sábado, 13 de setembro de 2014

Algumas palavras que explicam o que cremos

Romanos 8.28-30

Queridos irmãos, estou certo de que certas palavras para a nossa fé devem ser completamente apreendidas pela nossa razão iluminada pelo Espírito Santo, uma vez que precisamos não somente conhecer nossa fé, mas que também nos importa compreender os termos usados pelas sagradas Escrituras que nos informam a complexidade de nossa fé e que podem fundamentar todo o nosso sistema doutrinário. Pensando nisso, encontro nas Escrituras essas palavras ditas pelo apóstolo Paulo que nos mostram ricamente como fomos salvos pelo Senhor.

Segundo Hendriksen o objetivo do capítulo 8 de Romanos é o mesmo dos capítulos 5, 6 e 7, ou seja, a justificação pela fé. Durante toda essa porção Paulo nos informa os benefícios de termos sido salvos sem merecimento algum. Especialmente no capítulo 8 o tema é que “em Cristo somos mais do que vencedores” (v.37).

A fim de sermos conduzido por Deus a um entendimento completo de nossa fé nesta perícope, convido os irmãos a considerarem o seguinte título: “Algumas palavras que explicam o que cremos”. Sendo assim, estaremos analisando a profundidade dessas palavras, bem como seu ensinamento e buscando aplica-las às nossas vidas de modo proveitoso.

Segunda essa proposta, vejamos a importância de cada uma delas da seguinte forma:

Um chamamento gracioso tendo como propósito nossa salvação (v.28). Existe um relacionamento direto da providência de Deus com a consumação de obra de Cristo exercida sobre nós, vejamos como isso acontece aqui:

As coisas que cooperam para o bem (parte a) – Calvino cita que Agostinho reconhecia que mesmo os nossos pecados podem glorificar a Deus, no sentido deles nos levarem a humilhação na presença de Cristo, logo, mesmo eles podem nos conduzir a esta graça. Nada ocorre na vida do crente de forma esporádica e irrelevante, tudo está no controle de Deus, sendo administrado para o propósito de nos levar cativos ao temor de Cristo. Por isso que Paulo consegue ver o propósito de Deus para a nossa salvação, mesmo no sofrimento ou na alegria tudo está sendo realizado conforme a vontade soberana de Deus.

Aqueles que amam a Deus (parte b) – Esses em questão não estão nesse amor por vontade própria, mas porque Deus os amou primeiro. Eles estavam em rebeldia contra Deus, mas agora se tornaram amigos de Deus, logo, somente os que amam a Deus têm suas vidas sob a direção divina, fazendo com eles sejam usados para glorificar a Deus.

Chamados segundo o propósito (parte c) – A condição desses crentes está relacionado ao propósito eletivo de Deus. O fato de eles passarem por determinadas coisas que glorificam a Deus, mostra que estes sofrem ou vivem para a glória de Deus. Eles foram escolhidos tendo como base única o propósito, ou seja, não por eles mesmos, mas por Deus que os chamou com santa vocação.

Somos predestinados e eleitos para sermos como Cristo (v.29).

 Um conhecimento anterior (parte a) – Aqui, conforme ensina Calvino, não é a “tolice dos neófitos” que pensam em pré-conhecimento, mas o conceito que Deus desejou, em tempos idos, fazer conhecido de todos a Sua intenção para com o Seu povo, ou seja, revelar que Ele conhece a todos que se achegam a Ele eletivamente e segundo Seu eterno propósito.

Os elos da Corrente da salvação – Outra questão a partir dessa parte do versículo 29, e conforme é proposto por Hendriksen, tem cinco elementos importantes aqui denominados de “elos” de uma corrente são eles a) Presciência; b) Predestinação; c) Vocação; d) Justificação e e) Glorificação. Todos eles, a partir daqui aparecendo no tempo passado, dando a entender o propósito concluído de Deus, mesmo antes desse ser realizado.

Predestinados conforme a imagem de Cristo (parte b) – Aqui vemos qual é o propósito de Deus para nós quando resolver nos salvar antes de tudo, que fossemos conforme Cristo redimidos. Cristo nos é padrão, ou seja, somos salvos para sermos como Ele é. Sendo Cristo nosso padrão, somos chamados a sermos “pequenos Cristos”, que estão sendo formados por meio do propósito de Deus em uma santificação progressiva.

Uma predestinação justificadora e glorificadora (v.30).
Por fim, temos aqui aquilo pelo qual está o resumo de tudo que vemos nas Escrituras, a glorificação do nome do Senhor em Sua bendita redenção, vejamos isso mais um pouco:

Predestinação e chamada ou vocação (parte a) – Apesar do conceito de predestinação estar relacionado a supra história, ou seja, a um período que só Deus existia, ela tem a ver com aqueles que viriam não somente existir, mas que também estariam sendo destinado a glorificar a Cristo. Sendo assim era necessário que isso ocorresse no tempo determinado, ou seja, fossem chamados em uma época específica designada por Deus, por isso o relacionamento íntimo aqui entre essas duas declarações, predestinados e chamados.

Uma vez chamados, justificados (parte b) – Aqui vemos outra propriedade desse chamado que é a conexão com a justificação. Assim como o chamado, a justificação acontece no tempo, logo ela é temporal e está relacionada com a efetuação do perdão divino nos decretando justos perante Deus. Apesar de Deus ter previsto a justificação no passado, ela só se torna efetiva no tempo que Ele estabeleceu, conforme nosso chamado.

Justificados para a glorificação (parte c) – Aqui vemos algo que nos conforta grandemente, esse processo que vem desde a supra-história é desembocado na segurança de que ele será bem sucedido. Não vemos aqui declarações de dúvida ou receio, mais certeza que aqueles que foram predestinados, chamados, justificados serão glorificados. Ninguém que inicia o processo terá a obra feita pela metade, mas será feita completamente, ou seja, o fim de todas as coisas é a glorificação.

Talvez boa parte das nossas dúvidas quanto a essas verdades são porque pouco referimos a elas como a identificação de nossa fé. Nos referimos a elas sem conhecimento e a nossa defesa das mesmas descamba em uma fé vacilante. É necessário novamente desejarmos o conhecimento desses “altos mistérios”, conforme fala nossa Confissão. Se estivermos longe desses mistérios estaremos longe da devida compreensão e da nossa preparação para sermos conforme a imagem de Cristo.

Que Deus nos livre dessa indulgência e que venhamos a glorificar a Deus conhecendo completamente essa verdade. Que Deus nos abençoe quanto a isso, amém.



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