segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Assumindo riscos pela fé ao exemplo de Raabe

Josué 2.1

Queridos irmãos, vivemos dias em que a verdadeira fé está sendo enfraquecida por crentes que se dizem “desingrejados”, ou seja, que não tem vínculos denominacionais. Que estão entrelaçando-se com o mundo e pouco estão apercebidos da falta das suas convicções cristãs. Temos testemunhos entres estes, não de coragem, mas de covardia e indefinição, quanto a aquilo que se crê, aquilo que se professa em nome de Cristo.

Quando olhamos para Bíblia vemos alguns homens e mulheres que tiveram o mesmo caminho, como Nicodemos, um homem duvidoso que relutou muito para se tornar um cristão, além do próprio povo de Israel que flertava com os ídolos e ao mesmo tempo desejava os favores de Deus. Mas também é verdade que somos informados de homens e mulheres corajosos que mereceram o status de “mártir” por causa da fé em Cristo. Esses homens e mulheres, conforme fala o escritor aos Hebreus, “o mundo não era digno” (Hb 11.38). Dentre esses está a nossa personagem dessa noite Raabe, a meretriz (Hb.11.31).

O povo de Israel está de novo perto do estabelecimento do propósito divino a posse da terra prometida. Assim como em Números 13, são enviados espias com a função de avaliar a terra. Naquela ocasião foram enviados 12 homens representando as doze tribos, desta feita, apenas 2 são enviados (v.1). Não fica clara a razão da quantidade de espias, mas dá a entender que como naquele caso, (Nm. 13.1-2) em que apenas dois creram, Josué e Caleb, que o número preconizava exatamente a quantidade fiel dos espias. Já se passaram 38 anos, desde aquele momento, eis que é chegada a hora de Israel prevalecer definitivamente sobre os seus inimigos.

Creio que também nós temos que buscar a convicção e a apropriação das promessas divinas. Nesse sentido, penso que devemos demonstrar a mesma convicção que teve Raabe. Tendo isso em vista gostaria de chamar a atenção da igreja para o seguinte título: “Assumindo riscos pela fé ao exemplo de Raabe”. Todo crente deve estar disposto a correr riscos pela fé, vejamos como Raabe se torna nosso exemplo nesse texto. Os riscos que Raabe correu foram:



O risco de lutar contra seu próprio povo (vv.1-7)
Todos nós que fizemos pública a nossa fé, precisamos correr determinados riscos, seja de que natureza for. Mas imagine o caso de Raabe que segundo o reverendo James Montgomery Boice, comparando-a com Atanásio disse que “Raabe estava contra o mundo” (Raabe contra mundum)[1]. Ou seja, ela precisou ir contra todos para receber sua parte na promessa. Vejamos mais de perto como ela correu esse risco:

Ela era uma prostituta (vv.1-2) – Muitas questões são subtendidas nesse texto, a primeira é porque eles procuram inicialmente a Casa de Raabe. De acordo com alguns comentaristas, a casa de Raabe era uma pousada e isso quer dizer que eles não sabiam que naquela pousada era a casa de uma prostituta. Outra questão é a rapidez com que a notícia da permanência deles ali se espalha (v.2). Ora, Israel já tinha cercado Jericó, o povo inteiro da cidade estava preparado para o pior. A chegada dos espias trouxe a eles o terror para além dos muros da cidade.

A descoberta dos espias na casa de Raabe (vv.3-4) – Toda a cidade estava atenta para os movimentos das tropas de Israel. Enviar dois espias era uma estratégia de risco. Aqui fica claro porque Raabe desafia seu mundo. Ela logo é descoberta, não foi por sorte que sua casa foi denunciada, alguém viu os espias em sua casa, isso tornou a situação para ela bem difícil.

Raabe protege os espias (vv.5-7) – Raabe estava decidida a correr riscos não pelos espias, mas por sua vida e sua casa. Sua preocupação era entender que os espias deveriam ser protegidos, pois essa era a única chance que ela tinha de escapar com vida. Ela esconde os homens e nega que os mesmos estivessem em sua casa. Por algum motivo eles não duvidam dela, provavelmente porque ela, apesar de prostituta, tinha uma boa reputação perante eles.

II- O risco de abandonar a sua religião (vv.8-13)
Esse risco corrido por Raabe é algo que todos nós precisamos fazer se quisermos agradar a Deus. É quando deixamos todas as nossas superstições e corremos para o Deus que se revela nas Escrituras. Vejamos como Raabe efetuou o abandono de sua velha religião:

Ela abandonou o medo (vv.8-9) – Toda a cidade de Jericó estava espavorecida diante dos israelitas, não propriamente do povo de Israel, mas, sobretudo, por causa das notícias dos grandes livramentos do Senhor. Ela, ao invés de optar pelo medo, escolhe optar pela esperança do Senhor.

Ela se apegou ao Deus revelado (vv.10-11) – Os feitos do Senhor já estavam bem conhecidos aos habitantes de Jericó. Raabe lista dois desses livramentos: 1) A passagem pelo mar vermelho; 2) a vitória sobre Seom e Ogue (v.10). Logo, após ela revela sua conversão a Deus com o reconhecimento de que outro Deus não há em toda a terra e céu.

Ela se apegou ao Deus que livra (vv.12-13) – A preocupação de Raabe não estava restrita a preservação de sua vida, mas também com aqueles que faziam parte de sua família, pai, mãe e irmãos. A casa de Raabe, posteriormente, se torna uma espécie de arca, conforme a palavra dos espias. A salvação dependia de estar perto dela. Isso só foi possível porque Raabe se apegou ao Deus que pode livrar.

O risco de vacilar na nova fé (vv.14-21)
Assim como todos nós, havia o risco do enfraquecimento da fé que Raabe acabara de aceitar. Após a saída dos espias houve um período de tempo que Raabe deveria passar para maturar sua fé. É justamente nesse período que devem ter acontecido os maiores dilemas para Raabe, vejamos isso de perto:

Ela devia provar a fé (v.14) – Se Raabe estava mesmo convicta, ela não denunciaria a missão dos espias. Caso ela não estivesse o próprio Deus estaria julgando sua convicção, com o juízo que se abateria sobre toda a cidade.

Ela orienta a fuga dos espias (vv.15-16) – Raabe dá provas de que sua fé não era vacilante. Ela instrui os espias de forma a viabilizar a fuga dos mesmos. Todos os detalhes que ela dá da fuga, livram os espias dos seus patrícios.

Ela tem um novo teste de fé (vv.17-21) – Durante a saída dos espias ela passa um tempo afastada daqueles homens. Sua fé poderia retroagir e se caso ela fosse nacionalista, poderia voltar às suas raízes. Porém, mais uma vez ela demonstra sua fé inabalável ao esperar por promessas que livrariam ela e os de sua casa.

O risco de confiar em outrem (vv.22-24)
O último risco que Raabe correu foi de confiar apenas nos espias. Ela não tinha garantia de Josué de que essas palavras seriam cumpridas. Da mesma forma estamos confiados apenas nas Palavras e obras de Cristo. Analisemos mais um pouco desse risco:

Os espias contam a Josué (vv.22-23) – Com toda certeza eles falaram da promessa feita a Raabe. A estratégia de ocupação israelita em Jericó certamente levou em conta a proteção de Raabe e sua família.

O testemunho reforça a fé (v.24) – Mesmo que esse último verso não fale de Raabe, vemos como o testemunho dos espias ajuda as tropas israelitas. Ela serve de incentivo e fé para eles, logo ela também está presente ali.

Ao vivenciarmos esses dias temos talvez, tanto quanto Raabe, a necessidade de sermos convictos em nossas decisões. Deus não aceitará, menos do que isso. Devemos correr riscos. O risco de lutar contra o povo, de abandonar a antiga religião, o risco de não vacilar na nova fé e por fim, o risco de confiar em outrem, sendo esse o próprio Cristo.

Raabe ocupa uma posição especial na redenção por causa do seu testemunho. Ela é antepassada do nosso Senhor (Mt.1.5); ela é exemplo de fé na galeria da fé (Hb.11.31) e exemplo de fidelidade (Tg. 2.25).

E nós o que somos? Também temos que vencer o medo, temos que estar prontos para sermos subjugados por Deus, como a cidade de Jericó foi, mas Raabe teve uma sorte melhor do que eles. Assim como ela somos chamados para o mesmo empreendimento. Que Deus nos faça firme, ao exemplo de Raabe, que Ele nos conceda sua bravura e convicção nesses dias, amém.








[1] BOICE, James Montgomery. An Expositional Commentary, Joshua, Editora Backer Books, 2005, Grand Rapids, EUA

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O triunfo da Semente da mulher, a nossa consolação e alegria

Gênesis 3.15

É evidente que o Evangelho não é uma novidade pertencente apenas ao Novo Testamento. Muitos resquícios dessa verdade estavam presentes no Antigo Testamento. É por isso que o Senhor com os dois discípulos no caminho de Emaús expôs essa verdade de forma tão efusiva (Lc. 24.27), de modo que lhes ardeu o coração (Lc. 24.32). O texto que iremos considerar essa noite é chamado de “síntese do Evangelho no A.T”. Charles Spurgeon, disse que “esse texto contém, praticamente todas as verdades que são encontradas no Novo Testamento”. E é tendo isso em mente que estaremos laborando nessa noite. Estaremos observando que tais verdades foram o farol para os crentes do passado, um anúncio anterior a grande verdade que hoje dispomos, de uma forma poderosa e pactual, algo que sem dúvida anuncia nossa redenção e triunfo sobre o inimigo na Pessoa da semente da mulher, o nosso Senhor Jesus Cristo.

O pano de fundo desse texto remonta a um dos dias mais negros da humanidade. Dia esse que de tão importante, ainda hoje afeta nossas afeições, desejos e interesses. Esse dia é o dia da queda da raça humana e especificamente nesse contexto é que somos informados das providências tomadas por Deus em razão dessa terrível queda. Os três personagens envolvidos estão diante do Senhor a fim de ouvirem as terríveis sentenças do Juiz de toda a terra, a serpente, o homem e a mulher. A pequena porção que estamos observando é parte da sentença divina dita à antiga serpente, satanás.

Creio que esse pequeno texto pode nos ajudar a compreender melhor as promessas de Deus no Evangelho. Ele também nos ajuda a compreender pontos importantes de nossa luta contra a semente da serpente, além de sermos conduzidos a contemplar o triunfo de Cristo sobre Seu inimigo. Tendo isso em vista, gostaria de propor um título para a nossa meditação: “O triunfo da Semente da mulher, a nossa consolação e alegria”.

Vejamos porque podemos nos consolar e alegrar nessa antiguíssima mensagem. Olhemos de perto as partes constituintes dessa mensagem, na ocasião do decreto da derrota do inimigo e entendamos como isso nos enche de alegria e regozijo.

A mulher em inimizade com a Serpente.
Uma amizade anterior – Antes dessas palavras serem ditas pelo Senhor, o que ficou constatado é que anteriormente é que havia amizade entre a mulher e a serpente. Houve uma troca de gentilezas no sentido de anuírem em comum acordo um tratado de paz de rebeldia contra o Senhor. Satanás soube conduzir a mulher no sentido de conquistar sua atenção. Com palavras agradáveis à mulher, a velha serpente a engana muito sagazmente.

Uma situação diferente a partir daqui – Depois que essas palavras foram pronunciadas pelo Senhor, houve um revés nessa relação. Como disse Spurgeon “a amizade dos pecadores não dura muito tempo”, sendo assim, nitidamente essas duas partes estiveram em um litígio permanente.

Descendências distintas e inimigas.
Muitos debates têm sido travados aqui, pois existe a necessidade de se compreender bem a questão relativa as palavras hebraicas para “tua descendência” (zar‘ăḵāזַרְעֲךָ֖) e “descendente” (zar‘āh; - זַרְעָ֑הּ). O problema está no uso do pronome hebraico para “o” descendente, no lugar de descendência. De acordo Walter Kaiser Jr, que cita R. A. Martin, diz que ele conclui que “em 103 vezes que o pronome masculino hebraico é empregado em Gênesis, em nenhum caso em que o tradutor traduziu literalmente ele tem rompido a concordância em grego, entre o pronome e seu antecedente, a não ser aqui em Gn. 3.15”[1]. Logo, segundo essa informação, é muito estranho o uso de um representante para a descendência, a não ser que consideremos o conceito de pessoa régia, existente no Messias.

A descendência da serpente – Hora, é claro que satanás não reproduziu, logo não tem descendentes filias ou genéticos, então, o que a Bíblia quer dizer com descendência da serpente? Segundo o entendimento bíblico, uma parte da humanidade foi adquirida pelo próprio satanás, ele passou a vindicar aqueles que são rebeldes contra Cristo. Logo, todos aqueles que vivem nesse estado pertencem a ele. Sendo assim, mesmo os eleitos estiveram nessa condição em outro momento, antes de serem salvos por Cristo.

O descente da mulher – Como já observamos o uso desse conceito, não de uma descendência, mas de um descendente, denota uma condição régia e messiânica. Estamos falando então daquele que tem condições de esmagar a cabeça da serpente. Isso quer dizer que a partir dele uma nova descendência seria criada. Esses são hoje inimigos dos descendentes da serpente, logo estão estes em total litígio, pois estão assegurados na pessoa do “Descendente” que é Cristo.

O ferimento da serpente na cabeça.
Quis o Espírito Santo que o triunfo fosse enunciado antes do final, talvez para mostrar que a suprema vitória do descendente é algo perfeitamente esperado, pois não existem contratempos para o Senhor.

Um golpe fatal – Dentre todos as partes constituintes do ser humano a cabeça é a mais exaltada. Nela está a sede de todos os empreendimentos, nossa racionalidade, além de nossos sentidos mais nobres. Quando o Senhor atinge essa parte do corpo de satanás, com a vitória de Cristo, isso implica dizer que todo o empreendimento do inimigo não tem mais o poder de antes. Cristo vitoriou-se sobre o algoz da raça humana, o descendente, o cabeça federal do pacto destruiu os intentos da grande serpente.

Um golpe salvador – Esse golpe significa, sobretudo, a vitória de Cristo sobre o território do maligno, sobre aqueles que lhe eram vassalos, mas que hoje são os despojos de Deus, os eleitos. Quando somos conduzidos a profundidade dessas palavras lembramos que nós pertencíamos a serpente, éramos sua descendência, porém agora, depois do golpe de Cristo, temos um novo Senhor, o Descendente, Cristo Jesus, o nosso vitorioso redentor.

IV- O ferimento do descendente no calcanhar.
Resta-nos falar dos efeitos do golpe dado pela serpente, vejamos o que isso quer dizer:

Não foi um golpe fatal – Em comparação ao golpe do Descendente, o golpe da serpente não causa tanto espanto assim. É verdade que é a partir desse golpe que vemos a terrível atrocidade que é o pecado, pois isso custou a vida do Justo, mas uma vez que Aquele que sofreu o golpe, é “a Ressurreição e a Vida”, tal golpe não o pode destroçar, mas apenas causar-lhe danos temporais. Esses são suas chagas graciosas por Seus eleitos.

Um golpe sorrateiro – Esse, uma vez que foi desferido pela serpente, ganha contornos de tocaia, pois é assim que as serpentes desferem o seu golpe. Porém, Cristo prevaleceu sobre tal empreendimento, todas as forças do inferno não foram capazes de destruir o empreendimento santo, há muito previsto da derrota do inimigo. E nenhum dos seus esforços malignos foram capazes de anular, tão previsível desfecho.
Conclusão: O Evangelho é antiguíssimo. Ele não é um planejamento, tendo por base uma estratégia mudada conforme as adversidades. Ele está previsto por Deus desde os tempos eternos. Cristo é o Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (Ap.13.8). Logo, Deus tinha em vista a morte substitutiva do nosso Mediador, antes que tudo tivesse ocorrido, antes da queda dos nossos pais, antes da queda do próprio diabo.

Que consoladora mensagem temos aqui. Se estamos do lado daqueles que hoje podem ser considerados “sementes da mulher”, assim como o nosso Cristo, podemos dizer que ninguém pode triunfar sobre nós. Nossa vitória em Cristo, a vitória da Noiva, da igreja é um enredo conhecido, antes mesmo de qualquer acontecimento. Cristo é a nossa garantia, Ele é o nosso Rei invicto, aquele que inimigo algum pode destruir.

Termino esse sermão com as palavras de Apocalipse 6.1,2.

“Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu Cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; ele saiu vencendo e para vencer.”







[1] KAISER JR Walter C. Teologia do Antigo Testamento, pg. 39, Editora Vida Nova, São Paulo, 2007

sábado, 20 de setembro de 2014

A profecia de Caifás: A morte de um homem, a redenção de uma nação

João 11.47-57

É verdade que a morte de Cristo é uma inesgotável fonte de bênção para o crente, pois foi por meio dela que o nosso grandioso Salvador pagou o preço requerido por nossos pecados. Mas, também é verdade que ela é celebrada imensamente por muitos. Recentemente um filme intitulado “Deus não está morto” chamou a atenção do público evangélico quanto às implicações, trazidas pela academia sobre a existência ou não de Deus.

A questão é que o Senhor morreu para muitos hoje em dia, assim como Ele já estava morto, antes de morrer, para aqueles homens instruídos na Lei que buscavam o bem de si próprios e não a vontade de Deus. Tendo isso em vista gostaria de refletir nessa noite no seguinte tema: “A profecia de Caifás: A morte de um homem, a redenção de uma nação”.

Ao comentar sobre isso gostaria de refletir acerca dos estratagemas encontrados no texto bíblico empreendidas por esses homens, no sentido de silenciar e abafar a voz do Senhor em suas vidas, algo muito parecido com aquilo que fazem os homens que nos dias atuais estão buscando o “silêncio do Senhor” no sentido de amoldarem suas expectativas ao seu alvitre corrompido.

Vejamos como isso ocorre, contemplando as seguintes nuances dessa pretensão arrogante. Vejamos como a morte de Cristo foi planejada por eles:

Uma morte idealizada (vv.47-48)
É claro que houve um período, entre os líderes judeus, que eles avaliaram os ensinos de Cristo. Eles realmente analisaram à luz da experiência e de seus métodos, se o Senhor era realmente o Cristo, se Ele realmente era o que Ele pretendia, mas isso desvaneceu em suas mentes e corações rapidamente. O que estaremos vendo aqui são os estratagemas desses homens a fim de resolverem um problema que o Senhor lhes trouxe, vejamos mais detidamente:

Os “muitos milagres” como pretexto (v.47) – João, taxativamente, explica que a razão da morte do Senhor eram os “Seus milagres”. O que é estranho é que os milagres nunca foram problema em Israel, em outras épocas eles eram vistos como sinais evidentes da ação de Deus, porque nesse caso eles estavam incomodados? A razão era que Jesus estava conquistando o povo com milagres incontestáveis, como a ressurreição de Lázaro (João 11.1-46). A assembleia mais famosa dos judeus, o sinédrio, é convocada em razão disso e percebamos o argumento defendido aqui.

O ciúme religioso nutrido pelos fariseus (v.48) – Eles entendem que era uma causa nacional. Eles, os fariseus, membros do sinédrio, desejam se identificar com a nação, quando na realidade estavam defendendo a si próprios. Nesse discurso parece haver uma observação de fraqueza na proposta religiosa de Cristo, pois eles acreditavam que isso poderia por em ruína a própria nação perante os romanos. Eles temiam a perca do poder e seu status exaltado, não estavam dispostos a viver segundo o Evangelho.

Uma morte aconselhada (vv.49-53)
O conselho dado por Caifás (v.49) – Talvez se esse conselho fosse algo de si próprio não receberia a atenção que recebe aqui, mas João vê nas palavras desse sumo sacerdote ímpio, aquilo que seria a vontade de Deus na questão da obra do Senhor, ou seja, a Sua morte vicária. Seu discurso é cheio de arrogância, mas prevê a morte de Cristo pela nação.

Um homem pela nação (vv.50-51) – Mesmo um homem cego espiritualmente pode advertir o povo quanto a algo pretendido por Deus. Deus usa a quem quer. E a verdade é a verdade de Deus, como falava Calvino. Nesse aspecto, Caifás foi profeta. Isso nos leva a entender que mesmo ímpios podem proferir o evangelho, logo, pregadores ímpios podem falar algo verdadeiro, mesmo sendo ímpios.

A aplicação evangélica (v.52) – Nesse verso, temos a explicação dada por João dessa profecia. Jesus não somente morre pelos judeus, mas para ajuntar os filhos de Deus espalhados pelo mundo, os quais são aqueles que creem em Seu nome.

Uma morte há seu tempo (vv.53-54)
A morte de Cristo, antes de tudo, foi prevista por Deus. Nem o diabo, nem os homens foram à causa dela. Estava em Deus os tempos que isso ocorreria. Vejamos como João narra isso:

Uma ação consumada (v.53) – Aqui vemos exatamente o momento em que o nome de Cristo e Sua Palavra foram desprezados por esses homens. Uma vez que esse nome está desprezado, pouco se pode fazer para fazê-Lo importante para muitos homens.

Ação evitada soberanamente (v.54) – Não é a primeira vez que Jesus evita certas pretensões humanas. Em outras ocasiões, onde Ele também estava ameaçado de morte, Ele também buscou evitar tais situações. Ele evitou ser coroado rei, Ele evitou falar abertamente, preferindo as parábolas, tais ações foram soberanamente administradas a fim de que nada atrapalhasse os propósitos soberanos do Senhor. Aqui não vemos um covarde fugindo da morte, mas o Santo de Deus obedecendo a vontade soberana do Senhor.

Uma morte controversa (vv.55-57)
A festa nacional (v.55) – Multidões de judeus frequentavam Jerusalém, principalmente durante as festas. A páscoa era talvez a mais importante delas. Estar em Jerusalém durante a páscoa era um dever para os judeus, imagine para um Rabi?

Aqueles que procuravam por Ele (v.56) – Existiam dois motivos que faziam os judeus buscar o Senhor, um era o desejo de conhecer o afamado Rabi e o outro era buscar erros em Seu ensino para o levarem para o cárcere. Os mesmos motivos ainda hoje estão em evidência e o encontro do objetivo dependerá muito daquilo que pensamos previamente do Senhor.

Aqueles que buscavam calá-Lo (v.57) – Esses homens tencionavam previamente silenciar a voz daquele que tem poder de fazê-los mudos, pois nenhum argumento é maior do que o dele. Eles buscavam o mal não somente do Senhor, mas de si próprios, mesmo que suas motivações não visassem isso.

Assim como naqueles dias muitos tencionam calar a voz de Cristo. Isso acontece por inveja ou por ódio consumado, uma vez que desprezam seus ensinos. Ainda hoje vemos a ira dos homens por Aquele que proclama o Reino de Justiça. Tais homens são amantes de seus próprios ventres e não desejam que viva a Palavra da Verdade. Que Deus não nos faça emudecer diante de tantos desmandos. Na contramão daqueles que buscam o silêncio de Cristo estão aqueles que tencionam ouvir a Sua voz, quanto a esses existem promessas de audiência eterna. Porém, aos demais, pouca esperança resta, a não ser que se arrependam-se e busque a mesma voz de poder encontrada no Senhor.



sábado, 13 de setembro de 2014

Algumas palavras que explicam o que cremos

Romanos 8.28-30

Queridos irmãos, estou certo de que certas palavras para a nossa fé devem ser completamente apreendidas pela nossa razão iluminada pelo Espírito Santo, uma vez que precisamos não somente conhecer nossa fé, mas que também nos importa compreender os termos usados pelas sagradas Escrituras que nos informam a complexidade de nossa fé e que podem fundamentar todo o nosso sistema doutrinário. Pensando nisso, encontro nas Escrituras essas palavras ditas pelo apóstolo Paulo que nos mostram ricamente como fomos salvos pelo Senhor.

Segundo Hendriksen o objetivo do capítulo 8 de Romanos é o mesmo dos capítulos 5, 6 e 7, ou seja, a justificação pela fé. Durante toda essa porção Paulo nos informa os benefícios de termos sido salvos sem merecimento algum. Especialmente no capítulo 8 o tema é que “em Cristo somos mais do que vencedores” (v.37).

A fim de sermos conduzido por Deus a um entendimento completo de nossa fé nesta perícope, convido os irmãos a considerarem o seguinte título: “Algumas palavras que explicam o que cremos”. Sendo assim, estaremos analisando a profundidade dessas palavras, bem como seu ensinamento e buscando aplica-las às nossas vidas de modo proveitoso.

Segunda essa proposta, vejamos a importância de cada uma delas da seguinte forma:

Um chamamento gracioso tendo como propósito nossa salvação (v.28). Existe um relacionamento direto da providência de Deus com a consumação de obra de Cristo exercida sobre nós, vejamos como isso acontece aqui:

As coisas que cooperam para o bem (parte a) – Calvino cita que Agostinho reconhecia que mesmo os nossos pecados podem glorificar a Deus, no sentido deles nos levarem a humilhação na presença de Cristo, logo, mesmo eles podem nos conduzir a esta graça. Nada ocorre na vida do crente de forma esporádica e irrelevante, tudo está no controle de Deus, sendo administrado para o propósito de nos levar cativos ao temor de Cristo. Por isso que Paulo consegue ver o propósito de Deus para a nossa salvação, mesmo no sofrimento ou na alegria tudo está sendo realizado conforme a vontade soberana de Deus.

Aqueles que amam a Deus (parte b) – Esses em questão não estão nesse amor por vontade própria, mas porque Deus os amou primeiro. Eles estavam em rebeldia contra Deus, mas agora se tornaram amigos de Deus, logo, somente os que amam a Deus têm suas vidas sob a direção divina, fazendo com eles sejam usados para glorificar a Deus.

Chamados segundo o propósito (parte c) – A condição desses crentes está relacionado ao propósito eletivo de Deus. O fato de eles passarem por determinadas coisas que glorificam a Deus, mostra que estes sofrem ou vivem para a glória de Deus. Eles foram escolhidos tendo como base única o propósito, ou seja, não por eles mesmos, mas por Deus que os chamou com santa vocação.

Somos predestinados e eleitos para sermos como Cristo (v.29).

 Um conhecimento anterior (parte a) – Aqui, conforme ensina Calvino, não é a “tolice dos neófitos” que pensam em pré-conhecimento, mas o conceito que Deus desejou, em tempos idos, fazer conhecido de todos a Sua intenção para com o Seu povo, ou seja, revelar que Ele conhece a todos que se achegam a Ele eletivamente e segundo Seu eterno propósito.

Os elos da Corrente da salvação – Outra questão a partir dessa parte do versículo 29, e conforme é proposto por Hendriksen, tem cinco elementos importantes aqui denominados de “elos” de uma corrente são eles a) Presciência; b) Predestinação; c) Vocação; d) Justificação e e) Glorificação. Todos eles, a partir daqui aparecendo no tempo passado, dando a entender o propósito concluído de Deus, mesmo antes desse ser realizado.

Predestinados conforme a imagem de Cristo (parte b) – Aqui vemos qual é o propósito de Deus para nós quando resolver nos salvar antes de tudo, que fossemos conforme Cristo redimidos. Cristo nos é padrão, ou seja, somos salvos para sermos como Ele é. Sendo Cristo nosso padrão, somos chamados a sermos “pequenos Cristos”, que estão sendo formados por meio do propósito de Deus em uma santificação progressiva.

Uma predestinação justificadora e glorificadora (v.30).
Por fim, temos aqui aquilo pelo qual está o resumo de tudo que vemos nas Escrituras, a glorificação do nome do Senhor em Sua bendita redenção, vejamos isso mais um pouco:

Predestinação e chamada ou vocação (parte a) – Apesar do conceito de predestinação estar relacionado a supra história, ou seja, a um período que só Deus existia, ela tem a ver com aqueles que viriam não somente existir, mas que também estariam sendo destinado a glorificar a Cristo. Sendo assim era necessário que isso ocorresse no tempo determinado, ou seja, fossem chamados em uma época específica designada por Deus, por isso o relacionamento íntimo aqui entre essas duas declarações, predestinados e chamados.

Uma vez chamados, justificados (parte b) – Aqui vemos outra propriedade desse chamado que é a conexão com a justificação. Assim como o chamado, a justificação acontece no tempo, logo ela é temporal e está relacionada com a efetuação do perdão divino nos decretando justos perante Deus. Apesar de Deus ter previsto a justificação no passado, ela só se torna efetiva no tempo que Ele estabeleceu, conforme nosso chamado.

Justificados para a glorificação (parte c) – Aqui vemos algo que nos conforta grandemente, esse processo que vem desde a supra-história é desembocado na segurança de que ele será bem sucedido. Não vemos aqui declarações de dúvida ou receio, mais certeza que aqueles que foram predestinados, chamados, justificados serão glorificados. Ninguém que inicia o processo terá a obra feita pela metade, mas será feita completamente, ou seja, o fim de todas as coisas é a glorificação.

Talvez boa parte das nossas dúvidas quanto a essas verdades são porque pouco referimos a elas como a identificação de nossa fé. Nos referimos a elas sem conhecimento e a nossa defesa das mesmas descamba em uma fé vacilante. É necessário novamente desejarmos o conhecimento desses “altos mistérios”, conforme fala nossa Confissão. Se estivermos longe desses mistérios estaremos longe da devida compreensão e da nossa preparação para sermos conforme a imagem de Cristo.

Que Deus nos livre dessa indulgência e que venhamos a glorificar a Deus conhecendo completamente essa verdade. Que Deus nos abençoe quanto a isso, amém.



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Entendendo a santidade por meio do patriarca Abraão

Gênesis 17.1-8

Essa porção das Escrituras que precede a instituição da circuncisão (vv.9-14) ao patriarca Abraão tem um grande significado para a nossa concepção de santidade. É basicamente o entendimento da santidade que eu gostaria de refletir com a igreja hoje. Essa santidade que foi exigida de Abraão aqui recebe implicações mais amplas, como no caso da aliança feita com os descendentes do patriarca. É por isso que quando a igreja retoma sua atenção para tão elevado tema, algo grandemente desafiador nos acomete, uma vez que vivemos em um mundo que deseja muita coisa, mas talvez uma das coisas que ele menos deseje é uma vida santa.

Tendo isso em mente gostaria de chamar atenção para o fato da escolha de Deus por um homem semita, chamado Abrão, natural de Ur dos caldeus, tirado de um contexto idólatra e que deveria ser pai de uma numerosa nação:

“Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que podes. E ele lhe disse: Será assim a tua posteridade. Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado por justiça. Gênesis 15.5-6.

Seu exemplo nos inspira a continuar perseguindo a santidade em nossa vida particular, família e sociedade. Vivendo em um contexto mais favorável com relação à presença do Senhor em nós, por meio do Espírito Santo, cabe-nos refletir nesse texto e empreendermos nossos esforços para que a santidade não seja apenas um conceito teológico “jurássico”, algo para ser dissecado por teólogos, mas algo experiencial, vivido ainda em nossos dias.

Para que tenhamos um conhecimento adequado sugiro uma reflexão a partir de um título: “Entendendo a santidade por meio do patriarca Abraão”. Esse pequeno texto, tem muito a nos dizer acerca dessa tão importante verdade por vezes negligenciada pela igreja hodierna. Sendo assim, busquemos extrair dele alguns princípios fundamentais de modo a fortalecer a nossa própria santidade ao exemplo do patriarca Abraão:

A santidade de Abraão era para todos os seus dias (vv.1-3).

O El-Shadday diante do velho Abraão (v.1 parte a) – O título “El-Shadday” é recorrente no A.T., mas está intrinsicamente ligado com a promessa da descendência. Ele é traduzido como “Todo Poderoso” enfatiza então a capacidade descomunal do Senhor de controlar todas as coisas segundo a força do Seu poder, inclusive o Seu pacto. No caso da idade do patriarca vemos que desde que o Senhor lhe chamou, aos 75 anos, até os 99 ainda essa promessa não havia sido ainda concretizada. Isso fez com que Abraão tentasse cumprir a mesma por meios espúrios (cap.16).

A ordem do andar com Deus (v. 1 parte b) – A escolha divina por Abraão não era meramente por falta de opção. Existia uma promessa aos semitas (Gn. 9.25-27), de onde Abraão descendia, além disso, ele tinha sido escolhido pelo próprio Deus. A questão de andar com Deus denota santidade. Segundo Geerhardus Vos, significava a supervisão de Deus de maneira próxima com relação a Abraão. Abraão amaria essa supervisão, consentindo com seu estilo de vida. O crente deve ter esse mesmo entendimento, ou seja, a certeza que o Senhor lhe contempla e esse olhar não lhe preocupa, mas lhe faz se rejubilar por tão grande comunhão.

Um pacto, uma promessa (v.2) – Além da exigência de comunhão no que se refere à santidade, era necessário, segundo o entendimento do Senhor, que fosse estabelecida as bênçãos do pacto em razão da condição eleita do patriarca. Essa condição era unilateral, não dependia de Abraão, ou seja, nada ele podia fazer de sua perspectiva ou de sua parte, mas apenas de Deus podia. Não existe o apelo para Abraão fazer algo, mesmo que antes Ele tenha dito “sê perfeito”, isso não fazia Abraão perseguir a perfeição, mas apenas contemplar os altos critérios de Deus. Aqui Deus concede a Abraão a confirmação que Suas palavras não eram promessas vazias, mas a certeza do cumprimento, pois Ele as havia feito. Mesmo sem ter um único filho, ele seria pai de numerosa nação. “Por isso, também de um, aliás, já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar”. Hebreus 11.12

A adoração de Abraão (v.3) – Aqui vemos uma das características desse notável homem Abraão. Aqui o vemos com a “cara no pó” diante do Santo. Ele não pensa duas vezes, mesmo já tendo um certo costume com as epifanias particulares, ele tem o senso da devoção que só os santos têm no Senhor.

A santidade de Abraão era uma nova perspectiva, uma nova missão (vv.4-6).
Uma condição que excedia a vida do patriarca (v.4) – É fato que ele ainda continuaria a desfrutar das benesses da sua condição eleita enquanto fosse vivo, mas tal condição não seria restrita apenas a ele. Outros estavam envolvidos. Esses seriam aqueles que fossem descendentes dele, aqueles que o próprio Deus pretendia alcançar, o povo eleito, sendo redimido não somente por essa promessa, mas também pela promessa dessa remissão ocorrida pelo Mediador.

A mudança do nome dá uma nova perspectiva e missão (v.5) – A questão dos nomes na cultura semítica era bem recorrente. Geralmente eles denotavam uma qualidade a ser pretendida ou mesmo já existente no indivíduo. Sendo assim, Abrão (pai exaltado), passa a ser Abraão (pai de multidões). Essa condição estava em estrito relacionamento com o que Abraão se tornaria o pai da fé, o pai de um povo escolhido.

A promessa da bênção decorrente da aliança (v.6) – A condição prevista para o patriarca e seus descendentes não se estende apenas a aqueles que são naturalmente descendentes, mas a aqueles que se achegam as mesmas promessas por meio do Descendente. Sendo assim, as bênçãos do pacto não estão relacionadas apenas com o povo hebreu, mas também com os descentes pela fé de Abraão.

A santidade de Abraão era para ele e para sua descendência (vv.7-8).
Uma aliança perpétua (v.7) – Isso quer dizer que não estava essa aliança dependente do homem, ou condição desse a quebrar, mas estava baseada em Deus, pois somente por isso ela seria eterna. As bases dessa aliança então são mencionadas da seguinte forma “estabelecerei minha aliança”, logo ele pertence unilateralmente a Deus. O homem é parte pactual apenas no concerne a ser beneficiado e apenas isso. Essa seria transmitida, ininterruptamente para os descendentes do pacto, os quais são eu e você e também nossos descendentes.

Descanso e possessão santificados (v.8) – Aqueles que descendem de Abraão também estão debaixo daquilo que foi prometido a ele quanto as promessas. Deles também serão o descanso das peregrinações e a possessão de um local eterno, prefigurado em Canaã.

Mesmo que o caminho a santificação seja algo desconhecido de muitos hoje em dia, aquilo para que fomos separados permanece, somos chamados à perfeição e santidade que o nosso pai Abraão foi requerido. Resta-nos depois de contemplar esse texto observarmos o que temos feito para que uma vida de santidade esteja sendo buscada por nós. Temos um chamado de aliança perpétua, esse chamado fala de como o Senhor deseja para si um povo santo, um povo que fosse realmente dedicado a Sua causa, que vivesse ao Seu lado “anda na minha presença”, que estivesse certo de sua separação consagrada e fiel. Que Deus nos faça priorizar a santidade nesses dias maus e que pela graça de Deus continuemos a avançar, tendo como objetivo a fidelidade que todos os santos que entenderam isso buscaram.