segunda-feira, 14 de julho de 2014

As nossas murmurações significam o total desconhecimento de Deus

Números 11. 1-3

Nosso propósito é refletirmos no poder que nossas murmurações têm de nos ocasionar nossa própria ruína. Para tanto estaremos contemplando o capítulo 11 do livro de Números. Essa parte significativa das Escrituras nos diz muito sobre as consequências de desejarmos aquilo que Deus não desejou para nós. 

Poucos de nós aprenderam nessa vida algo que as Escrituras chamam de “contentamento”. Não somos como apóstolo Paulo que disse em Filipenses 4.11-13: "Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece". Ele disse isso porque era um cristão experiente que tinha aprendido muito em sua caminhada diante do Senhor.

Os israelitas nessa porção das Escrituras estavam em sua caminhada em direção a Canaã. E nessa jornada haviam experimentado muitos milagres divinos e mesmo a assistência de Deus no deserto. Como nós sabemos o deserto tem esse nome em razão de quase nada florescer por lá. É uma espécie de treinamento para o cristão, um exemplo de como Deus nos abençoa mesmo em situações adversas, mas o deserto também é um lugar de provas espirituais.

Algumas provas da providência de Deus nesse lugar inóspito já haviam sido dadas ao povo. Em Refidim o povo aprendeu que Deus é a sua fonte das águas (Êx. 17. 1-7), Deus um pouco antes havia enviado o Maná, uma espécie de pão que era mandado pela própria mão de Deus, todos os dias, com exceção do sábado (Êx. 16.1-10), e mesmo codornizes já haviam sido enviadas pelo Senhor, após mais uma murmuração do povo (Êx. 16.11-21). Logo, esse povo conhecia o Deus Elohim Yir’eh (Deus da providência) que Abraão conheceu em Moriá (Gn. 22.8). Eles tinham prova desse cuidado, mas mesmo assim seus corações se tornaram murmuradores contra Deus.

Hoje estaremos meditando no seguinte título: “As nossas murmurações significam o total desconhecimento de Deus”. Não que quando murmuramos somos como os descrentes, mas que revelamos características dos gentios, dos ímpios, que colocam sua confiança não naquilo que não se vê, mas apenas naquilo que se pode ver e tocar.

Diante disso, chamo a atenção da igreja para três verdades expostas no texto quanto às nossas murmurações:

O Egito pode nos fazer esquecer o Maná (vv.1-9)
Espiritualmente o Egito simboliza o velho homem, a velha vida vivida em pecado, as antigas confianças mundanas em nosso braço e uma série de coisas que nos identificam com os descrentes. Como povo eleito Israel tinha sido levado ao deserto para ser provado por Deus. E muitos foram reprovados, vejamos o que nos ensina essa parte de nosso texto:
Uma punição silenciosa (v.1-3) – Algumas coisas nos chamam atenção aqui: 1) “Aos ouvidos do Senhor” (v.1 parte a)” – Essa murmuração não foi feita a Moisés, mas o povo que a fez veladamente, algo que para Deus é como se fosse feito publicamente, visto que Ele tudo escuta; 2) Os consumidos na extremidade do arraial (v.1 parte b) – Esses podem ter sido os primeiros a serem mortos em razão de estarem perto da coluna de fogo e terem iniciado a murmuração. Eles foram os primeiros, mas a murmuração já havia contagiado o restante. Em seguida é feita uma oração com o intuito de aplacar a ira de Deus, mas a questão ainda não havia sido resolvida (v.2 e 3).
O “populacho” no meio do arraial e seus desejos (vv.4-5) – A murmuração continua agora na parte central do arraial. Essa não foi iniciada pelos hebreus, mas por um povo misto que havia saído com Israel do Egito, alguns defendem que esse povo havia se tornado misto em razão de casamentos entre hebreus e egípcios. A queixa era por aquilo que o Egito oferecia carne, peixe de graça; pepinos, melões, alhos silvestres, cebolas e alhos. O povo foi inflado e contagiado pela murmuração.
O maná (vv.6-9) – A crítica do povo era direcionada ao Maná (v.6), logo estava relacionada à própria providência de Deus. Eles não estavam interessados no sustento miraculoso, mas nos antigos alimentos, mesmo que isso significasse a exaltação do Egito. Nos versos seguintes (7-9) o escritor nos fornece algumas informações sobre o Maná.

Em meio às murmurações a liderança se desgasta (vv.10-29). 
Nos versos 10 a 30 vemos uma capítulo dramático do evento aqui relato. Moisés acha demasiadamente pesado o seu cargo, vejamos como o Senhor escuta a oração imprecatória de Moisés e como Ele usa esse fato para aliviar a carga de Moisés:
Uma oração imprecatória (vv.10-15) – Moisés havia sido chamado para liderar um povo grande. Sua tarefa era realmente pesada, além disso, ele era parte do povo. No caso em questão, ele ouviu o choro do povo à porta de sua tenda (v.10). Ele mesmo não suportou a pressão e clamou a Deus de forma imprecatória, como alguns salmistas. Isso não nos faz ter o direito de orar assim, pois apenas alguns homens conseguiram isso porque foram conduzidos pelo Espírito para falar de tal forma com o Senhor.
Auxiliadores para Moisés e a mão do Senhor (vv.16-23) – Deus entende que Moisés estava realmente precisando de auxiliares. Esses recebem a capacitação divina para a tarefa (v.17). Seriam 70 anciões que ajudariam no trabalho da tenda. Isso tirou o peso de Moisés. Também Moisés duvida da mão de Deus (vv.21-22) e a resposta do Senhor é imediata, “a mão de Deus não estava curta” (v.23), logo, Ele tinha poder para alimentar o povo, mesmo que isso parecesse impossível.
A profecia dos auxiliares (vv. 24-30) – Os anciões foram visitados por Deus copiosamente a ponto de profetizar, mas isso aconteceu apenas uma vez e nunca mais. Porém, Eldade e Medade que estavam entre os primeiros, mas pelo visto não ajudaram na tenda (v.26). Houve espanto por parte de alguns e Josué resolveu intervir (vv.27-28). A resposta de Moisés reflete a característica que se espera de todo aquele que pertence a Deus (vv.29-30). Somos um povo consagrado a profecia, ao anúncio e deveríamos sempre ser assim.

A providência também expõe o juízo de Deus (vv.31-35)
Ainda que Deus tenha se apiedado do povo, ainda era necessário exercer o juízo. O povo em seu clamor desejava o Egito, causando grande ira no Senhor. Vejamos o que fez Deus quanto a isso:
Codornizes são enviadas (vv.31-32) – Deus enviou um vento que as trouxe até o arraial dos israelitas. E as vez voar baixo, há metros do chão, algo sobrenatural aconteceu, pois esses pássaros voam alto. Todo o povo colheu as codornizes e houve abundância.
A carne entre os dentes (v.33) – Não se diz aqui menção ao número de mortos nesta ocasião, nem  tão pouco àqueles que morreram antes, mas ficou clara a insatisfação de Deus quanto ao povo.
Quibrote-Hataavá (vv. 34-35) – Esse lugar recebeu um novo batismo, pois se tornou um memorial da desobediência e do desejo ímpio do povo. Todos o que passavam por essas terras eram convidados a refletir sobre tal acontecimento.

Algumas lições podem ser retiradas desse texto, convido-o a analisar comigo elas:
1)   Nossas reclamações têm limites. Ás vezes elas revelam pecados secretos que o Senhor pode contemplá-los;
2)   Deus não nos aceitará que vivamos em uma vida de murmúrio e insatisfação. Se ele nos dá o que precisamos seria algo muito sério desejar aquilo que não precisamos, sendo isso contra a vontade do Senhor;
3)   Deus pode nos conceder algo que Ele não quer nos dar, mas isso não faz parte de Sua providência e sim do Seu juízo e o fim é muito trágico.

Essa história nos faz lembrar o quanto o Senhor é bondoso conosco, o quanto Ele cuida do Seu povo. O quanto Ele nos sustém no deserto e que deveríamos busca-lo em santidade e contentamento, sem desprezar as ricas e copiosas bênçãos que Ele nos dá.

Que Ele nos livre de sermos julgados dessa forma. Que possamos desenvolver o contentamento, pois isso nos ajudará na caminhada. O que Ele tem para nós é sempre o melhor, mesmo que não vejamos dessa forma. Deus nos abençoe, amém.


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