sexta-feira, 14 de junho de 2013

O modelo bíblico da igreja e sua necessidade atual

Atos 2.42-47

Não resta dúvida que existe algo muito errado com a igreja. Digo mesmo assim que ainda continuamos sendo o povo de Cristo, que ainda somos a “menina dos olhos do Senhor”, que de fato muitas promessas grandiosas são destinadas a nós, mas algo parece não se encaixar e ao invés de termos o modelo desse texto em nossas igrejas, temos algo bastante distinto disso e fatalmente nos tornamos, quando comparados com esse texto, uma anomalia bastante incômoda para tão altos padrões.

Alguns dizem que devemos voltar à simplicidade e que nosso objetivo é retornarmos a esse padrão, visto que mesmo que este tenha sido uma realidade há muito tempo, eles foram deixados nessas linhas para que toda a igreja se baseasse por esse modelo. Concordo em quase tudo com essa condição, mas discordo que para que sejamos uma igreja melhor precisamos ser simples. Nesse texto estão axiomas, padrões eternos que em todas as épocas devemos buscar. Quando olhamos no passado vemos que isso quase nunca foi uma realidade e isso nos faz pensar que talvez nós nunca consigamos chegar nesse objetivo.

Creio que os padrões bíblicos para igreja não nos devem fazer esmorecer, pensando que estão muito distantes e que como ninguém nunca alcançará, nós não devemos ter essa obrigação. No entanto, os padrões bíblicos nos desafiam a buscar aquilo que achamos ser o melhor e sem dúvida é para nós ideal divino, por isso não devemos desprezá-los ou simplesmente darmos de ombros, pois são inatingíveis.

Convido então, você a pensar comigo como podemos agradar a Deus com nossas vidas nesse povo que é a Igreja. Analisemos que esta instituição muito antiga ainda precisa hoje de cuidados e preservação. Esse cuidado e a preservação vêm primeiramente de Deus, único e grande interessado em sua grei e depois por nós, que desejamos o seu bem, uma vez que fazemos parte dela. Sugiro para nossa meditação o seguinte título: “O modelo bíblico da igreja e sua necessidade atual”.

Não precisamos de uma igreja que não seja bíblica, mesmo que ela alcance inúmeros benefícios como aprovação dos homens e prosperidade financeira, precisamos da igreja segundo os padrões deixados por Deus e são esses que chamo atenção essa noite. De acordo com o texto a igreja é:

I- Uma comunidade bíblica, comunal e carismática (vv.42-43).
Bíblica – Não é possível pensar na igreja sem outra fonte primária, a Bíblia. No texto em questão, ainda não havia o fechamento do cânon e a igreja contava com o ensino dos apóstolos, o mesmo que hoje estão escritos para nós em nosso livro sagrado. Nenhuma igreja poderá agradar a Deus se não buscar a centralidade nas Escrituras, sua fé deverá ser bíblica, caso contrário não poderá ser chamada de igreja de Cristo. A “perseverança” dá conta de uma luta em manter a doutrina, mesmo que essa não seja desejada mais. Muita coisa pode ser repensada na igreja, mas não o ensino, esse não perde sua validade.
Comunal – A comunhão deve ser uma marca da igreja. Qual outra instituição consegue fazer o que a igreja faz a esse respeito? Apenas a igreja consegue unir diversas pessoas num interesse comum, em um objetivo, a glória de Cristo. Isso transparece imensamente quando estamos diante da mesa da comunhão, mesa que nos une perfeitamente como corpo de Cristo.
Oração e carisma – Essas duas facetas da igreja se complementam. Não se consegue coisa alguma sem a oração. Para que a igreja seja conhecida por grandes feitos é necessária à dependência da igreja na oração. A igreja primitiva era uma igreja “carismática”, com dons porque orava muito e todos temiam a Deus reverentemente. É preciso deixar claro que o texto é taxativo quanto à operação dos milagres, ao dizer que estes eram realizados “pelos apóstolos”, enfatiza o grande período que vivia a igreja e que esta condição não se repete hoje em dia, senão que seus princípios ainda devem nos direcionar.

II- Uma comunidade preocupada com a condição social (vv.44-45).
Unidos por causa da fé (v.44) – Eles não estavam juntos porque tinham a pobreza em comum. Eles se faziam juntos porque foram chamados na mesma vocação.
O desprendimento em favor do próximo (v.45) – Aqui não diz que eles se desfaziam de suas riquezas porque buscavam o favor de Deus. Eles assim o faziam porque viam que precisavam amar seus irmãos e entesourar para o Reino de Deus. Aqui não está a prática do comunismo cristão. O comunismo tenta usar esses princípios mais caem em uma situação que apenas os poderosos podem dizer como o povo deve andar. Esses cristãos não pensavam assim, mas em favorecer seu irmão, pois não precisavam mais do dinheiro e da riqueza para estar bem ou ter algum tipo de garantia.

III- Uma comunidade adoradora que crescia com a simpatia dos de fora (vv. 46-47).
Adoração (v.46) – A adoração passou a ser o centro da vida comunitária, mais do que os eventos promovidos pela religião instituída. O cristianismo tem sua teocentricidade em sua vida comunitária no momento de adoração. A igreja é igreja quando adora, quando se reúne com fins de adoração e não quando se torna partido político ou ONG.
De casa em casa – Na igreja de Cristo não pode haver lugar para individualismo ou para grupos comuns. A verdadeira igreja de Cristo preocupa-se com como está o irmão. Se ele não tem o pão eu levo, onde existe a carência, se ele não tem emprego, eu posso ajudar e todos se ajudam mutualmente. O verdadeiro crente não vai à casa do irmão apenas quando tem culto doméstico, mas todas as vezes que ele precisa.
Louvando a Deus e tendo simpatia (v.47) – Eles não eram simpáticos ao descrente porque era parecido com eles. Eles eram simpáticos porque faziam da vida um culto. Se hoje não contamos com a simpatia dos descrentes isso se deve a muitos fatores, mas não sendo iguais a eles que resolveremos essa questão.
O acréscimo do Senhor – Veja que Ele não acrescentava porque havia muitos eventos missionários, mas porque eles, a igreja, eram estes crentes atuantes e vigorosos em sua fé. Deus abençoa aqueles que lhe buscam e fazem de si algo pertencente a Ele. O acréscimo depende do Senhor e não do pastor, de sermos ricos ou de eventos. Cada crente verdadeiramente fiel é responsável por ser fiel e o crescimento decorre da graça divina que acrescenta conforme Seu propósito usando vidas santificadas.

Termino explicando porque esse modelo de igreja é imbatível e grandemente necessário para nós hoje em dia. Existem muitos métodos e isso não faz falta a ninguém. Quantos querem ver a igreja crescida, mas quantos estão disponíveis a verem suas vidas transformadas por Cristo.

Esses crentes tinham vidas santificadas, buscavam viver a fé de uma maneira atuante e vibrante, não existia hipocrisia entre eles, eles estavam acima da religiosidade judaica, por isso eram abençoados por Deus.

Hoje precisamos reconhecer que estamos longe desses princípios, deveríamos chorar quando não vemos nossos frutos, deveríamos nos envergonhar de que em dias como esses estejamos tão distantes desse estilo de vida.

Nenhuma igreja será de fato reconhecida como tal senão estiver buscando viver como esses crentes viviam. Que nós nessa noite tenhamos a consciência de que precisamos galgar um longo caminho, mas esse é recompensador e verdadeiramente glorificará o Senhor mais do que inúmeras conferências missionárias, dinheiro, eventos e seja lá o que nossa mente pragmática propor.

Deus nos livre de estarmos abaixo desses padrões e nos julgue segundo eles, para a glória do Seu nome, amém.