quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Entendendo a santidade por meio do patriarca Abraão

Gênesis 17.1-8

Essa porção das Escrituras que precede a instituição da circuncisão (vv.9-14) ao patriarca Abraão tem um grande significado para a nossa concepção de santidade. É basicamente o entendimento da santidade que eu gostaria de refletir com a igreja hoje. Essa santidade que foi exigida de Abraão aqui recebe implicações mais amplas, como no caso da aliança feita com os descendentes do patriarca. É por isso que quando a igreja retoma sua atenção para tão elevado tema, algo grandemente desafiador nos acomete, uma vez que vivemos em um mundo que deseja muita coisa, mas talvez uma das coisas que ele menos deseje é uma vida santa.

Tendo isso em mente gostaria de chamar atenção para o fato da escolha de Deus por um homem semita, chamado Abrão, natural de Ur dos caldeus, tirado de um contexto idólatra e que deveria ser pai de uma numerosa nação:

“Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que podes. E ele lhe disse: Será assim a tua posteridade. Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado por justiça. Gênesis 15.5-6.

Seu exemplo nos inspira a continuar perseguindo a santidade em nossa vida particular, família e sociedade. Vivendo em um contexto mais favorável com relação à presença do Senhor em nós, por meio do Espírito Santo, cabe-nos refletir nesse texto e empreendermos nossos esforços para que a santidade não seja apenas um conceito teológico “jurássico”, algo para ser dissecado por teólogos, mas algo experiencial, vivido ainda em nossos dias.

Para que tenhamos um conhecimento adequado sugiro uma reflexão a partir de um título: “Entendendo a santidade por meio do patriarca Abraão”. Esse pequeno texto, tem muito a nos dizer acerca dessa tão importante verdade por vezes negligenciada pela igreja hodierna. Sendo assim, busquemos extrair dele alguns princípios fundamentais de modo a fortalecer a nossa própria santidade ao exemplo do patriarca Abraão:

A santidade de Abraão era para todos os seus dias (vv.1-3).

O El-Shadday diante do velho Abraão (v.1 parte a) – O título “El-Shadday” é recorrente no A.T., mas está intrinsicamente ligado com a promessa da descendência. Ele é traduzido como “Todo Poderoso” enfatiza então a capacidade descomunal do Senhor de controlar todas as coisas segundo a força do Seu poder, inclusive o Seu pacto. No caso da idade do patriarca vemos que desde que o Senhor lhe chamou, aos 75 anos, até os 99 ainda essa promessa não havia sido ainda concretizada. Isso fez com que Abraão tentasse cumprir a mesma por meios espúrios (cap.16).

A ordem do andar com Deus (v. 1 parte b) – A escolha divina por Abraão não era meramente por falta de opção. Existia uma promessa aos semitas (Gn. 9.25-27), de onde Abraão descendia, além disso, ele tinha sido escolhido pelo próprio Deus. A questão de andar com Deus denota santidade. Segundo Geerhardus Vos, significava a supervisão de Deus de maneira próxima com relação a Abraão. Abraão amaria essa supervisão, consentindo com seu estilo de vida. O crente deve ter esse mesmo entendimento, ou seja, a certeza que o Senhor lhe contempla e esse olhar não lhe preocupa, mas lhe faz se rejubilar por tão grande comunhão.

Um pacto, uma promessa (v.2) – Além da exigência de comunhão no que se refere à santidade, era necessário, segundo o entendimento do Senhor, que fosse estabelecida as bênçãos do pacto em razão da condição eleita do patriarca. Essa condição era unilateral, não dependia de Abraão, ou seja, nada ele podia fazer de sua perspectiva ou de sua parte, mas apenas de Deus podia. Não existe o apelo para Abraão fazer algo, mesmo que antes Ele tenha dito “sê perfeito”, isso não fazia Abraão perseguir a perfeição, mas apenas contemplar os altos critérios de Deus. Aqui Deus concede a Abraão a confirmação que Suas palavras não eram promessas vazias, mas a certeza do cumprimento, pois Ele as havia feito. Mesmo sem ter um único filho, ele seria pai de numerosa nação. “Por isso, também de um, aliás, já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar”. Hebreus 11.12

A adoração de Abraão (v.3) – Aqui vemos uma das características desse notável homem Abraão. Aqui o vemos com a “cara no pó” diante do Santo. Ele não pensa duas vezes, mesmo já tendo um certo costume com as epifanias particulares, ele tem o senso da devoção que só os santos têm no Senhor.

A santidade de Abraão era uma nova perspectiva, uma nova missão (vv.4-6).
Uma condição que excedia a vida do patriarca (v.4) – É fato que ele ainda continuaria a desfrutar das benesses da sua condição eleita enquanto fosse vivo, mas tal condição não seria restrita apenas a ele. Outros estavam envolvidos. Esses seriam aqueles que fossem descendentes dele, aqueles que o próprio Deus pretendia alcançar, o povo eleito, sendo redimido não somente por essa promessa, mas também pela promessa dessa remissão ocorrida pelo Mediador.

A mudança do nome dá uma nova perspectiva e missão (v.5) – A questão dos nomes na cultura semítica era bem recorrente. Geralmente eles denotavam uma qualidade a ser pretendida ou mesmo já existente no indivíduo. Sendo assim, Abrão (pai exaltado), passa a ser Abraão (pai de multidões). Essa condição estava em estrito relacionamento com o que Abraão se tornaria o pai da fé, o pai de um povo escolhido.

A promessa da bênção decorrente da aliança (v.6) – A condição prevista para o patriarca e seus descendentes não se estende apenas a aqueles que são naturalmente descendentes, mas a aqueles que se achegam as mesmas promessas por meio do Descendente. Sendo assim, as bênçãos do pacto não estão relacionadas apenas com o povo hebreu, mas também com os descentes pela fé de Abraão.

A santidade de Abraão era para ele e para sua descendência (vv.7-8).
Uma aliança perpétua (v.7) – Isso quer dizer que não estava essa aliança dependente do homem, ou condição desse a quebrar, mas estava baseada em Deus, pois somente por isso ela seria eterna. As bases dessa aliança então são mencionadas da seguinte forma “estabelecerei minha aliança”, logo ele pertence unilateralmente a Deus. O homem é parte pactual apenas no concerne a ser beneficiado e apenas isso. Essa seria transmitida, ininterruptamente para os descendentes do pacto, os quais são eu e você e também nossos descendentes.

Descanso e possessão santificados (v.8) – Aqueles que descendem de Abraão também estão debaixo daquilo que foi prometido a ele quanto as promessas. Deles também serão o descanso das peregrinações e a possessão de um local eterno, prefigurado em Canaã.

Mesmo que o caminho a santificação seja algo desconhecido de muitos hoje em dia, aquilo para que fomos separados permanece, somos chamados à perfeição e santidade que o nosso pai Abraão foi requerido. Resta-nos depois de contemplar esse texto observarmos o que temos feito para que uma vida de santidade esteja sendo buscada por nós. Temos um chamado de aliança perpétua, esse chamado fala de como o Senhor deseja para si um povo santo, um povo que fosse realmente dedicado a Sua causa, que vivesse ao Seu lado “anda na minha presença”, que estivesse certo de sua separação consagrada e fiel. Que Deus nos faça priorizar a santidade nesses dias maus e que pela graça de Deus continuemos a avançar, tendo como objetivo a fidelidade que todos os santos que entenderam isso buscaram.





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