quarta-feira, 28 de julho de 2010

A EVANGELIZAÇÃO DO HOMEM – UMA GUERRA MENTAL


A alma humana, bem como, toda a sua complexidade foi afetada drasticamente pela queda. O homem, após este fato histórico, foi grandemente atingido de forma a se obliterar imensamente contra Deus e o mundo proposto pelo Senhor. A queda histórica não foi um evento preso a super história da humanidade como querem os liberais, mas aconteceu realmente, seus efeitos são perceptíveis e imensamente danosos à humanidade. Assim, como defendeu Francis Shaffer em seu livro A Verdadeira Espiritualidade, tal condição submeteu o homem a uma imensa defesa psicológica, contra o conceito de Deus.
A guerra mental acontece quando este homem caído arma defesa contra a proposta redentiva do Reino de Deus. Dois níveis estão envolvidos nesta questão toda. Primeiro existe a voluntariedade e a disposição própria do indivíduo para fazer de Deus uma tese desconexa com sua visão de vida. Isso porque a adequação ao conceito de Deus lhe é frontalmente distinta. Depois, secundariamente, ele está envolvido porque não consegue fugir da batalha, por nascer do lado abertamente opositor ao conceito de Deus.
A evangelização da igreja de Cristo ao ter como foco o alcance das almas cativas, envolve-se diretamente com o “front” desta guerra e com suas implicações conflituosas. A partir do anúncio de Cristo se descortina a tensão do conflito, onde o conceito divino é tido como um elemento estranho ao pecador, fazendo-o agir, quase instantaneamente, de modo contrário. O evangelista ao se envolver com esta guerra assume a responsabilidade de conduzir-se a um nível de comprometimento espiritual, sendo ele mesmo atingido pelas as implicações do conceito anti-Deus, ou seja, é alvo daquilo que ele se propõe obstacular. Isso é a causa de ser uma verdadeira luta ater-se a evangelização, mas do que ao combate mental sobre teologia, a ação social e outras facetas do ministério cristão.
Desenvolver o conceito divino na alma humana é desafiador para a igreja em tempo integral. Desde quando se inicia a evangelização até a entrega do fiel de sua alma ao Criador. Digo isto no sentido de não ser fácil viver na atual conjuntura hodierna, característica do homem em rebelião, que mesmo sendo alcançado pelo Evangelho ainda precisa se desvencilhar da oposição a Deus, do conceito anti-Deus de sua própria natureza caída, que luta para se submeter inteiramente ao Criador. Esta luta recebe o nome de santificação e dura toda a vida.
O homem com o conceito anti-Deus atuando plenamente nas faculdades da sua mente é, portanto, confrontado abertamente neste embate que estamos falando. Tem a ver com o posicionamento interno e externo da humanidade e sem a distinção sofremos pelo antagonismo existente entre as partes, mas ainda assim estamos nos posicionando em qualquer dos dois lados. Quando um cristão se opõe a sua tarefa de ser um instrumento de modificação e de embate contra o conceito anti-Deus, ele contribui consubstancialmente para sua própria ruína, visto que, internamente o combate que a Bíblia chama de bom, é sufocado pela preguiça e pelo ócio, além de suas próprias forças, além do estado que clama pelo conceito divino que expande a visão de Deus a todas as áreas da vida.
A função divina nisto tudo é imensamente percebida em todos os momentos do embate, desde o suprimento redentivo da predestinação da Palavra para a conversão, até os efeitos sentidos quando o pecador triunfa sobre o pecado e conseqüentemente expande o conceito divino, interna e externamente. Logo, Deus tem seu envolvimento integral e pleno neste embate mental. Ele se preocupa com o aliciamento dos envolvidos, pois predestina os meios e os fins para isso. Ele focaliza aqueles foram escolhidos, descortinando as sujidades próprias ao pecador, fazendo verem-se como desmerecedores de favor é então por isso que podem entender o conceito da graça atuante na mente e nas faculdades do eleito. Seu Espírito pessoal e residente na alma que é encontrada por Ele é deveras norteador no que tange a sujeição do homem interior. Sendo claro o entendimento daquilo que acontece no interno, refletindo no que é externo. Isso mina a oposição anti-Deus inerente ao pecador e subjuga a rebelião contumaz.
A guerra da evangelização começa na mente isso nada tem a ver com a idéia de que voluntariamente o homem tem o poder de se voltar para Deus, mas com o conceito de aprisionamento da mente caída submissa por condições distintas do conceito divino apresentado pela Palavra de Deus. Deus e apenas Deus, tem o poder de subjugar as mentes caídas. O Evangelho nos torna compartilhadores da mesma função e não agentes diretos da aplicação do conceito divino de transformação do homem. Isto exclui a jactância e o orgulho da obra missionária, quando somos meramente instrumentos e compartilhadores da obra redentiva proposta por Deus.
Talvez a explicação de que o Evangelho é um homem sedento dizendo a outro homem sedento onde tem água seja amplamente compreendido aqui. Quando anunciamos o Evangelho não o fazemos de forma indiferente, mas nos envolvemos com aquilo que nos propomos anunciar. É, portanto, uma via de mão dupla aonde eu vou e volto, onde vivo aquilo que prego e não sou indiferente quanto a isso.
Temos então, uma luta mental a travar. E isso acontece em duplicidade. Luto contra o meu próprio conceito anti-Deus. Luto a fim de vê-lo subjugado por Cristo e nocauteado pela graça divina. Mas também luto com o conceito anti-Deus do meu próximo, daquele que está comigo pelo caminho, aquele que ainda não percebeu a necessidade de se voltar para Cristo. O anúncio do Evangelho é a vitória do conceito divino da humanidade restaurada, refletindo sua nuances na sociedade, artes, ciência, cultura e comportamento. É o triunfo da alma que está sendo restaurada, que se completará perfeitamente com Cristo em Sua glória.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Uma proposta evangelística para a Reforma



Caros irmãos, o presente post nasce da necessidade de definirmos didaticamente o que se propõe com esse blog EVANGELISMO E REFORMA. É a síntese de um pensamento pretendido, trazer a Reforma ao contexto brasileiro por meio de alguns fatores necessários, dentre eles nos propomos a promover o evangelismo. Já falamos aqui em outras oportunidades a respeito de como evangelizar em uma igreja calvinista, também falamos da pouca visibilidade quanto a este fator em igrejas de tradição reformada. Mas ainda resta explorarmos a temática evangelismo para a Reforma, isso ainda não foi contemplado e eu gostaria meditar sobre este assunto.
Diante disso, proponho uma análise sincera dos objetivos da evangelização como um todo. Uma pergunta sincera seria, "porque evangelizar?", este é o cerne da motivação para sair ao campo. Respondo dizendo que evangelizar é entender a necessidade dramática que se encontra o homem sem Deus. Ele está caído e suplantado pela situação calamitosa que o pecado original nos condicionou. Ou seja, sem Deus no mundo, escravo do pecado, morto em delitos, em inimizada contra Deus e sendo alguém contraditório. Tudo isso o faz desnorteado espiritualmente e isso é refletido em suas escolhas e na degradante situação do mundo atual. Violento, moralmente falido, alheio a vida com Deus. Isso tudo nos faz evangelizar, nasce portanto, da misericórdia compartilhada entre os filhos de Deus que entendem que o único meio de reverter este quadro é compartilhar o Evangelho.
Creio também que a motivação que nos faz evangelizar está na ordem dada pelo Senhor sobre a evangelização. Quando de Sua ressureição, o Senhor estava preocupado diretamente com esta missão. O evangelismo, portanto, faz parte do propósito soberano de Deus. É mister à igreja, é sua função. O Senhor espera da igreja que ela evangelize. Nem tanto as atividades, ou programações regulares contribuem de alguma maneira para a masificação da igreja, mas o evangelismo está no cerne, está na busca pelo alcance da glória de Cristo em todas as nações. É, portante, a multiplicação do território espiritual onde a glória de Deus se manifesta. Nada, absolutamente nada a ver com campanhas espirituais da batalha espiritual de nossos dias. Tem a ver com o subjulgar da mente descrente. Apresentar o evangelho é disimpidir os olhos cegos, é fazer enxergar que a vida sem Deus é fugaz e efêmera, absolutamente alienada e totalmente degradante a humanidade. Ao contrário do que se crê, a fé cristã não é um escapismo de mentes fragilizadas, mas o refúgio seguro de uma alma cansada. Cansada com as dores de um mundo confuso, fuga de amizades, quase sempre inadequadas e uma série de frustrações para com a prática do pecado que é uma anomalia para um coração que esteve diante das suas sugidades.
Evangelizamos, portanto, porque é um ato de misericórdia. Evangelizamos porque estamos sendo convocados para uma guerra mental, convocada pelo Senhor e que porque essa tarefa revela a glória de Deus. O evangelismo, como já foi dito em outro lugar por aqui, é a vida da igreja, maior do que as outras tarefas. Uma igreja que não evangeliza está contra suas obrigações primárias. Foge de sua tarefa básica e é uma anomalia institucional. O evangelismo também, nos dias de hoje, precisa ser repensado. São interessantes os velhos métodos de porta a porta, praça pública e assim por diante. Mas é mais eficaz ainda um evangelismo que aproveito dos atuais recursos de comunicação como internet, televião, rádio e outros. É necessário ainda a propaganda, com o uso inteligente. Antes de ser uma comercialização da fé é um recurso indispensável para se promover a temática da igreja para o alcance de um público alvo. A propaganda quando feita com sabedoria pode alcançar aqueles que de outra forma seriam inalcansáveis. É verdade, que assim como os outros métodos antigos isso só não é suficiente, é necessária ainda uma contemplação de um discipulado eficiente. Uma igreja que se propõe a ser evangelística não deve desconsiderar o discipulado, filhos não são apenas gerados, são educados conforme os valores dos pais, assim sendo o evangelismo não termina com um panfleto, ou com uma propaganda, ele continua na formação de Cristo na alma do homem e isso acontece no discipulado eficiente.
A igreja moderna precisa estar atenta para a necessidade básica do evangelismo e percorrer o caminho do aprendizado da época e formatar um conceito que contemple nova dinâmicas para o evangelismo. Sem esta iniciativa outros movimentos subjulgadores de opiniões terão mais efeito. Igrejas sadias evangelizam e discipulam de modo atual e eficaz.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Ansiedade


A esperança que se adia faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida (Pv 13.12)

A ansiedade é um dos grandes desafios para o homem moderno. Apesar dos inúmeros avanços em áreas como a informática, tecnologia e outras, a nossa geração pode ser conhecida como a geração da ansiedade. Esta ansiedade tem sido até mesmo a causa de algumas doenças psicológicas, trazendo patologias até então desconhecidas e que ainda estão sendo estudadas pelos especialistas.
Mas o que dizer das implicações trazidas pelo texto em questão? Certamente, traz-nos uma compreensão de como lidar com este importante assunto. Somos levados a concluir que a esperança é vista pelo escritor bíblico como algo a ser nutrido, mas desde que não seja para toda a vida, ou seja, não é justo que se espere muito por algo, pois, naturalmente ao pormos nossa confiança em Deus estamos certos do cumprimento de suas promessas para conosco e evidentemente devemos crer na efetuação destas mesmas promessas.
É importante também aguardar tais bênçãos em condições realmente seguras, visto que para muitos a fundamentação da esperança em muitos casos baseia-se apenas em expectativas pueris e sem nenhuma segurança consistente. É certo que a religiosidade de muitos tem sofrido ataques consideráveis por uma série de fatores e que ensinar o homem moderno a confiar em promessas divinas é uma tarefa árdua e plenamente dependente do propósito divino. Só que este conceito é o único que pode permanecer em dias tão relativistas. O ensinamento de que as promessas de Deus são inalienáveis e seguras para os eleitos é uma consolação que muitos têm desconsiderado e consequentemente até muitas pessoas que tem acesso a religião tem deixado a desejar no exercício da sua própria fé.
É preciso saber ainda que aqueles que dependem de Deus quanto as suas expectativas e professa a religião cristã devem exercer esta fé apenas pelos princípios da Palavra de Deus, caso contrário esta esperança será também fundamentada em princípios movediços, alimentados por superstições e doutrinas estranhas, anulando plenamente a segurança desta esperança. Quanto àquele que realmente crê e espera por promessas que lhe foram dirigidas, que tem sido consolado na perseverança piedosa e paciente, fundamentada na Palavra de Deus, deve, ainda que tais bênçãos possam parecer, quanto ao cumprimento, demoradas, acreditar que o Senhor nos confia a esperança para desenvolver em nós o caráter de Cristo, a paciência e o nosso próprio crescimento espiritual. Logo, a esperança que faz adoecer o coração é a esperança que não é firmada na fé genuína, que se fundamenta em princípios meramente carnais e humanos. Sem dúvida, por esta razão, adoece a alma, pois acumula para si inúmeras frustrações e decepções.
Este texto ainda traz a implicação de que somos movidos por este entendimento a termos nossa esperança fundamentada nas conseqüências desta. A prova de que nossas expectativas não são alicerçadas no erro é própria efetuação desta. As promessas foram feitas para trazer por meio do êxito das mesmas, a alegria da consumação. Satisfazendo aquele a quem foi destinada. Esta esperança no texto é comparada a árvore da vida, símbolo pleno de todas as expectativas do genuíno fiel. A árvore que foi escondida dos pecadores é reconsiderada no plano eterno de Deus, específico para os eleitos, pois, somente eles podem ser consolados quanto a esta esperança.
Ainda que para este mundo cético e não religioso a mensagem da esperança possa parecer outra incerteza e outra frustração ela é diferenciada pelo próprio objetivo que ela direciona. O objetivo é trazer esperança para um mundo sem esperança. É fazer homens e mulheres que anteriormente eram atribulados por inúmeras inseguranças, crer de forma segura e espiritual. Lembremo-nos de consolações como “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt. 28.20) e saibamos que mesmo acreditando contra a esperança, não a real esperança, mas a movediça esperança destes tempos, vejamos a concretização de nossas expectativas, pois que fez as promessas aos santos é Fiel.
O aguardo perfeito, desenvolvido a partir de um entendimento de fé é o que verdadeiramente consola o coração e faz experimentar os reais benefícios da verdadeira esperança. Citando o apóstolo Paulo nós também “Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito: Eu cri; por isso, é que falei. Também nós cremos; por isso, também falamos” (1 Co.4.13), falamos para que nos ouçam todos aqueles que não nutrem esta esperança que existe consolação para projetos feitos tendo como objetivo a glória de Deus. É nesta esperança inalienável que morreram nossos pais na fé, e em que vive todo aquele que se aproxima de Deus, é nesta esperança que devemos viver se quisermos escapar do gélido ceticismo que decrépita o nossos tempos. Fazendo da Igreja de Deus o solo seguro da esperança e da consolação para este mundo sem paz.
Deus nos ajude a experimentarmos os frutos advindos da árvore da vida quando exercermos a nossa esperança confiada apenas na graça de Deus, direcionada aos seus eleitos, mas para ser compartilhada com todos os homens. Seja esta a nossa mais sincera confiança.

terça-feira, 13 de julho de 2010

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PACTO DE LAUSANNE-PARTE 1


INTRODUÇÃO: O pacto de Lausanne foi um congresso mundial que reuniu representantes de igrejas evangélicas de todo o mundo na cidade de Lausanne na Suiça, no ano de 1974. As implicações levantadas pelos membros do Congresso serão avaliadas no decorrer desses dias. Por esta razão, convido a todos a considerarmos o mesmo.

ARTIGO 1 – DO PROPÓSITO DE DEUS.
Afirmamos a nossa crença no único Deus eterno, Criador e Senhor do Mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas segundo o propósito da sua vontade. Ele tem chamado do mundo um povo para si, enviando-o novamente ao mundo como seus servos e testemunhas, para estender o seu reino, edificar o corpo de Cristo, e também para a glória do seu nome. Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos com o fato de que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito Santo, desejamos dedicar-nos novamente.

1) Deus e a dependência do homem na missão - O início da reflexão do Pacto de Lausanne aborda a crença comum, entre os cristãos, no Deus eterno, este que também é Criador de todas as coisas, subsistindo triunamente em seu Ser, sendo Pai, Filho e Espírito Santo. Imediatamente a isso se inclui a confirmação de que esse Deus governa todas as coisas. Logo, os teólogos que redigiram o Pacto não são existencialistas, ou teólogos relacionais, mas crêem firmemente na administração de Deus por Sua exclusiva vontade.
Sendo assim as missões que desejam levar o nome de cristãs, não podem se esquecer destes fundamentos, pois assim como é anômalo uma criança nascer com duas cabeças é também monstruoso um evangelismo que não creia em um Deus trino, que seja deficiente na administração da obra criada e que suas ações não tenham como foco manifestar em todo o planejamento esta doutrina. O verdadeiro evangelismo cristão se preocupa com a total dependência dos evangelizadores, igrejas, agências missionárias e outros interessados na expansão do Reino de Deus. Evitando o extremo de se conduzir por normas pragmáticas que franqueiem apenas o lucro ou avanço denominacional, em contrapartida excluindo Deus e Seus interesses soberanos na evangelização.

2) A função do povo chamado – A segunda declaração do Pacto aborda a função do povo. Ora, uma vez que o evangelismo chama homens e mulheres estes têm que ter um propósito que se relacione internamente com o chamado. O Pacto defende que estes são primeiramente chamados do mundo e depois enviados ao mundo, esta consideração tem a ver com a base da evangelização, um evangelista e um descrente, alguém já disse que “onde houver um coração sem Deus aí existe um campo missionário” e confio plenamente nisso. O descrente até ser chamado ainda faz parte do mundo, nele ainda operam forças contrastantes ao Reino de Deus, ainda são filhos da perdição, cegos e inimigos de Deus, por esta razão, convém ao evangelista lançar a rede da pregação, resgatando do mundo e fazendo habitar nas regiões celestes com Cristo, tornando-o não mais um mundano, mas um redimido.
Posteriormente esse mesmo que foi salvo é chamado a continuar a obra que lhe alcançou. A maior dificuldade nas igrejas atuais e inserir o novo convertido no trabalho. Isso acontece porque pouca ênfase é dada a necessidade de se fazer discípulos. Logo vemos nessas igrejas a estagnação quase imediata de recém convertido. Mas o Pacto defende o envio dos conversos ao anúncio, como continuadores deste chamado, eles são conclamados a serem servos e testemunhas do que lhes foi feito, assim como a mulher samaritana.
Imediatamente o artigo defende a finalidade desta tarefa, atribuindo a este intento a necessidade de estender o Reino, com isso está claro o mandato cultural de cada crente, onde o indivíduo, uma vez inserido no corpo de Cristo, é chamado a anunciar o Salvador por sua influência, presença intelectual e participação cultural, lançando a influência do Reino em todos os setores da sociedade.
Outra consideração feita quanto a isso é a edificação do corpo de Cristo. Uma vez que não há referência aqui a ministérios vocacionados, acredito que os teólogos queriam enfatizar a necessidade de cada crente tem em ser um cooperador na edificação, ficando como auxílio do ministério vocacionado. É o despertar do ministério leigo que auxilia os que têm uma vocação específica, sendo ele também um vocacionado, mas com ênfase ao auxílio dos demais ministérios.
Finalmente eles indicam outra necessidade desse chamado ao lembrar que estes são também conduzidos a glorificar o nome do Senhor. Evidentemente isso tem a ver com o culto, com a glorificação tanto particular como pública da vida do cristão. É o inserir do converso a também proclamar a glória de Deus, fazendo encontrar-se com sua função primaz como ser humano (vide Catecismo Maior de Westminster resposta primeira).

3) Uma confissão sincera – A terceira parte do artigo reflete uma confissão sincera daquilo que não tem sido feito pela maioria das denominações. Nesta os escritores lamentam estarem envergonhados por negligenciar o chamado que é dado a todos, levando a conseqüente falha do propósito. Confessam que a missão tem falhado e este reconhecimento é o pano de fundo para uma mudança de postura. Enquanto não reconhecermos este propósito, propósito este que foi anunciado por Cristo no momento posterior a Sua ressurreição como moto de todos os cristãos, estaremos fugindo do nosso compromisso enquanto igreja. Que este exemplo seja vislumbrado por denominações protestantes e com igrejas locais, para que o esforço comum nos leve a presenciarmos uma nova época nas igrejas protestantes.
Ainda uma declaração extremamente séria é levantada pelos escritores. Eles confessam a relação promíscua que a igreja mantém com o mundo. Essa relação fez com que o evangelismo gradativamente fosse abandonado, pois igreja mundanas descrêem da necessidade de evangelizar, por uma razão óbvia, sem o entendimento de que estamos anunciando a pessoas perdidas não teremos a necessidade de alcançá-las para Cristo. Ainda outro fator é mencionado quanto a isso, o reconhecimento do isolacionismo denominacional e local. Este é a causa da pouca evangelização, quando igrejas inteiras se voltam para suas atividades corriqueiras, que nada tem a ver com o alcance das almas, mas apenas com o culto, estudos bíblicos e inúmeros outros compromissos. Não que estas não sejam menos importantes, mas que não deveriam negligenciar o alcance dos perdidos, fazendo minar a fé dos membros destas igrejas.

4) O retorno a tarefa inicial – Algo animador é tratado pelos escritores do Pacto, o fato da reunião que hora se realizava ser um incentivo a mudança de atitude. Os mesmos se alegram por este fato. Reconhece-se que somos vasos de barro, mas que o evangelho é o bem mais precioso da igreja e que essa riqueza não deve ser escondida ou esquecida, mas proclamada com intrepidez novamente. Relembra-se que devemos tornar esta riqueza conhecida, não por vias usuais, mas pelo poder do Espírito Santo a fim de que nossa mensagem respalde-se apenas no poder de Deus. A isto informam os escritores, desejam se dedicar.

CONCLUSÃO: O primeiro artigo do Pacto de Lausanne nos faz considerar o quanto a igreja daqueles dias estava necessitada de uma nova visão quanto ao evangelismo. O tempo passou e mesmo assim temos visto igrejas, membros e denominações inteiras desconsiderando sua tarefa. Que essa reflexão nos faça mudar e que essa mudança nos faça ir ao campo e buscarmos os perdidos para a glória de Deus.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A história da Igreja Presbiteriana em Ouricuri-PE



A fim de que haja um registro eletrônico da história da Igreja Presbiteriana do Brasil em Ouricuri-PE, bem como uma melhor localização do nosso trabalho, resolvi publicar algumas informações úteis para que crentes presbiterianos que buscam congregar em sua igreja, quando de estadia em Ouricuri, possam saber que funcionamos pela graça de Deus nesta cidade e estamos prontos para recebê-los.

O Campo Missionário Presbiteriano de Ouricuri é um campo da Igreja Presbiteriana do Brasil, portanto, fazemos parte do ramo histórico do protestantismo, denominado reformado ou calvinista. Recebe este nome por pertencer ao ramo protestante suiço encabeçado por João Calvino, reformador françês que atuou em Genebra, Suiça, no século XVI. O calvinismo tem suas doutrinas fundamentais estabelecidas por credos históricos, como a Confissão de Fé de Westminster, Catecismo de Heidelberg e a Confissão Helvética. A Igreja Presbiteriana do Brasil completou no ano passado (2009)150 anos de atuação no Brasil e teve seu primeiro missionário, enviado pela Junta de Missões da Igreja Presbiteriana da América o rev. Ashbel G. Simonton. Sendo considerada a primeira igreja evangélica que destinava sua mensagem aos brasileiros.

O Campo Missionário de Ouricuri-PE é um campo sob a administração da Junta de Missões Nacionais-IPB e do Presbitério de Petrolina PRPE. O campo foi fundado em 29 de Outubro de 1995, por iniciativa do Reverendo Arnaldo Matias, então presidente do presbitério Vale do Pajeú, que empreendeu esforços enviando duas missionárias para dar continuidade ao trabalho no município.

Mais tarde o campo passou à jurisdição da JMN-IPB que mantinha missionários no campo, bem como sustentava financeiramente com despesas que se faziam necessárias, ações características da administração da Junta em nosso território.

Em 2006 a administração desse campo, bem como dos demais da região do Araripe, passaram ao PRPE, Presbitério de Petrolina, onde foi enviado para este campo o então candidato ao sagrado ministério Marcelino Silva Oliveira. O reverendo Marcelino ficou a frente do trabalho nos anos de 2006 e 2007. Sendo substituido pelo então candidato ao sagrado ministério o evangelista Juan Carlos Pantaleão, o mesmo foi seu pastor no ano de 2008.

Em Janeiro do ano de 2009 chega ao campo o reverendo Fabiano Ramos Gomes para dar continuidade ao trabalho e desde então tem sido o pastor responsável pelo campo. O Campo não possui templo próprio, mas um prédio comercial alugado na av. Fernando Bezerra 984, no centro de Ouricuri-PE. Tem sua membresia alocada na cidade de Ouricuri e na zona rural do município, mais precisamente a comunidade de Passagem de Pedras. Os cultos públicos acontecem nas quartas feiras (19:30), quintas feiras (Passagem de Pedras), e domingos, com dois momentos EBD (9:30) e Culto Solene (19:30).

Todos são imensamente bem vindos, nosso lema é "Adorando a Deus por meio das Escrituras". Procure-nos também pelo telefone (87)9611-6857 e pelos e-mail fabianocfw@yahoo.com.br.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A ABORDAGEM EVANGELÍSTICA PARA O SERTANEJO


Cumulativamente, o pensamento a respeito do homem sertanejo é deveras distorcido e contraditório no entendimento intelectual brasileiro. Desde da obra “Os sertões” de Euclides da Cunha, várias abordagens diversificadas tem sido dadas para a origem do homem sertanejo. A mescla da raça é fator determinante na formação do povo nordestino. O cruzamento de raças distintas formou um povo mulato, caboclo e misto. Só que as implicações etnológicas não são suficientes para a devida compreensão de um povo, apenas explica externamente sua origem, mas não implicações mais abrangentes. Por esta razão, é necessário compreender a formação da língua, da cosmovisão e outros fatores necessários.

Neste povo complexo vemos o aparecimento de um contexto religioso altamente místico, diferentemente dos centros intelectuais do litoral brasileiro, o sertão configura-se como um ambiente propício para o surgimento de lendas, heróis sertanejos como Lampião, Padre Cícero e outros folclóricos personagens.
A instrução do povo, por conseguinte é caracterizada por uma constante negligência às massas menos influentes, por esta razão é tão importante o contexto coronelista do interior nordestino. O povo aprendeu a depender dos favores de líderes regionais que muitas vezes eram o único meio de se conseguir algum benefício. Desta sujeição surge a insegurança e a desconfiança tão característica deste povo. Ainda resta na alma sertaneja a esperança de que as migalhas do poder público irão, de alguma forma, solucionar suas quimeras.

Além do que foi anteriormente exposto subsiste o fato da religiosidade nordestina ser altamente vinculada a estas características, ou seja, marcada pelo sincretismo religioso de um catolicismo místico e de crendices populares. Tal sujeição intelectual, política e religiosa fazem do vigário um dos mais importantes mentores da alma sertaneja, residindo nele às aspirações religiosas. Talvez por esta razão o catolicismo seja tão premente no sertanejo, o senso de mediação exercido pelo vigário, seus diversos santos que explicam a falta de chuva bem como algumas crendices, fazem parte do imaginário sertanejo. Neste, qualquer intromissão religiosa é tida como uma verdadeira afronta a alma sertaneja, que vê em seus símbolos seculares a explicação do sofrimento do abandono e da comunhão.

O evangelismo neste contexto deve, ao meu modo de ver, entender as diversas dificuldades existentes deste povo, que ao contrário dos grandes centros da sociedade brasileira ficou vinculado a um grande sentimento interiorano de religiosidade, muito identificado com seus símbolos e sua cultura. Característica esta que faz o sertão nordestino ainda pouco alcançado. Cidades médias desta região são mais propícias a quebra destas características, por causa do pensamento cosmopolita e inovador, refletindo a entrada das diversas culturas sertanejas, bem como setores mais identificados com os grandes centros sociais. Mas cidades pequenas pela pouca influência desses ramos pouco são influenciados. Por esta razão, a pregação ao sertanejo não deve substituir as crendices católicas, fazendo pontes culturais contrastantes com o evangelho, mas reproduzir uma temática voltada para os anseios do povo, bem como uma adaptação cultural, não necessariamente litúrgica, mas proeminente no sentido de abordagem e linguagem.

Ao povo sertanejo deve-se ser empreendida uma mescla de tradição purificada por uma visão bíblica, enfatizando os valores culturais riquíssimos do sertanejo, bem como aflorar uma temática de profundidade escriturística. Esta temática aplicada à sociedade nordestina influenciará as massas mais suscetíveis, por uma questão cultural própria, bem como ser proeminentemente respeitadora de símbolos naturais do sertanejo.
Não adianta implantar o ponto de vista evangelístico empreendido nos grandes centros culturais da sociedade brasileira. Tal posicionamento pode ser visto como abertamente contrários a tradição sertaneja e ser fator descriminante, criando subclasses culturais no sistema nordestino. Isso já tem sido vivenciado quando na mentalidade popular “os crentes” são vistos como um povo alienígena e diferenciado que optaram pela negação da cultura e da forma de viver simples do homem nordestino.

Na temática da evangelização do sertanejo não se busca a quebra da tradição, a não ser que esta seja flagrantemente famigerada biblicamente, caso contrário a preservação de certos símbolos será muito bem visto pela alma sertaneja. É necessária, de forma urgente, uma abordagem que seja menos ofensiva e mais respeitosa, que expila os símbolos culturais ofensivos a doutrina do evangelho, mas que contemple o entendimento da cosmovisão sertaneja. Não tentando desmistificá-la a todo custo, jogando fora o bebê junto com a água da bacia, mas sendo mais criteriosos no julgamento dos símbolos. Boas interpretações simbólicas não taxam todas as coisas de pagãs, mas analisam as mesmas por uma perspectiva de influencia intelectual, valorizando os símbolos, mas não descartando os mesmos de forma leviana.

No empreendimento do alcance do homem sertanejo a temática deve ser rediscutida, para que as massas ainda não alcançadas sejam contempladas, não como um “estupro” cultural, mas uma abordagem piedosa e voltada para contemplação dos anseios e sentimentos do homem como um todo. Este deve ser o pensamento daqueles que desejam alcançar o sertanejo. Deus nos faça aclarar mais este entendimento e que multidões de almas sertanejas se rendam a Cristo, sem crendices, sem símbolos místicos, mas definitivamente fiéis ao genuíno evangelho.


Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

POR QUE EVANGELIZAR EM UMA IGREJA DE FÉ REFORMADA


Várias são as desculpas para a inércia e para o escapismo. A evangelização é considerada como o termômetro da igreja. Se há evangelização, há preocupação pelas almas perdidas, conseqüentemente há empenho e sobrevida em uma comunidade. É verdade que muitas ações que têm sido introduzidas no atual evangelicalismo, no que tange à evangelização, são escancaradamente pragmáticas e por isso devem ser repudiadas. Mas também é verdade que existe a tendência de que em algumas comunidades reformadas o evangelismo seja negligenciado e até mesmo desprestigiado, não havendo espaço para se discutir estratégias e planos para o alcance dos perdidos.

Sem dúvida em algumas comunidades remanescentes da Reforma Protestante este fato é claramente percebido. Várias são as atribuições pastorais e defendo aqui um zelo para com as diversas facetas do ministério, como a reforma do culto, a doutrinação do povo, entre outros pontos, mas defender uma postura pouco agressiva quanto ao chamado cristão para o evangelismo é algo que deve ser evitado.
Que fique claro que aqueles que estão preocupados com temas teológicos e assuntos que purificariam suas denominações são temas urgentes. Creio que devemos necessariamente nos preocupar com isso e que jamais deve haver empenho em uma Reforma se questões elementares da fé reformada forem esquecidos, mas o que dizer da preocupação básica de alcance dos perdidos? 

A fé reformada historicamente tem sido alvo de vários ataques caluniosos, dentre eles aquele que diz que o calvinismo é empecilho para o evangelismo. Os defensores deste ponto de vista argumentam que a doutrina da soberania de Deus e a predestinação são doutrinas irreconciliáveis para quem deseja empreender o evangelismo. Quanto a isso não precisamos nos preocupar em responder. É esmagador o testemunho histórico que prova o contrário dessa tese. Basta olhar para as grandes agências missionárias criadas por reformados ao longo do cristianismo, bem como os grandes movimentos de avivamentos existentes em igrejas filhas da Reforma que produziram nomes como D. L. Moody, Charles Haddon Spurgeon, John Owen, Richard Baxter, George Withifield, Jonathan Edwards, entre outros. Todos comprometidos com o evangelismo e com a complexidade da fé reformada.

Seja também mencionada aqui a enorme contribuição da Reforma em todos os países que Deus agradou-se instalá-la. Visto que a contribuição reformada vai muito além de campanhas evangelísticas (nada contra), muito além de movimentos esporádicos de mobilização missionária. Pois a Reforma é uma cosmovisão, que abarca valores escriturísticos a toda a sociedade, trazendo efeitos a curto, médio e longo prazo em todos os setores que alcança. Basta olhar para os países reformados como Suíça, Holanda e EUA. Neles veremos o imenso legado histórico de nações que foram impactadas pela genuína pregação reformada, influência que chega até os nossos dias, mesmo que distorcidas pelo tempo.

Quando um pastor empreende incentivar a Reforma na vida da igreja ele deve ter em mente a preocupação com a salvação dos perdidos. A doutrina da eleição não fornece base para a apatia ministerial, nem tão pouco para a falta de amor em anunciar o evangelho. Muito pelo contrário, incendiados com o ardor evangelístico devemos anunciar o evangelho completo, da maneira como aprendemos na exposição reformada, simples, sereno e eficaz afim de que os homens entendam o chamado divino e se rendam ao Senhor em um solo seguro, o solo da doutrina reformada, alicerçada na genuína Palavra de Deus.

Logo, nossa obrigação é deveras grandiosa, pois não somos pragmáticos, evangelizamos com a certeza de que horas a fio são necessárias para desenvolver a fé dos eleitos. Nosso trabalho não termina quando damos um panfleto, nem tão pouco quando recebemos visitantes em nossas igrejas, começa quando acaba o outro. Ele é seguro no doutrinamento, ele é eficaz na prática vivenciada e por assim dizer estável, não sujeito às motivações alheias que fazem o convertido buscar o que seja melhor ou aprazível. 

Quem dera as nossas igrejas e pastores parecem de se desculpar do seu crescimento e do pouco sucesso ministerial. Quem dera olhássemos para trás e víssemos a grande nuvem de testemunhas que nos são fonte de inspiração. Quem dera olhássemos para o futuro e víssemos o enorme desafio que é plantarmos igrejas que sejam comprometidas com o evangelho reformado, mas que este não seja desculpa para apresentarmos o nosso relatório culpando a não eleição e o crescimento das seitas neo pentecostais como algo que agrada a nossa sociedade acostumada com o misticismo. A razão de não crescermos está na falta de motivação para evangelizar, bem como em outras prioridades que não o anúncio de Cristo. Façamos o trabalho de Deus sabedores de que Ele nos honrará. Maranata, ora vem Senhor Jesus (Apocalipse 22.20).




Soli Deo Gloria!