segunda-feira, 19 de maio de 2014

As orientações aos setenta e a nossa tarefa no evangelismo

Lucas 10.1-12

Em nossa mensagem dessa noite estamos diante de uma passagem única no Evangelho. Apenas Lucas faz menção ao envio pelo Senhor de setenta discípulos para anunciar o evangelho. Talvez você se pergunte qual é a utilidade dessas admoestações, fornecidas por Cristo para a minha vida? Talvez você não se veja como um missionário, você é apenas uma dona de casa cristã ou tem um emprego normal, o que essas admoestações podem fazer para impactar a minha vida ou me servir de direcionamento? Para essas perguntas convido você a caminhar mais um pouco comigo a fim de respondermos as mesmas.

Entendo que como cristãos temos inúmeras advertências que devemos estar atentos quanto ao que o nosso Senhor espera de nós. Apesar de essas orientações dizerem respeito ao ministério ordenado em sua grande maioria, esse texto nos ajuda a entender as estratégias do Senhor quanto à obra missionária. E isso diz respeito também a nós, uma vez que também estamos interessados no progresso da obra para a glória de Deus. Sendo assim, gostaria de sugerir um título, antes de avançarmos: “As orientações aos setenta e a nossa tarefa no evangelismo”.

Olhemos mais de perto cada uma das orientações dadas aos setenta e vejamos como elas nos podem ser úteis ainda em nossos dias, pois se foi algo que o Senhor julgou importante, certamente isso nos interessa e ainda é útil se quisermos nos orientar por Seus conselhos amorosos para o bem de Sua obra.

Dividi as orientações dadas aos discípulos para uma didática melhor em três grupos e gostaria de analisa-las da seguinte forma:

As orientações que dizem respeito ao perigo da obra (vv.1-4)
Quando o Senhor empreendeu o alcance dos seus escolhidos, Ele mesmo sabia das oposições espirituais, protagonizadas por satanás, e as oposições humanas, uma vez que o homem sem Deus está em rebelião contra o Senhor. Desse ponto de vista, tal obra envolve perigos, vejamos quais são eles:

O envio dos setenta modus operandi (v.1) – O Senhor envia os 70 como talvez uma preparação para a grande comissão que ele estaria enviando quando de sua ressurreição. Não se sabe a razão desse número, mas alguns especulam que se deve aos conselheiros de Moisés, orientados por seu sogro, mas não temos certeza. O certo é que tal comitiva não deveria andar sozinha, por isso o envio de dupla. Eles deviam percorrer uma área delimitada e visitar cada cidade dessa área.

A importância da intercessão (v.2) – Nem todos são ministros do evangelho, mais isso não quer dizer que não podem estar envolvidos com a obra. O texto é claro a nos orientar a orar pelos trabalhadores da Seara, os ministros, pastores e missionários. É Deus quem supre Sua obra desses homens e cabe à igreja orar em favor da obra.

“Cordeiros para os lobos” (v.3) – Não vejo aqui um objetivo sádico do Senhor, mas uma indicação daquilo que de fato ocorreria com todo aquele que estivesse disposto a continuar essa obra. Ele mesmo sabia o que era isso. Na profecia de Isaías, Jesus é reconhecido como uma ovelha para os tosquiadores, logo, estamos repetindo a mesma missão. A pregação não é um campus de férias, mas uma trincheira, um campo de batalha.

Outro tipo de ameaça (v.4) – Essa não está ligada aos perigos dos opositores, mas aos aduladores. Ela é mais específica aos ministros que devem se abster de viver segundo as aparências, mas viverem de modo simples, como estivessem apenas de passagem por este mundo. O fato de não saudar ninguém está relacionado ao perigo das lisonjas e adulações. É fato que em outras ocasiões foi permitido aos discípulos fazer todas essas coisas, mas de tal forma que não sejam persuadidos de perderem tempo com as coisas desse mundo.

As orientações que dizem respeito à recepção da mensagem (vv. 5-7)
Algumas advertências estão relacionadas ao caráter daquele que leva a mensagem. Esse não deve ser empecilho, fazendo exigências ou reclames desnecessários, mas sim, serem simples e acessíveis, vejamos o que o Senhor nos orienta:

A paz do discípulo (vv.4-5) – O homem crente é aquele que foi pacificado com o Senhor. Ele mesmo sente essa paz. Paz essa que deve ser sua principal marca, mesmo no campo missionário. 

A permanência na mesma casa (v.6) – Aqui existe uma palavra especial a aqueles que foram enviados como ministros. Esses devem ser simples em seu procedimento. Mesmo que estando a frente de um grande trabalho não devem ser impedimento para a mensagem. Ficar na mesma casa significa que eles não devem ser inconstantes, mas mostrar atenção aos moradores daquele lugar, devem estar satisfeitos em estar ali e demostrarem agradecimento pela receptividade. Quanto ao salário, é nada mais nada menos do que o esclarecimento de que o obreiro vive do campo. É justo que ele tire frutos físicos de uma obra espiritual.

As orientações que dizem respeito às cidades evangelizadas (vv.8-12)
Finalizando, temos algumas orientações sobre as cidades e de que forma devem proceder os discípulos conforme forem visitando as mesmas.

Eles devem ser agradecidos (v.8) – Como dito antes, eles devem ser simples, sem “frescuras”, nem luxo. Não devem exigir além do que aquele povo tem a oferecer.

Curar e anunciar (v.9) – Parte da obra de um verdadeiro obreiro deve ser buscar o bem daqueles que foram afetados pelo pecado, permitindo que eles tenham tais danos reparados (curando-os) e depois anunciar a eminente chegada do Reino de Deus. Esse que já havia chegado com o Messias e que está mais perto do Seu juízo.

Um clamor aos moradores (v.10) – Aqui está uma lição para os nossos dias, talvez estejamos muitos acomodados em nossa igreja, nosso testemunho não está passando dessas paredes. É necessário que façamos aquilo que é ordenado aqui, clamar sobre Araripina por seu arrependimento.

O pó sacudido (v.11) – Essa era uma forma de demonstrar indignação e juízo comum aos tempos bíblicos. Significa que nem o pó daquela cidade merece permanecer conosco. As vezes que temos compreendido mal essas palavras. Existe muita insistência na permanência em locais que não frutificam nada hoje em dia.

Menos rigor a Sodoma (v.12) – Aqui está a continuação do verso anterior, significa que as cidades impenitentes são menos culpadas do que aqueles que negam receber o Evangelho.

As orientações expostas hoje tem um duplo significado. Servem primeiramente para os ministros, aqueles que vão ao campo e também para os crentes comuns. Precisamos reavaliar nossas estratégias e nossa visão do campo. Precisamos ainda orar pelos obreiros, pois, ainda existe muita Seara, precisamos ser pessoas simples que estejam comprometidos com o campo que o Senhor nos confia, bem como precisamos lançar um novo olhar sobre as cidades que devemos pregar.

Tudo isso deve ser feito com muita submissão, conforme aqueles que haviam sido enviados foram. Busquemos direção de Deus para tão grande obra e que o Senhor nos ajude neste particular.


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