Romanos
8.28-30
Queridos
irmãos, estou certo de que certas palavras para a nossa fé devem ser
completamente apreendidas pela nossa razão iluminada pelo Espírito Santo, uma
vez que precisamos não somente conhecer nossa fé, mas que também nos importa
compreender os termos usados pelas sagradas Escrituras que nos informam a
complexidade de nossa fé e que podem fundamentar todo o nosso sistema
doutrinário. Pensando nisso, encontro nas Escrituras essas palavras ditas pelo
apóstolo Paulo que nos mostram ricamente como fomos salvos pelo Senhor.
Segundo
Hendriksen o objetivo do capítulo 8 de Romanos é o mesmo dos capítulos 5, 6 e
7, ou seja, a justificação pela fé. Durante toda essa porção Paulo nos informa
os benefícios de termos sido salvos sem merecimento algum. Especialmente no
capítulo 8 o tema é que “em Cristo somos mais do que vencedores” (v.37).
A
fim de sermos conduzido por Deus a um entendimento completo de nossa fé nesta
perícope, convido os irmãos a considerarem o seguinte título: “Algumas palavras que explicam o que
cremos”. Sendo assim, estaremos analisando a profundidade dessas palavras,
bem como seu ensinamento e buscando aplica-las às nossas vidas de modo
proveitoso.
Segunda
essa proposta, vejamos a importância de cada uma delas da seguinte forma:
Um
chamamento gracioso tendo como propósito nossa salvação (v.28). Existe um
relacionamento direto da providência de Deus com a consumação de obra de Cristo
exercida sobre nós, vejamos como isso acontece aqui:
As coisas que
cooperam para o bem (parte a) – Calvino cita que Agostinho
reconhecia que mesmo os nossos pecados podem glorificar a Deus, no sentido
deles nos levarem a humilhação na presença de Cristo, logo, mesmo eles podem
nos conduzir a esta graça. Nada ocorre na vida do crente de forma esporádica e
irrelevante, tudo está no controle de Deus, sendo administrado para o propósito
de nos levar cativos ao temor de Cristo. Por isso que Paulo consegue ver o
propósito de Deus para a nossa salvação, mesmo no sofrimento ou na alegria tudo
está sendo realizado conforme a vontade soberana de Deus.
Aqueles que
amam a Deus (parte b)
– Esses em questão não estão nesse amor por vontade própria, mas porque Deus os
amou primeiro. Eles estavam em rebeldia contra Deus, mas agora se tornaram
amigos de Deus, logo, somente os que amam a Deus têm suas vidas sob a direção
divina, fazendo com eles sejam usados para glorificar a Deus.
Chamados
segundo o propósito (parte c) – A condição desses crentes está
relacionado ao propósito eletivo de Deus. O fato de eles passarem por
determinadas coisas que glorificam a Deus, mostra que estes sofrem ou vivem
para a glória de Deus. Eles foram escolhidos tendo como base única o propósito, ou seja, não por eles mesmos,
mas por Deus que os chamou com santa vocação.
Somos predestinados
e eleitos para sermos como Cristo (v.29).
Um
conhecimento anterior (parte a) – Aqui, conforme ensina Calvino, não
é a “tolice dos neófitos” que pensam em pré-conhecimento, mas o conceito que
Deus desejou, em tempos idos, fazer conhecido de todos a Sua intenção para com
o Seu povo, ou seja, revelar que Ele conhece a todos que se achegam a Ele
eletivamente e segundo Seu eterno propósito.
Os elos da
Corrente da salvação
– Outra questão a partir dessa parte do versículo 29, e conforme é proposto por
Hendriksen, tem cinco elementos importantes aqui denominados de “elos” de uma
corrente são eles a) Presciência; b) Predestinação; c) Vocação; d) Justificação
e e) Glorificação. Todos eles, a partir daqui aparecendo no tempo passado,
dando a entender o propósito concluído de Deus, mesmo antes desse ser
realizado.
Predestinados
conforme a imagem de Cristo (parte b) – Aqui vemos qual é o propósito de
Deus para nós quando resolver nos salvar antes de tudo, que fossemos conforme
Cristo redimidos. Cristo nos é padrão, ou seja, somos salvos para sermos como
Ele é. Sendo Cristo nosso padrão, somos chamados a sermos “pequenos Cristos”,
que estão sendo formados por meio do propósito de Deus em uma santificação
progressiva.
Uma
predestinação justificadora e glorificadora (v.30).
Por
fim, temos aqui aquilo pelo qual está o resumo de tudo que vemos nas
Escrituras, a glorificação do nome do Senhor em Sua bendita redenção, vejamos
isso mais um pouco:
Predestinação
e chamada ou vocação (parte a) – Apesar do conceito de predestinação
estar relacionado a supra história, ou seja, a um período que só Deus existia,
ela tem a ver com aqueles que viriam não somente existir, mas que também
estariam sendo destinado a glorificar a Cristo. Sendo assim era necessário que
isso ocorresse no tempo determinado, ou seja, fossem chamados em uma época
específica designada por Deus, por isso o relacionamento íntimo aqui entre
essas duas declarações, predestinados e chamados.
Uma vez
chamados, justificados (parte b) – Aqui vemos outra propriedade desse
chamado que é a conexão com a justificação. Assim como o chamado, a
justificação acontece no tempo, logo ela é temporal e está relacionada com a
efetuação do perdão divino nos decretando justos perante Deus. Apesar de Deus
ter previsto a justificação no passado, ela só se torna efetiva no tempo que
Ele estabeleceu, conforme nosso chamado.
Justificados
para a glorificação (parte c) – Aqui vemos algo que nos conforta
grandemente, esse processo que vem desde a supra-história é desembocado na
segurança de que ele será bem sucedido. Não vemos aqui declarações de dúvida ou
receio, mais certeza que aqueles que foram predestinados, chamados,
justificados serão glorificados. Ninguém que inicia o processo terá a obra
feita pela metade, mas será feita completamente, ou seja, o fim de todas as
coisas é a glorificação.
Talvez boa
parte das nossas dúvidas quanto a essas verdades são porque pouco referimos a
elas como a identificação de nossa fé. Nos referimos a elas sem conhecimento e
a nossa defesa das mesmas descamba em uma fé vacilante. É necessário novamente
desejarmos o conhecimento desses “altos mistérios”, conforme fala nossa
Confissão. Se estivermos longe desses mistérios estaremos longe da devida compreensão
e da nossa preparação para sermos conforme a imagem de Cristo.
Que
Deus nos livre dessa indulgência e que venhamos a glorificar a Deus conhecendo
completamente essa verdade. Que Deus nos abençoe quanto a isso, amém.
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