O ensino
para a igreja de Cristo é uma grande responsabilidade. Vivemos uma fé
revelacional e isso indica que uma de nossas grandes responsabilidades é
justamente repassar o ensino que aprendemos do próprio Cristo a todos aqueles
que nosso ministério alcançar.
Talvez uma das grandes
dificuldades da igreja atual seja professar uma fé condizente com as Sagradas
Escrituras. Vivemos um momento ateológico em nossos arraiais. A igreja de
Cristo parece perder o fôlego para o aprendizado das Escrituras e apesar
crescer em números nunca vistos em nossa nação, cresce também em ignorância da
Bíblia, nossa regra de fé e prática. Nunca se produziu tantas Bíblias, nunca
livro algum foi tão lido, mas é verdade que nunca a compreensão de uma mensagem
foi tão distorcida em nossos dias.
Será que é do agrado
de Cristo que Sua mensagem tenha tantas interpretações e tanta confusão entre
aqueles que dizem serem Seus discípulos? Acredito que o texto de hoje nos
responde essa pergunta. Não, Cristo não nos chamou para termos uma fé confusa,
mas para crermos em Sua uma única Palavra, que é a Sua própria.
O texto em questão
está uma porção do livro de Lucas dedicada à exposição de alguns ensinamentos
de Cristo sobre diversos assuntos. Talvez o texto correlato de Mateus 15.14 nos
ajude a identificar o contexto, pois nos informa que Jesus discutia com alguns
fariseus, que julgavam conhecer a Lei, mas que torciam as Escrituras. Em Mateus
Jesus profere essas palavras, deixando que os mesmos fossem embora, pois “não
passavam de cegos”.
Diante do exposto
gostaria de propor um tema para a nossa meditação essa noite: “Os cegos no buraco, uma parábola para os
nossos dias”. Justifico o mesmo considerando que essa parábola é realmente
algo muito atual na igreja dessa época. Devemos nos esforçar para que não
sejamos nem um cego nem o outro, mas sim pessoas que possuam esclarecimentos que
nos façam escapar dos abismos da incredulidade e heresia.
Vejamos o que o Senhor
que nos ensinar aqui:
A linguagem parabólica de Jesus.
Jesus falava por parábolas – Esse recurso literário utilizado por Jesus tinha
nitidamente um objetivo específico. Na definição a parábola serve para fazer
uma comparação, uma ilustração de algo ou mesmo uma analogia. A bíblia atribui à
parábola o status de enigma (Salmos 49.4 e 78.2).
O objetivo da parábola (Mt.13.10) – O texto nos ensina que tinha o objetivo de revelar o
conhecimento espiritual a aqueles que estavam perto, no caso os discípulos, mas
também de confundir os que não fazem parte da aliança, os descrentes. Essa
dupla função da parábola também pode ser aplicada a toda a Escritura, uma vez
que esse é o seu efeito.
A impossibilidade de um cego
guiar outro cego.
Jesus propõe algo impossível – No início da parábola Jesus propõe algo impossível.
Nenhum cego pode servir de referencial, nem mesmo para ele, quem dirá para os
outros. O objetivo do argumento de Jesus é provocar a resposta, algo que Ele
faz posteriormente. Ninguém pode conduzir alguém sem que este mesmo conheça o
caminho.
Quem são os cegos? – Algumas perguntas são pertinentes
aqui, primeiro quem são os cegos. É lógico que o Senhor está falando dos
líderes de Israel, conforme a explicação de Mateus 15.14. Mas isso também se
aplica de forma mais especifica a outras pessoas, então vejamos. 1) Geral – De uma forma geral são todos que não entendem o
Evangelho; 2) Alguém que se considera líder – Esses buscam ensinar aquilo que
não aplicam a si mesmos, são, portanto, impostores; 3) Os cegos – O primeiro se
faz de líder, enquanto o segundo o cegue irrestritamente.
O que é o ensino? – Sem dúvida a aplicação aqui se refere ao Evangelho. Ninguém pode
ensinar aquilo que não conhece. Talvez seja esse um dos grandes problemas
existentes na liderança da igreja como um todo, do discipulado e do
evangelismo. Isso é refletido na prática de adoração da igreja, na sua liturgia
e no seu testemunho.
A quem compete o ensino? – Pelo texto vemos que os líderes
da igreja são responsáveis pelo ensino à igreja e à nação em que são chamados a
servir. Esses são chamados de guias (Hb 13.17), são responsáveis pelo ensino na
igreja e Deus cobrará deles esta questão. Porém algo precisa ser dito
aos maridos e pais cristãos: 1) Maridos (1 Tm 2.11, 12 e 1 Co 14.35) – Estes
são responsáveis pelo ensino do evangelho as suas esposas, lamentavelmente não
é o que vemos hoje em dia. Mas cabe ao esposo o ensino; 2) Pais (Êx. 20.5; Dt
6.7 e Ef.6.1). Os pais são sacerdotes em seus lares. Eles devem ensinar pela
vida e testemunho, mas ensinar também pela Palavra. Não deve esperar apenas que
a igreja ensine, mas ele também ser, fundamentalmente, o exemplo maior de seus
filhos.
O fim catastrófico de tal
empreitada.
A negativa de Cristo – Cristo indica que nada que empreendem esses homens será bem sucedido.
Ele mesmo responde a indagação e descarta completamente o empreendimento dos
homens a uma perspectiva positiva.
Uma catástrofe os aguarda – Nenhum empreendimento que não busque os meios
estabelecidos por Deus pode ser bem sucedido. Os crentes são guardados de cair,
porque Deus os conduz como conduziu Israel no deserto, com a luz de Cristo.
Isso os impede de incorrerem em erro, mas aqueles que não portam essa promessa
serão acometidos com um fim catastrófico.
O abismo - A palavra grega βόθυνον (bathynon),
significa, abismo, buraco, vala. Seja qual preferir usar, chegamos a uma só
conclusão inevitável, não há promessa de salvação para estes aqui. Cristo não
lhes promete auxílio, cairão e ficarão prostrados, talvez porque o Senhor tenha
em mente o que diz Lucas 17.2 “Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço
uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes
pequeninos”. Tanto em um caso como no outro não existe escape.
Não pensemos que estamos livres dessas ameaçadoras palavras.
Somos responsáveis pelo ensino do Evangelho. Seja eu como pastor dessa igreja, seja você como discipulador, sejam os pais ou maridos. Não devemos negligenciar o que aprendemos na igreja. Tenhamos cuidado em não nos interessar pelas coisas que pertencem à salvação. Cada um de nós prestará contas a Deus. Não devemos ser cegos, pois ou estaremos na posição do que lidera ou do que é liderado, mas o fim de ambos é um só, o abismo, o barranco.
Somos responsáveis pelo ensino do Evangelho. Seja eu como pastor dessa igreja, seja você como discipulador, sejam os pais ou maridos. Não devemos negligenciar o que aprendemos na igreja. Tenhamos cuidado em não nos interessar pelas coisas que pertencem à salvação. Cada um de nós prestará contas a Deus. Não devemos ser cegos, pois ou estaremos na posição do que lidera ou do que é liderado, mas o fim de ambos é um só, o abismo, o barranco.
Tomemos cuidado com
aquilo que aprendemos. Tenhamos o costume de inquerir se faz parte ou não do
ensino de Cristo. Num mundo como o nosso, muitos são aqueles que desejam nos
ensinar, mas pese na balança de Deus que são as Escrituras se tal ensinamento é
ou não é fiel. Que Deus nos ajude a apenas seguir a Cristo e a não sermos
cegos, caso contrário o nosso fim não será nada interessante. Que Deus nos seja
Guia eternamente.
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