quinta-feira, 14 de outubro de 2010

As missões no sertão nordestino

Tenho aproximadamente 05 anos de evangelização no sertão nordestino, bem como uma vida inteira vivendo nesta região, conhecendo os seus sotaques, crenças e tradições pessoalmente, por meio de uma vivência quase que empírica neste assunto, além de uma reflexão crítica a esse respeito. Ainda acredito que não formulei completamente meu pensamento a este respeito e verdadeiramente creio que preciso de maior fundamentação para tanto. Mas algo me chama atenção quanto ao alcance desse pobre e sofrido  lugar que muitos preferem esteriotipar ao invés de entender seus conflitos e problemáticas.
No que se refere a evangelização desta região, creio que ainda há um longo caminho para percorrer. Não que não hajam igrejas que se proponham a evangelizar, mas que existem muitas contradições envolvendo esta sistemática. Com relação a isso tratei desse tema em outra ocasião neste blog, mas gostaria mesmo é de me deter sobre algumas práticas recorrentes, tanto naqueles que fazem as missões, como naqueles que financiam as mesmas. Por exemplo, creio piamente que já há uma grande possibilidade de que igrejas nordestinas se preocupem a estabelecer suas próprias missões, sem necessitar de ajuda provinda das regiões mais ricas do país. Conheci recentemente algumas igrejas na capital de Pernambuco que fomentam esta missão de forma muito profícua e atuante, mas a maioria delas ainda não observou a importância desta missão. Quero, contuto, ratificar que para participar da evangelização do sertanejo não é necessariamente obrigatório ter grande quantidade de recursos, mas o que falta é uma maior responsabilidade missionária.
Grande parte desta visão atrofiada, percepitível em grande parte das igrejas só acontece em razão de uma visão deficiente da liderança da mesma. Percebo que a maior parte das igrejas de porte médio estão hoje investindo em gastos estruturais. Visitei uma igreja em Minas Gerais que gastou uma grande soma de dinheiro apenas para reformar dois ou três banheiros. Não sou contra investimentos patrimoniais, mas é perceptível, baseado na quantidade que se investe de dinheiro em certas aquisições patrimoniais, em contrapartida a quase vergonhosa quantidade que se investe em missões. 
Em grandes denominações o investimento em novos trabalhos depende da visão que a denominação tem a este respeito. No caso de minha igreja Presbiteriana do Brasil, mais de 50% do orçamento denominacional tem este direcionamento. Porém, tal financiamento depende muito de uma série de fatores, desde uma visão estratégica para determinada região, até a influência política de um concílio ou de uma igreja para adquirir tais recursos. Quando não isso depende da fidelidade dos concílios proponentes e em se tratando de região Nordeste esta fidelidade é muito menor quando é comparada com a situação do Sul e Sudeste brasileiro.
Defendo que o desenvolvimento desta região depende ainda da ajuda financeira de lugares mais ricos, mas não se pode deixar de cobrar uma autonomia própria, no lugar de uma postura meramente passiva e por que não dizer quase humilhante de alguns missionários que ainda tendem a mostrar uma situação de pobreza além da nossa realidade atual. Ainda é grande a diferença entre uma cidade no Sudeste para uma no Nordeste, mas crescem consideravelmente o progresso de determinadas regiões nordestinas, não se justificando certos apelos que rogam por clemência assistencial.
Digo que a ajuda deve vir na capacitação e recursos logísticos, em investimentos em templos e em educação. Deve se evitar a mendicância deplorável de alguns e para isso creio que não existem muitas soluções a não ser uma mudança de caráter. Tenho sempre muita cautela com os termos aqui, não quero ser hipócrita com relação a isso, muitas vezes posso me beneficiar do simples fato de estar em uma região carente, mas não posso viver de forma incompatível com a realidade do local, fato muito comum na forma de viver de alguns pastores e missionários nesta região.
Por fim, faço uma crítica a algumas "instituições" que lucram imensamente em seus projetos evangelísticos, sugando praticamente quase todo o investimento, dificultando um maior contado dos campos menos expressivos. 
Concluo apresentando uma crítica a forma como as missões no Nordeste tem se desenvolvido. Precisamos traçar novas perspectivas se quisermos ter igrejas fortes nesta região. A marcha do desenvolvimento das cidades deve vir acompanhada com a marcha do verdadeiro evangelismo. A influência da igreja comprometida com o Evangelho nesta região será sentida se as igrejas desta região também investirem em missões. Não adianta ficar lamentando o êxodo dos recursos para outras regiões, se nós mesmos não nos preocuparmos com esta tarefa. Mas, conclamo as regiões mais abastadas a não desistirem da região Nordeste, com isso quero dizer que ainda precisamos de recursos para nossos desenvolvimento, mas não em assistencialismo. Recomendo também o investimento em missões naqueles projetos menos famosos, que tanto quanto os demais necessitam de recursos. Existem muitos destes espalhados pela região que não estão na mídia, porém extramente sérios e comprometidos com a lesura de suas ações.
Evangelismo e Reforma se preocupa sensivelmente com esta região e se dispõe a informar aos nossos leitores a respeito o desenvolvimento evangelístico da mesma. Que Deus abençoe a região Nordeste e os projetos relativos à sua evangelização, uma vez que esta carente população também é carente da pregação do genuíno Evangelho. Deus nos abençoe nesta tarefa.

Soli Deo Gloria


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