quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A visita do papa a Alemanha e o ecumenismo


A visita do Papa Bento XVI na Alemanha será marcada por inúmeros protestos. O líder católico-romano chegou hoje à Alemanha e foi recebido pela premier Alemã Angela Merkel, filha de pastor evangélico. A própria primeira ministra declarou que a visita do papa tem uma grande importância na união dos cristãos da Europa. O papa procura estreitar seus relacionamentos com a Igreja Luterana Alemã, fato que tem avançado bastante, principalmente depois da declaração de fé comum assinada em Augsburg no ano de 1999, onde unificava o entendimento entre católicos e luteranos quanto à doutrina da justificação pela fé. Acho que cabe aqui algum comentário a respeito dessa postura católica, como também a crescente aspiração ecumênica de algumas igrejas ligadas a Reforma Protestante.

O catolicismo, principalmente na administração do antecessor de Bento XVI, João Paulo II, empreendeu grandes esforços na união com igrejas reformadas, naquilo que foi denominado ecumenismo. Esta postura procura aproximar a igreja de Roma no intuito de manter um relacionamento fraternal e de parceria com outras igrejas. Mas muitos críticos, principalmente do lado protestante, vêem com desconfiança esta união, uma vez que os católicos sempre demonstram a petulância comum de suas posturas, até mesmo ratificando o fato de eles serem a “igreja de Cristo”, enquanto que os protestantes são rotulados de comunidades cristãs e irmãos separados. Igrejas que, na sua maioria, estão desmoronando-se teológica e espiritualmente do antigo continente são os mais ávidos neste particular. Ao que parece, estas igrejas vêem nesta união algo como um renovo, visto que o catolicismo ainda continua a exercer alguma influência e isso causa a cobiça por privilégios e outras aspirações.

Em especial, igrejas como a Luterana e a Anglicana, estão passando por momentos graves em sua história, isso a reboque do fator secularismo, fazendo-os aliarem-se aos católicos, que também enfrentam as mesmas crises. Os católicos estão envolvidos em muitos escândalos, principalmente por instituições ligadas a esta igreja, que comprovadamente estão envolvidas com casos de orgias, estupros e pedofilia em quase todos os países europeus. A união parece ratificar os escombros do continente europeu. Antes centro das grandes causas religiosas no período da Reforma, hoje um amontoado de frieza e indiferença que nem de longe relembra os dias mais celebres. É por isso que muitos estão migrando para uma postura mais “flexível” para com os católicos.

A pergunta que fica é quantos desses atuais representantes dessas igrejas estão envolvidos com os pilares da fé reformada? Se isso fosse possível, certamente homens como Lutero, Zwinglio, Calvino e outros estariam se contorcendo em seus túmulos, pois jamais concordariam com esta fusão de interesses. Em países europeus este diálogo já é uma realidade, mas o que dizer das nossas terras tupiniquins? Será que este ímpeto ecumênico seria possível? Acredito que os evangélicos em nosso país são marcados por um afastamento natural do segmento católico romano, mas isto tem uma explicação razoável, se levarmos em consideração o crescimento da igreja evangélica, porém, o que dizer de setores ligados a igrejas históricas que já há muito tempo participam de concílios ecumênicos, tendo como objetivo os mesmos buscados no velho mundo? Isso se explica pela perca de membros dessas igrejas, tidas como históricas, bem como a influência da teologia liberal também nestas denominações.

Algumas igrejas brasileiras nestes dias jamais aceitariam uma postura ecumênica, mas o que dizer se num futuro não tão distante, estes mesmos evangélicos se enfraquecerem teológica e institucionalmente? Será que não buscariam um diálogo com Roma? Penso que a força da igreja não é a quantidade, mas sua vitalidade no serviço de Cristo e sua fidelidade em aplicar a Bíblia. Os católicos continuam sendo os mesmos. Os anátemas do Concílio de Trento que repudiaram a teologia reformada ainda permanecem. A teologia católica é cada dia mais “mariana”, substituindo a do Único Mediador, defendida pelos protestantes, logo, não há razão para pensarmos em uma unidade quando se há falhas gritantes na teologia católica que descredenciam a mesma como uma igreja verdadeira.

Às vésperas de comemorarmos mais um aniversário da Reforma Protestante devemos recobrar nossa fidelidade e lamentar pela decadência de algumas igrejas ligadas a Reforma. Que Deus preserve os remanescentes fiéis. Defendo um diálogo, mas este deve ser acompanhado por uma conversão à Palavra e não uma mera conveniência que cheira a apostasia e decadência. Louvemos a Deus pela genuína Reforma Protestante do século XVI e estejamos atentos pelos nossos dias.

Um comentário:

  1. No Brasil é mais palpável uma aproximação dos "evangélicos" com as religiões de origem africana do que com o catolicismo.
    Protestante Reformados? São poucos os que entendem esta definição em terras brasileiras ou melhor ainda, Latino-americanas.
    Fato é que o cristianismo na América Latina como um todo é alvo não apenas do liberalismo teológico, do secularismo mas também do islamismo que vê já a muitos anos os Latinos como futuros muçulmanos. Só quem não vê isto são os "evangélicos" e "católicos" que vivem em seus mundos religiosos pregado um fé utilitária.

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