A visita do
Papa Bento XVI na Alemanha será marcada por inúmeros protestos. O líder
católico-romano chegou hoje à Alemanha e foi recebido pela premier Alemã Angela
Merkel, filha de pastor evangélico. A própria primeira ministra declarou que a
visita do papa tem uma grande importância na união dos cristãos da Europa. O
papa procura estreitar seus relacionamentos com a Igreja Luterana Alemã, fato
que tem avançado bastante, principalmente depois da declaração de fé comum
assinada em Augsburg no ano de 1999, onde unificava o entendimento entre
católicos e luteranos quanto à doutrina da justificação pela fé. Acho que cabe
aqui algum comentário a respeito dessa postura católica, como também a
crescente aspiração ecumênica de algumas igrejas ligadas a Reforma Protestante.
O
catolicismo, principalmente na administração do antecessor de Bento XVI, João
Paulo II, empreendeu grandes esforços na união com igrejas reformadas, naquilo
que foi denominado ecumenismo. Esta postura procura aproximar a igreja de Roma
no intuito de manter um relacionamento fraternal e de parceria com outras
igrejas. Mas muitos críticos, principalmente do lado protestante, vêem com
desconfiança esta união, uma vez que os católicos sempre demonstram a
petulância comum de suas posturas, até mesmo ratificando o fato de eles serem a
“igreja de Cristo”, enquanto que os protestantes são rotulados de comunidades
cristãs e irmãos separados. Igrejas que, na sua maioria, estão desmoronando-se
teológica e espiritualmente do antigo continente são os mais ávidos neste
particular. Ao que parece, estas igrejas vêem nesta união algo como um renovo,
visto que o catolicismo ainda continua a exercer alguma influência e isso causa
a cobiça por privilégios e outras aspirações.
Em especial,
igrejas como a Luterana e a Anglicana, estão passando por momentos graves em
sua história, isso a reboque do fator secularismo, fazendo-os aliarem-se aos católicos,
que também enfrentam as mesmas crises. Os católicos estão envolvidos em muitos escândalos,
principalmente por instituições ligadas a esta igreja, que comprovadamente
estão envolvidas com casos de orgias, estupros e pedofilia em quase todos os
países europeus. A união parece ratificar os escombros do continente europeu.
Antes centro das grandes causas religiosas no período da Reforma, hoje um amontoado
de frieza e indiferença que nem de longe relembra os dias mais celebres. É por
isso que muitos estão migrando para uma postura mais “flexível” para com os
católicos.
A pergunta
que fica é quantos desses atuais representantes dessas igrejas estão envolvidos
com os pilares da fé reformada? Se isso fosse possível, certamente homens como
Lutero, Zwinglio, Calvino e outros estariam se contorcendo em seus túmulos,
pois jamais concordariam com esta fusão de interesses. Em países europeus este
diálogo já é uma realidade, mas o que dizer das nossas terras tupiniquins? Será
que este ímpeto ecumênico seria possível? Acredito que os evangélicos em nosso
país são marcados por um afastamento natural do segmento católico romano, mas
isto tem uma explicação razoável, se levarmos em consideração o crescimento da
igreja evangélica, porém, o que dizer de setores ligados a igrejas históricas
que já há muito tempo participam de concílios ecumênicos, tendo como objetivo os
mesmos buscados no velho mundo? Isso se explica pela perca de membros dessas
igrejas, tidas como históricas, bem como a influência da teologia liberal
também nestas denominações.
Algumas
igrejas brasileiras nestes dias jamais aceitariam uma postura ecumênica, mas o
que dizer se num futuro não tão distante, estes mesmos evangélicos se
enfraquecerem teológica e institucionalmente? Será que não buscariam um diálogo
com Roma? Penso que a força da igreja não é a quantidade, mas sua vitalidade no
serviço de Cristo e sua fidelidade em aplicar a Bíblia. Os católicos continuam
sendo os mesmos. Os anátemas do Concílio de Trento que repudiaram a teologia
reformada ainda permanecem. A teologia católica é cada dia mais “mariana”,
substituindo a do Único Mediador, defendida pelos protestantes, logo, não há
razão para pensarmos em uma unidade quando se há falhas gritantes na teologia
católica que descredenciam a mesma como uma igreja verdadeira.
Às vésperas de
comemorarmos mais um aniversário da Reforma Protestante devemos recobrar nossa
fidelidade e lamentar pela decadência de algumas igrejas ligadas a Reforma. Que
Deus preserve os remanescentes fiéis. Defendo um diálogo, mas este deve ser
acompanhado por uma conversão à Palavra e não uma mera conveniência que cheira
a apostasia e decadência. Louvemos a Deus pela genuína Reforma Protestante do
século XVI e estejamos atentos pelos nossos dias.
No Brasil é mais palpável uma aproximação dos "evangélicos" com as religiões de origem africana do que com o catolicismo.
ResponderExcluirProtestante Reformados? São poucos os que entendem esta definição em terras brasileiras ou melhor ainda, Latino-americanas.
Fato é que o cristianismo na América Latina como um todo é alvo não apenas do liberalismo teológico, do secularismo mas também do islamismo que vê já a muitos anos os Latinos como futuros muçulmanos. Só quem não vê isto são os "evangélicos" e "católicos" que vivem em seus mundos religiosos pregado um fé utilitária.