segunda-feira, 26 de abril de 2010

AS PRISÕES QUE NÓS MESMOS CRIAMOS



Poucas coisas nos deixam mais indignados do que a suspensão de direitos básicos que são legados ao homem. Grandes conquistas, todas de caráter benéfico para toda a humanidade, foram ganhas em arenas muitas vezes infestadas de adversidades, no que se refere a avanços no estabelecimento da paz, concórdia e direitos igualitários entre as diferenças de ordem social, econômica e religiosa. Uma dessas grandes conquistas foi à declaração de Genebra, onde prisioneiros em vários conflitos tiveram como baluarte, direitos assistidos por esse tratado.
Essa declaração nos mostra que todo ser humano têm direitos e que na condição de prisioneiro devem ser respeitados por facções políticas, nações e todos aqueles que, a título de ideologia resolverem abster, quem quer que seja do seu direito de ir e vir.
Parece-me que hoje alguns, na esfera espiritual, fazem com que esses avanços que atingiram as diversas relações entre frentes ideológicas, partidos políticos e nações não sejam vivenciados em suas vidas junto a Cristo. Certamente, considerações quanto as diferenças entre um contexto e outro devem ser feitas, se quisermos manter o equilíbrio naquilo que nos propomos defender. Na esfera natural as nuances de injustiça acontecem porque alguém resolve fazer uso da impiedade e surrupia certos direitos que são constituídos para a manutenção da ordem e das relações entre frentes antagônicas. Já na esfera espiritual o homem já nasce sem direitos. Esses foram perdidos no momento em que este, voluntariamente pecou quando era representado por seu pai espiritual Adão. Alguns quanto a isso podem objetar insistindo que isso nada tem a ver com justiça e que tal entendimento retira do homem, como ser livre, o direito de voluntariamente buscar o que é reto. Só que nada mais resta ao homem uma vez que este não pode buscar o que é reto e diante de Deus sua justiça não pode ter nenhum efeito.
A verdadeira liberdade para o ser humano deve ser objetivada, não partindo de um prisma reacionário ou ideológico de convicções afins, mas com o entendimento de que sem Cristo o homem permanece acorrentado em inúmeras algemas que são a este, impossíveis de vencê-las.
Quão desastroso é ver o homem angariar sempre conceitos, dos mais diversos, por instinto ou por uma elucubração de senso comum, ou até por um conceito de dignidade que por si só não reflete a causa de sua grande miséria ou é fictícia e irreal. Buscando em sua sabedoria questionável soluções para os seus graves conflitos que ele mesmo não consegue resolver, nem em si mesmo e nem tão pouco em seu próximo.
O problema do homem está na sua inimizade contra Deus. Ele mesmo desejou e alimenta constantemente esta inimizade quando ridiculariza o caminho do Senhor e se entrega aos mais diversos vícios em sua vida fugaz. Na ânsia por tentar se auto-justificar perante aquilo que ele julga de correto, recorre a artifícios retirados de pseudos-gurus que os direcionam em argumentos e pensamentos falazes.
O único meio de acalmar esta relação conflitante entre o homem e Deus é a pessoa do Mediador. Nele a alma destituída das vaidades efêmeras desta época pode compreender o tamanho do seu delito. E não procurará se defender a custas de velhas historietas que pervertem o mais néscio dos incautos. A justiça e todas as suas cogitações sobre ética e dignidade, certamente se completam. Só que para compreender tais nuances devemos recorrer ao supremo tratado que são as Sagradas Escrituras. Neste livro somos conduzidos ao pó. Quando nos vemos menos do que nada, quando nos achamos os mais miseráveis de todos os homens e não com engomados e racionais, segundo esse século, aí então estaremos caminhando para o perfeito equilíbrio entre equidade e justiça.
Nada é mais completo do que a racionalização espiritual das Sagradas Escrituras sobre direito e humanidade. A Bíblia, como reflexo do Seu Autor é o manual por excelência que nos conduz ao respeito ao próprio, manutenção do direito do outrem, relações igualitárias entre partes distintas entre outros benefícios que poderiam, sem nenhum problema governar toda a humanidade.
As idiossincrasias de muitos não teriam essa posição como algo salutar. Evidentemente, alguns vão sugerir que retornar a tais princípios seria o mesmo do que retornar ao obscurantismo e a idade das trevas, como se vivêssemos pautados na luz do Evangelho fosse obscurecer a claridade que os novos tempos têm trazido. Nada que tenha o selo da religião hoje é desejado. Os formadores de opinião são unânimes em defender conceitos que induzam as grandes massas a serem eminentemente contra a religião e partidários do secular. A religião passou a ser uma praga mortal para essa nova sociedade, é uma imposição ao direito de escolha do homem e é vista como fator desvinculador das instituições assim chamadas “democráticas”.
Creio que inevitavelmente aqueles que defendem os direitos e as conquistas da humanidade e que aprendem nas bancadas das universidades influenciadas por perspectivas ultrapassadas e decadentes, são instruídos voluntariamente a se afundarem em poço de ignorância espiritual. Nada pode ser tão retrógrado do que esta postural fundamentalista defendida por esses intelectualóides de plantão. As algemas e amarras que eles mesmos criam serão suas ruínas se não forem conduzidos pela portentosa mão de Deus a graça e misericórdia ofertada pelo Salvador. Aquele que pode abater o pecador e destituí-lo que qualquer jactância. Que Deus nos convença de todo pecado, amém.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Mercantilismo da Fé entre os evangélicos brasileiros

O evangelicalismo brasileiro tem gosto por inovações. É por esta razão que se importa quase todas as práticas do americano sem qualquer filtro. Assim sendo, como lá ocorre, vemos aqui o aparecimento de tele-evangelistas que se apropriam de grande soma de dinheiro, em sua maioria, provinientes das ofertas de membros de todas as denominações, que a pretexto de promoção do evangelho, necessita de que haja mantenedores para as suas campanhas evangelísticas. Algumas indagações devem ser feitas a esse respeito.
1) Qual a base bíblica para esta prática de pedir doações para ministérios independentes? Ao meu modo de ver não existe nenhuma base para isso, pois a Bíblia ensina que ofertas e dízimos são direcionados a manutenção da "casa do Senhor" (Malaquias 3.10) e não para a manutenção de ministérios auto-independentes. Logo essa prática é algo novo e não pode ser visto como algo que os cristãos devem fazer para promover o Reino de Deus.
2) A desculpa de que Paulo tinha um ministério independente. Isso é uma grande inverdade, Paulo estava ligado a ministério apóstolico, deixado pelo Senhor Jesus no colégio de apóstolos. Ele prestava contas a Deus primeiramente e depois aos demais apóstolos, pois os mesmos deveriam pregar o mesmo evangelho (Galátas 1.9). Outra peculiaridade do apóstolo Paulo era sua ênfase missionária, o que não tem nada a ver com ministério independente. É uma grande falácia associar o ministério paulino aos novos tele-evangelistas.
3) A contribuição com o Reino de Deus. Várias são as formas de divulgar os princípios do Reino e até mesmo os meios televisivos são úteis nesta promoção, só que dizer que tal ou tal pastor merece a credibilidade das ofertas é realmente muito pretencioso. Vários escândalos ocorreram nos Estados Unidos, onde pastores tele-evangelistas protagonizaram cenas deploráveis, quando não poderam comprovar as doações, sendo presos por falsidade ideológica e irriquecimento ilícito. Não estou aqui dizendo que estes tupiniquins comportam-se da mesma maneira, mas se pode comprovar de onde provem os seus recursos, uma vez que nosso sistema previdenciário é mais falho do que o americano e existem inúmeras leis que podem favorecer a sonegação dos impostos e a prestação de contas.
Não me envolvo com estes ministérios, não apenas por sua falta de lesura, mas também por achar que existem outros meios de se apoiar e se divulgar o Reino de Deus, é o caso do próprio dízimo nas igrejas locais e o investimento em missões e associações filantrópicas mantidas pelas igrejas.
No cerne de tudo isso está o imediatismo de tentar alcançar o mundo com meios evangelizem as massas e não o cuidado árduo do discipulado. Além da grande capacidade argumentativa desses tele-evangelistas que ganham na lábia multidões de incaltos, que sem reflexão alguma lhes sustentam.

terça-feira, 13 de abril de 2010

De que é a culpa do deslizamento do morro do Bumba?

Mais uma vez o país ficou pasmado. Entra ano e sai ano e nos acostumamos em ver notícias trágicas de deslizamentos de morros em favelas das grandes cidades brasileiras. Mas algo fica em nossa mente e é a inquietante pergunta, de quem é a culpa?
Os políticos culpam a sociedade carente por invadir áreas que não poderiam ser ocupadas. Os mais pobres culpam a sociedade capitalista e mais abastada por não se dar prioridade a uma maior distribuição de renda e assim consecutivamente. Não é fácil chegarmos à resposta desta pergunta, antes de respondê-la é preciso olhar para a história de nosso país e ver que esse catastrófico incidente é prenunciado há muito tempo atrás. Desde a política empregada pela monarquia na questão escravagista, até o restante da nossa história marcada por golpes políticos, ditaduras militares e outras tantas intempéries que acometeram e marcaram profundamente nossa sociedade.
O morro do Bumba não era um morro comum. Era um morro de lixo, pois é fruto da ocupação de um lixão na década de 70 e 80. Morro que expôs a ferida de uma sociedade injusta e desigual como a nossa. É realmente preocupante a imagem que o mundo faz do Brasil, mas é mais grave ainda a imagem que o brasileiro tem de sua própria pátria. A imagem é de uma nação que cansou de viver anos e anos de uma política corrupta, mal planejada, antidemocrática e leviana. Os princípios que norteiam nossa sociedade são próprios das nações mais atrasadas do mundo e conseqüentemente produz no brasileiro o desejo de não mais ansiar com uma evolução social que parece nunca vir.
Pergunto sinceramente se não é o caso de entregarmos os pontos e deixarmos de acreditar nas campanhas políticas e nas promessas, quase sempre inatingíveis de nossos governantes? Mas, ao mesmo tempo percebo que o brasileiro é um povo otimista. Um povo que ainda acredita. É isso que nos faz ser o país do futuro. Mesmo que pareça que este futuro jamais chegue.
Aqueles moradores do morro do Bumba em Niterói não estão solitários em sua dor. É claro que a dor que eles passam neste momento é maior do que qualquer coisa que possamos imaginar. Mas eles são nossos representantes em meio à dor. Eles têm a nossa cor, eles têm a nossa fala, cheiram a suor de trabalhadores honestos. Criaram seus filhos com dignidade e a maioria são homens e mulheres dignos. Assim é o nosso povo. Povo que não agüenta mais tanta hipocrisia. Muitas perguntas devem ser feitas, mas talvez a maior delas seja se ano que vem teremos a reprise desses fatos em outra favela em uma das nossas grandes cidades?
Esse texto é um memorial os cidadãos do morro do Bumba. Que Deus em sua infinita misericórdia, ampare os gemidos daquela população sofrida. Que Ele nos conduza a não temer o futuro. As grandes nações são fortes porque venceram grandes desafios. O gigante deitado eternamente em berço esplendido precisa se levantar. Aprender a superar as dificuldades, formar políticos honestos, como é honesto o nosso povo e aprendermos a desenvolver outros princípios, princípios que apontem para Deus e para o Seu Evangelho. Que norteiem um povo que não tem auto-estima, que não tem solução em sua pobreza e que precisa, mais do que nunca, olhar para Deus. Deus abençoe os valorosos brasileiros de Niterói, Rio de Janeiro, morro do Bumba, Brasil.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Responsabilidade Humana


Que tendes vós, vós que acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?
(Jeremias 18.2)

O presente texto acima nos mostra um adágio popular em Israel nos dias do profeta Jeremias, segundo o qual a idéia da retribuição punitiva de Deus alcançaria as gerações futuras, como se o Senhor fosse um deus iracundo e cruel que não levasse em consideração a justiça e a retidão.
Tal profecia esclarece o modo pelo qual Deus desenvolve seus métodos justíssimos no trato com o pecado e com o pecador. Tendo isso em mente estaremos realçando quais são as implicações deste esclarecedor texto sacro, uma vez que nós como calvinistas, muitas vezes somos acusados injustamente de sermos fatalistas por nossos opositores. Escutemos o que diz a Palavra e dela tiremos nossas conclusões.
O verso 2 e verso 3 servem como uma introdução do assunto a ser ventilado. Mostra o quanto Deus entendia que este ditado distorcia o conceito de justiça a Ele aplicado e o quanto uma idéia equivocada do Senhor pode perverter a fé de alguns incautos. Por esta razão estes dois versículos demonstram o repúdio de Deus quanto a esses boatos maliciosos que depreciavam a Sua imagem.
No verso 4 o Senhor começa a demonstrar a Sua própria exposição a respeito do tema indicando que a Sua justiça é acima de todo o padrão moral imposto pelos homens porque todas as almas de todos os seres humanos lhe pertencem por natureza. Como digno Criador de todas as coisas o Senhor arroga para si o direito único de legislar sobre as suas criaturas e súditos. Isso é demonstrado de maneira a enfatizar que tanto a alma do pai como a do filho lhe pertencem. Isso indica a possessão perpétua de todos os filhos dos homens e no caso contemplado, ao povo de Sua Aliança como súditos e servos. Também no verso 4 Ele indica um refrão repetido no texto em foco, “a alma que pecar, essa morrerá”.  Isso contraria definitivamente a argumentação do adágio judaico e demonstra como a justiça divina alcança individualmente os seres humanos de forma justa e eficaz.
A partir do verso 5 até o 9 Ele nos indica como e de que maneira Ele requer a retidão, dando exemplos claros de uma alma pia e justa. Começando pelo o que é dito no verso 5 vemos a declaração “o homem justo e fazendo o juízo e justiça”. Parece, um tanto quanto redundante tal uso de palavras, mas não é precisamente isso que o Senhor tenciona e a ordem das palavras diz muito para esclarecer o que Ele tenciona mostrar, ou seja, a primeira expressão é diretamente derivada das procedentes, significa que alguém justo usa do juízo e da justiça para efetuar um caráter justo. A questão do juízo tem a ver diretamente com a prática dos preceitos do Senhor, de como se comporta um verdadeiro servo do Senhor seguindo os Estatutos da Lei e do Evangelho. A última palavra justiça denota este caráter renovado, direcionado pelo Espírito de Deus e contemplado pelos homens. Portanto, este verso também introduz algo ventilado a posteriori, ou seja o caráter mencionado mais adiante.
A partir do verso 6 se observa uma série de manifestações deste caráter aprovado. Ele indica que este homem aprovado não pode comer carne sacrificada (algo condenado também no concílio de Jerusalém em Atos 15.29). Nesta época havia o costume de se invocar deuses estranhos em Israel, a presente expressão atenta para esta consideração quando menciona o “comer” nos montes, prática repudiada por Deus, como o Deus da Aliança, o proprietário do Seu povo escolhido. Aquele que assim se comportava dava claros indícios se sua rebeldia e apostasia, portanto não podia fazer parte do povo de Deus, nem tão pouca ter uma conduta elogiada por Deus. A mesma questão da idolatria também é tratada mais adiante quando o Senhor fala sobre o olhar para os ídolos da casa de Israel, certamente isso não quer indicar o mero ato de ver em si, mas o fato de cultuar o ídolo, no intuído de recorrê-lo para alcançar algum favor. Tal atitude como pecado notório deveria ser punida, por esta razão este homem não poderia manifestar um caráter aprovado. Outra recomendação para se ter um caráter aprovado é não se contaminar com a mulher do próximo, essa declaração também explicita no decálogo (Êx 20. 1-17), visa estabelecer a pureza do povo escolhido nas questões referentes a sexualidade, abominando e repudiando o adultério. A última declaração de um caráter reto no verso em questão é o achegar-se a mulher no período da sua menstruação. Isso tem a ver, semelhantemente ao anterior, com a pureza das relações íntimas, bem como preservar o povo de forma higiênica e segura, pois tal é o cuidado do Senhor para conosco.
No verso 7 vemos outras informações de como o Senhor exige justiça do seu povo. Ele começa o verso com retidão dos relacionamentos comerciais da nação escolhida. O verdadeiro servo de Deus deve em tudo observar as exigências morais impostas pela Palavra e até mesmo sobre questões comerciais deve reger-se por ela. No caso em questão, Ele aborda a condição de que o fiel é aquele presta serviços financeiros, que tem bens penhorados sob seu poder. Ele não deve incentivar a ganância do proprietário do penhor, mas fazer com que aquele que com poucas condições penhorou tenha plenas condições de reaver o bem penhorado, pois lhe pertence e as condições de pagamentos devem ser justas. Outra consideração ressaltada é questão do roubo. Toda e qualquer apropriação de bem de forma escusa constitui-se em furto. Seja o ato de usurpar algo de forma fácil, bem como o uso de empreendimentos no intuito de burlar a lei e adquirir fontes ilegítimas, seja do governo, seja de empresas e por ai por diante. Esta é uma prática muito comum nestes dias e tem sido a ruína de nossa sociedade, recebendo conseqüentemente a reprovação divina. A última questão mencionada neste texto é o caráter aprovado por meio da filantropia. O verdadeiro servo de Deus deve ser o mais diligente filantropo da sociedade. Infelizmente essa prática vem sendo soterrada por escombros de uma teologia altamente individualista, que pouco dá atenção a necessidade eclesiástica, tanto coletiva como individualmente de se fomentar a prática do auxílio aos mais necessitados. Principalmente em países como o nosso tão ineficaz nesta assistência é dever da Igreja viabilizar estas ações.
Novamente no verso 8 o Senhor retorna as relações comerciais dos seus súditos. Ele indica que alguém de coração reto não pode emprestar o seu dinheiro com usura, e com isso ele quer dar a entender que ninguém deve enriquecer-se de modo a tirar proveito de uma necessidade de outrem. Quem pede emprestado deve pagar o débito de maneira justa, sem o acréscimo de juros injustos e inviáveis de pagamento. No final do verso 8 ele aborda a conduta do servo de Deus de fazer a justiça de modo imparcial. Certamente esta exigência divina evoca os princípios que deveria ser defendido por todo jurista verdadeiramente justo, ou seja, ninguém deve ser favorecido diante da justiça, essa deve ser cega é imparcial. Algo muito esquecido em nossos dias nessa pátria tupiniquim.
Por fim o verso nove faz uma síntese do que fora dito anteriormente, ou seja, o servo de Cristo anda nos Estatutos do Senhor. Ele o guarda no coração (Sl 119.11) de modo a exercer a justiça por meio de uma mente renovada. Este por meio da graça infundida que o capacita a cumprir as exigências da Lei o torna justo é aceitável a Deus por meio de Cristo, de tal maneira que o habilita as venturas de um caráter aprovado, fazendo-o verdadeiramente digno habitante do Reino Celeste, justificado e amado, alcançando copiosas munificências do favor divino. Este receberá a benevolência da vida no lugar da condenação da morte, pela fidelidade alcança, graças à mediação do Salvador o Senhor Jesus Cristo.
A partir do verso 10 o texto sacro começa especular a respeito da possibilidade desse homem mencionado acima gerar um filho e este for transgressor e ladrão, ou até mesmo associado com estas práticas sem considerar os caminhos do seu pai. A partir deste versículo ele torna a repetir o que tinha dito acima a respeito das práticas que foram evitadas, entretanto, o filho em questão não as considera, tal argumentação prossegue até o verso de número 17.
Portanto, o caminho do filho deve ser totalmente independente do pai, assim como todos prestaremos contas de nossas ações pessoais. Antes de fazermos julgamentos precipatados sobre este texto é necessário analizá-lo a luz do seu contexto, assim sendo, observaremos que esse texto não fornece base para pregar-se um fatalismo, nem tão pouco pregar-se o arminianismo. Falta uma análise séria e por assim dizer compromisso com o significado real. Recuperemos este significado e entendemos o que o texto exige de nós.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Armando e Alfredo. Irmãos que precisam se entender

A igreja brasileira em suas distintas correntes podem ao meu modo de ver, ser por analogia, distinguida por duas personalidades fictícias. É como se houvesse no evangelicalimo duas pessoas que transmitem fielmente as características de dois grupos antagônicos do nosso momento. São eles os pentecostais que chamaremos de Alfredo e os tradicionais que chamaremos de Armando. Como se comportam estes homens e que eles fazem no exercício de sua religião observaremos agora.
O Alfredo é um homem muito temente a Deus. Ninguém que o conhece sinceramente pode duvidar de sua integridade e diligência no serviço de Deus. Porém, ele não teve acesso a uma cultura mais abrangente e por força e influência de pessoas que pensam como ele e foram seus mentores espirituais, se tornou alguém muito limitado em questões mais atuais. Ele vive como se vivesse a cem anos atrás, se tornou antiquado não porque é ignorante, mas porque não teve acesso a novas respostas para problemas atuais e por esta razão pouco consegue caminhar no mundo moderno e infelizmente foi ultrapassado por estas condições.
O Alfredo também é eficiente em seu trabalho, por ser honesto se empenha com afinco nas suas atribuições religiosas. É evangelista profundamente espirituoso e dedicado. Entende que os costumes da época são invenções de satanás e também de crentes "moderninhos". Por esta razão, ele acha muito liberal que as moças pintem seus cabelos ou mesmo cortem, acha que as roupas apropriadas para o culto é o terno e para as mulheres, longas saias e alguma desconcideração com a aparência, tornando-se um verdadeiro a vaidade feminina.
Ele o Alfredo, também é muito fervoroso e busca o Senhor incessantemente. Não cursou os bancos de teologia, porque via com desconfiança essa história de aprofundar em ciências humanas, que ao seu modo de ver são desnecessárias, porque ele eentende que o Espírito, assim como nos tempos bíblicos, é quem capacita o cristão, mesmo que este seja sem estudo algum, por esta razão não suporta confratações teológicas e coisas sui generis. Ele realmente acha que está vivendo um momento de grande entusiasmo espiritual, vê no avivamento da rua Azuza um grande marco no cristianismo. Entende que a Reforma do século XVI apenas foi o início de uma caminhada que culminou na grande onda pentecostal dos nossos dias, por esta razão ele é tão orgulhoso e se gloria tanto das grandes denominações da sua fé, bem como do crescimento espantoso que estas vivem no momento. Entendendo que os evangélicos nada seriam sem eles.
O Armando por sua vez é alguém extremamente ligado as novas situações desses dias. Estudou muito e por esta razão teve contatos com novas idéias, as pesou fielmente em sua balança que é a Bíblia e viu que algumas são benéficas e outras não. Estudou teologia e a vê como algo extremamente necessário para o crescimento espiritual da igreja. Ele entende que sem o conhecimento teológico não se pode a ver uma real liberdade de consciência, nem tão pouco haverá um verdadeiro mover divino, pois sem conhecer Deus não é possível saber quando Ele atua.
Armando é moderno e atual e isso se reflete na forma como enfrenta o mundo. Busca ter liberdade nas vestimentas, acha necessário ser prudente e procura se adequar ao seu melhor estilo, sem ter algum padrão a seguir. Contando que seja decente, qualquer roupa se pode usar. Armando realmente crê que o seu ramo teológico não tem raiz em um movimento novo, mas está ligado a uma igreja universal que é católica e por esta razão remonta sua história desde os primórdios da manifestação da misericórdia de Deus, quando Ele intentou chamar um povo para si. Logo, ele se vê como um crente histórico.
Possivelmente hoje Armando seja um pouco negligente em sua vida espiritual, digo na forma como ele entende a vida, porém, se dedica muito, dando mais antenção a prática da piedade no contexto do mundo do que algum tipo de asceticismo moderno. Armando acredita fielmente que sua igreja permanecerá inabalável em seus costumes, ainda que esta seja mais suscetível a novas e perigosas tendências do que o seu colega Alfredo. Pois, quando ele olha para o passado ele vê que isso já foi vencido, como no caso do liberalismo e do fundamentalismo. Armando não se considera antiquado mas entende que a sua fé é antiguíssima, só que ela deve dar respostas a questões como ética, bioética, ciências e outras, simplismente porque entende que é seu dever preservar uma fé inabalável. Ele investe muito na educação dos filhos, por isso promove a educação em várias esferas, desde a igreja até a universidade. Nada lhe faz preso a não ser o senso de responsabilidade que prima, chamando para a ação em um mundo que se corrompe. Entende que mesmo que já tenha feito muito, ainda há muito mais ainda para fazer, principalmente no que se refere a sua vida de piedade. Talvez isso faça de Armando alguém humilde.
Esses dois homens já se encontraram em algumas ocasiões, só que a conversa entre os dois não foi muito proveitosa não. Deiaram de se entender para adquirir uma postura de superioridade, isso dificultou o diálogo. Talvez conseguissem unir aquilo que é bom em cada um teríamos uma grande força em prol do Reino de Deus. Eles continuam sendo irmãos, ainda que não sejam gêmeos siameses. Em algumas ocasiões se unem, mas ainda de uma forma desconfiada. Isso não é bom, são adultos e deveriam se entender. Acredito que as duas partes tem muito a ganhar se forem mais unidos e se respeitarem. Que Alfredo tenha mais disposição para dar respostas à atualidade, abrindo-se para os novos dias e que Armando tenha mais disposição ao evangelismo e piedade, buscando uma experiência profunda com Deus. Assim toda a igreja ganhará e não seremos completos estranhos na casa paternal.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

“A Exclusividade e a Regência de Cristo sob as Nações”

Somos todos em dias hodiernos, forçados a respeitar as pluraridades em diversos âmbitos, na política, nas ciências sociais, nas religiões, enfim, em diversos setores antes exclusivistas.
O mundo contemporâneo em que vivemos sorve a filosofia relativista de valores, sejam eles quais forem. É possível uní-los em torno de um ideal comum a diversos e multifacetados grupos, antagônicos ou não, diante da bandeira da tolerância. Isso certamente afasta qualquer idéia, que mesmo a distância, se proponha ser unilateral. De fato, não podemos negar que a instabilidade provocada por radicais de diversas esferas do pensamento, trouxe mais danos do que vantagens e isso permitiu a releitura do mundo unido em um ideal comum, a paz e a concórdia em diversas facções.
Ainda que este ideal seja cada dia que se passa mais utópico, as frentes liberais que o defendem, entendem que este é o melhor futuro para este mundo altamente conflitante. Diante disso, vem-nos a seguinte dúvida, o que pensar sobre isso? Uma vez que somos ensinados pela Palavra de Deus a sermos cada vez mais exclusivistas em certos sentidos, como a regência exclusiva de Cristo, a salvação apenas pela graça e outras doutrinas do colonário evangélico. Quanto a esta postura não resta opção, ou você é ou não é, não havendo espaços para meio termos. Caso optemos por algo diferente corremos o risco de perder a integralidade da mensagem recebida e nosso futuro como povo cristão tende a desmoronar na areia movediça do relativismo.
Não há dúvidas de que devemos nos envolver com assuntos que visem solucionar embates em diversas frentes sejam políticas, ideológicas e sociais, porém, o posicionamento da igreja nestas questões deve ser em jamais negociar os seus valores em troca do fermento deste mundo. Caso isso venha a acontecer, ou seja, enfraquecer o nosso discurso para que sejamos mais aceitos, perderíamos a condição de colunas da verdade, conforme afirma as Escrituras.
Portanto, a posição da igreja será sempre desafiadora e profética em meio as diversas correntes e posicionamentos atuais. Repulsando idéias que sejam contrárias a interpretação fiel do texto sagrado. Não abrindo mão de suas convicções, mas se pronunciando todas vezes que for chamada, fazendo o papel de luzeiro no mundo. Destruindo não a oposição das idéias que lhe são contrárias, mas os sofismas existentes nelas e nas mentes que as defendem.
A igreja sempre estará disposta ao diálogo em todos os tempos, porém, quando sua voz parece ser emudecida pelo mundo que a exclue, não devemos nos fazer aceitos só para agradar alguns, mas continuar com nossas convicções ainda que isso possa parecer descortez aos olhos do mundo. Que Deus nos dê uma igreja que anuncie a regência de Cristo ainda que isso pareça antiquado.