Naum 1.5-6
Uma das grandes mentiras existentes em nossos dias é a apresentação de Deus como um Deus meramente amoroso. Que nos perdoa irrestritamente, sem ao menos serem bíblicos em sua apresentação de quem é Deus genuinamente. Deus é amor evidentemente, mas outra verdade a seu respeito é que Ele também é justiça.
Muitos crentes pensam assim, mesmo tendo mais textos que falam da ira de Deus, de Sua justiça e de sua indignação do que textos que falam de Seu amor. Os néscios desses tempos estão influenciando a imagem de muitos crentes quanto ao Seu Senhor. Eles estão, por não quererem se deparar com um Deus que é justiça, por estarem sempre desejando escaparem dessa justiça, inventando um deus que é simplesmente permissivo.
Nós precisamos entender que não nos encontraremos com um ídolo, mas com o Deus da Bíblia, que não é um fantoche inventado, mas um Deus santo irado contra o pecado.
Diante disso, gostaria que a igreja refletisse comigo no seguinte título: “O Deus da Bíblia e Sua ira”.
A Bíblia está repleta dessa grande verdade a respeito de Deus. Não somente o Antigo Testamento afirma isso, mas também o Novo. Precisamos, então, analisar essas passagens observando qual é o motivo de Deus estar irado e porque essa ira não afeta Sua santidade. Vejamos as seguintes verdades:
Deus está irado por causa do pecado – Essa ira não é apenas uma insatisfação passageira, semelhante à ira do homem, mas uma abominação entranhável acerca do não comprimento de Sua Lei.
Deus não tem uma ira pecaminosa – Diferentemente do homem que nutre uma ira pecaminosa pelos seus inimigos, Deus está irado de uma maneira santa e fiel. Ele odeia a rebelião e a descrença perniciosa dos ímpios. Sua ira é santificada pelos Seus motivos justíssimos de amor por Sua própria glória.
O Filho como alvo da ira – Nem mesmo o Filho Eterno de Deus escapou da ira divina. O texto de Isaías 53.5 é claro quanto a este ensino. Ele, antes de morrer estava no “lugar da prensa” (Getsêmani), Lucas 22.40-46, onde frente a imensa agonia que sentia chorou gotas de sangue (v.44). Antes de receber aqueles que lhe entregariam ao tribunal, bradou “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! (Mt. 26.39). Na cruz, antes de morrer, suas palavras demonstravam a imensa agonia que sentia “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”(Mc.15.34). As maiores aflições de Cristo em Sua morte não foram as lanças, cusparadas, acusações infundadas, humilhações, mas a ira de Deus, quando Ele levava nossos pecados.
Ele não poupará a humanidade de Sua ira (Na 1.3) – Não nos enganemos, Deus não deixará os pecados dos homens impunes, Ele já está fazendo isso agora mesmo, ou seja, punindo a humanidade com mortes, aflições, epidemias, doenças incuráveis e toda sorte mazelas. Nos crentes essa punição recaiu sobre Cristo, mas não significa que eles estão livres da ira temporalmente, eles poderão sentir o braço de Deus tão logo sejam negligentes com Suas obrigações (1 Pd 4.7).
O inferno é a manifestação da ira final (Mt 10.28) – O terror que o inferno produzirá nos réprobos será maior do que todas as aflições que neste mundo caído podemos ter. O inferno destina-se a ser o fogo consumidor da justiça de Deus, nas palavras de A. W. Pink “o inferno é mantido eternamente da mesma maneira que Deus mantém o céu”.
O terror daqueles dias de juízo (Lc 21.20-24) – A inauguração do inferno não será esquecida por toda a eternidade. A ira do Senhor fará daquele dia o dia da justiça do nosso Deus, onde Ele estará triunfando sobre seus adversários. Será um dia de júbilo e não de tristeza para a alma de todos os eleitos que se alegrarão grandiosamente (Ap 19.1-3).
Você deve estar se perguntando o porquê de um sermão como esse, que fala de temas tão desagradáveis e horrendos? Eu, como pregador devo pregar toda a Palavra de Deus e entendo que a ira de Deus faz parte dessa mesma Palavra. Outro dia eu posso lhe falar do amor de Deus e nossos corações estarão alegres com essa grande realidade, mas hoje preciso ratificar a importante doutrina a respeito da justiça de Deus e Sua ira.
Não nutra em suas impressões o engano de pensar em um deus que não passa de um ídolo. Lembre-se que as verdades de Deus são para o nosso bem, para o bem dos crentes e daqueles que tiveram suas almas e pecados perdoados. Lembremo-nos dessas palavras “os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa” (Salmo 1.4).
Sigamos a seguinte recomendação: “Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e as trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não lhes falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado:
Até um animal, se tocar o monte, será apredejado.
Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo!
Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e a igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juíz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala cousas superiores ao que fala o próprio Abel.
Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos adverte, aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu.
Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as cousas que não são abaladas permaneçam.
Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12.18-29).