Há
algum tempo essa pergunta me atormenta? Tenho visto com muita frequência
igrejas onde a maioria esmagadora de seus membros são mulheres e isso de alguma
forma me anima, pois devemos louvar a Deus pelo forte ministério feminino, mas
por outro lado fico bastante preocupado em não vermos números expressivos de
homens na membresia da igreja como um todo.
É
claro que ao abordar isso não quero propor nenhuma guerra entre os sexos, não é
essa minha intenção. Mas se Deus tenciona salvar eletivamente uma grande
quantidade de mulheres que supere em mais da metade o número de homens quem
somos nós para questionarmos o Senhor? Mas percebo que o problema em questão
não é tão fácil de ser resolvido e que a condição espiritual da igreja passa, a
princípio, pela conversão de homens ao Senhor. Infelizmente isso não é o comum
em nossos dias e alguns pontos precisam ser levantados se nós quisermos
fortalecer nossas igrejas com a presença masculina bíblica e saudável. Chamo a
sua atenção para algumas considerações:
A Bíblia e o
papel do homem
A
sociedade como nós conhecemos e que é a mesma que foi estabelecida por Deus em
seu propósito original, foi criada de forma a colocar os dois sexos, homem e
mulher em certo nível de igualdade, pois nossa matriz genética é composta de genes
masculinos e femininos, logo os tais foram fundamentais para toda a humanidade
de maneira matricial, não somente no que concerne à genética, mas também no que
diz respeito à representatividade em questão, sendo os dois gêneros colocados
na criação pelo Senhor de modo a mostrar a totalidade representativa tencionada
pelo Criador. É óbvio que o propósito redentivo do Senhor para com os gêneros
tencionou dar certa primazia ao homem no texto bíblico, isso foi refletido na
própria formação cultural dos povos antigos, onde a participação masculina
recebeu certo destaque em grande quantidade pela própria constituição genética
do homem, que além de ir às guerras, sempre foi aquele que supre o lar e que
por consequência está mais envolvido com grandes conquistas territoriais e de
liderança. Porém a própria Escritura atribui ao homem um papel exponencial,
quando o coloca como coroa da criação divina, que é completado plenamente com o
surgimento da mulher. Mas desde o passado mais remoto vemos a primazia do homem
na escolha divina para funções importantes no plano redentivo, como a escolha
dos patriarcas Abrahão, Isaque e Jacó. Entre todos os herdeiros das tribos israelitas,
que sem dúvida incluíam mulheres, apenas os homens receberam a primazia em seus
clãs, nenhum patriarca era mulher. No período posterior, aquele que estabelece
a história judaica como nação, a presença masculina também é importante, o
libertador Moisés era homem, bem como seu sucessor Josué e, igualmente, os
próprios juízes no período posterior, também. Apesar de haverem raríssimas
exceções (Como no caso de Debora, da tribo de Efraim, que além de profetisa era
também juíza. Jz 4.4). No período conhecido como profetismo o mesmo fato é
constatado, apesar de haverem profetisas neste período a grande maioria eram
homens (Ne 6.14 e Lc 2.36), assim como os reis no período monárquico. No Novo
Testamento os doze apóstolos eram homens e apesar de haverem mulheres
importantes no ministério de Jesus, elas não tinham nenhuma primazia na igreja,
no sentido de liderança, não foram dados a elas cargos como apóstolas, bispas,
presbíteras ou diaconisas. Esses cargos são relativamente novos na história da
igreja e fazem parte das conquistas recentes do movimento feminino, apenas
instituídos recentemente em igrejas onde prevalece uma teologia liberal.
Organicamente e originariamente não havia essa liderança estabelecida nas
Escrituras, isso não faz da mulher desnecessária, mas apenas corrobora o
entendimento que o ministério na igreja de Cristo é um ministério masculino
qualificado.
A conversão do
homem ao ministério da igreja
O
ministério masculino faz parte então, como já demonstrado anteriormente, do
propósito divino para toda humanidade e mais especificamente para a liderança
do Seu povo redimido, a igreja. Não estou pregando aqui uma espécie de
particularismo machista, mas algo baseado naquilo que encontramos na Revelação
e que diz respeito ao propósito redentivo pretendido pelo Senhor. Alguém pode
perguntar: “Se faz parte do propósito redentivo do Senhor, então qual é a razão
para tal questão não acontecer a contento, uma vez que já demonstramos aqui que
existe um desequilíbrio numérico em nossas igrejas quanto ao número de membros
masculinos?” Quanto a isso creio que devemos pensar em uma abordagem
evangelística que primeiro esteja dentro dos padrões escriturísticos e isso
deve ser algo fundamentalmente teológico, ou seja, deve haver uma inclinação a
se buscar respostas que partam, antes de qualquer coisa, da Bíblia. Esse
entendimento deve realçar a função do homem no processo redentivo, na igreja,
família, trabalho e Estado. É a partir de uma conclusão centrada na Bíblia que
identificaremos os problemas existentes em nossa abordagem e a maneira como
produzimos, segundo a vontade de Deus, homens que possam servir de parâmetro
para influenciar outros homens a verem a igreja não como algo que pertence às
mulheres, mas que eles mesmos estejam engajados a encorajar outros homens neste
particular.
Outra
questão é o entendimento de que algo precisa ser feito no sentido de nos fazer
mais atuantes em questões que o homem secular se preocupa. Quanto a isso
preciso ser bem específico para não ser mal entendido aqui. Não estou
defendendo que deveríamos, enquanto homens crentes, termos abordagens parecidas
com aquelas demandas pretendidas pelo homem sem Deus, mas que existam sempre e
de forma embasada nos princípios que estabelecemos acima, uma preocupação em
suprir as principais intenções do pensamento masculino, mas com toda a
complexidade da cosmovisão bíblica, ou seja, se vamos procurar falar de
companheirismo precisamos ter uma preocupação de suscitar isso dentro do contexto
da irmandade cristã, se falamos de lazer, pensarmos dentro da mesma perspectiva
e dai por diante. Não que seja necessária uma substituição “sacralizada” do
estilo de vida do homem sem Deus, mas que a igreja promova um ambiente que
procure alcançar homens que encontraram na igreja uma perspectiva para
desenvolver suas responsabilidades masculinas e que possa leva-los a outra que
seja inteiramente focada numa teologia que busque esclarecer as principais
temáticas suscitadas pelo homem. Acredito que a Bíblia tem muito a nos ensinar
sobre isso. Creio que as conquistas do movimento feminino acabaram minando esse
desenvolvimento em nosso meio. As igrejas, mais do que qualquer outro setor, estiveram vulneráveis às propostas do movimento feminino, isso aconteceu em grande
medida em razão de termos uma teologia pouco sólida a esse respeito. Alguns
setores não estavam prontos naquela época e não estão prontos hoje também. É o
caso da igreja católica romana, que em sua abordagem a esse assunto se manteve
longe de resolver a questão, em grande medida pela sua pouca influência nesse
setor, uma vez que no caso específico da igreja romana, suas defesas do
celibato dos padres e outras tantas questões como a pedofilia entre seus clérigos,
sem dúvida os afastaram dessa questão da masculinidade.
Os
protestantes por sua vez, tem um ambiente favorável para esse empreendimento.
Temos condições não somente de desenvolver um ambiente teológico seguro, como
também de proporcionar que tais doutrinas sejam exclusivamente amparadas em
nossa confecionalidade, quanto aos nossos símbolos de fé e quanto nossas
convicções da inerrância e infalibilidade bíblica.
O ministério
masculino e os benefícios para a igreja e sociedade
Estamos
experimentando dias difíceis para nossas concepções escriturísticas quanto ao
papel do homem no mundo atual. As conquistas feministas foram um duro golpe à
igreja, principalmente porque não houve uma salvaguarda e uma preparação
adequada para isso no passado. Hoje em dia vemos o crescimento dos setores
envolvidos nas reivindicações de grupos homossexuais, isso parece solapar a
esperança, uma vez que prega um mundo desprovido de “pré-conceitos machistas” e
enquanto isso empreende uma campanha no sentido de fazer com que o homem seja uma
espécie de andrógeno, efeminado ou algo assim. Muitas pessoas de “mente aberta”
já estão chafurdadas nesse argumento e pensam num homem no estilo metrossexual,
um homem com forte preocupação estética e alvo fácil para os conglomerados de
produtos estéticos que buscam justamente a perca da masculinidade, o que faria
dessas empresas, que já lucram quantias exorbitantes com as mulheres, lucrarem
também com os homens. Veja aqui que eu não estou defendendo que o homem não
possa ser higiênico e preocupado com sua saúde, mas que é do interesse desses
setores que o homem esteja sendo visto como público alvo de suas campanhas
publicitarias, o que lhes renderão grandiosas quantias e inúmeros dividendos.
Ao
se reafirmar o papel do homem no propósito redentivo, estaremos colocando a
ênfase que Deus coloca sobre a espécie masculina. Dentro dessa perspectiva
estaremos viabilizando o crescimento em nosso meio de uma liderança masculina
qualificada, fazendo que nossos ofícios sejam supridos quanto a esse
particular. Consequentemente as famílias estarão também sendo influenciadas,
pois o próprio homem, uma vez ensinado sobre a importância da masculinidade
bíblica, estará participando ativamente do prolongamento dessa perspectiva na
criação que ele transmitirá a seus filhos. Haverá também a entrada desses
conceitos dentro da nossa sociedade onde a mesma estará tendo um ponto de apoio
para o impedimento de ideias feministas e homossexuais, uma vez que esse
conceito se tornando mais conhecido e não sendo tão somente algo para rivalizar
a temática pretendida hodiernamente, será algo fundamentalmente estabelecido
logica e teologicamente. As consequências quanto a isso são ilimitadas. Haverá
repercussão em todos os setores sociais, desde a família ao Estado, com
influências sobre as leis e sobre as futuras gerações de homens.
Conclusão
É
claro que ainda estamos no início desse debate. Vários teólogos em nosso país e
fora estão comprometidos a fazerem uma exegese bíblica da função do homem no
plano redentivo. Os avanços quanto a este particular ainda são incipientes, mas
sem dúvida o debate se prolongará fortemente e conseguirá avanços notáveis. Não
tenho dúvida de que podemos evitar que nossa sociedade seja tragada desse
empreendimento maligno que busca destruir a imagem da masculinidade pretendida
por Deus em Sua vontade revelada.
Mesmo
que ainda sejamos taxados de machistas e retrógrados não devemos temer aos
desafios que se nos apresentam. Precisamos focar nossa pesquisa nesse tão
necessário ministério, fazer com que nossas comunidades locais tenham também
desenvolvido esse debate, que conferências sobre esse tema possam irromper-se
em todo país e mais e mais estejamos orientados. Urge tal necessidade, por isso
faz-se necessário abordarmos assuntos como esses. Que Deus continue a despertar
outros estudiosos quanto a esse particular e que a igreja de Cristo seja fator
de proclamação da função do homem para todo o mundo, essa é a nossa
expectativa.