terça-feira, 5 de novembro de 2013

Seria o homem um produto do meio? Uma reflexão sobre as perspectivas de uma nova vida no Evangelho

Existem algumas "máximas" do pensamento comum, aceito pela grande maioria das pessoas que se não refletirmos bem estaremos fadados a nos envolver em muitas dificuldades de epistemologias e porque não dizer até mesmo muito estreitas, pois a medida que nos identificamos com elas e repetimos tais "máximas" acabamos aceitando a estreiteza de suas convicções. Dentre essas "máximas" está a que diz que o "homem é produto do meio". Este pensamento é associado a sociólogo alemão Karl Marx que claramente está influenciado pelas diferentes concepções existencialistas em torno do homem, que faz do indivíduo um mero agente em construção de suas próprias perspectivas. 

Apesar do citado pensamento ser de fato um indicativo de como um indivíduo pode ser influenciado pelo meio em que vive, quando diante das diferentes perspectivas morais, sociais e culturais a que é submetido pode interagir de modo a ser tragado por determinado meio, como por exemplo alguém que vive em um ambiente onde ele não tem valores morais, onde a criminalidade é imperativa, onde lhe foi negada uma reflexão repleta de conceitos benéficos, esse pode mesmo ser condicionado, a partir dessas influências, a uma vida que realmente reflita tais condições. Não discordo que esse entendimento possa, de alguma forma, ser até mesmo determinante em suas escolhas e fazê-lo optar por uma forma de viver muito próxima daqueles que lhe legaram tais condições depreciadas. Mas descordo que em todos os casos isso possa ser posto como axiomático com relação a todas as pessoas. Para isso estou pensando naquele que, apesar de estar dentro de um conceito ou meio perverso se torna um cristão e tem suas prioridades e vontades transformadas à luz da nova vida implantada em seu coração.

Essa homem nesta condição, estaria factualmente rompendo com o histórico degradante e amoral que outrora vivia e as distintas mudanças que ocorreram em sua mente e sentidos não pode mais se enquadrar nas influências que este havia recebido outrora. De fato aconteceu com esse homem uma mudança de perspectiva fundamental, aquilo que no passado regia seus impulsos foi suplantado pela luz do Evangelho que destronou o antigo homem e o levou a uma nova condição em Cristo, fazendo desse homem uma nova criatura, criado segundo Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. É óbvio que alguns não vejam essa condição da maneira com ela acontece de fato, atribuirão a essa mudança uma explicação a partir do meio primário como meramente uma apreensão de conceitos religiosos e que o homem continuará com as influências apreendidas em sua vida pregressa, porém do ponto de vista das Escrituras, uma vez que ela é o nosso pressuposto para o argumento aqui levantado, nos mostrará que uma nova natureza foi implantada no homem renovado, conduzindo-o a uma nova perspectiva, rompendo imediatamente com aquela antiga natureza que fazia com que os conceitos que haviam sido legados pelo meio, fossem gradativamente destruídos por essa nova vida.

Aqui então, segundo o nosso argumento, o conceito pretendido como axiomático para todas as pessoas não se aplica ao cristão depois de regenerado. Se porventura esse cristão tenha sido criado em um meio onde os valores que lhe foram transmitidos foram aqueles que aparecem nas Escrituras e que foram aplicados ao meio onde ele vive e então esses valores já existem, esse indivíduo então pode ter o entendimento de aquilo que fora apreendido pode agora ser esclarecido por um conceito bem mais efetivo, onde não mais subsiste apenas no que fazer ou deixar de fazer, mas na obediência a Cristo por amor a Ele e ao Seu Evangelho. Aquilo que já fazia desse homem um sujeito íntegro, fará dele um homem preocupado com valores eternos, com sua salvação e com o agrado de Cristo. Essas preocupações não lhe eram comuns em sua vida pregressa, mas apenas as praticava como que por instinto e não por uma reflexão adequada.

Quanto a aquele que teve sua vida imerso em uma cultura degradante e foi criado onde os valores éticos não lhe eram conhecidos e a maldade e a condição moral do meio não tinham qualquer indício de valores, esse, ao conhecer a Cristo é levado ao entendimento de que laborou em erro por toda uma vida e que as perspectivas que lhe foram legadas em nada agradam a forma de vida que agora ele se preocupa. Seus valores são mudados, seu meio também, fazendo com que venha a se apegar a aquilo que satisfaz a Cristo, seguindo de perto os padrões que a Revelação lhe orienta. Assim entendemos porque nações inteiras tiveram um histórico pérfido abandonado simplesmente quando foram alcançadas pelo Evangelho. As mesmas tinhas estado nessas condições por séculos e a perfídia adquirida durante esse tempo os identificava com aquilo que há de mais baixo e ofensivo, mas que tão logo tiveram uma apreensão do Evangelho, abandonaram seus conceitos e buscaram uma vida orientada pela revelação, mudando-se não somente a cultura desse país, mas suas leis e até mesmo suas cosmovisões, fazendo da cosmovisão bíblica o balizamento de suas ideias.

Não creio que nosso país deve viver ad eternum com os conceitos e perspectivas do passado. É claro que esses conceitos para o entendimento sociológico, são determinantes devendo os mesmos nortear as concepções sobre as influências que levaram os brasileiros a absorver algumas práticas, como por exemplo o tal "jeitinho brasileiro", a corrupção e uma visão não muito realista daquilo que ele significa dentro de um quadro bem mais amplo, seja fácil de se resolver. Principalmente porque o tipo de evangelho empreendido por muitas denominações protestantes hoje em dia, em quase nada serve para uma real mudança a esse respeito. Defendo que somente uma perspectiva que forneça uma cosmovisão cristã, preocupada com a vida como um todo, que aborde a necessidade de uma mente cativa, de uma mudança urgente, possa contribuir para que tais mudanças aconteçam  a longo prazo na sociedade brasileira. Se acontece no passado, pode acontecer conosco. Alguns indícios importantes já podem ser detectados, mas eles ainda são muito tênues e precisam ser mais sentidos. Esse é um tema para outra publicação. A priori defendemos uma releitura dos quadros sistêmicos que influenciam a perspectiva de se ver o brasileiro e a partir daí observar quais serão os impactos sentidos de uma forma mais geral e não somente individual. Que Deus ao Seu tempo alcance aqueles que ainda não foram afetados pela mensagem de Cristo e uma vez alcançados esses possam contribuir em todas as áreas do pensamento humano, levando a uma mudança global de nossas perspectivas. É o que esperamos do nosso país quando esse for fielmente alcançado pelo Evangelho.  

Um comentário:

  1. Se o homem não é um produto do meio, o evangelho não faz sentido, muito menos a doutrina. O congregar confirma que o homem é um produto do meio.

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