segunda-feira, 21 de julho de 2014

O testemunho de Jesus para os descrentes e Sua importância escatológica


Mateus 12.38-42

É natural que nós nos preocupemos com o tipo de mensagem que deve ser dado aos descrentes quanto a aquilo que cremos. Muitos chamam isso de contextualização, alcance dos não crentes e outros termos, o fato é que nessas palavras Jesus nos indica qual testemunho deve ser apresentado a aqueles que o desejam conhecer e também demonstrar qual será o tipo de exaltação que o mundo inteiro verá, quando de Sua segunda vinda.

No movimento do século passado conhecido como “alta crítica”, o livro de Jonas foi considerado mitológico em razão de conter a narrativa de Jonas no estômago do grande peixe. Com essa declaração de Jesus sobre Jonas, os conservadores explicam que se Jonas era mitológico, logo Jesus não podia ser quem dizia ser, ou seja, Deus, pois sendo assim estaria acreditando em estórias e não conhecendo todas as coisas. O fato é que Jesus é Deus e ao citar Jonas, Ele põe fim a toda e qualquer dúvida sobre esse livro.

No texto em questão, Jesus é mais uma vez interpelado por uma audiência incrédula relacionada ao grupo mais religioso do seus dias, os sacerdotes. O modo como Jesus trata esse grupo serve para que conheçamos basicamente aquilo que o Senhor deseja fazer com aqueles que duvidam de sua Palavra. Será que aqui, nesse texto, vemos Jesus se preocupando em convencer os descrentes de que Ele era o cristo? Será que podemos concordar que Ele está de braços abertos para todos? Vejamos o que o texto nos diz a esse respeito.

Antes de prosseguirmos, gostaria de chamar a atenção da igreja para o seguinte título: “O testemunho de Jesus para os descrentes e Sua importância escatológica”. Justifico o título com a argumentação que esses propósitos são a intenção do evangelista nesse texto. Observemos como isso afeta nossa consideração na igreja a respeito daquilo que Jesus espera dos descrentes:

Os sinais de Jesus para uma geração má e adultera (vv.38-40). Os judeus que eram a audiência de Jesus nesse texto, tinham sido alertados quanto ao fato de não estarem produzindo frutos (vv. 33-37). No verso 34 Jesus os tinha chamado de “raça de víboras”, com isso fica mais ou menos esclarecida a solicitação para os tais sinais sugeridos aqui, vejamos, as implicações desse pedido:

Os judeus e os sinais (v.38) – Paulo, como bom Judeu, conhecia essa característica de seu povo. Mesmo em seus dias essa demanda era exigida por eles (1 Co 1.22). Os judeus tinham sido visitados por muitos sinais no passado, a época que estamos lendo aqui, foi a última grande época desses sinais, mesmo nesse período nada ocorria no sentido de se comparar com os grandes dias do passado. Jesus já tinha operado grandes sinais, mas esses desejam ver mais ainda, como se o Senhor estivesse ali para atender a curiosidade ímpia deles.

O sinal de Jonas (v.39) – Jesus teve um ministério público, logo a resposta que Ele direciona aos judeus parece não evocar algo para todos verem. O sinal mencionado aqui tem uma conotação velada, Ele está se referindo à Sua ressurreição, logo, algo que poucos tiveram acesso e não o mundo inteiro. O sinal para os descrentes então tinha uma conotação mais enigmática do que a própria vida do Senhor, se eles não conseguiram discerni-lo em Seu ministério terreno imagine na ressurreição.

O maior de todos os sinais (v.40) – Nenhum dos grandes sinais realizados por Cristo tem o peso de Sua ressurreição. Ela é a própria essência do cristianismo, Paulo chega a dizer que se ela não existisse seria “vã a nossa fé” (1 Co 15.17). Nenhum morto ressuscitado, nem cego que recuperou a visão, nenhuma profecia se compara a ressurreição. É interessante que Jesus recomende a ressurreição como sinal, porque ela é um benefício apenas daqueles que a recebem pela fé e não para todos.

O arrependimento dos ninivitas prova da cegueira de uma geração (v.41). A partir daqui nosso Senhor inicia Sua própria defesa argumentando que Ele é maior do que Jonas e do que Salomão. Vejamos o que isso significa para nós:

Ninivitas no juízo – Esse tipo de argumento é bem peculiar ao Senhor. Principalmente pelo entendimento da salvação não restrita apenas aos judeus que Ele estava anunciando, mas também porque mostra a misericórdia divina para com povos como os Assírios de Nínive, sua capital. Povo conhecido pela brutalidade e impiedade, mas que foi alvo da pregação de Jonas.

Juízo e condenação – O Senhor aponta para o fato dos judeus que estavam falando com Cristo serem alvo no futuro de Juízo. Os ninivitas são a prova de que mesmo um povo totalmente ímpio pode se converter ao Senhor. Israel, no entanto, mesmo tendo um passado tão glorioso e a própria presença de Cristo, seria condenado por incredulidade.

O arrependimento dos ninivitas – O coração endurecido pelo pecado é a prova de que não tencionamos crer em Cristo. Assim como esses homens cultos, hoje em dia muitos mantêm essa mesma disposição e enfrentarão futuramente o mesmo juízo que aqueles também deverão enfrentar.

A importância escatológica de Cristo em face da incredulidade (v.42). A rainha do sul, também conhecida como rainha de Sabá (1 Rs 10.1-13), demonstrou o quanto é importante conhecer a sabedoria divina através de Salomão, assim, Jesus compara Sua sabedoria a de Salomão, vejamos o que Ele nos ensina também aqui:

O juízo da rainha – A exemplo dos ninivitas, essa rainha gentílica também estará de pé no dia do juízo contra os descrentes. Ela o fara isso por sua fidelidade e confiança na sabedoria de Deus, observada quando ela ouviu da fama de Salomão. Viajou longa distância apenas para conhecer tal sabedoria, sendo exemplo para todos que devem vir até Cristo para ouvi-lo.

Jesus maior do que Salomão – Se para ouvir um homem a rainha em questão percorreu uma distância tão grande, porque não corremos para ouvir a Cristo. Quantos hoje em dia têm outros conselhos em maior estima e não escutam Cristo com atenção. Jesus é maior do que Salomão, mesmo o ensino de Salomão é inferior ao de Cristo e ainda hoje muitos o estão abandonando.

Jesus não era e não é um gênio da lâmpada para atender os nossos desejos. Não dizemos a Ele o que Ele deve fazer. Ele é soberano. Nossa fé nele consiste em crermos no poder de Sua Palavra e ressurreição não em Seus milagres. Ele é misericordioso e nos concede que vejamos a Sua obra em nós e isso nos faz aumentar a fé. Os judeus não pediam sinais tendo como objetivo aumentar a fé, visto que eles não tinham nenhuma.


Nosso Evangelho é uma pregação centrada na cruz, também não temos muito a oferecer a aqueles que buscam sinais e sabedoria. Pregamos apenas o Cristo crucificado e apenas isso. Ao apresentar a sabedoria de Cristo só podemos dizer que ela é loucura para esse mundo, mas para os que creem é poder de Deus. Vivemos confiados apenas nesse poder e tudo que passar disso é pérfido e pecaminoso. Deus nos faça conhecer a Cristo cabalmente. Amém. 

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