Mateus
12.38-42
É natural que
nós nos preocupemos com o tipo de mensagem que deve ser dado aos descrentes
quanto a aquilo que cremos. Muitos chamam isso de contextualização, alcance dos
não crentes e outros termos, o fato é que nessas palavras Jesus nos indica qual
testemunho deve ser apresentado a aqueles que o desejam conhecer e também
demonstrar qual será o tipo de exaltação que o mundo inteiro verá, quando de
Sua segunda vinda.
No
movimento do século passado conhecido como “alta crítica”, o livro de Jonas foi
considerado mitológico em razão de conter a narrativa de Jonas no estômago do
grande peixe. Com essa declaração de Jesus sobre Jonas, os conservadores
explicam que se Jonas era mitológico, logo Jesus não podia ser quem dizia ser,
ou seja, Deus, pois sendo assim estaria acreditando em estórias e não
conhecendo todas as coisas. O fato é que Jesus é Deus e ao citar Jonas, Ele põe
fim a toda e qualquer dúvida sobre esse livro.
No
texto em questão, Jesus é mais uma vez interpelado por uma audiência incrédula
relacionada ao grupo mais religioso do seus dias, os sacerdotes. O modo como
Jesus trata esse grupo serve para que conheçamos basicamente aquilo que o
Senhor deseja fazer com aqueles que duvidam de sua Palavra. Será que aqui,
nesse texto, vemos Jesus se preocupando em convencer os descrentes de que Ele
era o cristo? Será que podemos concordar que Ele está de braços abertos para
todos? Vejamos o que o texto nos diz a esse respeito.
Antes
de prosseguirmos, gostaria de chamar a atenção da igreja para o seguinte
título: “O testemunho de Jesus para os
descrentes e Sua importância escatológica”. Justifico o título com a
argumentação que esses propósitos são a intenção do evangelista nesse texto.
Observemos como isso afeta nossa consideração na igreja a respeito daquilo que
Jesus espera dos descrentes:
Os sinais
de Jesus para uma geração má e adultera (vv.38-40). Os judeus
que eram a audiência de Jesus nesse texto, tinham sido alertados quanto ao fato
de não estarem produzindo frutos (vv. 33-37). No verso 34 Jesus os tinha
chamado de “raça de víboras”, com isso fica mais ou menos esclarecida a
solicitação para os tais sinais sugeridos aqui, vejamos, as implicações desse
pedido:
Os judeus e os
sinais (v.38)
– Paulo, como bom Judeu, conhecia essa característica de seu povo. Mesmo em
seus dias essa demanda era exigida por eles (1 Co 1.22). Os judeus tinham sido
visitados por muitos sinais no passado, a época que estamos lendo aqui, foi a
última grande época desses sinais, mesmo nesse período nada ocorria no sentido
de se comparar com os grandes dias do passado. Jesus já tinha operado grandes
sinais, mas esses desejam ver mais ainda, como se o Senhor estivesse ali para
atender a curiosidade ímpia deles.
O sinal de
Jonas (v.39)
– Jesus teve um ministério público, logo a resposta que Ele direciona aos
judeus parece não evocar algo para todos verem. O sinal mencionado aqui tem uma
conotação velada, Ele está se referindo à Sua ressurreição, logo, algo que
poucos tiveram acesso e não o mundo inteiro. O sinal para os descrentes então
tinha uma conotação mais enigmática do que a própria vida do Senhor, se eles
não conseguiram discerni-lo em Seu ministério terreno imagine na ressurreição.
O maior de
todos os sinais (v.40) – Nenhum dos grandes sinais realizados por Cristo
tem o peso de Sua ressurreição. Ela é a própria essência do cristianismo, Paulo
chega a dizer que se ela não existisse seria “vã a nossa fé” (1 Co 15.17).
Nenhum morto ressuscitado, nem cego que recuperou a visão, nenhuma profecia se
compara a ressurreição. É interessante que Jesus recomende a ressurreição como
sinal, porque ela é um benefício apenas daqueles que a recebem pela fé e não
para todos.
O
arrependimento dos ninivitas prova da cegueira de uma geração (v.41). A partir
daqui nosso Senhor inicia Sua própria defesa argumentando que Ele é maior do
que Jonas e do que Salomão. Vejamos o que isso significa para nós:
Ninivitas no
juízo
– Esse tipo de argumento é bem peculiar ao Senhor. Principalmente pelo
entendimento da salvação não restrita apenas aos judeus que Ele estava
anunciando, mas também porque mostra a misericórdia divina para com povos como
os Assírios de Nínive, sua capital. Povo conhecido pela brutalidade e
impiedade, mas que foi alvo da pregação de Jonas.
Juízo e
condenação
– O Senhor aponta para o fato dos judeus que estavam falando com Cristo serem
alvo no futuro de Juízo. Os ninivitas são a prova de que mesmo um povo
totalmente ímpio pode se converter ao Senhor. Israel, no entanto, mesmo tendo
um passado tão glorioso e a própria presença de Cristo, seria condenado por
incredulidade.
O
arrependimento dos ninivitas – O coração endurecido pelo pecado é
a prova de que não tencionamos crer em Cristo. Assim como esses homens cultos, hoje
em dia muitos mantêm essa mesma disposição e enfrentarão futuramente o mesmo
juízo que aqueles também deverão enfrentar.
A
importância escatológica de Cristo em face da incredulidade (v.42). A rainha do
sul, também conhecida como rainha de Sabá (1 Rs 10.1-13), demonstrou o quanto é
importante conhecer a sabedoria divina através de Salomão, assim, Jesus compara
Sua sabedoria a de Salomão, vejamos o que Ele nos ensina também aqui:
O juízo da
rainha
– A exemplo dos ninivitas, essa rainha gentílica também estará de pé no dia do
juízo contra os descrentes. Ela o fara isso por sua fidelidade e confiança na
sabedoria de Deus, observada quando ela ouviu da fama de Salomão. Viajou longa
distância apenas para conhecer tal sabedoria, sendo exemplo para todos que devem
vir até Cristo para ouvi-lo.
Jesus maior do
que Salomão
– Se para ouvir um homem a rainha em questão percorreu uma distância tão
grande, porque não corremos para ouvir a Cristo. Quantos hoje em dia têm outros
conselhos em maior estima e não escutam Cristo com atenção. Jesus é maior do
que Salomão, mesmo o ensino de Salomão é inferior ao de Cristo e ainda hoje
muitos o estão abandonando.
Jesus não era
e não é um gênio da lâmpada para atender os nossos desejos. Não dizemos a Ele o
que Ele deve fazer. Ele é soberano. Nossa fé nele consiste em crermos no poder
de Sua Palavra e ressurreição não em Seus milagres. Ele é misericordioso e nos
concede que vejamos a Sua obra em nós e isso nos faz aumentar a fé. Os judeus
não pediam sinais tendo como objetivo aumentar a fé, visto que eles não tinham
nenhuma.
Nosso
Evangelho é uma pregação centrada na cruz, também não temos muito a oferecer a
aqueles que buscam sinais e sabedoria. Pregamos apenas o Cristo crucificado e
apenas isso. Ao apresentar a sabedoria de Cristo só podemos dizer que ela é
loucura para esse mundo, mas para os que creem é poder de Deus. Vivemos
confiados apenas nesse poder e tudo que passar disso é pérfido e pecaminoso.
Deus nos faça conhecer a Cristo cabalmente. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário