terça-feira, 5 de abril de 2011

O cristão e os jogos de azar

Deus, em Sua obra redentora, tenciona revelar ao homem uma nova natureza em Cristo (2 Co. 5.17 e Gl. 6.15). Logo, as atitudes de um homem regenerado difere, em muitos casos, substancialmente de muitas práticas realizadas pelo homem não regenerado. Certo dia conversando com um pastor de outra denominação, ouvi, em tom piedoso por parte daquele, que ele pregava apenas a Cristo como grande objetivo do Evangelho. Na oportunidade disse a ele que concordava com isso e também fazia o mesmo, mas devemos também considerar que o próprio escritor aos Hebreus chamou isso de princípios elementares dos oráculos de Deus (Hb. 5.12), não no sentido de rudimentar, mas de algo que todos cristãos devem saber, ou seja, que foi Salvo por Cristo, não por suas próprias obras, mas por exclusiva graça salvadora. Mas isso é apenas o início do seu aprendizado no caminho de Cristo.

Com isso quero dizer que conhecer a Cristo é também conhecer as Suas exigências para nós e isto não é de modo algum algo pequeno. É, como na perspectiva calvinista, uma cosmovisão que abarca todas as áreas da humanidade. Por esta razão, o cristão não deve se limitar a alguns fundamentos, aquilo que é conhecido como fundamentalismo, mas com a totalidade da vida cristã, vivida na complexidade da vida comum de todo individuo.  A Bíblia tem, portanto, respostas para como viver de acordo com Deus e esta forma de viver pode ser conhecida plenamente nas Escrituras.

Várias coisas podem ser qualificadas como explícitas e implícitas na Bíblia. Mas o fato de um ensinamento não ocorrer de um modo explícito não significa que esse possa receber opiniões diversas a respeito de como praticar e que uma injunção que seja implícita não possa ser aceita apenas porque não está clara o suficiente. Na interpretação bíblica é possível retirar princípios axiomáticos sobre doutrinas que muitas vezes não são tocadas claramente na Bíblia. Por exemplo, como saber se as drogas são lícitas, de acordo com o texto sacro? Sabemos que são reprovadas pela agressão ao homem em sua complexidade, rebaixando-o a dependente de uma substância estranha ao corpo humano, além de denegrir sua humanidade, ética e religião. Algo estranho ao propósito divino, além de outros conceitos a este respeito que podemos tirar desse comportamento e de outros tantos, de acordo com a  verdade revelada.

Quanto aos jogos de azar, observamos que da mesma forma, apesar de não serem mencionados explicitamente na Bíblia esta prática, vemos que a luz de certas doutrinas ela é de todo reprovável. Vejamos então esta questão:
 
A luz do ensinamento dos povos sem Deus e seus cultos - A Bíblia está repleta de admoestações de que o povo santo de Deus não devia se misturar às práticas pagãs de cultos idolátras que tinham por costume a averiguação dos astros, necromancia e outras rituais que vislumbravam a interpretação do passado e do futuro (2 Cr.33.6, Mq 5.12). Logo, ao povo da aliança, esta prática era tida por Deus como abominável e apenas os meios deixados pelo próprio Deus deveriam ser observados (Dt. 18.10). Enquadram-se nestes termos a prática sacerdotal do Urim e Tumim (Dt 33.8, 1 Sm 28.6), pedras que interpretavam a vontade de Deus quanto ao povo, e os profetas, reconhecidos como videntes, que eram consultados em caso de guerras e em questões nacionais. É evidente que a luz do ensinamento, Deus reprova o uso desses jogos sob o pretesto de se fazer uma "fezinha". A fé genuína descansa na providência de Deus, esperando nEle o fruto do seu trabalho.

A luz da soberania de Deus - Com relação a esta doutrina, podemos inferir que ela é irreconciliável com a prática dos jogos de azar. Pois, Deus em Sua soberania não prevê para o homem o alcance de alguma dávida por meios contrários a Sua vontade revelada. É perfeitamente claro que Deus muitas vezes faz uso do pecado humano para um fim específico de seus decretos eternos, mas quanto a isso Ele faz o mal se tornar bem, para mostrar o Seu poder e reprovar a maldade humana e não porque devemos usar tal argumento para justificar nossas cobiças (Gn 45.5-7).

A luz da providência divina - Quanto a esta doutrina somos informados que Deus sustenta e administra todas as coisas. Com isso somos informados que é Ele que abençoa o fruto do nosso trabalho. Falando em trabalho é bom lembrar que de forma alguma este é tido por maldição de acordo com o ensinamento bíblico. Apesar de algumas maldições serem direcionadas ao homem depois da queda, Deus aprova o trabalho do seu povo, inclusive fazendo com que este trabalho e seu lucro sirva para o bem dos mais pobres e para a sustentação de Sua igreja (2 Co 9.9). Aqueles que querem ganhar em jogos de azar como loteria, bingos e outros não desejam nada disso, estão na realidade querendo ficar ricos por cobiça e mesmo que se justificassem com esses argumentos estariam na realidade pedindo licença para viverem com uma justificativa falaz.

A luz da maldade humana - A Bíblia diz que "Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupisciências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens em ruína e perdição" (1 Tm 6.9), isso justifica o fato de que mesmo as riquezas conquistadas em jogos de azar, em sua grande maioria, escorre pelo ralo do dinheiro fácil. Repete o ditado popular que diz "vem fácil e vai fácil". Crentes que estão interessados em riquezas revelam um caráter pecaminoso e ímpio, digno daqueles que não conhecem a Deus. As riquezas podem nos seduzir e podem nos levar a uma grande e fatídica queda espiritual, nos tornando escravos do dinheiro, ao invés de servos de Cristo. 

Conclusão: Concluo dizendo que tais práticas são na realidade contrárias a vontade de Deus. Que os cristãos que fazem uso desses meios não compreendem ainda a complexidade da fé cristã, vivida na dependência de Deus. Que além de pecarem ao fazerem uso desses métodos, estão se comportando como letárgicos e preguisosos que querem níveis maiores de uma condição por um meio alheio ao trabalho e certamente debaixo da reprovação divina. Recomendo a todos os que leêm este blog, estando firmado no ensimamento bíblico, a se disfazerem desses recursos e confiarem apenas em Deus. Pode ser que com esta postura você não alcance a riqueza material, mas que certamente se enriquecerá espiritualmente, manifestando o fim e o propósito que Deus estabeleceu para aqueles que vivem piedosamente.

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