segunda-feira, 28 de julho de 2014

O cuidado dos fortes para com os fracos na busca da paz na igreja

Romanos 14.1-12

Queridos irmãos, estamos diante de um assunto que é perfeitamente recorrente no meio da religião cristã, que é o nível de apreensão que dispomos no caminho de Cristo. Como a fé destoa de pessoa para pessoa na questão de maturidade, havendo uns que estão em um nível e outros estão em outros, de tempos e tempos, deveríamos nos submeter ao crivo da Palavra e buscarmos a paz da igreja quanto a este assunto.

Paulo enfrenta de perto este contexto nessa parte da carta aos romanos. Ele repreende a atitude dos mais fortes em condenar os mais fracos, que parece pelo texto, ser o grupo menos influente e por isso o que sofria por sua defesa. Esta noite saberemos, conforme o texto bíblico, qual é a vontade de Deus para nós, quando nós também estivermos diante da mesma situação. Conforme o ensino das Escrituras, estaremos aprendendo como tratar o fraco, caso sejamos fortes, de acordo com o padrão do Espírito, nela elucidado.

Devemos promover a paz no meio da igreja e cabe aqui uma citação de Calvino quanto a isso:

“Aqueles que atingem os cumes do conhecimento da doutrina cristã devem acomodar-se aos menos experientes, envidando todos os esforços para que as fraquezas de tais pessoas sejam supridas”. – Comentário de Romanos, Editora Fiel.

Diante desse assunto, proponho o seguinte tema para a nossa meditação: “O cuidado dos fortes para com os fracos na busca da paz na igreja”. Justifico o título defendendo que nós devemos lutar contra o erro e que podemos muitas vezes nos ver inseridos em alguma demanda controversa, mas cabe a nós ceder, dentro dos limites da Palavra, para que a paz na igreja possa ser preservada.

Vejamos qual deve ser a nossa procedência de acordo com o texto que estamos contemplando:

O “acolhimento” do crente fraco deve ser desenvolvido (vv.1-4). Não é consenso entre os comentaristas acerca da situação aqui envolvida. Hendriksen defende que existiam dois grupos na igreja de Roma que pensavam de forma diferente em razão da expulsão dos judeus da cidade de Roma por um tempo, durante o governo de Cláudio, o que fez com que esses recebessem um ensino mais característicos dos judaizantes e depois tentaram imprimir o mesmo estilo de vida na igreja, mas tinham encontrado resistência em razão do pequeno número de adeptos. Como a igreja estava em transição, do judaísmo para a igreja gentílica, isso causava alguns transtornos.

Outros comentaristas, no entanto, como Calvino e Murray veem apenas questões de natureza de opinião. Murray argumenta que Paulo está tratando de um problema diferente de 1 Coríntios 8, onde naquela situação tratava com os judaizantes, aqui ele trata com pessoas que temiam ingerir comidas sacrificadas aos ídolos, mas que não tinham a influência daquele grupo. Vejamos então, os conselhos do apóstolo quanto a tudo isso:

O “acolhimento” e a discussão (v.1) – Paulo enxerga um problema com a discussão com os fracos. Eles provavelmente eram novos convertidos e podiam correr o risco de ter sua fé abalada caso não fossem tratados com cuidado. Por isso a ordem em acolher. Não há aqui o intento de esconder a verdade, mas de amar o próximo, preservando-o do erro.

Uma questão de dieta (v.2) – Como dissemos a influência do judaísmo ainda era forte aqui. Os irmãos faziam isso no intuito de se preservar das comidas dos ídolos, mas os outros não viam necessidade, talvez se estribando no que Paulo tinha dito a respeito disso “o ídolo nada é”. Eles eram vegetarianos. Paulo os chama de “débil”, logo estavam com um conceito diferente e até mesmo infantil de se portarem para Deus.

O desprezar deve ser evitado (v.3) – Essa atitude “desprezar” é bem comum hoje. “Quem não pensa comigo deve estar errados”, pensam alguns, mas a orientação é buscar a concórdia e não a divisão. Havia dois pecados aqui o desprezo e o julgar, todos deveriam ser evitados.

O sustento de Deus (v.4) – Aqui existe uma advertência aos “fracos”, uma vez que Paulo os acusa de julgamento. Paulo insta para que não julgue, pois apenas Deus pode julgá-los, além de mantê-los de pé, pois Ele é poderoso para isso.

A guarda dia e a dieta não deve ser a causa de tropeço (vv.5-8). Outra característica do grupo considerado “fraco” era a guarda dos dias. Paulo parece ter uma posição branda e conciliatória quanto a isso, vejamos o que ele nos diz aqui

A opinião e a convicção (v.5) – Essa “guarda de dias” pode não se restringir apenas ao sábado, mas às outras festas judaicas. Não havia consenso aqui quanto a isso. Só posteriormente houve a aceitação completa do Dia do Senhor, estamos aqui num período de transição. Paulo recomenda a convicção como nosso juiz, mas isso é claro com o auxílio da Palavra.

A “ação de graça” na prática (v.6) – Os dois grupos estavam tentando agradar a Deus, logo seria o próprio Deus que julgaria a intenção e a observância de cada postura na Sua presença.

Não pertencemos a nós mesmos (vv.7-8) – Nesse entendimento somos propriedade de Deus e Ele é que nos julga naquilo que fazemos para Ele. Somos dEle tanto na vida quanto na morte. Prestaremos satisfação a Ele em tudo o que fizermos.

Todos nós somos responsáveis e compareceremos perante o tribunal de Deus (vv.9-10).

A morte de Cristo e o domínio sobre nós (v.9) – Eis aqui um dos textos que demonstram claramente o propósito da redenção. Segundo Paulo é por isso que Ele morreu, para ter todos sob seu domínio e poder.

O julgar e o desprezar (v.10) – Paulo novamente está falando dos pecados característicos aqui (desprezo e julgar). O primeiro pertencente aos “fortes”, o segundo aos “fracos”. Ele afirma que daremos conta a Deus no Seu tribunal.

A fala divina e a responsabilidade pessoal (vv.11-12).
Joelhos dobrados e língua louvando (v.11) – Paulo está citando Isaías 45.23, ele está enfatizando em que condição todo homem se apresentará diante de Deus

Novamente o tribunal (v.12) – Ao finalizar essa parte, Paulo mostra que não estamos aleatoriamente conduzidos na igreja. Prestaremos contas a Deus, e apesar de sermos distinguidos por grupos nossa prestação de contas será individual.

Apesar de sabermos que a verdade é o nosso maior vínculo enquanto corpo de Cristo é inevitável que existam contendas. Muitas delas são teológicas como no caso aqui. Não podemos pensar com isso que não devemos condenar o erro, mesmo daqueles que consideramos nossos irmãos. Mas essa condenação deve ser com amor e cuidado cristão, afim de preservar o corpo de Cristo. Aqui no texto exposto, Paulo nitidamente se solidariza com o grupo denominado de “fortes”, mas nem por isso pede a cabeço dos “fracos”. Que tenhamos o mesmo cuidado, mas que, sobretudo, amemos a verdade, sem ofender os irmãos que são “débeis na fé”.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

O testemunho de Jesus para os descrentes e Sua importância escatológica


Mateus 12.38-42

É natural que nós nos preocupemos com o tipo de mensagem que deve ser dado aos descrentes quanto a aquilo que cremos. Muitos chamam isso de contextualização, alcance dos não crentes e outros termos, o fato é que nessas palavras Jesus nos indica qual testemunho deve ser apresentado a aqueles que o desejam conhecer e também demonstrar qual será o tipo de exaltação que o mundo inteiro verá, quando de Sua segunda vinda.

No movimento do século passado conhecido como “alta crítica”, o livro de Jonas foi considerado mitológico em razão de conter a narrativa de Jonas no estômago do grande peixe. Com essa declaração de Jesus sobre Jonas, os conservadores explicam que se Jonas era mitológico, logo Jesus não podia ser quem dizia ser, ou seja, Deus, pois sendo assim estaria acreditando em estórias e não conhecendo todas as coisas. O fato é que Jesus é Deus e ao citar Jonas, Ele põe fim a toda e qualquer dúvida sobre esse livro.

No texto em questão, Jesus é mais uma vez interpelado por uma audiência incrédula relacionada ao grupo mais religioso do seus dias, os sacerdotes. O modo como Jesus trata esse grupo serve para que conheçamos basicamente aquilo que o Senhor deseja fazer com aqueles que duvidam de sua Palavra. Será que aqui, nesse texto, vemos Jesus se preocupando em convencer os descrentes de que Ele era o cristo? Será que podemos concordar que Ele está de braços abertos para todos? Vejamos o que o texto nos diz a esse respeito.

Antes de prosseguirmos, gostaria de chamar a atenção da igreja para o seguinte título: “O testemunho de Jesus para os descrentes e Sua importância escatológica”. Justifico o título com a argumentação que esses propósitos são a intenção do evangelista nesse texto. Observemos como isso afeta nossa consideração na igreja a respeito daquilo que Jesus espera dos descrentes:

Os sinais de Jesus para uma geração má e adultera (vv.38-40). Os judeus que eram a audiência de Jesus nesse texto, tinham sido alertados quanto ao fato de não estarem produzindo frutos (vv. 33-37). No verso 34 Jesus os tinha chamado de “raça de víboras”, com isso fica mais ou menos esclarecida a solicitação para os tais sinais sugeridos aqui, vejamos, as implicações desse pedido:

Os judeus e os sinais (v.38) – Paulo, como bom Judeu, conhecia essa característica de seu povo. Mesmo em seus dias essa demanda era exigida por eles (1 Co 1.22). Os judeus tinham sido visitados por muitos sinais no passado, a época que estamos lendo aqui, foi a última grande época desses sinais, mesmo nesse período nada ocorria no sentido de se comparar com os grandes dias do passado. Jesus já tinha operado grandes sinais, mas esses desejam ver mais ainda, como se o Senhor estivesse ali para atender a curiosidade ímpia deles.

O sinal de Jonas (v.39) – Jesus teve um ministério público, logo a resposta que Ele direciona aos judeus parece não evocar algo para todos verem. O sinal mencionado aqui tem uma conotação velada, Ele está se referindo à Sua ressurreição, logo, algo que poucos tiveram acesso e não o mundo inteiro. O sinal para os descrentes então tinha uma conotação mais enigmática do que a própria vida do Senhor, se eles não conseguiram discerni-lo em Seu ministério terreno imagine na ressurreição.

O maior de todos os sinais (v.40) – Nenhum dos grandes sinais realizados por Cristo tem o peso de Sua ressurreição. Ela é a própria essência do cristianismo, Paulo chega a dizer que se ela não existisse seria “vã a nossa fé” (1 Co 15.17). Nenhum morto ressuscitado, nem cego que recuperou a visão, nenhuma profecia se compara a ressurreição. É interessante que Jesus recomende a ressurreição como sinal, porque ela é um benefício apenas daqueles que a recebem pela fé e não para todos.

O arrependimento dos ninivitas prova da cegueira de uma geração (v.41). A partir daqui nosso Senhor inicia Sua própria defesa argumentando que Ele é maior do que Jonas e do que Salomão. Vejamos o que isso significa para nós:

Ninivitas no juízo – Esse tipo de argumento é bem peculiar ao Senhor. Principalmente pelo entendimento da salvação não restrita apenas aos judeus que Ele estava anunciando, mas também porque mostra a misericórdia divina para com povos como os Assírios de Nínive, sua capital. Povo conhecido pela brutalidade e impiedade, mas que foi alvo da pregação de Jonas.

Juízo e condenação – O Senhor aponta para o fato dos judeus que estavam falando com Cristo serem alvo no futuro de Juízo. Os ninivitas são a prova de que mesmo um povo totalmente ímpio pode se converter ao Senhor. Israel, no entanto, mesmo tendo um passado tão glorioso e a própria presença de Cristo, seria condenado por incredulidade.

O arrependimento dos ninivitas – O coração endurecido pelo pecado é a prova de que não tencionamos crer em Cristo. Assim como esses homens cultos, hoje em dia muitos mantêm essa mesma disposição e enfrentarão futuramente o mesmo juízo que aqueles também deverão enfrentar.

A importância escatológica de Cristo em face da incredulidade (v.42). A rainha do sul, também conhecida como rainha de Sabá (1 Rs 10.1-13), demonstrou o quanto é importante conhecer a sabedoria divina através de Salomão, assim, Jesus compara Sua sabedoria a de Salomão, vejamos o que Ele nos ensina também aqui:

O juízo da rainha – A exemplo dos ninivitas, essa rainha gentílica também estará de pé no dia do juízo contra os descrentes. Ela o fara isso por sua fidelidade e confiança na sabedoria de Deus, observada quando ela ouviu da fama de Salomão. Viajou longa distância apenas para conhecer tal sabedoria, sendo exemplo para todos que devem vir até Cristo para ouvi-lo.

Jesus maior do que Salomão – Se para ouvir um homem a rainha em questão percorreu uma distância tão grande, porque não corremos para ouvir a Cristo. Quantos hoje em dia têm outros conselhos em maior estima e não escutam Cristo com atenção. Jesus é maior do que Salomão, mesmo o ensino de Salomão é inferior ao de Cristo e ainda hoje muitos o estão abandonando.

Jesus não era e não é um gênio da lâmpada para atender os nossos desejos. Não dizemos a Ele o que Ele deve fazer. Ele é soberano. Nossa fé nele consiste em crermos no poder de Sua Palavra e ressurreição não em Seus milagres. Ele é misericordioso e nos concede que vejamos a Sua obra em nós e isso nos faz aumentar a fé. Os judeus não pediam sinais tendo como objetivo aumentar a fé, visto que eles não tinham nenhuma.


Nosso Evangelho é uma pregação centrada na cruz, também não temos muito a oferecer a aqueles que buscam sinais e sabedoria. Pregamos apenas o Cristo crucificado e apenas isso. Ao apresentar a sabedoria de Cristo só podemos dizer que ela é loucura para esse mundo, mas para os que creem é poder de Deus. Vivemos confiados apenas nesse poder e tudo que passar disso é pérfido e pecaminoso. Deus nos faça conhecer a Cristo cabalmente. Amém. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

As nossas murmurações significam o total desconhecimento de Deus

Números 11. 1-3

Nosso propósito é refletirmos no poder que nossas murmurações têm de nos ocasionar nossa própria ruína. Para tanto estaremos contemplando o capítulo 11 do livro de Números. Essa parte significativa das Escrituras nos diz muito sobre as consequências de desejarmos aquilo que Deus não desejou para nós. 

Poucos de nós aprenderam nessa vida algo que as Escrituras chamam de “contentamento”. Não somos como apóstolo Paulo que disse em Filipenses 4.11-13: "Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece". Ele disse isso porque era um cristão experiente que tinha aprendido muito em sua caminhada diante do Senhor.

Os israelitas nessa porção das Escrituras estavam em sua caminhada em direção a Canaã. E nessa jornada haviam experimentado muitos milagres divinos e mesmo a assistência de Deus no deserto. Como nós sabemos o deserto tem esse nome em razão de quase nada florescer por lá. É uma espécie de treinamento para o cristão, um exemplo de como Deus nos abençoa mesmo em situações adversas, mas o deserto também é um lugar de provas espirituais.

Algumas provas da providência de Deus nesse lugar inóspito já haviam sido dadas ao povo. Em Refidim o povo aprendeu que Deus é a sua fonte das águas (Êx. 17. 1-7), Deus um pouco antes havia enviado o Maná, uma espécie de pão que era mandado pela própria mão de Deus, todos os dias, com exceção do sábado (Êx. 16.1-10), e mesmo codornizes já haviam sido enviadas pelo Senhor, após mais uma murmuração do povo (Êx. 16.11-21). Logo, esse povo conhecia o Deus Elohim Yir’eh (Deus da providência) que Abraão conheceu em Moriá (Gn. 22.8). Eles tinham prova desse cuidado, mas mesmo assim seus corações se tornaram murmuradores contra Deus.

Hoje estaremos meditando no seguinte título: “As nossas murmurações significam o total desconhecimento de Deus”. Não que quando murmuramos somos como os descrentes, mas que revelamos características dos gentios, dos ímpios, que colocam sua confiança não naquilo que não se vê, mas apenas naquilo que se pode ver e tocar.

Diante disso, chamo a atenção da igreja para três verdades expostas no texto quanto às nossas murmurações:

O Egito pode nos fazer esquecer o Maná (vv.1-9)
Espiritualmente o Egito simboliza o velho homem, a velha vida vivida em pecado, as antigas confianças mundanas em nosso braço e uma série de coisas que nos identificam com os descrentes. Como povo eleito Israel tinha sido levado ao deserto para ser provado por Deus. E muitos foram reprovados, vejamos o que nos ensina essa parte de nosso texto:
Uma punição silenciosa (v.1-3) – Algumas coisas nos chamam atenção aqui: 1) “Aos ouvidos do Senhor” (v.1 parte a)” – Essa murmuração não foi feita a Moisés, mas o povo que a fez veladamente, algo que para Deus é como se fosse feito publicamente, visto que Ele tudo escuta; 2) Os consumidos na extremidade do arraial (v.1 parte b) – Esses podem ter sido os primeiros a serem mortos em razão de estarem perto da coluna de fogo e terem iniciado a murmuração. Eles foram os primeiros, mas a murmuração já havia contagiado o restante. Em seguida é feita uma oração com o intuito de aplacar a ira de Deus, mas a questão ainda não havia sido resolvida (v.2 e 3).
O “populacho” no meio do arraial e seus desejos (vv.4-5) – A murmuração continua agora na parte central do arraial. Essa não foi iniciada pelos hebreus, mas por um povo misto que havia saído com Israel do Egito, alguns defendem que esse povo havia se tornado misto em razão de casamentos entre hebreus e egípcios. A queixa era por aquilo que o Egito oferecia carne, peixe de graça; pepinos, melões, alhos silvestres, cebolas e alhos. O povo foi inflado e contagiado pela murmuração.
O maná (vv.6-9) – A crítica do povo era direcionada ao Maná (v.6), logo estava relacionada à própria providência de Deus. Eles não estavam interessados no sustento miraculoso, mas nos antigos alimentos, mesmo que isso significasse a exaltação do Egito. Nos versos seguintes (7-9) o escritor nos fornece algumas informações sobre o Maná.

Em meio às murmurações a liderança se desgasta (vv.10-29). 
Nos versos 10 a 30 vemos uma capítulo dramático do evento aqui relato. Moisés acha demasiadamente pesado o seu cargo, vejamos como o Senhor escuta a oração imprecatória de Moisés e como Ele usa esse fato para aliviar a carga de Moisés:
Uma oração imprecatória (vv.10-15) – Moisés havia sido chamado para liderar um povo grande. Sua tarefa era realmente pesada, além disso, ele era parte do povo. No caso em questão, ele ouviu o choro do povo à porta de sua tenda (v.10). Ele mesmo não suportou a pressão e clamou a Deus de forma imprecatória, como alguns salmistas. Isso não nos faz ter o direito de orar assim, pois apenas alguns homens conseguiram isso porque foram conduzidos pelo Espírito para falar de tal forma com o Senhor.
Auxiliadores para Moisés e a mão do Senhor (vv.16-23) – Deus entende que Moisés estava realmente precisando de auxiliares. Esses recebem a capacitação divina para a tarefa (v.17). Seriam 70 anciões que ajudariam no trabalho da tenda. Isso tirou o peso de Moisés. Também Moisés duvida da mão de Deus (vv.21-22) e a resposta do Senhor é imediata, “a mão de Deus não estava curta” (v.23), logo, Ele tinha poder para alimentar o povo, mesmo que isso parecesse impossível.
A profecia dos auxiliares (vv. 24-30) – Os anciões foram visitados por Deus copiosamente a ponto de profetizar, mas isso aconteceu apenas uma vez e nunca mais. Porém, Eldade e Medade que estavam entre os primeiros, mas pelo visto não ajudaram na tenda (v.26). Houve espanto por parte de alguns e Josué resolveu intervir (vv.27-28). A resposta de Moisés reflete a característica que se espera de todo aquele que pertence a Deus (vv.29-30). Somos um povo consagrado a profecia, ao anúncio e deveríamos sempre ser assim.

A providência também expõe o juízo de Deus (vv.31-35)
Ainda que Deus tenha se apiedado do povo, ainda era necessário exercer o juízo. O povo em seu clamor desejava o Egito, causando grande ira no Senhor. Vejamos o que fez Deus quanto a isso:
Codornizes são enviadas (vv.31-32) – Deus enviou um vento que as trouxe até o arraial dos israelitas. E as vez voar baixo, há metros do chão, algo sobrenatural aconteceu, pois esses pássaros voam alto. Todo o povo colheu as codornizes e houve abundância.
A carne entre os dentes (v.33) – Não se diz aqui menção ao número de mortos nesta ocasião, nem  tão pouco àqueles que morreram antes, mas ficou clara a insatisfação de Deus quanto ao povo.
Quibrote-Hataavá (vv. 34-35) – Esse lugar recebeu um novo batismo, pois se tornou um memorial da desobediência e do desejo ímpio do povo. Todos o que passavam por essas terras eram convidados a refletir sobre tal acontecimento.

Algumas lições podem ser retiradas desse texto, convido-o a analisar comigo elas:
1)   Nossas reclamações têm limites. Ás vezes elas revelam pecados secretos que o Senhor pode contemplá-los;
2)   Deus não nos aceitará que vivamos em uma vida de murmúrio e insatisfação. Se ele nos dá o que precisamos seria algo muito sério desejar aquilo que não precisamos, sendo isso contra a vontade do Senhor;
3)   Deus pode nos conceder algo que Ele não quer nos dar, mas isso não faz parte de Sua providência e sim do Seu juízo e o fim é muito trágico.

Essa história nos faz lembrar o quanto o Senhor é bondoso conosco, o quanto Ele cuida do Seu povo. O quanto Ele nos sustém no deserto e que deveríamos busca-lo em santidade e contentamento, sem desprezar as ricas e copiosas bênçãos que Ele nos dá.

Que Ele nos livre de sermos julgados dessa forma. Que possamos desenvolver o contentamento, pois isso nos ajudará na caminhada. O que Ele tem para nós é sempre o melhor, mesmo que não vejamos dessa forma. Deus nos abençoe, amém.


domingo, 6 de julho de 2014

Refletindo em meu artigo “o que podem cantar os cristãos miseráveis?”


Refletindo em meu artigo “o que podem cantar os cristãos miseráveis?” – (Reflections on “What can miserable christians sing?”) Dr. Carl Trueman[1]

De todas as coisas que eu escrevi meu pequeno ensaio “O que podem cantar os miseráveis cristãos?” tem proporcionado para mim uma prazerosa surpresa ao longo dos anos. Eu o escrevi em aproximadamente 45 minutos, numa tarde, enfurecido com um comentário superficial sobre adoração que eu tinha ouvido falar, mas que já andava esquecido por mim há algum tempo. Esse pequeno ensaio que tomou minimamente tempo e energia deste autor, tem atraído muitas respostas positivas e algumas comoventes correspondências com outros irmãos, do que qualquer outra coisa que escrevi desde então. Esse artigo ressoou até mesmo em pessoas que estavam do outro lado do cristianismo, pessoas de diferentes igrejas e contextos tinham algo em comum: o entendimento que a vida pode ser triste, melancólica, ou mesmo uma dolorida dimensão a qual também ignoramos e algumas vezes também negamos em nossas igrejas.

O artigo visava destacar o que eu tinha observado como a maior dificuldade da adoração cristã. Uma deficiência que é evidente em tantas tradições e abordagens contemporâneas: Uma lacuna na linguagem do lamento. Os salmos, a Bíblia, até mesmo os hinários contém muitas notas de lamentação. Refletindo sobre a natureza da vida cristã num mundo caído. Mas, no entanto, choro e sofrimento são evitados em grande medida nos hinos e louvores da atualidade. A questão que se formou em torno do título do artigo foi um autêntico “O que está acontecendo com a hinódia de nossas igrejas?” Será que os hinos atuais podem honestamente serem cantados por uma mulher que perdeu seu bebê, o marido que perdeu a esposa, a criança que perdeu um dos pais, quando eles veem a igreja no domingo? A questão que sugeri foi que os Salmos contêm palavras inspiradas que permitem ao crente expressar a profunda dor e tristeza diante de Deus.

Será que eu escreveria algo diferente atualmente? Não substancialmente. Se houvesse algo que eu pudesse ampliar a aplicação daquilo que acredito ser mais importante agora do que era no tempo que escrevi. Tenho feito uma análise atual onde estimo que a igreja atual mantenha esse panorama, estou impressionado com a forma que o grande evangelho da soberania da graça está agora, frequentemente focado no mercado jovem e consequentemente empacotado com aquilo que é esteticamente poderoso e mundano do mundo das celebridades, da busca superficial de abordagens para a vida que demonstram a infantilidade e a imaturidade. Coisas que eram antes (e infelizmente não são mais) exclusivamente defendidas pelos proponentes do evangelho da prosperidade, agora caracteriza o ensino regular no círculo evangélico sem comentário ou crítica. O mundo realmente virou de cabeça para baixo quando mesmo o calvinismo tem sido em alguns lugares, conhecido pela pirotecnia arrogante e convencida.

E também eu, mas conscientemente agora do que antes, escrevo isso de forma ajuizada, considerando a morte e entendendo que a vida pode ser curta. Escrevo buscando a paz  e considerando isso em minha mente; sou agora velho e entendido de como se aplica para mim e para os outros que amo. Aquele que é velho, considera mais fielmente a perda de amigos e familiares e quanto mais se aproxima da própria morte, sente que esta não é meramente uma intrusa em sua vida. Como pai também, eu me regozijo com a primeira vez em que o meu filho conseguiu me superar em uma corrida de carros, mas o meu prazer está em seu crescimento constante e conforme o tempo foi passando percebi que isso mesmo era o sinal de minha própria convalescência.

O mundo diz-nos para desafiar tudo isso enquanto pudermos, seja pelos exercícios, imposições da moda e até mesmo uma cirurgia estética. Mas o mundo é mal e confiantemente plausível em malandragem, que nos diz aquilo que queremos ouvir. Fraqueza e morte vêm em seguida em última instância. É tarefa do pastor preparar a si mesmo e os demais para o inevitável. Assim, eu agora acredito que isso é mais importante do que o bem estar da igreja, se essa não demonstra a verdadeira adoração. De fato devemos olhar para a frente, para a ressurreição, mas nós, frequentemente nos esquecemos do percurso que devemos trilhar até ela, isso implica em considerarmos a própria morte. Nós necessitamos lembrar do nosso povo para que pregamos, que oramos por eles e que cantamos juntos. Que Deus faça nossa força se aperfeiçoar na fraqueza – é contemplando a ressurreição por meio de nossa fraqueza,  próximo à morte.

Desde que escrevi o texto original também me tornei mais consciente do poder da liturgia para moldar a mente de uma congregação cristã. Eu não estou falando aqui apenas das liturgias formais, como aquelas que estão no livro de oração comum da igreja inglesa. Refiro-me a forma e conteúdo de qualquer culto que se diz cristão. Aquilo que dizemos e cantamos como um povo cristão, isso vai, com o passar do tempo e de maneira sutil, imperceptivelmente, formar o nosso entendimento sobre a fé cristã e, portanto, deve dizer respeito à vida em geral em um caminho poderoso. É por isso que uma ênfase na estética poderosa da juventude talvez em alguns lugares possa ser chamado de “liturgias de poder e joviais” – estas são problemáticas. Elas excluem os velhos ou ilude-nos a pensar que nós não temos a idade adequada, essas liturgias também fazem os jovens errar, fazendo-os pensar que eles são o centro do universo, que estão destinados a viver para sempre. A liturgia precisa refletir as expectativas que nos fazem entender a vida em um mundo caído, que nos inculca e reforça aquilo que semana após semana, é importante como um meio para preparar o nosso povo para o sofrimento, que deve, eventualmente, pelo menos conhecer o caminho deste.

Isso nos leva novamente para o livro de Salmos. É verdade que há poetas cristãos e até mesmo escritores seculares que capturam, por meio de uma mensagem, as complexidades escuras da vida, mas não há nenhum que se compare com os escritores do saltério, que estabeleceram de maneira rica e com profundidade a experiência da vida humana, com uma linguagem poética perfeita. A igreja que faz com que os Salmos seja parte da alimentação regular espiritual, fornece ao seu povo recursos que nos ajudam a viver realmente nesse vale de lágrimas. Assim como a igreja que não o faz, nega perversamente a seu povo um verdadeiro tesouro, sem colocar nada no lugar. E isso em troca de quê, relevância? Não há nada mais universalmente relevante do que preparar as pessoas para o sofrimento e mesmo a morte. Tenho pessoas em minha congregação que tem vidas bem difíceis, vidas que estão caminhando para se tornar bem mais difíceis ainda com o passar do tempo. Para elas só tenho algo a dizer: o sofrimento vem para todos nós, mas existe uma ressurreição; ouça como as notas do presente lamento, que existem nos Salmos, são repletos de esperanças tangíveis, esperanças futuras para nosso encorajamento; o choro pode durar uma noite, esse é realmente doloroso enquanto estamos vivendo, mas a alegria virá pela manhã.

Quando celebrei um casamento de um jovem casal em minha igreja, há alguns anos atrás, eu comentei no sermão que todos os seres humanos que se casam começam essa fase com alegria, mas acabam com uma tragédia. Quer se tratando de um divórcio ou mesmo com a morte. O vínculo do amor humano acaba com o sofrimento. O casamento de Cristo e Sua igreja, no entanto, começa com uma tragédia e termina com a união alegre, amorosa que jamais poderá se romper. Há momentos alegres que podemos celebrar na adoração, como a alegria da festa do casamento do Cordeiro, mas nossos membros precisam saber que neste mundo haverá luto. Não o luto mundano sem esperança, mas o luto verdadeiro, no entanto, devemos estar prontos para isso.

Ainda assim como devo olhar para trás, para o artigo original: “cristãos miseráveis?” Eu nunca imaginei que ainda iria comentar em cima dele muitos anos depois. Eu sou grato por aquilo que parece ser uma ajuda e encorajamento para tantos.
  




[1] O Dr Carl R Trueman é pastor  Cornerstone Presbyterian Church, em Ambler, PA, EUA. Professor de História da Igreja no Westminster Theological Seminary também é autor de diversos livros.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Quando Deus põe fim ao descaso do sacerdote


1 Samuel 3.11-14

Não restam dúvidas que quando Deus quer executar o Seu juízo e propósito contra uma nação, individuo ou igreja, ele não mede esforços para que reis sejam depostos, sacerdotes ímpios sejam removidos e o Seu nome seja glorificado. No texto em questão vemos um período desses. Para que entendamos o contexto histórico brevemente, basta lembrar que Israel passou um tempo de sua história administrado por juízes antes do estabelecimento da monarquia. Esses juízes eram homens e mulheres levantados por Deus para conduzir o povo à fé em Deus e a observância do povo a Lei do Senhor. Só que naquele tempo, apesar do empenho dos mesmos, o povo vivia cada um a seu modo, esses líderes não foram capazes de unificar o povo num ideal de retorno ao culto a Deus.

Samuel é um homem a frente de seu tempo. Filho de Ana e Elcana, da tribo de Benjamim, de uma família aparentemente piedosa, em razão do serviço a Deus em Siló (1.3). Ele é fruto da oração de sua mãe, que desejava um filho, mas esta era estéril (1.6). Samuel é consagrado a Deus e apesar de não ser da tribo de Levi, ele é entregue a Deus para o serviço sacerdotal, sendo criado como filho adotivo de Eli. Samuel desempenharia um duplo ou tríplice serviço, dependendo do entendimento da extensão do seu ministério, ou seja, juiz-sacerdote ou juiz-sacerdote-rei.

No texto que estamos analisando vemos como o Senhor visita Sua vinha de tempos em tempos com juízo. A família sacerdotal de Eli representa o ofício de condução do povo em retidão e fidelidade. Ofício esse que estava sendo violado, uma vez que os filhos de Eli eram “filhos de Belial” – filhos inúteis, sem valor algum - (2.12) e não temiam o Senhor. Eles se apropriavam da oferta destinada ao Senhor, ou seja, a cordura que precisava ser queimada em aroma suave ao Senhor (v.2.15), cometendo transgressão no que se refere à adoração (2. 13-17), além disso eram pérfidos, deitando-se com mulheres a vista de todos, a frente do lugar de culto, sendo repreendidos pelo pai, no entanto, não atentavam a advertência do mesmo (2.22-26).

Aqui, então, estamos diante de um terrível momento da história do povo de Deus. Quando os sacerdotes não eram o exemplo para o povo, Deus empreende levantar outro em seu lugar, purificando assim o Seu propósito e iniciando uma nova época para o povo. Vejamos o que isso tem a ver conosco, observando primeiramente um título: “Quando Deus põe fim ao descaço do sacerdote”. Vejamos como isso ocorre, levando em consideração que a igreja precisa ser regida por homens que sejam fiéis e dedicados na obra do Senhor, que sejam exemplos para o povo e não pedra de tropeço. Vejamos algumas lições a partir daqui:

I- Deus fala com Samuel (3.1-9).
O serviço de Samuel (v.1 parte a) – Parece um tanto repetitivo abordar esse assunto em 2.11 e 2.18, mas o propósito do escritor era mostrar o quanto o Senhor separa um homem e o conduz para fins específicos mesmo na tenra idade. Samuel foi preparado para juízo da casa de Eli desde muito cedo. Ser crente em uma casa de piedosos é uma coisa, mas ser crente no meio de “filhos de belial” é algo bem diferente.

As visões eram raras (v.1 parte b) – Muita coisa pode ser dita a esse respeito. Muito se pode falar acerca de como, em alguns tempos, o Senhor não mais resplandece o Seu rosto e permite que o povo ande sem direção em razão dos seus muitos pecados. Não somente naquela época, mas também hoje, Deus pode simplesmente deixar-nos a sorte de nossas cobiças e isso para juízo e glória do Seu nome.

Deus chamando Samuel pelo nome (v.4) – O chamado era específico, mesmo estando em meio a sacerdotes, Deus havia separado o menino Samuel e era com ele que a “lâmpada de Israel” se manteria acessa (v.3).

II- Deus revela a visão a Eli por meio de Samuel (3.10-21).
Uma visão específica e proposital (v.11) – Ainda que as acusações fossem a família de Eli, logo eram específicas ao pecado de uma família, no caso a do sacerdote, tinha a ver com a situação moral e espiritual de Israel. Mostrando que assim como é a situação do povo é a do sacerdote.

A casa do sacerdote uma casa de juízo – Deus visita o Seu povo quando a transgressão é flagrante e deliberada, ou seja, sendo o sacerdote o termômetro para medir a fidelidade do povo, Deus julgaria o povo pelo ensino desse sacerdote. Isso ocorre para o bem ou para o mal. Sendo o sacerdote um homem bom o povo ganha, sendo mal e concordando o povo com isso, o Senhor os visitaria.

O juízo pelos filhos (v.13) – Os pais sejam sacerdotes ou pastores, ou mesmo crentes comuns, são responsáveis pela procedência dos seus filhos. Eli estava sendo punido por sua omissão, já os seus filhos pelo pecado flagrante perante todo o povo.

III- Deus mata os sacerdotes e a arca é levada (4.1-21).
As profecias se cumprem conforme Deus havia prometido. Os sacerdotes são mortos e a arca é levada.

A derrota de Israel de maneira física (vv.1-4) – Quando não estamos espiritualmente preparados para a peleja, somos alvos fáceis nas mãos dos inimigos. A situação espiritual de Israel se refletia na não agência de Deus a seu favor, por isso a derrota para os filisteus, morrendo nesse dia 4.000 mil homens.

A derrota de Israel espiritual (vv.5-11) – Essa já estava manifesta desde que a adoração tinha se misturado com o erro e que sacerdotes corruptos presidiam diante do povo. A morte de Hofni e Finéias era certa, tanto pela profecia dita a Samuel como porque revela o estado espiritual deles perante Deus, ou seja, mortos. O antigo símbolo da vitória divina em outros tempos, a arca, de nada adiantou nesse momento.

A morte de Eli e o cárcere da arca (vv. 12-22) – A morte do sacerdote Eli pode ser analisada de uma maneira muito inesperada, quem poderia imaginar que alguém morreria, mesmo sendo velho de uma queda da cadeira? Sua fragilidade era a mesma que ele tinha a frente do povo. Sua falta de pulso foi a sua ruína e a ruína de todo o povo. A arca, o símbolo da presença do povo havia sido levada e isso fez Eli cair de onde estava.

A situação de uma nação ou igreja é muito complexa. Em alguns momentos podemos estar vivendo algo espiritualmente favorável e ainda assim estarmos sujeitos ao juízo de Deus. Isso tem a ver com a nossa conduta, com a nossa fidelidade. Exigia-se de Eli tudo isso. Ele e seus filhos eram os símbolos da atual situação daquele povo, a queda deles foi a queda do povo. Mas Deus, cumprindo os Seus objetivos santíssimos não tinha desistido do povo do pacto. Manteve firme o Seu propósito redentivo e levantou Samuel para conduzir ao povo ao reinado abençoado da casa de Davi.

Somos exortados aqui a buscar a orientação de Deus quanto a nossa fidelidade a Sua Palavra. Essa deve ser temida mais do que se teme o homem. Eli achava que por ser sacerdote as coisas para ele fossem diferentes. Não existe passar de mão da parte de Deus. Ele julga retamente. Seja uma nação, seja uma igreja, seja uma família. Que busquemos a fidelidade a Deus e Seu temor jamais se aparte de nós, amém.