terça-feira, 13 de julho de 2010

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PACTO DE LAUSANNE-PARTE 1


INTRODUÇÃO: O pacto de Lausanne foi um congresso mundial que reuniu representantes de igrejas evangélicas de todo o mundo na cidade de Lausanne na Suiça, no ano de 1974. As implicações levantadas pelos membros do Congresso serão avaliadas no decorrer desses dias. Por esta razão, convido a todos a considerarmos o mesmo.

ARTIGO 1 – DO PROPÓSITO DE DEUS.
Afirmamos a nossa crença no único Deus eterno, Criador e Senhor do Mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas segundo o propósito da sua vontade. Ele tem chamado do mundo um povo para si, enviando-o novamente ao mundo como seus servos e testemunhas, para estender o seu reino, edificar o corpo de Cristo, e também para a glória do seu nome. Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos com o fato de que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito Santo, desejamos dedicar-nos novamente.

1) Deus e a dependência do homem na missão - O início da reflexão do Pacto de Lausanne aborda a crença comum, entre os cristãos, no Deus eterno, este que também é Criador de todas as coisas, subsistindo triunamente em seu Ser, sendo Pai, Filho e Espírito Santo. Imediatamente a isso se inclui a confirmação de que esse Deus governa todas as coisas. Logo, os teólogos que redigiram o Pacto não são existencialistas, ou teólogos relacionais, mas crêem firmemente na administração de Deus por Sua exclusiva vontade.
Sendo assim as missões que desejam levar o nome de cristãs, não podem se esquecer destes fundamentos, pois assim como é anômalo uma criança nascer com duas cabeças é também monstruoso um evangelismo que não creia em um Deus trino, que seja deficiente na administração da obra criada e que suas ações não tenham como foco manifestar em todo o planejamento esta doutrina. O verdadeiro evangelismo cristão se preocupa com a total dependência dos evangelizadores, igrejas, agências missionárias e outros interessados na expansão do Reino de Deus. Evitando o extremo de se conduzir por normas pragmáticas que franqueiem apenas o lucro ou avanço denominacional, em contrapartida excluindo Deus e Seus interesses soberanos na evangelização.

2) A função do povo chamado – A segunda declaração do Pacto aborda a função do povo. Ora, uma vez que o evangelismo chama homens e mulheres estes têm que ter um propósito que se relacione internamente com o chamado. O Pacto defende que estes são primeiramente chamados do mundo e depois enviados ao mundo, esta consideração tem a ver com a base da evangelização, um evangelista e um descrente, alguém já disse que “onde houver um coração sem Deus aí existe um campo missionário” e confio plenamente nisso. O descrente até ser chamado ainda faz parte do mundo, nele ainda operam forças contrastantes ao Reino de Deus, ainda são filhos da perdição, cegos e inimigos de Deus, por esta razão, convém ao evangelista lançar a rede da pregação, resgatando do mundo e fazendo habitar nas regiões celestes com Cristo, tornando-o não mais um mundano, mas um redimido.
Posteriormente esse mesmo que foi salvo é chamado a continuar a obra que lhe alcançou. A maior dificuldade nas igrejas atuais e inserir o novo convertido no trabalho. Isso acontece porque pouca ênfase é dada a necessidade de se fazer discípulos. Logo vemos nessas igrejas a estagnação quase imediata de recém convertido. Mas o Pacto defende o envio dos conversos ao anúncio, como continuadores deste chamado, eles são conclamados a serem servos e testemunhas do que lhes foi feito, assim como a mulher samaritana.
Imediatamente o artigo defende a finalidade desta tarefa, atribuindo a este intento a necessidade de estender o Reino, com isso está claro o mandato cultural de cada crente, onde o indivíduo, uma vez inserido no corpo de Cristo, é chamado a anunciar o Salvador por sua influência, presença intelectual e participação cultural, lançando a influência do Reino em todos os setores da sociedade.
Outra consideração feita quanto a isso é a edificação do corpo de Cristo. Uma vez que não há referência aqui a ministérios vocacionados, acredito que os teólogos queriam enfatizar a necessidade de cada crente tem em ser um cooperador na edificação, ficando como auxílio do ministério vocacionado. É o despertar do ministério leigo que auxilia os que têm uma vocação específica, sendo ele também um vocacionado, mas com ênfase ao auxílio dos demais ministérios.
Finalmente eles indicam outra necessidade desse chamado ao lembrar que estes são também conduzidos a glorificar o nome do Senhor. Evidentemente isso tem a ver com o culto, com a glorificação tanto particular como pública da vida do cristão. É o inserir do converso a também proclamar a glória de Deus, fazendo encontrar-se com sua função primaz como ser humano (vide Catecismo Maior de Westminster resposta primeira).

3) Uma confissão sincera – A terceira parte do artigo reflete uma confissão sincera daquilo que não tem sido feito pela maioria das denominações. Nesta os escritores lamentam estarem envergonhados por negligenciar o chamado que é dado a todos, levando a conseqüente falha do propósito. Confessam que a missão tem falhado e este reconhecimento é o pano de fundo para uma mudança de postura. Enquanto não reconhecermos este propósito, propósito este que foi anunciado por Cristo no momento posterior a Sua ressurreição como moto de todos os cristãos, estaremos fugindo do nosso compromisso enquanto igreja. Que este exemplo seja vislumbrado por denominações protestantes e com igrejas locais, para que o esforço comum nos leve a presenciarmos uma nova época nas igrejas protestantes.
Ainda uma declaração extremamente séria é levantada pelos escritores. Eles confessam a relação promíscua que a igreja mantém com o mundo. Essa relação fez com que o evangelismo gradativamente fosse abandonado, pois igreja mundanas descrêem da necessidade de evangelizar, por uma razão óbvia, sem o entendimento de que estamos anunciando a pessoas perdidas não teremos a necessidade de alcançá-las para Cristo. Ainda outro fator é mencionado quanto a isso, o reconhecimento do isolacionismo denominacional e local. Este é a causa da pouca evangelização, quando igrejas inteiras se voltam para suas atividades corriqueiras, que nada tem a ver com o alcance das almas, mas apenas com o culto, estudos bíblicos e inúmeros outros compromissos. Não que estas não sejam menos importantes, mas que não deveriam negligenciar o alcance dos perdidos, fazendo minar a fé dos membros destas igrejas.

4) O retorno a tarefa inicial – Algo animador é tratado pelos escritores do Pacto, o fato da reunião que hora se realizava ser um incentivo a mudança de atitude. Os mesmos se alegram por este fato. Reconhece-se que somos vasos de barro, mas que o evangelho é o bem mais precioso da igreja e que essa riqueza não deve ser escondida ou esquecida, mas proclamada com intrepidez novamente. Relembra-se que devemos tornar esta riqueza conhecida, não por vias usuais, mas pelo poder do Espírito Santo a fim de que nossa mensagem respalde-se apenas no poder de Deus. A isto informam os escritores, desejam se dedicar.

CONCLUSÃO: O primeiro artigo do Pacto de Lausanne nos faz considerar o quanto a igreja daqueles dias estava necessitada de uma nova visão quanto ao evangelismo. O tempo passou e mesmo assim temos visto igrejas, membros e denominações inteiras desconsiderando sua tarefa. Que essa reflexão nos faça mudar e que essa mudança nos faça ir ao campo e buscarmos os perdidos para a glória de Deus.

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