Números 11.
1-3
Nosso
propósito é refletirmos no poder que nossas murmurações têm de nos
ocasionar nossa própria ruína. Para tanto estaremos contemplando o capítulo 11
do livro de Números. Essa parte significativa das Escrituras nos diz muito
sobre as consequências de desejarmos aquilo que Deus não desejou para nós.
Poucos
de nós aprenderam nessa vida algo que as Escrituras chamam de “contentamento”.
Não somos como apóstolo Paulo que disse em Filipenses 4.11-13: "Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece". Ele disse isso
porque era um cristão experiente que tinha aprendido muito em sua caminhada
diante do Senhor.
Os
israelitas nessa porção das Escrituras estavam em sua caminhada em direção a
Canaã. E nessa jornada haviam experimentado muitos milagres divinos e mesmo a
assistência de Deus no deserto. Como nós sabemos o deserto tem esse nome em
razão de quase nada florescer por lá. É uma espécie de treinamento para o
cristão, um exemplo de como Deus nos abençoa mesmo em situações adversas, mas o
deserto também é um lugar de provas espirituais.
Algumas
provas da providência de Deus nesse lugar inóspito já haviam sido dadas ao
povo. Em Refidim o povo aprendeu que Deus é a sua fonte das águas (Êx. 17.
1-7), Deus um pouco antes havia enviado o Maná, uma espécie de pão que era
mandado pela própria mão de Deus, todos os dias, com exceção do sábado (Êx.
16.1-10), e mesmo codornizes já haviam sido enviadas pelo Senhor, após mais uma
murmuração do povo (Êx. 16.11-21). Logo, esse povo conhecia o Deus Elohim
Yir’eh (Deus da providência) que Abraão conheceu em Moriá (Gn. 22.8). Eles
tinham prova desse cuidado, mas mesmo assim seus corações se tornaram
murmuradores contra Deus.
Hoje
estaremos meditando no seguinte título: “As
nossas murmurações significam o total desconhecimento de Deus”. Não que
quando murmuramos somos como os descrentes, mas que revelamos características
dos gentios, dos ímpios, que colocam sua confiança não naquilo que não se vê,
mas apenas naquilo que se pode ver e tocar.
Diante
disso, chamo a atenção da igreja para três verdades expostas no texto quanto às
nossas murmurações:
O Egito
pode nos fazer esquecer o Maná (vv.1-9)
Espiritualmente
o Egito simboliza o velho homem, a velha vida vivida em pecado, as antigas
confianças mundanas em nosso braço e uma série de coisas que nos identificam
com os descrentes. Como povo eleito Israel tinha sido levado ao deserto para
ser provado por Deus. E muitos foram reprovados, vejamos o que nos ensina essa
parte de nosso texto:
Uma punição
silenciosa (v.1-3)
– Algumas coisas nos chamam atenção aqui: 1) “Aos ouvidos do Senhor” (v.1 parte
a)” – Essa murmuração não foi feita a Moisés, mas o povo que a fez veladamente,
algo que para Deus é como se fosse feito publicamente, visto que Ele tudo
escuta; 2) Os
consumidos na extremidade do arraial (v.1 parte b) – Esses podem ter
sido os primeiros a serem mortos em razão de estarem perto da coluna de fogo e terem iniciado a murmuração. Eles foram os primeiros, mas a murmuração já havia
contagiado o restante. Em seguida é feita uma oração com o intuito de aplacar a
ira de Deus, mas a questão ainda não havia sido resolvida (v.2 e 3).
O “populacho”
no meio do arraial e seus desejos (vv.4-5) – A murmuração continua agora
na parte central do arraial. Essa não foi iniciada pelos hebreus, mas por um
povo misto que havia saído com Israel do Egito, alguns defendem que esse povo
havia se tornado misto em razão de casamentos entre hebreus e egípcios. A
queixa era por aquilo que o Egito oferecia carne, peixe de graça; pepinos,
melões, alhos silvestres, cebolas e alhos. O povo foi inflado e contagiado pela
murmuração.
O maná
(vv.6-9)
– A crítica do povo era direcionada ao Maná (v.6), logo estava relacionada à
própria providência de Deus. Eles não estavam interessados no sustento
miraculoso, mas nos antigos alimentos, mesmo que isso significasse a exaltação
do Egito. Nos versos seguintes (7-9) o escritor nos fornece algumas informações
sobre o Maná.
Em meio às
murmurações a liderança se desgasta (vv.10-29).
Nos versos 10 a 30 vemos uma capítulo dramático do evento aqui relato. Moisés acha demasiadamente pesado o seu cargo, vejamos como o Senhor escuta a oração imprecatória de Moisés e como Ele usa esse fato para aliviar a carga de Moisés:
Nos versos 10 a 30 vemos uma capítulo dramático do evento aqui relato. Moisés acha demasiadamente pesado o seu cargo, vejamos como o Senhor escuta a oração imprecatória de Moisés e como Ele usa esse fato para aliviar a carga de Moisés:
Uma oração
imprecatória (vv.10-15) – Moisés havia sido chamado para liderar um povo
grande. Sua tarefa era realmente pesada, além disso, ele era parte do povo. No
caso em questão, ele ouviu o choro do povo à porta de sua tenda (v.10). Ele
mesmo não suportou a pressão e clamou a Deus de forma imprecatória, como alguns
salmistas. Isso não nos faz ter o direito de orar assim, pois apenas alguns
homens conseguiram isso porque foram conduzidos pelo Espírito para falar de tal
forma com o Senhor.
Auxiliadores
para Moisés e a mão do Senhor (vv.16-23) – Deus entende que Moisés estava
realmente precisando de auxiliares. Esses recebem a capacitação divina para a
tarefa (v.17). Seriam 70 anciões que ajudariam no trabalho da tenda. Isso tirou
o peso de Moisés. Também Moisés duvida da mão de Deus (vv.21-22) e a resposta
do Senhor é imediata, “a mão de Deus não estava curta” (v.23), logo, Ele tinha
poder para alimentar o povo, mesmo que isso parecesse impossível.
A profecia dos
auxiliares (vv. 24-30) – Os anciões foram visitados por Deus
copiosamente a ponto de profetizar, mas isso aconteceu apenas uma vez e nunca
mais. Porém, Eldade e Medade que estavam entre os primeiros, mas pelo visto não
ajudaram na tenda (v.26). Houve espanto por parte de alguns e Josué resolveu
intervir (vv.27-28). A resposta de Moisés reflete a característica que se
espera de todo aquele que pertence a Deus (vv.29-30). Somos um povo consagrado
a profecia, ao anúncio e deveríamos sempre ser assim.
A
providência também expõe o juízo de Deus (vv.31-35)
Ainda
que Deus tenha se apiedado do povo, ainda era necessário exercer o juízo. O
povo em seu clamor desejava o Egito, causando grande ira no Senhor. Vejamos o
que fez Deus quanto a isso:
Codornizes são
enviadas (vv.31-32)
– Deus enviou um vento que as trouxe até o arraial dos israelitas. E as vez voar baixo, há metros do chão, algo sobrenatural aconteceu,
pois esses pássaros voam alto. Todo o povo colheu as codornizes e houve abundância.
A carne entre
os dentes (v.33)
– Não se diz aqui menção ao número de mortos nesta ocasião, nem tão pouco àqueles que morreram
antes, mas ficou clara a insatisfação de Deus quanto ao povo.
Quibrote-Hataavá
(vv. 34-35)
– Esse lugar recebeu um novo batismo, pois se tornou um memorial da
desobediência e do desejo ímpio do povo. Todos o que passavam por essas terras
eram convidados a refletir sobre tal acontecimento.
Algumas lições
podem ser retiradas desse texto, convido-o a analisar comigo elas:
1) Nossas
reclamações têm limites. Ás vezes elas revelam pecados secretos que o Senhor
pode contemplá-los;
2) Deus não nos
aceitará que vivamos em uma vida de murmúrio e insatisfação. Se ele nos dá o
que precisamos seria algo muito sério desejar aquilo que não precisamos, sendo
isso contra a vontade do Senhor;
3) Deus pode nos
conceder algo que Ele não quer nos dar, mas isso não faz parte de Sua
providência e sim do Seu juízo e o fim é muito trágico.
Essa história nos faz lembrar o quanto o Senhor é bondoso conosco, o quanto Ele cuida do Seu povo. O quanto Ele nos sustém no deserto e que deveríamos busca-lo em santidade e contentamento, sem desprezar as ricas e copiosas bênçãos que Ele nos dá.
Que
Ele nos livre de sermos julgados dessa forma. Que possamos desenvolver o
contentamento, pois isso nos ajudará na caminhada. O que Ele tem para nós é
sempre o melhor, mesmo que não vejamos dessa forma. Deus nos abençoe, amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário