piedade, que nos mostra em que devemos acreditar. Se nos tirar a verdade a nossa fé é um conto de fadas. A verdade é a flor mais bela e a coroa da igreja. Nós não temos joias mais ricas e preciosas do que a nossa alma, porém Deus confia a nós Sua joia mais preciosa que é a Sua verdade. A verdade é o símbolo de que nos distingue da falsa igreja, como a castidade distingue a mulher virtuosa de uma prostituta. Em suma, a verdade é o baluarte de uma nação. Em 2 Crônicas 11.17 diz “os levitas que eram anunciadores da verdade fortaleceram o reino”. A verdade pode ser comparada com o capitólio de Roma que era o lugar de maior segurança ou como a torre de Davi em que “pendiam mil escudos” (Ct 4.4). Nossas tropas e exércitos não nos protegem como a verdade o faz. A verdade é a melhor defesa de um reino, se apenas uma parte desse reino defender o papado, a mecha do cabelo é cortada e onde estará à força desse país? Porque seríamos guerreiros se não fosse pela verdade? Estamos convocados para lutar, como se estivéssemos em agonia “pela fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd, verso 3)”. Se a verdade de uma vez for embora da nossa alma, podemos escrever este epitáfio no túmulo de pedra da Inglaterra: “Sua glória se foi!”.





quinta-feira, 2 de maio de 2013

Por que o mundo jaz no maligno?


1 João 5.19

O mundo em que vivemos pode ser definido como um lugar pouco amistoso. Não somente as pessoas estão em dificuldades de relacionamento, mas mesmo a natureza está rispidamente voltada contra nós, com isso muitos se perguntam a razão de tudo isso? Muitos foram aqueles que se lançaram em tentar buscar respostas para saber a causa do mal e diversos debates filosóficos foram travados no intuito de tentar dirimir tais dúvidas.

Recentemente houve um atentado na Maratona de Boston, onde três pessoas foram mortas e outras tantas ficaram feridas. O mundo se perguntou a razão de tal violência, uma vez que os autores do atentado gozavam de privilégios dados pelo governo americano, como faculdade e cidadania, mas mesmo assim isso não os impediu de realizarem o terror.

Não especularemos muito buscando respostas para tudo isso. Basta recorrer as Sagradas Escrituras onde teremos seguramente a resposta para a razão deste mundo mal. Mas resta-nos averiguarmos as palavras do apóstolo João, onde ele nos fornece informações sobre essa maldade. Sem detença precisamos fazer a seguinte pergunta: “Por que o mundo jaz no maligno?”.

Precisaremos recorrer as Escrituras para responder essa indagação, por essa razão, lhe convido a buscarmos essa resposta. Para tanto, estaremos observando a clássica divisão calvinista que aborda o assunto.

O mundo jaz no maligno por que:

Ele está afetado pela queda (Gn 3.1-7).
A natureza do primeiro pecado – O primeiro pecado, também chamado de pecado original está repleto de ingredientes que estão em todos os demais pecados; a) rebeldia contra Deus; b) incredulidade; c) orgulho; d) desejo de ser igual da Deus e e) satisfação ímpia depois de cometer o pecado.

A reprodução do mundo do primeiro pecado – A partir de então, o pecado é transmitido, com traços genéticos, morais e em rebelião para todos os descendentes de Adão e Eva, corrompendo todo o gênero humano.

Consequências do pecado – A perca da imagem e semelhança de Deus; perca do conhecimento de Deus; incapaz de produzir virtude espiritual, tornando-se depravado; vergonha e culpa diante das coisas santas; afastamento de Deus; sujeito a morte (Gn 3.19; Rm 5.12 e 6.23); Afetou a criação com a corrupção.

Ele é composto por pessoas pecadoras (1 Jo 5.19).
A palavra kósmos em nosso contexto – Tem o sentido de “por em ordem”, referindo-se que a criação remete a ordem criada por Deus em todas as coisas. Tudo o que Ele criou estava em ordem.

Não é a natureza – Apesar de vermos o efeito de uma criação que foi afetada no pecado, como dissemos a pouco, aqui não significa a criação e sim um sistema corrupto que envolve o mundo que vive fora da influência de Deus, governado por satanás (Jo 14.30). Nesse texto satanás é apresentado como aquele que tem as rédeas de um sistema corrupto que realiza a rebelião contra Deus, perseguindo Seu Cristo e Seu povo.

Ele é governado por satanás (Ef.2.2).
O governo de satanás sobre o mundo (Ef 2.2) – Ele administra esse sistema utilizando aqueles que têm suas vidas influenciadas e cativas a esse sistema corrupto. Mesmo aqueles que pensam que não lhe servem, são governadas por ele para conduzir aos seus nefastos propósitos.

O lema desse governo e o que acontece com os servos desse sistema (Jo.10.10) – “Matar, roubar e destruir”. Esse é o lema desse sistema corrupto. Eles têm esse foco com respeito ao povo escolhido, bem como aos próprios que são instrumentos desse reino. Logo, aqueles que estiverem sob a influência de satanás sentirão os efeitos dessa servidão em si próprios.


Graças ao Senhor que Ele se manifestou “para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3.8). A queda afetou a humanidade, mas Jesus é Aquele que esmaga a cabeça da serpente (Gn 3.15). Essa profecia se cumprirá quando o descendente da mulher, esmagar a serpente, satanás, debaixo de Seus pés (Rm 16.20).

Esse dano nefasto, que esse mundo enfermo pelo maligno, convalesce, não durará para sempre. Existem promessas firmes e santas que o Senhor destruirá tal obra. É verdade que muitos estão sendo perdidos e quantos são aqueles que já estão completamente afundados em seus ardis.

Mas a mensagem de Cristo não se refere à sujeição a esse reino, como se Cristo não desejasse nos resgatar. Ele destruirá a serpente debaixo dos Seus pés (Ap 12.9-12).

Esse reino nefasto que destrói a tantos, que rivaliza de modo satânico com o Reino de Cristo, demonstrará a sua ruína, tão logo Cristo assim o deseje.

É possível fugir desse império corrompido e corruptor, basta olhar para Aquele que foi pendurado no madeiro. Naquele dia escuro, Cristo desferiu um golpe mortal sobre o diabo, o pecado e o mundo. Todos aqueles que se achegam a Cristo tem suas vidas redimidas por Ele e podem dizer que o maligno não os toca (1 Jo 5.18), mas esse benefício é apenas para aqueles que se esconderam em Cristo e para ninguém mais.

Se você não pertence a esses, digo que você ainda corrobora com este mundo, mundo que rivaliza com Cristo e que se lhe opõe. Assim como Cristo destruirá a satanás, destruirá também esse mundo e todos os habitantes que viverem rebeldes ao Seu governo. A única maneira de não estarmos do lado errado é somente estar do lado de Cristo, que todos nós essa noite estejamos desse lado, amém.