O hedonismo é uma filosofia grega desenvolvida a partir do termo grego hedonê (prazer, vontade), onde a principal objetivo é a busca pelo prazer como bem supremo para a felicidade. Tais idéias foram posteriormente desenvolvidas pelos filósofos Aristopo de Cirene e Epicuro. Observamos historicamente que houve também o florescimento de uma nova forma de hedonismo assim denominada “hedonismo filosófico”. Nesta modalidade o hedonismo se confunde com o epicurismo, mas distingui-se dele em razão da forte ênfase nos prazeres sexuais.
Modernamente o hedonismo ganhou força no período iluminista através de vultos como Julien Offray de La Mettrie e seu discípulo Donatien Alphonse François de Sade. Algumas vertentes do hedonismo são também conhecidas como o hedonismo psicológico e também ético. Nos dias atuais vemos esta filosofia cada dia mais impregnada em nossa sociedade atualmente. O que dizer de slogans que enfatizam a busca desenfreada por prazeres como “o que pode fazer hoje não deixe para amanhã”, “ouça o seu coração” e outros tantos.
A sociedade hedonista contemporânea divulga sua ideologia em quase tudo que proclama. Temos no consumismo uma grande manifestação dessa filosofia, havendo aqueles que buscam prazer ao comprar e consumir. Na realidade a característica mais marcante dessa nossa sociedade é a luxúria, outra manifestação estendida do hedonismo, no que promulga abertamente a vaidade e o prazer como fim absoluto e meio de expor toda uma postura de promiscuidade moral. Falando nessa promiscuidade é notória a campanha difamatória empreendida por esta sociedade no intuito de sucumbir o recato e a moralidade. Posturas que enfatizem princípios éticos são esmagadoramente ridicularizadas sem nenhum constrangimento, onde a norma atualmente é simplesmente “curtir a vida”.
A Palavra de Deus nos ensina que “os que se inclinam para a carne cogitam das cousas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das cousas do Espírito” (Romanos 8.5). Assim sendo, os que estão na carne não podem agradar a Deus (Rm. 8.8). Toda esta cultura que enfatiza o prazer acima de toda e qualquer busca configura-se num estado de carnalidade desenfreada. Os que são guiados pelo Espírito, isso é, os nascidos de novo, regenerados em uma nova natureza e consequentemente filhos de Deus, não devem manter uma vida na perspectiva dessa cultura vigente. Creio que a maior dificuldade existente na igreja atual é a proximidade que esta mantém com o mundo. Não falo no “mundanismo” defendido por John Stott, no sentido de ir ao mundo para resgatá-lo, visto que está claro que isso não é uma conduta muito popular na igreja dos dias atuais. Mas, na conivência e absorção de condutas peculiares a este mundo corrompido, que faz do testemunho da igreja hodierna algo extremamente debilitante.
A visão apropriada de mundo, da perspectiva do crente desejoso em manter sua fé incólume é de desconfiança, bem como, de afastamento daquilo que demonstra ser totalmente entorpecido na conduta mundana. Não defendo aqui um monasticismo ou uma teologia do claustro, mas uma desconfiança para com as propostas sedutoras do mundo. Quantos hoje em dia não se desviaram dos objetivos eternos por questões transitórias? Porque nós não deveríamos temer, concomitante, similar decadência, pelo fato de estarmos nos afastando daquilo que mais nos interessa, a glória de Deus e a busca não pelo prazer, mas pela santidade.
Assim como na igreja de Tiatira (Apocalipse 2.24) muitos hoje em dia defendem que se deve conhecer “as cousas profundas de satanás”, mas a real intenção é na realidade a mesma daqueles, se submeterem e viverem sob o julgo do pecado, dando lugar à carne. Quando aprofundamos esse debate observamos que a principal dificuldade da igreja quanto à sua missão reside no fato de não termos a devida preparação espiritual. Isso decorre da queda gigantesca no que consiste a santidade, fator primordial para que preguemos o evangelho em sua complexidade.
É necessária a expurgação dessa cultura hedonista. Se desejarmos as benesses espirituais que nos são prometidas em Cristo. Não podemos fazer uso do cálice do Senhor e do cálice dos demônios (1 Coríntios 10.21), existe uma grande diferença entre carnalidade e santidade e se não conseguirmos distinguir esta diferença é sinal de que há muito nos afastamos do caminho de Cristo. Que Deus por meio do Seu eterno poder expurgue esta mácula do seio da igreja e fomente uma vereda de santidade para Sua Grei, a fim de que a luz da verdadeira igreja de Cristo, afastada dessa época pecadora, possa de fato resplandecer completamente e hostes de santificados possam, por um exemplo santificado, anunciar a Cristo completamente, amém.
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