O cristianismo histórico sempre opinou em assuntos que dizem respeito à manifestação cultural do povo onde está inserido. Desde os povos mais bárbaros, até as nações mais evoluídas o relacionamento do cristianismo com a cultura sempre teve como foco a adequação desta mesma cultura à Palavra de Deus. É claro que essa adequação foi, em tempos de esfriamento espiritual, enfraquecida e em alguns momentos quase engolida pela cultura pagã em muitas oportunidades.
O que dizer do carnaval? Esta festa secular com origem na França é hoje no Brasil o seu principal cartão de visitas. A origem desta festa, ainda que aconteça dentro de um contexto religioso, baseado no calendário do catolicismo, ainda assim tem um grande apelativo ao paganismo. De acordo com a teoria de sua origem o termo “carnaval” vem de "adeus à carne" ou "carne vale", festa comemorada desde a Idade Média. Logo, no início teve uma conotação religiosa, mas logo cedeu espaço a justamente aquilo que se queria evitar, a própria carne.
Três grandes focos do carnaval brasileiro podem ser enumerados: O da capital do Estado do Rio de Janeiro, com a particularidade do samba como ritmo musical, que secundariamente influenciou a cidade de São Paulo; O da cidade de Salvador que tem como ritmo o “Axé”, concentrando as atenções da mídia e de grande parte dos turistas estrangeiros que freqüentam o Brasil nessa época; e o das cidades pernambucanas de Recife e Olinda, que tem como ritmo principal o “Frevo”. Tendo no Galo da Madrugada, a maior festa de rua do mundo, segundo o livro dos Recordes Guinness Book.
A igreja brasileira de um modo geral tem resistido à influência cultural do carnaval. Mas esta resistência ao longo dos anos tende a se enfraquecer e a conduta de acolhimento desta festa cultural pode comprometer a mensagem cristã por alguns fatores que eu gostaria de refletir.
1) A festa em si mesma (A data). Quanto ao fato de ser programada no calendário no período que inicia a quaresma para alguns grupos isso não é importante. Visto haverem aquelas linhas teológicas que aceitam sem problemas o calendário litúrgico, principalmente em igrejas de tradição episcopal. Logo o período não se interpõe como a maior dificuldade.
2) A forma como se comemora. Aqui talvez seja o principal empecilho para se comemorar o carnaval. É notória neste período a grande conotação sexual que a festa em si propaga. Neste período é comum o uso de fantasias, máscaras para a ilustração de um personagem. Mas também é comum a interpretação de cara limpa, de pessoas reputadas e elibadas, que neste período abandonam tal comportamento e se mostram imensamente negligentes com cuidados básicos, como sexo no casamento, heterossexualidade, o uso de bebidas, entre outros. A igreja, de um modo geral, repudia tais práticas. Recomendando a seus fiéis a não fazerem uso de tal comportamento. Mas o que dizer das igrejas chamadas neo-pentecostais? É do conhecimento de todos que muitas dessas igrejas, ao longo dos anos estão se envolvendo grandemente com a cultura secular, havendo aquelas que defendem o aborto, o empréstimo com juros (agiotagem) e outras práticas que igrejas mais antigas jamais permitiram. Assim sendo, há até mesmo cantores famosos que se convertem nessas igrejas e que puxam trios elétricos sem nenhum problema de consciência. Quanto a sexualidade escancarada e as práticas decorrentes do carnaval poucos, nessas igrejas se pronunciam contra, apenas preferem o silêncio e o tilintar das contribuições vultosas de pessoas que não mudaram de vida.
3) As conseqüências das festas. Todos sabem quais são elas. O balanço do carnaval é sempre negativo. Multidões de mortos nas estradas, vícios adquiridos, mulheres estupradas e que farão aborto tão logo saibam que estão grávidas, outras serão mães solteiras, o altíssimo consumo de drogas e a perversão que macula nossa imagem no mundo, passando a imagem de um país liberal onde não existe lei e que nossas mulheres não passam de prostitutas. Quanto a isso não se pode argumentar numa defesa, pois o que dizer de mulheres seminuas que exibem seus corpos sem nenhum pudor?
4) A falta do referencial contrário. Os tele-evangelistas, no geral, não fazem comentário algum a esta anomalia social e moral chamada carnaval. Não existe uma voz profética que se importe em acusar governos e sociedade pela responsabilidade de tão degradante mal em nossa nação. Parece que existe vergonha em expor nossas mazelas morais e até mesmo pregadores estão em silêncio.
Termino dizendo que a igreja brasileira precisa ser abertamente contrária a esta prática. Não podemos aceitar tamanha vileza e depravação. Não podemos aceitar que pessoas que se dizem “crentes” deturpem o sentido de moralidade aprendido nas páginas sagradas. Somos responsáveis pelo nosso silêncio. Se não acusamos o dano nos tornamos coniventes. A manifestação cultural no carnaval é uma tremenda aberração aos princípios da Palavra de Deus. Se quisermos manter nosso testemunho diante dessa geração precisamos ter muito cuidado com o que pensamos a respeito dessa festa.
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