quinta-feira, 21 de julho de 2011

CONSIDERANDO DUAS FRASES USADAS FREQUENTEMENTE NO MEIO EVANGÉLICO

Tenho sempre muito cuidado com frases feitas. Principalmente em se tratando de frases que surgem no meio evangélico e sem nos darmos conta essa mesma fala já está sendo proclamada como verdade absoluta. Uma famosa em nosso meio é “Deus ama o pecador e aborrece o pecado”. Ora, sempre fico me perguntando quem é o autor de frases como essa. Acho que pode ser um pregador que do alto de uma exposição lança uma frase de efeito, consequentemente, tal frase começa a ser repetida e logo já se torna uma espécie de lenda urbana dos púlpitos.

Quanto a esta frase, gostaria de lembrar que algumas questões são importantes ao analisá-la. Em primeiro lugar, Deus de fato ama o pecador, mas este pecador deve ser um eleito e não qualquer tipo de pecador. Uma vez que, sem entrar em muitos detalhes aqui, Deus tem como objetivo, quanto à salvação dos homens, dispensar sua graça  apenas em seus filhos amados e não para todos os homens. Logo, seu amor é eletivo. Esta primeira parte revela apenas uma primeira verdade, Deus de fato ama pecadores, mas estes são os eleitos. A razão pela qual Ele ama não é nada que estes fazem, mas o que foi feito por Seu Filho escolhido. É por Ele que Ele nos ama e não por algo existente previamente no homem caído, visto que o Senhor, em Seu decreto eterno, predestinou apenas àqueles que seriam alvo do sacrifício bendito do Senhor Jesus Cristo. Em segundo lugar Deus de fato abomina o pecado. Ás vezes quando se cita esta frase parece dar a impressão que Deus vai tolerar nossas faltas indistintamente apenas porque Ele nos ama. Só que o Senhor, a despeito de odiar o pecado, lançará no inferno o pecador com pecado e tudo mais, não apenas a transgressão. Resumindo, o pecado é algo vinculado ao homem e quando Deus pune, Ele não pune a mera transgressão, mas agentes individuais, autores com direitos autorais desse próprio pecado. 

Outra frase que considero “lenda urbana dos púlpitos” que observo é a seguinte: “Pecar é errar o alvo”. Muitas questões podem ser alocadas aqui e por querer ser mais claro gostaria de enumerar as mesmas. 1) A vida cristã não é um tiro ao alvo. Ou seja, não estamos brincando com a sorte ou com a competência quando vivemos a nossa fé. Estamos tratando com a nossa fidelidade ao Evangelho, com uma vida de serviço e obediência a Deus. Logo, não estamos atirando ao esmo, mas sim buscando cumprir algo estabelecido por Deus, e auxiliados por Seu Santo Espírito estamos nos purificando de muitas mazelas do velho homem. 2) O pecado como acidente. Alguns que defendem a frase acima, também costumam dizer que “o crente peca por acidente”. Não concordo com isso, pela seguinte razão. Não é uma doutrina bíblica. Em Tiago 1.14-15, o autor sagrado diz como acontece o pecado em nós. O homem é primeiramente tentado pela sua própria cobiça, dando a entender o estado natural inclinado ao pecado desse mesmo homem, aquilo que chamamos pecado natural, segundo, como uma força de atração física a cobiça atrai o desejo, a coisa proibida e depois seduz o pecador. Depois disso, a própria cobiça, dá luz ao pecado e o pecado concebido gera a morte. Veja que existe um processo para o pecado e não um mero acidente. Outro exemplo a este respeito são as palavras do Senhor a Caim em Gênesis 4.7 “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis o que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. É evidente que não podemos dizer “Oops, pequei!”. Isso é mesmo uma desculpa maliciosa, que às vezes pode até mesmo ser usada com o fim de encobrir nossa responsabilidade diante daqueles que queremos nos justificar, mas a Palavra de Deus ensina que erramos conscientemente todos os dias e que esse erro é voluntário, faz parte de um processo maquiavélico, de uma mente corruptível que se inclina para o mal.

Algo que pode justificar a frase, dando um crédito a ela é a seguinte compreensão: Esse pecado como errar o alvo seria não conseguirmos atingir o alvo que é o comprimento do evangelho, de modo que se o crente peca, está falhando em acertar aquilo que deveria ser seu principal empreendimento, sem tiro a esmo, nem tão pouco desculpas esfarrapadas. Termino dizendo que devemos ter cuidado com certas frases de efeito, ditas no púlpito ou em qualquer lugar. Sempre devemos ter um filtro para tudo e até mesmo para certos vícios virais que surgem a todo o momento em nosso meio. Aprendamos a ser o mais criteriosos possíveis em nossa maneira de falar e fazendo isso o façamos o mais claro quando pudermos.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

2º Artigo do Pacto de Lausanne - A autoridade e o poder da Bíblia

Continuaremos nossa exposição a respeito dos principais temas alocados pelo Pacto de Lausanne em 1974. Infelizmente por questões de tempo fui impedido de continuar, o que faço a partir dessa postagem. Falamos anteriormente como base no primeiro artigo do Pacto (vide aqui), que trata do propósito de Deus. Neste ponto o Pacto lamenta não influenciarmos como igreja este mundo corrompido. Desta feita passaremos para o segundo artigo, A autoridade e o poder da Bíblia. Desta feita pretendemos abordar as implicações realçadas no próprio texto, bem como, faremos uma análise daquilo que se foi prometido pelas igrejas envolvidas na assinatura do Pacto.

Diz o artigo 2º do Pacto da Lausanne:

A autoridade e o poder da Bíblia

Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e autoridade das Escrituras tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, como única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única regra infalível de fé e prática. Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para cumprir o seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia destina-se a toda a humanidade, pois a revelação de Deus em Cristo e na Escritura é imutável. Através dela o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina as mentes do povo de Deus em toda cultura, de modo a perceberem a sua verdade, de maneira sempre nova, com os próprios olhos, e assim revela a toda a igreja uma porção cada vez maior da multiforme sabedoria de Deus.

1) Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e autoridade das Escrituras tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, como única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única regra infalível de fé e prática. Nos tempos em que o Pacto foi escrito, década de 70, boa parte das maiores instituições de evangelismo do mundo, bem como suas respectivas denominações, além de muitos seminários ao redor do mundo, tinham aceitado completa e irrestritamente a teologia liberal, além do que em países latinos americanos, surgia outra teologia de cunho político, chamada teologia da libertação. Logo, essas palavras do Pacto surgem como um verdadeiro tapa de luvas em toda essa tendência de substituir a Sagrada Escritura por uma interpretação mais aberta, fato que fez muitas igrejas que assinaram essa declaração incorrerem neste erro. De fato, as Escrituras Sagradas, do Velho e Novo Testamento, são, a autoritativa Palavra de Deus. Tal declaração está em harmonia com os principais credos reformados e históricos.

A declaração ainda ratifica que a Bíblia não contém erros. Fato esse que ajuda na compreensão da missão da igreja no alcance dos povos, uma vez que não podemos conceber uma mensagem deficiente, porque isso implicaria em receptores deficientes e em um cristianismo deficiente. Logo, tal postura adotada pelos signatários do Pacto demonstra o seu compromisso com a verdade, apesar do momento vivido na conjectura mundial envolvendo as igrejas participantes naquela época.

2) Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para cumprir o seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia destina-se a toda a humanidade, pois a revelação de Deus em Cristo e na Escritura é imutável. Nesse aspecto o Pacto de Lausanne enfatiza o objetivo dessa Palavra autoritativa, única regra de fé e prática, para aqueles que são o alvo dessa Palavra transformadora, os pecadores. Ela tem poder para salvar e resgatar pecadores e não somente isso, a mensagem bíblica destina-se a toda humanidade. Neste ponto essas palavras não soam universalistas na redenção, no aspecto sotereológico, mas no que confirma a grande comissão, de Evangelho pregado a todos e para todos. Influenciando este mundo corrompido através de sua influência transformadora e revolucionária em todas as culturas existentes no mundo. Esta imutável revelação não pode ser substituída de acordo com as conveniências de cada geração, nem tão pouco pelos ditames das épocas, mas ela permanece imutável para todos e em todos os momentos da humanidade.

3) Através dela o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina as mentes do povo de Deus em toda cultura, de modo a perceberem a sua verdade, de maneira sempre nova, com os próprios olhos, e assim revela a toda a igreja uma porção cada vez maior da multiforme sabedoria de Deus. A última parte deste artigo nos remete a instrumentabilidade do Santo Espírito de Deus. Ele é o responsável por esta entrega realizada em poder, na salvação de todo pecador. Fica realçada aqui a completa influência do Santo Espírito e nenhuma honra é prestada a pragmáticos que tratam a mensagem cristã como uma fórmula simples de persuasão do homem. Aqui o Espírito Santo e apenas Ele, é responsável pela iluminação de uma cultura nessa mesma Palavra, fazendo-os reconhecerem seus delitos e aceitarem a verdade de Deus. Os autores do texto, no entanto, não excluem as formas novas e legítimas de anunciar este Evangelho. Ela pode vir através de várias outras formas de proclamação, sem, contudo, haver a negociação de valores axiomáticos para o anúncio sincero e comprometido da Palavra. Esse anúncio, utilizando-se desses meios adequados, demonstra toda a multiforme sabedoria de um Deus santo que utiliza vasos de barro neste empreendimento tão importante.

Conclusão

Concluo o presente artigo, levando em consideração que as igrejas das 150 nações representadas e seus 4.000 representantes, sendo estes pastores, teólogos e evangelistas, em sua maioria desenvolveram, com o auxílio de homens como os reputados Dr. John R. W. Stott e do Dr. Billy Graham, um documento eminentemente ortodoxo quanto a este particular. Se estas mesmas igrejas ao longo dos anos não conseguiram manter estes postulados, deve-se ao fato da natural corrupção que tem abatido a muitos nestes dias relativistas. Mas fica clara a preocupação com a ortodoxia neste importante documento. Devemos ainda contemplar outros pontos do Pacto de Lausanne, convido a você, nosso leitor a acompanhar nossas considerações posteriores. Soli Deo Gloria!

domingo, 17 de julho de 2011

Orando em secreto e a maneira de pedir


Mateus 6.5-8

INTRODUÇÃO: Após introduzirmos esta parte no sermão do monte que trata de religiosidade, continuamos neste mesmo aspecto e consideraremos agora o ato mais religioso que um homem pode realizar, a oração. Observemos que o texto que iremos contemplar é, na realidade, uma introdução a famosa oração do Pai nosso, também conhecido como Pater (vv.6-15).
O Senhor nos lembra que não pode existir religiosidade sem este aspecto da vida cristã. Um crente que não ora, não pode vislumbrar outras facetas da fé. Para que isso não aconteça conosco proponho um título: “Orando em secreto e a maneira de pedir”. Justifico o título porque são estes os principais assuntos ventilados nesse texto. E se quisermos aplicá-lo completamente a nossa vida precisamos saber a maneira correta de orar. Diante disso, vejamos dois aspectos importantes da oração:

I- Uma oração diferente da dos hipócritas (vv.5-6)
a)   A oração hipócrita (v.5) – Jesus condena aqui, também a postura dos fariseus. Esta, na realidade é uma prática ainda hoje praticada pelos judeus, que fazem orações na frente de todos naquilo que sobrou do muro do templo em Jerusalém. Logo, ficou enraizada na cultura desse povo. Tal conduta é combatida pelo Senhor, chamada de hipocrisia. Esta se configura pelo fato desse homem buscar o louvor daqueles que lhes observam. Para isso buscavam cantos movimentados como praças e esquinas. Seu objetivo era a exibição, marca característica de alguém hipócrita. Se era o reconhecimento o que buscavam já tiveram a recompensa e essa não veio de Deus.
b)   A oração do piedoso (v.6) – Essa é totalmente diferente da que faz o hipócrita. Ela é mais pessoal. Não tem como objetivo o exibicionismo da anterior, mas reveste-se de uma singular objetividade. Portas cerradas para buscar a Deus em secreto, essa é a prática exigida. E Deus que está em secreto, escondido, a fim de ser encontrado pelo piedoso, se empenhará para retribuir tal ato. É claro que existirão momentos de revelar a piedade, como acontece na igreja, diante dos irmãos, mas aqui a ênfase recai sobre a vida cotidiana do crente em sua piedade natural com o Senhor frente a todos os momentos da vida.  

II- Uma oração diferente da dos gentios (vv.7-8)
a)   A oração dos gentios (v.7) – Esta é repleta de insistência e formas mantricas de religião. O Senhor condena esta prática por ser um insulto a onisciência dele. Ele, certamente conhece o que precisamos. Outra questão importante é o afastamento dessa oração, visto que não é feita por alguém próximo dele, um eleito. O termo traduzido por gentio demonstra que estes são estrangeiros, desconhecedores da adoração a Deus. O crente, no entanto, é achegado a Ele, ao contrário daqueles que não podem ser ouvidos pelos motivos acima.
b)   A oração do piedoso (v.8) – Também aqui é diferenciada. Ele conhece o modo como o Senhor lhe trata. É por isso que sabe esperar, sabe usar as palavras adequadas para a súplica, diferente dos pagãos que geralmente usam termos inconvenientes, havendo até mesmo aqueles que pedem a outros e não a Deus. O crente é recomendado a fazer o contrário do que faz o incrédulo. Não orar como ele ora é uma ordem, visto que detém de um conhecimento que o pagão não tem. O Senhor também quer nos mostrar que temos uma relação filial com Deus, Ele de fato enfatiza isso ao nos lembrar que Ele é nosso Pai. Que conhece tudo o que precisamos, bastando-nos pedir, reverentemente.

Conclusão: Aqui fica clara a distinção imposta pelo Senhor no que concerne a oração. Ela é um ato singular de adoração genuína. Os pagãos não conseguem realizar tal ato, visto que não O conhecem, não são íntimos e não conseguem orar corretamente. Apenas aqueles que mantêm uma relação filial com Deus atingem esse ideal. Se esta é a sua situação, lembre-se de tão grande graça. Louve ao Senhor por este privilégio e ao orar, descanse em paz e em confiança diante de seu Pai celestial.
   


segunda-feira, 11 de julho de 2011

A gentileza em um mundo animoso a cordialidade


Vivemos em mundo onde a gentileza é algo praticamente esquecido. As pessoas não se cumprimentam mais, não sorriem umas para as outras, fazem questão de serem estranhas, pelo simples fato de não confiarem em estranhos. Mas o estranho é aquele que não foi apresentado ainda e não custa nada colocarmos um sorriso no rosto ao falarmos com aqueles que muitas vezes, assim como nós, são tratados com tanta indiferença.

Lamento que até entre os cristãos esse tipo de prática seja comum. Não penso em um cristão como um homem iracundo e rabugento. Penso no cristão como alguém extremamente consciente de seu papel frente a um mundo caído. Alguém que sabe que a falta de amor e de hospitalidade tem sido uma constante em mundo frio. E que por isso busca fazer justamente o contrário, fazendo amizades com todos, mesmo sabendo que em algumas ocasiões pode se decepcionar, algo que invariavelmente acontece, mas que nem por isso torna-se recluso ou distante do próximo.

As igrejas estão sendo contagiadas por esta falta de amor. Parece que estamos importando o comportamento do mundo como se esse fosse o único meio que conhecemos de tratar os nossos semelhantes. Lembro-me de uma época que os irmãos se tratavam de “amados”, expressão esta perdida no tempo, que hoje em dia parece soar meio hipócrita, uma vez que os ditames de hoje são “desconfiar para só então confiar”.

Penso que precisamos urgentemente resgatar a pureza. Sei que parece utópico pensar assim, visto que esta palavra também esta em desuso e é mal interpretada, apresentando uma conotação de ingenuidade e até mesmo pouca inteligência. Mas no meu entendimento estamos deixando a pureza para nos macularmos com sentimentos frios e descompromissados. Quando ajudamos alguém não nos envolvemos, se temos que mandar uma oferta para um missionário o fazemos sem ao menos nos preocuparmos com o nosso dinheiro e com o bem estar daquele nos propomos a ajudar. Se nos relacionamos na igreja não passa de algo efêmero e fugaz, durando apenas algumas poucas horas durante o domingo. Nem de longe se parece com o relacionamento desfrutado pelos crentes primitivos, narrado em Atos dos Apóstolos.

Onde está a ternura, a falta de maldade, a compreensão, o olhar no olho, a sinceridade? Será que estamos perdendo ou será que nunca tivemos isso? Se estamos perdendo, creio que já é hora de resgatarmos e se nunca tivemos temo que jamais experimentamos um sentimento real, descompromissado, impresso em nossos corações pelo Espírito e até mesmo a própria conversão pode ser questionada aqui.

Precisamos nos amar e o amor deve ser sem hipocrisia, sem buscar os próprios interesses, tem que ser abnegado e cheio de sinceridade. Esse mundo não pode nos ensinar, mas a Palavra de Deus tem este poder de nos tornar mais parecidos com Cristo. Quando O tomamos como nosso exemplo, fica claro quão distante ficamos do verdadeiro ideal de dedicação e altruísmo, quão pobres parecemos em nossa busca frenética por auto-afirmação e isolamento. Quem nos dera pudéssemos aprender mais sobre sinceridade e quem sabe viéssemos a influenciar os outros com um sorriso, com uma cordialidade e até mesmo com uma singela confiança. Deus nos livre de sermos iguais às ilhas que existem por ai e que a igreja de Cristo saiba se comportar de maneira amorosa em dias tão rudes.

domingo, 10 de julho de 2011

A religiosidade cristã e sua importância


Mateus 6.1-4

INTRODUÇÃO: Continuando nossa exposição sobre o sermão do monte, iniciamos outra parte do sermão, não apenas porque se inicia um novo capítulo, mas porque tem como foco ensinar-nos a respeito de nossa religiosidade.
O Senhor a partir desse ponto pretende demonstrar claramente aquilo que nos diferencia dos rituais judaico-farisaicos. Ou seja, Ele estabelece o modo e o procedimento dos cristãos diante de suas obrigações. Diante disso proponho um título para a nossa meditação: “A religiosidade cristã e sua importância”.
Por diversas vezes escuto pastores e crentes comuns dizendo que não devemos ser religiosos. Talvez por que estejam combatendo uma atitude displicente da religiosidade. Quando defendemos aqui a religiosidade cristã estamos na realidade substituindo o termo por piedade, visto que é isso que o Senhor se preocupa aqui. Portanto, vejamos que tipo de piedade é aqui nos exigida pelo Senhor Jesus Cristo, vejamos três exigências:

I- O homem religioso é discreto diante dos homens (v.1)
Toda a prática da piedade cristã tem como foco primário a glória de Deus. Logo, as atitudes combatidas aqui, típicas dos fariseus devem ser evitadas. Não temos o porquê de sermos vistos pelos homens, mas por Deus.
a)   O infiel e as boas obras – Muitos são os homens que se envolvem em obras filantrópicas. Principalmente os mais abastados. Em alguns países estes recebem destaque por isso. Só que geralmente esse destaque tem como objetivo apenas a promoção pessoal.
b)   O objetivo do homem religioso – Já o fiel deve aprender que não se recebe galardão neste mundo, mas no vindouro. Alguns pensam que quem ajuda o próximo pode ser recompensado, fazendo uma barganha com Deus, na realidade o crente tem em vista apenas o favor divino, é o agrado de Deus que ele procura.

II- O homem religioso é criterioso em suas ações (v.2)
Para o exercício da piedade é necessário também um critério comprometido com o reino, por isso o cristão é:
a)   Não chama atenção para si – O Senhor ilustra isso falando do oposto, combatendo a prática hipócrita farisaica. Eles faziam o possível para serem vistos, mas o fiel evita tal coisa, visto que não faz por si, mas por graça de Deus.
b)   Espera para mais adiante a recompensa – Como já foi dito a recompensa vem no porvir, quanto ao incrédulo, recebe os méritos e a fama de ser filantropo hoje, por seus pares, mas isso é tudo que receberá.

III- O homem religioso tem em vista apenas o Senhor (vv. 3-4)
Por fim, a glória de Cristo é o que move o crente a ser bondoso para com aqueles que precisam, por isso ele:
a)   Deve ignorar em sua consciência o ato (v.3) – Isso não significa dar pouco crédito. A ilustração da mão aqui é apenas alegórica, visto que a mão não tem consciência. Certamente o Senhor está nos querendo chamar atenção para o ufanismo desnecessário, como se nos achássemos os mais bondosos dos homens. O homem religioso credita este ato a graça e misericórdia agindo nele, que o compele a isso.
b)   Deve agir em secreto porque é visto em secreto (v.4) – Nada no crente é espalhafatoso e afetado. Ele busca o reconhecimento não de seus pares, mas daquele que vê em secreto. Por isso ao fazer qualquer boa obra não conta vantagens, nem tão pouco pede audiência para si, mas busca um reconhecimento apenas em secreto. E Aquele que vê em secreto tem capacidade para recompensar.

Conclusão: Todo o procedimento do cristão é pensado meticulosamente para a glória de Deus. Ele não é religioso que solta fogos para ser visto, nem tão pouco busca o reconhecimento daqueles que apenas vê a aparência, mas o daquele que vê o coração. Diante disso, na próxima vez que você fizer uma boa obra para com o pobre ou para a igreja, lembre-se dessas palavras e busque o reconhecimento daquele que vê em secreto e somente Ele pode te recompensar da maneira dele, amém.