sábado, 17 de maio de 2014

A grande comissão e a nossa parte no Reino

Mateus 28.18-20
Essas palavras pronunciadas por Cristo quando de Sua ressurreição, são talvez as mais emblemáticas palavras no que concerne à missão da igreja. Tais palavras, por terem sido ditas depois da ressurreição, o local onde elas ocupam no Evangelho, bem como a importância de tais palavras para a igreja já são motivos suficientes para que atentemos às mesmas e lancemos um olhar introspectivo para a nossa igreja, tendo como objetivo medir nossa igreja na intenção de estarmos de acordo com essas mesmas palavras.

Muito se tem dito sobre qual é a função da igreja. Em anos recentes alguns têm dito que a igreja deve se ocupar com aquele que sofre, aqueles que têm sido mal tratados economicamente, que são excluídos, os pobres e oprimidos pelo sistema perverso que assola a humanidade. É fato que a tarefa da igreja é bem abrangente se nós quisermos analisa-la por completo. Cabe a igreja desenvolver ações que muitos governos são omissos, cabe a igreja orientar a sociedade de modo que esteja mais próxima da vontade de Deus e tantas outras tarefas, mas nada é mais urgente do que a Grande Comissão.

Essa Grande Comissão talvez sintetize as maiores urgências do povo de Deus, naquilo que é a vontade do Senhor para as nossas vidas, por essa razão chamo a atenção da igreja para uma reflexão no seguinte título: “A grande comissão e a nossa parte no Reino”.

Somos também convocados a considerar, viver, e agir por esses métodos que o próprio Senhor Jesus Cristo estabeleceu. O que há aqui nesses versos são princípios e não especificações. Estaremos tratando das suas implicações e a mesma medida contemplando a nossa parte nisso tudo. Afinal, somos a igreja do Senhor nesses dias, vejamos isso um pouco mais de perto:

A Grande Comissão é continuar a obra de Cristo (v.18)
Alguns têm pensado que aqui Jesus parece dar a entender que apenas depois da ressurreição, Ele estaria recebendo poder e autoridade, porém essa tese não é algo constatável. Jesus já dispunha dessa autoridade antes, e ainda quando da Sua encarnação. O fato de ele falar aqui desse modo apenas reforça a complementação daquilo que Ele disse na cruz “está consumado”. A obra está acabada e ela foi feita em poder. Vejamos a grande comissão nos ensina sobre a nossa tarefa a partir daquela que é de Cristo também:

Quem deu a autoridade? Alguns têm questionado a respeito dessa expressão “dado” e muitos caem no erro de pensar em Cristo como alguém sujeito a ordem de outro superior. Essa condição de receber que Cristo fala aqui é nada mais do que um conceito da economia da Trindade, no que se refere ao propósito trinitário daquele que representaria a obra de salvação no homem. Cristo já dispunha desse poder. Ele inaugura aqui uma dispensação onde esse poder é usado mais completamente. Isso porque Ele quis determinar tempos e ocasiões para isso.

Uma autoridade compartilhada – A autoridade que esteve em Cristo não permaneceu apenas nele. Ele a entregou a aqueles que Ele mesmo chamou. Logo essa autoridade está na igreja atualmente. Não pregamos apenas firmados em uma vontade de estabelecer o Reino, como se fosse apenas pelo exemplo de Cristo, mas pregamos amparados em uma ordem de poder, a mesma que residia em Cristo, portanto, cabe a nós continuarmos a pregar poderosamente a mesma mensagem.

A Grande Comissão é fazer discípulos e batizá-los (v.19)
Vejamos de perto também, as implicações da Comissão deixada por Cristo. O que nos cabe nessa tarefa está aqui delineado e nós faremos bem se atentarmos para esses pontos com atenção:

O “ide” – Alguns têm pensado que o “ide” aqui se refere às missões no campo estrangeiro, em países ainda não alcançados, geralmente países com culturas exóticas que estão afundados em idolatrias entre outras coisas. Porém, nada aqui tem essa conotação. É claro que também pode significar isso, mas também significa o simples ato de se dispor a falar de Cristo, de se ver como um missionário, nas palavras de Paulo “um embaixador”, anunciando a reconciliação com Deus. Ir ao campo não é para todos, mas, no entanto, o campo não é apenas o estrangeiro, mas sim toda a nossa vida refletindo os ensinamentos de Cristo.

Fazer discípulos de todas as nações – Aqui de novo alguns veem o campo estrangeiro como propósito e isso repito, também está incluso aqui, mas não é todo o objetivo existente. A ênfase aqui é no fazer discípulos. Esse conceito foi bem entendido pelos discípulos. Era comum aos primeiros anos do cristianismo a responsabilidade de passar o conhecimento adquirido a alguém que também havia sido vocacionado, via de regra, um novo convertido, que receberia o ensino e também iria ao campo. Esse conceito de discipulado se perdeu com o passar do tempo. O “fazer discípulos” está nos dias atuais, limitado a o ensino teológico e não ao testemunho do mestre, ensinando a vida cristã, a oração e outros objetivos. É necessário que voltemos a esse conceito de discipulado, pois a falta de testemunho é talvez um dos grandes problemas desses nossos dias.

O batismo trinitário – Algumas seitas questionam o batismo trinitário às vezes tentando invocar apenas o nome de Jesus ou de Deus Pai, mas o fato é que aqui temos a orientação para que os novos convertidos sejam batizados numa declaração trinitária. O batismo é o símbolo da nova aliança. É a entrada dos novos cristão de maneira ritualística e pactual. Não pode ser ignorado na igreja de Cristo. A igreja que batiza os conversos, crianças e adultos, cumpre o chamamento do Senhor a essa obra. Sendo manifestado publicamente esse meio de graça, para a própria igreja e para aquele que é batizado.

A Grande Comissão é ensinar (v.20 a)
Outra vez vemos no texto da grande comissão uma ênfase especial que é dada ao ensino. Tanto como discipular, o ensino é uma carência urgente e se relaciona ao ministério da igreja em sua adoração e comunhão. Vejamos isso também:

O ensino na igreja – Não devemos ignorar que nossos tempos esse ensino tem se tornado cada dia mais urgente. Vivemos momentos onde ensinar a igreja está sendo uma tarefa quase esquecida. Muitos chegam a igreja procurando resolver os seus problemas e quase nenhuma atenção devotam ao aprendizado da Palavra. As nossas igrejas são responsáveis por esse ensino. Após discipulado o novo convertido deve aprender a parte mais sólida da fé cristã e cabe ao ministério de ensino na igreja.

Todas as coisas – Outra expressão utilizada na igreja é “todo conselho de Deus”. Paulo utilizou a expressão quando lembrava aos crentes de Éfeso que essa tinha sido a sua tarefa nos anos que ali passou. Somos chamados a conhecer essas “todas as coisas”. Elas fazem parte da revelação de Deus, são importantes para a nossa saúde espiritual, firmam nossa fé e sem elas não passaremos de crianças imaturas.

“Vos tenho ordenado” – Jesus nos ordena preceitos. Esses devem ser repassados aos que estão vivos hoje e aqueles que virão depois. Temos por assim dizer, um legado de gerações que fizeram o mesmo para que hoje estivéssemos aqui. Também é nossa tarefa anunciar as ordens de Cristo.

A Grande Comissão é confiar (v.20 b)
O final da grande comissão é consolador. As palavras nos transmitem segurança e conforto. Vejamos a importância delas para a nossa vida enquanto igreja.

Jesus está com a igreja – É claro que isso se refere apenas a aqueles que são verdadeiramente discípulos. A presença de Cristo é real e verdadeiramente deve ser verificada em todos os tempos. Essa palavra indica que Ele não nos deixa sem rumo nessa missão, Ele ainda a preserva, mesmo não estando fisicamente, mas Sua presença espiritual é grandemente necessária e real.

Jesus todos os dias – Não existe um dia que nós não precisemos dele. Sem Sua presença diária a própria marcha da igreja seria deficiente. O dia a dia com Cristo é necessário, pois nada conseguiremos sem Ele.

Até a consumação do século – Jesus está nos ensinando que a obra dele tem um prazo para terminar. Estamos trabalhando para chegar nesse tempo com a certeza que nada foi em vão. E no findar dessa era cósmica, o número de eleitos será de vez completado e então entraremos na eternidade com o fim de vermos cumpridas todas as palavras do Senhor quanto a nossa esperança.

Não resta dúvida que essas palavras devem de novo nos fazer considerar aquilo que temos feito para o reino de Cristo. Temos sido aqueles que foram enviados? E se fomos porque não estamos dando importância a esse chamado? Temos feito discípulos? Somos aqueles que realmente merecem ser copiados pelos novos convertidos? Você já pensou em como seu testemunho é importante? É necessário que tenhamos o desejo de aprender para depois ensinar. Uma igreja que não aprende está fadada a sucumbir, pois não tem nada para oferecer. Desejemos ver batismos em nossa igreja. É a prova de que estamos cumprindo essa Comissão. Ensinemos a todos a temer a Cristo, pois Ele está conosco e ratifica nossa obra todos os dias e por fim termina Sua obra em nós.


Que Deus nos ajude a não ignorar o nosso chamado, que o Senhor seja glorificado por meio de nós, para a glória do Seu nome, amém. 

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