sábado, 31 de agosto de 2013

Combatendo o desânimo e a estagnação do cristão


Estou certo que todo cristão deve estar preparado para as lutas que acompanham nossa caminhada, portanto não deveríamos estar assustados com as provas e com os embates que sofremos todos os dias. Mas, penso que existem muitos de nós que estão prostrados diante das situações difíceis. Lembremo-nos que somos chamados a convictamente abraçarmos um caminho de austeridade e resignação, portanto, deveríamos temer o desânimo e a fraqueza.

Nesta oportunidade gostaria de falar-lhes acerca de como o desânimo é estagnante e repulsivo. Não deveríamos jamais aceita-lo como algo normal à vida do crente.

No texto proposto vemos como o apóstolo Paulo empreende seus esforços para convencer os crentes gálatas a fugirem da apostasia parcial do Evangelho. Esta apostasia acontece quando nutrimos em nosso coração uma perversão doutrinária, uma heresia que paralisa nossa caminhada no evangelho. Era justamente isso que os crentes gálatas estavam sendo ameaçados. Estavam voltando aos ritos cerimônias da antiga Lei judaica, deixando-se circuncidar, eles, que eram gentios, estavam aderindo com isso não à fé cristã, mas ao próprio judaísmo.

Baseado na argumentação que ele faz sobre esse episódio, gostaria de propor o seguinte tema para a nossa meditação: “Combatendo o desânimo e a estagnação do cristão”. A razão de mencionarmos isso é porque desejo que a igreja de Cristo seja precavida dos perigos existentes na estagnação espiritual, sono profundo que impede nossa marcha e avanço espiritual.

Para que possamos combater tão grande oponente sugiro as seguintes considerações nesse texto:

Somos livres de todo e qualquer julgo mortal (vv.1-4).
Os crentes devem evitar tudo aquilo que busque substituir Cristo de sua adoração e prioridade, vejamos o que o texto nos diz sobre isso:
Devemos evitar o julgo (v.1) – Aqui o apóstolo compara o julgo da Lei a um peso que não é necessário mais carregar. Se nascemos de novo, estamos livres do peso que nos prendia aos aguilhões do pecado, não deveríamos nos sentir presos as propostas sutis desse mundo caído. Assim estavam os gálatas esquecendo-se da cruz e caminhando para aquilo que Cristo já havia conquistado e subjugado, o fardo da Lei.
Cristo sem proveito – Um cristianismo sem Cristo não é cristianismo. Muitos hoje em dia reduzem o cristianismo a uma série de ordenanças e costumes como se o próprio Cristo não tivesse utilidade alguma, isso, repito não é cristianismo e de nada serve diante de Deus.
A incoerência de uma religião falsa (v.3) – Ao deixarmos os fundamentos doutrinais que nos ligam a Cristo, seria como se estivéssemos voltando a um caminho não mais eficiente, suplantado e ultrapassado. Todos aqueles que estão se desfazendo dos meios deixados por Cristo, estão jogando o próprio Cristo na latrina da indiferença. Voltando aos erros do passado que de novo nos prendem à escravidão.
Caídos da graça (v.4) – Esse texto me faz lembrar o que aconteceu com o próprio inimigo, ele caiu da graça. Todos aqueles que se desligam de Cristo caem da graça. Aqui não estamos advogando que um crente genuíno pode perder a salvação, mas que aqueles que pensam estar em Cristo e deixam os fundamentos do evangelho decaem de qualquer oportunidade de salvação. Essa apostasia parcial é um cancro, um câncer purulento, que deve ser expurgado da vida do verdadeiro cristão.

Somos chamados a uma corrida de busca incessante (vv.5-9).
Espera-se de um crente a fé (v.5) – Cristo espera de nós nada mais nada menos do que uma vida de fé. Estranho é se um crente não possui essa fé para prevalecer nos momentos de desânimos. Devemos ter um depósito abastecido, para que quando for necessário usarmos de maneira adequada.
Cerimônias sem valor (v.6) – Vemos aqui como é sem valor algum termos práticas religiosas que não mais são necessárias para provar nossa fidelidade. Os gálatas estavam usando algo que o próprio Cristo aboliu, por isso a indignação de Paulo.
Uma carreira interrompida (v.7) – Essa pergunta de Paulo não fica sem resposta aqui. Quem impediu a carreira que estava proposta foram os próprios crentes que mal preparados espiritualmente foram levados por aqueles que queriam deixa-los debaixo do julgo. De nada adianta portar o nome de cristão e não amar o caminho de Cristo e conhece-lo profundamente.
A massa e o fermento (vv.8-9) – Cristo não persuade ninguém a ser vacilante. Seu chamado é convicto e claro, ninguém deve duvidar que fomos chamados para a convicção e não para vacilar. Paulo nos informa que se somos fermentados com o fermento errado, crescemos de maneira deficiente e não viveremos segundo a vontade de Deus.

Estamos em um caminho contrário a adulação desta época (vv.10-12).
Os perturbadores da igreja (v.10) – Nesse caso aqui era o grupo conhecido como judaizantes que perturbava a igreja, mas hoje quem são? São os libertinos que pedem uma fé sem compromisso? São os de fora, que nos querem ver afastados de Cristo? Ou são os falsos irmãos que nos incitam a rebeldia? Seja quem for, sofrerá condenação, conforme orienta o apóstolo.
O evangelho diferente da adulação de hoje (v.11) – Muitos querem hoje em dia um cristianismo sem Cristo por que desejam fugir do escândalo do cruz. Paulo diz que é possível anular esse escândalo apenas amoldando nossa fé as exigências dessa época fraca.
A mutilação dos inimigos (v.12) – Paulo conclui qual deve ser o desejo de todo cristão fiel, que os inimigos da cruz fossem mutilados de suas blasfêmias. Não devemos tolerar a apatia em nosso meio, irmãos seja de qual natureza ela for.

Todo o nosso caminho deve nos direcionar a glória de Cristo, não nos permitiremos fraquejar quando estamos em tão grande empreendimento. Podemos estar exaustos, mas a espada colou com sangue em nossas mãos, assim como o guerreiro de Davi na batalha. Podemos estar cansados, mas Deus renovará o abatido como de um salto nos porá de pé.

Esquecemos aqueles que nos persuadem a deixar o caminho de Cristo, eles nos desanimam a abandonar a nossa fé, apenas porque desejam nos ver alimentando suas fraquezas. Que Deus nos conforte e nos leve a fugirmos desse vale de apatia que jamais deveriam repousar os guerreiros. Que Deus nos abençoe por meio de Cristo, amém.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Piedade e o Contentamento cristão

“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento.”
(1 Timóteo 6.6)

É inegável que a teologia chamada “da prosperidade” tem angariado grande exposição em nossos dias. De modo que boa parte daquilo que se pretende dizer sobre assuntos óbvios como providência, herança e cuidado divino, deparam-se com algum tipo de explicação que remeta a doutrina da prosperidade e o seu mau uso desses temas, como que se, de alguma forma não houvesse no corpo do ensinamento cristão, ou na própria bíblia uma leitura salutar a fazer sobre esses pontos, sem se envolver com a abordagem dessa teologia.

Este texto não busca dar audiência a essa doutrina, não porque não julgue importante refutá-la, mas porque se preocupa em expor o assunto tendo espaço suficiente para que o leitor faça as devidas ponderações tendo uma fonte segura e expositiva em que se basear quando reflete sobre a vida cristã, do ponto de vista do contentamento que é segundo a piedade. Esta é a única razão aqui para que se evite o tema, algo que pode ser feito em outra oportunidade, querendo o Senhor nos permitir.

O texto bíblico proposto, 1 Timóteo 6.6, encontra-se em uma seção dedicada ao aconselhamento do apóstolo sobre aos falsos mestres ao jovem ministro Timóteo. Nessa seção da carta, Paulo admoesta Timóteo a não permitir a influência de falsos ensinos na igreja de Cristo (v.3), condenando veemente a conduta daqueles que assim procedem, afirmando que os mesmos o fazem por motivos interesseiros (vv.4-5), além do quê, fazem uso indevido da piedade, transmutando seus efeitos benéficos em prol do lucro, algo totalmente indevido, da perspectiva da objetividade do Evangelho. O texto que nos propomos a refletir tem sua condição associada ao correto emprego da piedade, onde o apóstolo defende que não é possível pensar em piedade sem considerar o contentamento, uma vez que esse se refere ao cuidado paternal do Senhor, que cuida dos seus, a despeito das situações adversas. No texto subsequente (v.7), o apóstolo manifesta a condição que somos introduzidos nesse mundo, ou seja, viemos sem nada e naturalmente não levaremos absolutamente nada físico para onde vamos, seja para a recompensa, seja para a condenação. O verso 8 realça a disposição de todo crente genuíno a esse contentamento, fica claro aqui a satisfação em fazer parte do propósito divino, ainda que isso custe algumas restrições, o cristão deve ser dar por satisfeito, entendendo que essa é a vontade de Deus, que nada o impropera, mas que o supre em suas necessidades mais básicas no desempenho da obra do Senhor. Finalizando o apóstolo demonstra a condição daqueles que desejam o dinheiro e o lucro, não somente aqueles que são chamados ao ministério, mas também traça alguns princípios gerais que acometem tais pessoas (v.9), terminando com uma conclusão lógica e esperada de tal empreendimento, havendo até mesmo muitos que não mais mantinham sua fé e estavam, consequentemente, desviados do evangelho, em razão da cobiça.

A palavra que o apóstolo utiliza aqui em 1 Timóteo 6.6 para piedade é εὐσέβεια que é apropriadamente traduzida por piedade. Na versão Revista e Atualizada a palavra piedade aparece em 1 Timóteo 9 vezes (2.2; 3.16; 4.7; 4.8; 5.4; 6.3; 6.5; 6.6; 6.11), sendo que apenas em 4.8 εὐσέβεια reaparece, num contexto onde Paulo defende que a piedade é condutora e fiadora de promessas reais e certas.

É notório o contraste entre a prática mantida pelos enganadores e embusteiros quanto ao evangelho e a prática do genuíno ministro de Cristo quanto ao mesmo. Enquanto que os enganadores fazem uso do rebanho, usufruindo deles sua manutenção nababesca, o genuíno ministro de Cristo, empreende seu ministério na piedade e contentamento. Esse contraste permite ao observador medir o nível de interesse das duas classes propostas, tendo o exemplo de verdadeiro ministro na pessoa do próprio apóstolo, que uma vez que também se afadigava a esse evangelho, podia admoestar a todos que se achegam a esse ofício qual deveria ser a conduta dos novos ministros.

Quando o apóstolo considera a piedade como fonte de lucro tem em vista não somente as virtudes que esse tipo de vida proporciona, mas também nos conduz a considerarmos os efeitos de uma vida que tem a piedade como padrão axiomático para todo cristão. Nenhum cristão genuíno deve ter outra pretensão, com relação à objetividade de sua vida que não seja a piedade como referência. Porém, os enganadores pérfidos estão mais interessados no lucro econômico do que esse estilo de vida pode proporcionar.

Não é de hoje que a religião tem sido utilizada de modo a garantir a lucratividade. Já nas páginas das Escrituras temos conhecimento de homens como os filhos do sacerdote Eli, que faziam uso das ofertas consagradas pelo povo de maneira reprovável (2 Sm 2.12-17) e Simão, mágico, que tentava conseguir o dom do Espírito Santo de modo a usufruir do mesmo favoravelmente (At. 8.9-13). Posteriormente, a igreja de Roma se favoreceu da ignorância do povo a fim de lucrar com indulgências, penitências e outras superstições que em troca de uma obediência proposta, buscavam algum favor divino. Papas e prelados desse segmento vivem os frutos desse disparate até os dias de hoje, desconsiderando a pobreza de muitos de seus seguidores e vivendo contrário a aquilo que se é exigido nas Escrituras. Os protestantes por sua vez são, talvez, os responsáveis pelas maiores distorções a esse respeito. Afinal a teologia da prosperidade é embrionária de suas fileiras e não de seitas mais heréticas, que nunca desenvolveram tal conceito anómalo.

A questão que envolve a teologia da prosperidade é mais complexa do que se nos é permitido nossa análise, tão parcamente limitada aqui. Tem a ver com erros exegéticos grosseiros, mas também faz uso da tradição protestante, como o conceito de providência e eleição. Alguns o relacionam ao conceito proposto nos modelos econômicos que foram desenvolvidos em países protestantes como o capitalismo, além de uma enormidade de falsas expectativas blasfêmicas que obscurecem o real sentido do cuidado divino com Seus eleitos. Seja como for, é certo que muito do que se propõe por tal teologia está longe de ser o ensino real fornecido pelas Escrituras.

O texto então mostra um conceito mais elevado da visão referente ao cuidado divino. O lucro aqui é visto com um benefício, sobretudo espiritual e não pertencente ao merecimento dessa época. Tem, como tal, uma conotação graciosa, sem mérito, sem pretensão. Fia-se na misericórdia e no cuidado divino, é antes de tudo a efetuação da benevolência de um Deus santo que nos alcança sem nenhum favor próprio existente em nós mesmos. Isso sim é lucrativo, pois vê a vida como a obra empreendida por um Deus santo que nos resgata da condenação, aproximando-nos de Sua comunhão paternal.

A piedade nos é garantia de padrão específico da vida daqueles que já não mais veem essa vida como pertencentes a si próprios. Suas vidas já não mais lhe pertencem, de modo que veem as conquistas, as vitórias de si próprios como a manifestação do favor divino, que bondosamente os alcança sem nenhum merecimento, apenas porque Deus quis infundir tais bênçãos, de maneira soberana e voluntária, não havendo nada que condicione os tais para tão grandes benefícios. A piedade genuína é um padrão vivencial experimentado por outros santos do passado e mais claramente manifestado na própria vida do Filho de Deus, padrão único e absoluto desse povo que entende a vida como algo a glorificar a Deus e não como algo que atinge interesses transitórios. Partindo desse entendimento, toda e qualquer cosmovisão que despreze esses conceitos revelacionais, são, por assim dizer, espúrios. Mesmo o aclamado “sonho americano” ou a propensa teologia da prosperidade, não fazem jus ao legado escriturístico, que sem dúvida, expande a ideia da doação e da entrega do crente a conceitos muito maiores aos que vemos nas cosmovisões empreendidas por muitos grupos protestantes hoje em dia.

Finalmente entendo que o contentamento não é uma condição muito cômoda a presente condição humana neste mundo. Não somos havidos por conceitos que nos rebaixem a níveis de sujeição absoluta, como é o caso aqui. Somos, por natureza, inclinados a expectativas superiores que dão conta de nossa capacidade acima das demais, do nosso bem desejado, de condições que nos fazem sonhar com objetivos rentáveis e acalentadores. O contentamento caminha na contramão de tudo isso. Ele é humilhante para alguém que espera tanto de si mesmo. Que deseja sobressair-se em um mundo de iguais, que deseja o status quo mais adequado e confortável. Grande parte das frustrações ocorridas hoje tem como fonte o descontentamento com algo que não se conseguiu alcançar, ou seja, tem a ver justamente com o conceito contrário daquilo que nos propõe o apóstolo aqui. Muitos, mesmo cristãos, estão frustrados por não terem alcançado algo, por não terem o devido reconhecimento, mostrando claramente que não entenderem o conceito defendido pelo apóstolo.

Se contentar com o que tem não é a mesmo que desistir. Muito pelo contrário, tem a ver com a sujeição ao plano eterno de Deus, que nos garante sua assistência misericordiosa, nos livrando das frustrações, mas trabalhando a dor, a pobreza, a doença e uma série de circunstâncias que devemos viver, mesmo que não achemos a melhor escolha para nós. Deus nos ensina a agradecê-lo por tudo o que estamos vivendo, isso sob qualquer situação. Ele nos mostra que não deveríamos ousar perguntar o porquê das razões que Ele determinou para nós. Se Ele assim o quis, certamente é o melhor. Não busquemos outro sentimento a não ser o contentamento que é derivado de uma vida piedosa. Nada tem mais poder do que um crente que aceita a graça de Deus para com sua vida. Em dias onde a cobiça o desejo, as motivações de tantos são tão prementes, os verdadeiros crentes anseiam fazer, justamente aquilo que o Senhor designou. Que seja essa a nossa real intenção nesses dias, que ao invés de buscarmos contentamento em nossas realizações o busquemos nos grandes feitos do nosso Deus, que realiza Sua obra em nós de maneira sábia e soberana. Deus nos ajude a compreender seus planos a nós quanto a este particular.










segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O casamento de Oséias com a prostituta e seu ensino para a igreja em todos os tempos

Talvez nenhum outro profeta apareça nas páginas das Sagradas Escrituras de maneira mais dramática. Oséias é o verdadeiro exemplo de profeta que ele mesmo se confunde com aquilo que anuncia. Nestes dois impressionantes capítulos iniciais do seu livro é extremamente necessário vermos como o Senhor vê as transgressões de Sua igreja e como Ele as julga, de forma tão graciosa. A igreja de Cristo é a esposa do Seu amor, nada deve ocupar o lugar de Cristo, mas apenas a igreja deve se devotar a amá-lo e servi-lo.

Pouco se sabe sobre o autor desse livro profético. O que se sabe que seu nome era Oséias e ele era filho de Beeri. Ele exerceu seu ministério no período onde Israel tinha dois reinos, o do sul e o do norte. Sendo o do sul conhecido como Judá e o do norte como Israel. Sua profecia abrangeu os períodos críticos de apostasia do reino do Norte, aproximadamente entre 750-722 a.C. Período esse marcado por depravação sexual e sincretismo, além da falta de obediência a Lei de Deus. Nesse período cinco reis sucessivos foram assassinados pelos seus usurpadores, sendo que apenas um passou o reino para o seu herdeiro legítimo, Manaém (2Reis 15.23). Tudo isso ocorrido em apenas 25 anos.

Esse livro tem muito a nos ensinar sobre o compromisso que temos manter a fidelidade da igreja sob todos os aspectos, bem como nos ensina de que maneira Deus trata a rebelião do Seu povo, além de nos mostrar o tamanho da Sua misericórdia e amor. Para que vejamos isso de maneira a termos nossas vidas regidas pela bíblia sugiro o seguinte título: “O casamento de Oséias com a prostituta e seu ensino para a igreja em todos os tempos”.

Vejamos como podemos ser direcionados por esse texto quanto a este particular. De acordo com as Escrituras a igreja deve:

Evitar o exemplo da prostituta (Oséias 1 e 2.1-7)
Nesse impressionante texto o Senhor recomenda ao profeta casar-se com uma prostituta (v.2). Essa mulher se chamava Gômer e era filha de Diblain (v.3). Seu nome foi mudado para Jezreel, em razão do tipo de juízo que o Senhor teria sobre ela (vv.4-5). Essa era a tipificação das transgressões do reino do Norte, onde o Senhor anunciava a maneira como iria tratar o povo que residia nesta região. Para que possamos compreender a força desse texto vejamos:

Os filhos da prostituição (vv.6-11) – Dois filhos nascem dessa relação: 1) Desfavorecida – Isso porque Deus não mais seria favorável a Israel (v.6); 2) Não meu povo – Esse indicava que Israel não era mais o povo do Senhor (vv.8-11). Na profecia onde se ouvia isso existem promessas, no verso 11 Deus fala do Messias “uma só Cabeça”, logo ainda existia alívio para o povo.
A prostituta não é esposa (2.1-4) – Essa constatação do Senhor incriminava a prostituta, os filhos dela eram filhos de adultério, Deus não os considerava como filhos.
O desejo da prostituta era por seus amantes (vv.5-6) – Essa mulher não via em Deus o refúgio, buscava o sustento em suas prevaricações, ela não ia encontra-los, pois o Senhor não iria permitir tal coisa (v.6).
A volta ao Marido (v.7-8) – Finalmente ela retornará ao seu Marido, quando ela pensava que os amantes é quem a sustentavam (Baal), era o Senhor que a mantinha. Os amantes dela gastaram tudo com seus deuses.

Entender que Deus julgará as transgressões (Os. 2.9-13)
Todos os pecados da igreja são julgados como pecados de fato, Deus não os perdoará sem antes lhes infligir Sua justiça. Vejamos o que acontece aqui:

Ele retém o trigo e o vinho (v.9a) – Ele não permite o sustento.
Ele arrebata a lã e o vinho (v.9b) – Significando o estado de nudez espiritual.
Ele expõe a nudez (v.10) – Isso para que todos vejam a vergonha. Ninguém poderá deterá Sua mão, quanto a isso.
Ele faz cessar as festas (v.11) – Acaba-se a alegria fútil e idólatra
Ele devasta a figueira (v.12) – Não haverá lugar onde se possa se esconder de Deus.
Ele castigará a idolatria (v.13) – Ele se lembra dos cultos pagãos que Seu povo seguiu e não permitirá tais condições.

Deve conhecer a misericórdia de Deus (Os. 2.14-23)
Depois de infligir Seus juízos, o Senhor não permanecerá para sempre irado, vejamos a maneira amorosa como Ele vem tratar Seu povo.

Ele restitui a prosperidade (vv.14-15) – Lembra-se da aliança eterna e lhe prospera novamente.
Ele aceita o título de Marido (v.16) – Isso porque a Noiva não lhe chama mais “meu Baal”, ela deixou a idolatria.
 Não haverá mais adultérios (v.17) – Ela, a Noiva, nunca mais se lembrará dos ídolos.
Terá repouso e segurança (v.18) – Não existirão mais inimigos.
Um novo casamento (vv.19-20) – De novo o Senhor a aceitará e jamais a abandonará.
A graciosidade de Deus (vv.21-22) – O próprio Deus promete ser gracioso ao Seu povo.
Os filhos são mudados (v.23) – No lugar dos títulos e nomes que lembram a desobediência esses recebem novos nomes que manifestam o favor divino.

Deve esperar a promessa divina (3.1-5)
Finalmente o profeta recebe a ordem de buscar a que antes fora prostituta e a recebe como esposa (v.1), assim como Deus fará com eles. Vejamos quais são as promessas contidas aqui:

Ela deve esperar (vv.2-3) – Tal alta misericórdia deveria ainda aguardar. Era necessária uma vida casta e pura.
 Ele perderia seus símbolos (v.4) – Os símbolos do favor divino não estariam mais com o povo até a restauração.
Trêmulos pela bondade (v.5) – Essas promessas revelam o caráter piedoso do nosso Deus. Depois de tudo isso recebe Seu povo, não sem antes imprimir o Seu temor sobre eles.


Talvez precisemos lembrar o tamanho da misericórdia de Deus para com o Seu povo. Esse texto nos ensina tudo isso. Faz-nos lembrar que podemos incorrer em desobediência, essa tão grande que nada nos lembre que fomos o povo do Senhor. Mas num dia o Senhor nos receberá. Ele nos fará conhecer Sua justiça e nos conduzirá trêmulos a sua presença. Naquele dia nos lembraremos das nossas transgressões e correremos arrependidos para o Seu trono de graça e encontramos conforto e Refúgio em um Deus que jamais esconde Seu rosto de nós. Que o Senhor seja sempre propício a nós pecadores. Amém.