terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O natal e aquilo que foi esquecido a seu respeito

Lucas 2.34-35

O texto em questão traz basicamente aquilo que eu gostaria de enfatizar nesse natal. Nem sempre aquilo que vemos nos dias natalinos consiste na realidade dos fatos relativos ao natal. Assim como a festa ganha contornos distantes daquilo que foi o dia propriamente dito o objetivo da festa por muitas vezes passa por cima de aspectos importantes e muitas vezes esquecidos pela maioria dos pregadores hoje em dia.

É por essa razão que nesta noite estarei abordando aspectos esquecidos do natal. Fatos que, se esquecidos não culminariam em todas as nuances dessa bela festa cristã. É então, por essa razão que eu os convido a considerar o seguinte título de nossa mensagem: “O natal e aquilo que foi esquecido a seu respeito”.

Justifico o título primeiramente enfatizando que o que estaremos mencionando foi “esquecido” e não “ignorado”, uma vez que não penso que muitos pregadores tem intensão de fazer tal coisa, só que a Bíblia deve ser pregada toda e não de acordo com nossos interesses.

O texto que estamos comentando narra a ida do Senhor, ainda menino ao templo a fim de realizar sua purificação (Lv. 12.6-8), após a circuncisão (v. 21). Lá se encontrava um homem piedoso chamado Simeão, que movido pelo Espírito foi ao templo. O mesmo Espírito havia revelado que “ele não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor”.

Simeão em sua fala diz algo muito importante para nossa consideração: 1) Ele é destinado para ruína e para o levantamento de Israel; 2) Para ser alvo de contradição; 3) Uma espada transpassará a própria alma para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. Logo, de acordo com a profecia de Simeão, a pessoa do Senhor Jesus causa dois sentimentos distintos, o abatimento e a exaltação. Isso é bastante claro ao observarmos o que o texto bíblico nos ensina acerca do nascimento de Cristo, vejamos então esses relatos:

A situação da família de Jesus em Seu nascimento (Mt. 1.19)
O nascimento virginal e suas implicações – Maria estava prometida a José, ela era virgem e ainda não tinha contato com aquele que seria seu esposo. De uma hora para outra ela aparece grávida. O anjo tinha anunciado a ela (Lc 1.26-38), mas não a José ainda, por essa razão ele resolve deixa-la (Mt. 1-19). Antes do nascimento o Senhor enfrenta esse primeiro conflito que é resolvido após a aparição do anjo a José.
Um risco para Maria – Segundo a Lei, Maria poderia morrer apedrejada, caso não se provasse a questão de seu filho. José tem um papel fundamental quanto ao nascimento, visto que apenas alguém realmente escolhido por Deus e fiel, poderia fazer parte de tão gracioso propósito. A escolha divina para ser pai do Senhor sem dúvida atesta isso.

II- Os magos do Oriente e a fuga para o Egito e a matança dos inocentes (Mt.2.1-18)
Uma narrativa que busca apenas relatar a visita dos magos no presépio, esquece-se dos fatos que mostram o quanto aqueles dias eram terríveis, analisemos as implicações:
A busca pelo Messias nos palácios (Mt. 2.1-12) – Esses magos, provavelmente advertidos pelo estudo da Lei, sendo estrangeiros e não sabendo que o rei de Israel era um rei ímpio e sanguinário, foram até o palácio real esperando que lá encontrassem a Cristo. Nessa ocasião a profecia de Simeão se cumpre mais uma vez, eles buscam adorá-lo, enquanto Herodes buscava a sua própria ruína. Deus os guiou de maneira segura até Cristo, mas a maldade de Herodes já havia sido despertada.
Jesus e seus pais vão para o Egito (Mt. 2.13-15 e Os 11.1) – Cumprindo a profecia de Oséias, após a visão do anjo, Jesus é enviado para o Egito. Fatos cruéis o aguardavam se Ele permanecesse em Israel.
A matança promovida por Herodes (Mt. 2.16-18) – Esse rei sanguinário tinha por intenção promover o extermínio do Messias. Ele certamente sabia de sua linhagem real (filho de Davi), a mesma que ele como rei não pertencia. Sua matança tinha em vista destruir a possibilidade do retorno ao trono da família de Davi, que na época de Cristo não era tão importante como em outras épocas, pelo menos financeiramente. Esses fatos não aparecem no presépio na noite de natal.

III- O natal e sua principal mensagem (Lc. 2.10)
Boa nova de grande alegria (Lc. 2.10) – Eu não faço coro a aqueles que pensam que o natal é uma festa pagã. O natal é a maior festa cristã. O nascimento de Cristo é o maior anúncio que o mundo pôde receber. Se Ele não tivesse encarnado naquela criança simples naquela “noite feliz” eu e você, assim como o mundo inteiro não teria nenhuma esperança.
Paz na terra entre os homens (Lc. 2.14) – As palavras da milícia celeste de anjos refletem não a profecia de Simeão, mas uma profecia para a época presente e para o final das eras, quando Jesus for a paz nos homens convertidos e tementes a Deus hoje e a multidão de redimidos no Reino eterno.

Não devemos nos enganar com as sutilezas comerciais dessa época. Muita coisa foi acrescentada ao verdadeiro natal. Cabe a igreja cristã se preocupar para que isso seja recuperado. Temos o manual para toda e qualquer Reforma que nos cabe fazer, as Escrituras.

Recuperemos aqueles dias em nossas mentes com sincero temor. Lembrando-nos dos fatos relativos ao nascimento do nosso Salvador. Lembrando que Ele surge como uma espada que divide a humanidade e que apesar de muitos buscarem algo relativo a Ele nesse dia e nessa noite de natal, suas vidas não o fazem constantemente.

A igreja cristã é o real baluarte do verdadeiro natal. Celebremos esse natal na certeza de que Cristo é para nós elevação sobre Israel, mas para aqueles que não lhe conhecem vero abatimento. Louvamos a Deus por sua infinda graça.