Mateus
28.18-20
Essas
palavras pronunciadas por Cristo quando de Sua ressurreição, são talvez as mais
emblemáticas palavras no que concerne à missão da igreja. Tais palavras, por
terem sido ditas depois da ressurreição, o local onde elas ocupam no Evangelho,
bem como a importância de tais palavras para a igreja já são motivos suficientes
para que atentemos às mesmas e lancemos um olhar introspectivo para a nossa
igreja, tendo como objetivo medir nossa igreja na intenção de estarmos de
acordo com essas mesmas palavras.
Muito
se tem dito sobre qual é a função da igreja. Em anos recentes alguns têm dito
que a igreja deve se ocupar com aquele que sofre, aqueles que têm sido mal
tratados economicamente, que são excluídos, os pobres e oprimidos pelo sistema
perverso que assola a humanidade. É fato que a tarefa da igreja é bem
abrangente se nós quisermos analisa-la por completo. Cabe a igreja desenvolver
ações que muitos governos são omissos, cabe a igreja orientar a sociedade de
modo que esteja mais próxima da vontade de Deus e tantas outras tarefas, mas
nada é mais urgente do que a Grande Comissão.
Essa
Grande Comissão talvez sintetize as maiores urgências do povo de Deus, naquilo
que é a vontade do Senhor para as nossas vidas, por essa razão chamo a atenção
da igreja para uma reflexão no seguinte título: “A grande comissão e a nossa parte no Reino”.
Somos
também convocados a considerar, viver, e agir por esses métodos que o próprio
Senhor Jesus Cristo estabeleceu. O que há aqui nesses versos são princípios e
não especificações. Estaremos tratando das suas implicações e a mesma medida
contemplando a nossa parte nisso tudo. Afinal, somos a igreja do Senhor nesses
dias, vejamos isso um pouco mais de perto:
A Grande
Comissão é continuar a obra de Cristo (v.18)
Alguns
têm pensado que aqui Jesus parece dar a entender que apenas depois da
ressurreição, Ele estaria recebendo poder e autoridade, porém essa tese não é
algo constatável. Jesus já dispunha dessa autoridade antes, e ainda quando da
Sua encarnação. O fato de ele falar aqui desse modo apenas reforça a
complementação daquilo que Ele disse na cruz “está consumado”. A obra está
acabada e ela foi feita em poder. Vejamos a grande comissão nos ensina sobre a
nossa tarefa a partir daquela que é de Cristo também:
Quem
deu a autoridade?
Alguns têm questionado a respeito dessa expressão “dado” e muitos caem no erro
de pensar em Cristo como alguém sujeito a ordem de outro superior. Essa
condição de receber que Cristo fala aqui é nada mais do que um conceito da
economia da Trindade, no que se refere ao propósito trinitário daquele que
representaria a obra de salvação no homem. Cristo já dispunha desse poder. Ele
inaugura aqui uma dispensação onde esse poder é usado mais completamente. Isso
porque Ele quis determinar tempos e ocasiões para isso.
Uma
autoridade compartilhada – A autoridade que esteve em Cristo não
permaneceu apenas nele. Ele a entregou a aqueles que Ele mesmo chamou. Logo
essa autoridade está na igreja atualmente. Não pregamos apenas firmados em uma
vontade de estabelecer o Reino, como se fosse apenas pelo exemplo de Cristo,
mas pregamos amparados em uma ordem de poder, a mesma que residia em Cristo,
portanto, cabe a nós continuarmos a pregar poderosamente a mesma mensagem.
A Grande
Comissão é fazer discípulos e batizá-los (v.19)
Vejamos
de perto também, as implicações da Comissão deixada por Cristo. O que nos cabe
nessa tarefa está aqui delineado e nós faremos bem se atentarmos para esses
pontos com atenção:
O
“ide”
– Alguns têm pensado que o “ide” aqui se refere às missões no campo
estrangeiro, em países ainda não alcançados, geralmente países com culturas
exóticas que estão afundados em idolatrias entre outras coisas. Porém, nada
aqui tem essa conotação. É claro que também pode significar isso, mas também
significa o simples ato de se dispor a falar de Cristo, de se ver como um
missionário, nas palavras de Paulo “um embaixador”, anunciando a reconciliação
com Deus. Ir ao campo não é para todos, mas, no entanto, o campo não é apenas o
estrangeiro, mas sim toda a nossa vida refletindo os ensinamentos de Cristo.
Fazer
discípulos de todas as nações – Aqui de novo alguns veem o campo
estrangeiro como propósito e isso repito, também está incluso aqui, mas não é
todo o objetivo existente. A ênfase aqui é no fazer discípulos. Esse conceito
foi bem entendido pelos discípulos. Era comum aos primeiros anos do
cristianismo a responsabilidade de passar o conhecimento adquirido a alguém que
também havia sido vocacionado, via de regra, um novo convertido, que receberia
o ensino e também iria ao campo. Esse conceito de discipulado se perdeu com o
passar do tempo. O “fazer discípulos” está nos dias atuais, limitado a o ensino
teológico e não ao testemunho do mestre, ensinando a vida cristã, a oração e
outros objetivos. É necessário que voltemos a esse conceito de discipulado,
pois a falta de testemunho é talvez um dos grandes problemas desses nossos
dias.
O
batismo trinitário
– Algumas seitas questionam o batismo trinitário às vezes tentando invocar
apenas o nome de Jesus ou de Deus Pai, mas o fato é que aqui temos a orientação
para que os novos convertidos sejam batizados numa declaração trinitária. O
batismo é o símbolo da nova aliança. É a entrada dos novos cristão de maneira
ritualística e pactual. Não pode ser ignorado na igreja de Cristo. A igreja que
batiza os conversos, crianças e adultos, cumpre o chamamento do Senhor a essa
obra. Sendo manifestado publicamente esse meio de graça, para a própria igreja
e para aquele que é batizado.
A Grande
Comissão é ensinar (v.20 a)
Outra
vez vemos no texto da grande comissão uma ênfase especial que é dada ao ensino.
Tanto como discipular, o ensino é uma carência urgente e se relaciona ao
ministério da igreja em sua adoração e comunhão. Vejamos isso também:
O
ensino na igreja
– Não devemos ignorar que nossos tempos esse ensino tem se tornado cada dia
mais urgente. Vivemos momentos onde ensinar a igreja está sendo uma tarefa
quase esquecida. Muitos chegam a igreja procurando resolver os seus problemas e
quase nenhuma atenção devotam ao aprendizado da Palavra. As nossas igrejas são
responsáveis por esse ensino. Após discipulado o novo convertido deve aprender
a parte mais sólida da fé cristã e cabe ao ministério de ensino na igreja.
Todas
as coisas
– Outra expressão utilizada na igreja é “todo conselho de Deus”. Paulo utilizou
a expressão quando lembrava aos crentes de Éfeso que essa tinha sido a sua
tarefa nos anos que ali passou. Somos chamados a conhecer essas “todas as
coisas”. Elas fazem parte da revelação de Deus, são importantes para a nossa
saúde espiritual, firmam nossa fé e sem elas não passaremos de crianças
imaturas.
“Vos
tenho ordenado”
– Jesus nos ordena preceitos. Esses devem ser repassados aos que estão vivos
hoje e aqueles que virão depois. Temos por assim dizer, um legado de gerações
que fizeram o mesmo para que hoje estivéssemos aqui. Também é nossa tarefa
anunciar as ordens de Cristo.
A Grande
Comissão é confiar (v.20 b)
O
final da grande comissão é consolador. As palavras nos transmitem segurança e
conforto. Vejamos a importância delas para a nossa vida enquanto igreja.
Jesus
está com a igreja
– É claro que isso se refere apenas a aqueles que são verdadeiramente
discípulos. A presença de Cristo é real e verdadeiramente deve ser verificada
em todos os tempos. Essa palavra indica que Ele não nos deixa sem rumo nessa
missão, Ele ainda a preserva, mesmo não estando fisicamente, mas Sua presença
espiritual é grandemente necessária e real.
Jesus
todos os dias
– Não existe um dia que nós não precisemos dele. Sem Sua presença diária a
própria marcha da igreja seria deficiente. O dia a dia com Cristo é necessário,
pois nada conseguiremos sem Ele.
Até
a consumação do século – Jesus está nos ensinando que a obra dele tem um
prazo para terminar. Estamos trabalhando para chegar nesse tempo com a certeza
que nada foi em vão. E no findar dessa era cósmica, o número de eleitos será de
vez completado e então entraremos na eternidade com o fim de vermos cumpridas
todas as palavras do Senhor quanto a nossa esperança.
Não
resta dúvida que essas palavras devem de novo nos fazer considerar aquilo que
temos feito para o reino de Cristo. Temos sido aqueles que foram enviados? E se
fomos porque não estamos dando importância a esse chamado? Temos feito
discípulos? Somos aqueles que realmente merecem ser copiados pelos novos
convertidos? Você já pensou em como seu testemunho é importante? É necessário
que tenhamos o desejo de aprender para depois ensinar. Uma igreja que não
aprende está fadada a sucumbir, pois não tem nada para oferecer. Desejemos ver
batismos em nossa igreja. É a prova de que estamos cumprindo essa Comissão.
Ensinemos a todos a temer a Cristo, pois Ele está conosco e ratifica nossa obra
todos os dias e por fim termina Sua obra em nós.
Que
Deus nos ajude a não ignorar o nosso chamado, que o Senhor seja glorificado por
meio de nós, para a glória do Seu nome, amém.
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