O evangelicalismo brasileiro tem gosto por inovações. É por esta razão que se importa quase todas as práticas do americano sem qualquer filtro. Assim sendo, como lá ocorre, vemos aqui o aparecimento de tele-evangelistas que se apropriam de grande soma de dinheiro, em sua maioria, provinientes das ofertas de membros de todas as denominações, que a pretexto de promoção do evangelho, necessita de que haja mantenedores para as suas campanhas evangelísticas. Algumas indagações devem ser feitas a esse respeito.
1) Qual a base bíblica para esta prática de pedir doações para ministérios independentes? Ao meu modo de ver não existe nenhuma base para isso, pois a Bíblia ensina que ofertas e dízimos são direcionados a manutenção da "casa do Senhor" (Malaquias 3.10) e não para a manutenção de ministérios auto-independentes. Logo essa prática é algo novo e não pode ser visto como algo que os cristãos devem fazer para promover o Reino de Deus.
2) A desculpa de que Paulo tinha um ministério independente. Isso é uma grande inverdade, Paulo estava ligado a ministério apóstolico, deixado pelo Senhor Jesus no colégio de apóstolos. Ele prestava contas a Deus primeiramente e depois aos demais apóstolos, pois os mesmos deveriam pregar o mesmo evangelho (Galátas 1.9). Outra peculiaridade do apóstolo Paulo era sua ênfase missionária, o que não tem nada a ver com ministério independente. É uma grande falácia associar o ministério paulino aos novos tele-evangelistas.
3) A contribuição com o Reino de Deus. Várias são as formas de divulgar os princípios do Reino e até mesmo os meios televisivos são úteis nesta promoção, só que dizer que tal ou tal pastor merece a credibilidade das ofertas é realmente muito pretencioso. Vários escândalos ocorreram nos Estados Unidos, onde pastores tele-evangelistas protagonizaram cenas deploráveis, quando não poderam comprovar as doações, sendo presos por falsidade ideológica e irriquecimento ilícito. Não estou aqui dizendo que estes tupiniquins comportam-se da mesma maneira, mas se pode comprovar de onde provem os seus recursos, uma vez que nosso sistema previdenciário é mais falho do que o americano e existem inúmeras leis que podem favorecer a sonegação dos impostos e a prestação de contas.
Não me envolvo com estes ministérios, não apenas por sua falta de lesura, mas também por achar que existem outros meios de se apoiar e se divulgar o Reino de Deus, é o caso do próprio dízimo nas igrejas locais e o investimento em missões e associações filantrópicas mantidas pelas igrejas.
No cerne de tudo isso está o imediatismo de tentar alcançar o mundo com meios evangelizem as massas e não o cuidado árduo do discipulado. Além da grande capacidade argumentativa desses tele-evangelistas que ganham na lábia multidões de incaltos, que sem reflexão alguma lhes sustentam.
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