quarta-feira, 2 de julho de 2014

Quando Deus põe fim ao descaso do sacerdote


1 Samuel 3.11-14

Não restam dúvidas que quando Deus quer executar o Seu juízo e propósito contra uma nação, individuo ou igreja, ele não mede esforços para que reis sejam depostos, sacerdotes ímpios sejam removidos e o Seu nome seja glorificado. No texto em questão vemos um período desses. Para que entendamos o contexto histórico brevemente, basta lembrar que Israel passou um tempo de sua história administrado por juízes antes do estabelecimento da monarquia. Esses juízes eram homens e mulheres levantados por Deus para conduzir o povo à fé em Deus e a observância do povo a Lei do Senhor. Só que naquele tempo, apesar do empenho dos mesmos, o povo vivia cada um a seu modo, esses líderes não foram capazes de unificar o povo num ideal de retorno ao culto a Deus.

Samuel é um homem a frente de seu tempo. Filho de Ana e Elcana, da tribo de Benjamim, de uma família aparentemente piedosa, em razão do serviço a Deus em Siló (1.3). Ele é fruto da oração de sua mãe, que desejava um filho, mas esta era estéril (1.6). Samuel é consagrado a Deus e apesar de não ser da tribo de Levi, ele é entregue a Deus para o serviço sacerdotal, sendo criado como filho adotivo de Eli. Samuel desempenharia um duplo ou tríplice serviço, dependendo do entendimento da extensão do seu ministério, ou seja, juiz-sacerdote ou juiz-sacerdote-rei.

No texto que estamos analisando vemos como o Senhor visita Sua vinha de tempos em tempos com juízo. A família sacerdotal de Eli representa o ofício de condução do povo em retidão e fidelidade. Ofício esse que estava sendo violado, uma vez que os filhos de Eli eram “filhos de Belial” – filhos inúteis, sem valor algum - (2.12) e não temiam o Senhor. Eles se apropriavam da oferta destinada ao Senhor, ou seja, a cordura que precisava ser queimada em aroma suave ao Senhor (v.2.15), cometendo transgressão no que se refere à adoração (2. 13-17), além disso eram pérfidos, deitando-se com mulheres a vista de todos, a frente do lugar de culto, sendo repreendidos pelo pai, no entanto, não atentavam a advertência do mesmo (2.22-26).

Aqui, então, estamos diante de um terrível momento da história do povo de Deus. Quando os sacerdotes não eram o exemplo para o povo, Deus empreende levantar outro em seu lugar, purificando assim o Seu propósito e iniciando uma nova época para o povo. Vejamos o que isso tem a ver conosco, observando primeiramente um título: “Quando Deus põe fim ao descaço do sacerdote”. Vejamos como isso ocorre, levando em consideração que a igreja precisa ser regida por homens que sejam fiéis e dedicados na obra do Senhor, que sejam exemplos para o povo e não pedra de tropeço. Vejamos algumas lições a partir daqui:

I- Deus fala com Samuel (3.1-9).
O serviço de Samuel (v.1 parte a) – Parece um tanto repetitivo abordar esse assunto em 2.11 e 2.18, mas o propósito do escritor era mostrar o quanto o Senhor separa um homem e o conduz para fins específicos mesmo na tenra idade. Samuel foi preparado para juízo da casa de Eli desde muito cedo. Ser crente em uma casa de piedosos é uma coisa, mas ser crente no meio de “filhos de belial” é algo bem diferente.

As visões eram raras (v.1 parte b) – Muita coisa pode ser dita a esse respeito. Muito se pode falar acerca de como, em alguns tempos, o Senhor não mais resplandece o Seu rosto e permite que o povo ande sem direção em razão dos seus muitos pecados. Não somente naquela época, mas também hoje, Deus pode simplesmente deixar-nos a sorte de nossas cobiças e isso para juízo e glória do Seu nome.

Deus chamando Samuel pelo nome (v.4) – O chamado era específico, mesmo estando em meio a sacerdotes, Deus havia separado o menino Samuel e era com ele que a “lâmpada de Israel” se manteria acessa (v.3).

II- Deus revela a visão a Eli por meio de Samuel (3.10-21).
Uma visão específica e proposital (v.11) – Ainda que as acusações fossem a família de Eli, logo eram específicas ao pecado de uma família, no caso a do sacerdote, tinha a ver com a situação moral e espiritual de Israel. Mostrando que assim como é a situação do povo é a do sacerdote.

A casa do sacerdote uma casa de juízo – Deus visita o Seu povo quando a transgressão é flagrante e deliberada, ou seja, sendo o sacerdote o termômetro para medir a fidelidade do povo, Deus julgaria o povo pelo ensino desse sacerdote. Isso ocorre para o bem ou para o mal. Sendo o sacerdote um homem bom o povo ganha, sendo mal e concordando o povo com isso, o Senhor os visitaria.

O juízo pelos filhos (v.13) – Os pais sejam sacerdotes ou pastores, ou mesmo crentes comuns, são responsáveis pela procedência dos seus filhos. Eli estava sendo punido por sua omissão, já os seus filhos pelo pecado flagrante perante todo o povo.

III- Deus mata os sacerdotes e a arca é levada (4.1-21).
As profecias se cumprem conforme Deus havia prometido. Os sacerdotes são mortos e a arca é levada.

A derrota de Israel de maneira física (vv.1-4) – Quando não estamos espiritualmente preparados para a peleja, somos alvos fáceis nas mãos dos inimigos. A situação espiritual de Israel se refletia na não agência de Deus a seu favor, por isso a derrota para os filisteus, morrendo nesse dia 4.000 mil homens.

A derrota de Israel espiritual (vv.5-11) – Essa já estava manifesta desde que a adoração tinha se misturado com o erro e que sacerdotes corruptos presidiam diante do povo. A morte de Hofni e Finéias era certa, tanto pela profecia dita a Samuel como porque revela o estado espiritual deles perante Deus, ou seja, mortos. O antigo símbolo da vitória divina em outros tempos, a arca, de nada adiantou nesse momento.

A morte de Eli e o cárcere da arca (vv. 12-22) – A morte do sacerdote Eli pode ser analisada de uma maneira muito inesperada, quem poderia imaginar que alguém morreria, mesmo sendo velho de uma queda da cadeira? Sua fragilidade era a mesma que ele tinha a frente do povo. Sua falta de pulso foi a sua ruína e a ruína de todo o povo. A arca, o símbolo da presença do povo havia sido levada e isso fez Eli cair de onde estava.

A situação de uma nação ou igreja é muito complexa. Em alguns momentos podemos estar vivendo algo espiritualmente favorável e ainda assim estarmos sujeitos ao juízo de Deus. Isso tem a ver com a nossa conduta, com a nossa fidelidade. Exigia-se de Eli tudo isso. Ele e seus filhos eram os símbolos da atual situação daquele povo, a queda deles foi a queda do povo. Mas Deus, cumprindo os Seus objetivos santíssimos não tinha desistido do povo do pacto. Manteve firme o Seu propósito redentivo e levantou Samuel para conduzir ao povo ao reinado abençoado da casa de Davi.

Somos exortados aqui a buscar a orientação de Deus quanto a nossa fidelidade a Sua Palavra. Essa deve ser temida mais do que se teme o homem. Eli achava que por ser sacerdote as coisas para ele fossem diferentes. Não existe passar de mão da parte de Deus. Ele julga retamente. Seja uma nação, seja uma igreja, seja uma família. Que busquemos a fidelidade a Deus e Seu temor jamais se aparte de nós, amém.


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