Lucas 2.34-35
O texto em questão traz basicamente aquilo que eu gostaria de enfatizar nesse
natal. Nem sempre aquilo que vemos nos dias natalinos consiste na realidade dos
fatos relativos ao natal. Assim como a festa ganha contornos distantes daquilo
que foi o dia propriamente dito o objetivo da festa por muitas vezes passa por
cima de aspectos importantes e muitas vezes esquecidos pela maioria dos
pregadores hoje em dia.
É
por essa razão que nesta noite estarei abordando aspectos esquecidos do natal.
Fatos que, se esquecidos não culminariam em todas as nuances dessa bela festa
cristã. É então, por essa razão que eu os convido a considerar o seguinte
título de nossa mensagem: “O natal e
aquilo que foi esquecido a seu respeito”.
Justifico
o título primeiramente enfatizando que o que estaremos mencionando foi
“esquecido” e não “ignorado”, uma vez que não penso que muitos pregadores tem
intensão de fazer tal coisa, só que a Bíblia deve ser pregada toda e não de
acordo com nossos interesses.
O
texto que estamos comentando narra a ida do Senhor, ainda menino ao templo a
fim de realizar sua purificação (Lv. 12.6-8), após a circuncisão (v. 21). Lá se
encontrava um homem piedoso chamado Simeão, que movido pelo Espírito foi ao
templo. O mesmo Espírito havia revelado que “ele não passaria pela morte antes
de ver o Cristo do Senhor”.
Simeão
em sua fala diz algo muito importante para nossa consideração: 1) Ele é
destinado para ruína e para o levantamento de Israel; 2) Para ser alvo de
contradição; 3) Uma espada transpassará a própria alma para que se manifestem
os pensamentos de muitos corações. Logo, de acordo com a profecia de Simeão, a
pessoa do Senhor Jesus causa dois sentimentos distintos, o abatimento e a
exaltação. Isso é bastante claro ao observarmos o que o texto bíblico nos
ensina acerca do nascimento de Cristo, vejamos então esses relatos:
A situação
da família de Jesus em Seu nascimento (Mt. 1.19)
O nascimento
virginal e suas implicações – Maria estava prometida a José, ela era virgem e
ainda não tinha contato com aquele que seria seu esposo. De uma hora para
outra ela aparece grávida. O anjo tinha anunciado a ela (Lc 1.26-38), mas não a
José ainda, por essa razão ele resolve deixa-la (Mt. 1-19). Antes do nascimento
o Senhor enfrenta esse primeiro conflito que é resolvido após a aparição do
anjo a José.
Um risco para
Maria
– Segundo a Lei, Maria poderia morrer apedrejada, caso não se provasse a
questão de seu filho. José tem um papel fundamental quanto ao nascimento, visto
que apenas alguém realmente escolhido por Deus e fiel, poderia fazer parte de
tão gracioso propósito. A escolha divina para ser pai do Senhor sem dúvida
atesta isso.
II- Os magos
do Oriente e a fuga para o Egito e a matança dos inocentes (Mt.2.1-18)
Uma narrativa que busca apenas relatar a visita dos magos no presépio, esquece-se
dos fatos que mostram o quanto aqueles dias eram terríveis, analisemos as
implicações:
A busca pelo Messias
nos palácios (Mt. 2.1-12) – Esses magos, provavelmente advertidos pelo
estudo da Lei, sendo estrangeiros e não sabendo que o rei de Israel era um rei
ímpio e sanguinário, foram até o palácio real esperando que lá encontrassem a
Cristo. Nessa ocasião a profecia de Simeão se cumpre mais uma vez, eles buscam
adorá-lo, enquanto Herodes buscava a sua própria ruína. Deus os guiou de
maneira segura até Cristo, mas a maldade de Herodes já havia sido despertada.
Jesus e seus
pais vão para o Egito (Mt. 2.13-15 e Os 11.1) – Cumprindo a profecia de
Oséias, após a visão do anjo, Jesus é enviado para o Egito. Fatos cruéis o
aguardavam se Ele permanecesse em Israel.
A matança
promovida por Herodes (Mt. 2.16-18) – Esse rei sanguinário tinha por
intenção promover o extermínio do Messias. Ele certamente sabia de sua linhagem
real (filho de Davi), a mesma que ele como rei não pertencia. Sua matança tinha
em vista destruir a possibilidade do retorno ao trono da família de Davi, que
na época de Cristo não era tão importante como em outras épocas, pelo menos
financeiramente. Esses fatos não aparecem no presépio na noite de natal.
III- O natal e
sua principal mensagem (Lc. 2.10)
Boa nova de
grande alegria (Lc. 2.10) – Eu não faço coro a aqueles que pensam que o
natal é uma festa pagã. O natal é a maior festa cristã. O nascimento de Cristo
é o maior anúncio que o mundo pôde receber. Se Ele não tivesse encarnado
naquela criança simples naquela “noite feliz” eu e você, assim como o mundo
inteiro não teria nenhuma esperança.
Paz na terra
entre os homens (Lc. 2.14) – As palavras da milícia celeste de anjos
refletem não a profecia de Simeão, mas uma profecia para a época presente e
para o final das eras, quando Jesus for a paz nos homens convertidos e tementes
a Deus hoje e a multidão de redimidos no Reino eterno.
Não devemos
nos enganar com as sutilezas comerciais dessa época. Muita coisa foi
acrescentada ao verdadeiro natal. Cabe a igreja cristã se preocupar para que
isso seja recuperado. Temos o manual para toda e qualquer Reforma que nos cabe
fazer, as Escrituras.
Recuperemos
aqueles dias em nossas mentes com sincero temor. Lembrando-nos dos fatos
relativos ao nascimento do nosso Salvador. Lembrando que Ele surge como uma
espada que divide a humanidade e que apesar de muitos buscarem algo relativo a
Ele nesse dia e nessa noite de natal, suas vidas não o fazem constantemente.
A
igreja cristã é o real baluarte do verdadeiro natal. Celebremos esse natal na
certeza de que Cristo é para nós elevação sobre Israel, mas para aqueles que
não lhe conhecem vero abatimento. Louvamos a Deus por sua infinda graça.
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