quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A FUNÇÃO DO HOMEM NO PROPÓSITO REDENTIVO PRETENDIDO POR DEUS

Há algum tempo essa pergunta me atormenta? Tenho visto com muita frequência igrejas onde a maioria esmagadora de seus membros são mulheres e isso de alguma forma me anima, pois devemos louvar a Deus pelo forte ministério feminino, mas por outro lado fico bastante preocupado em não vermos números expressivos de homens na membresia da igreja como um todo.

É claro que ao abordar isso não quero propor nenhuma guerra entre os sexos, não é essa minha intenção. Mas se Deus tenciona salvar eletivamente uma grande quantidade de mulheres que supere em mais da metade o número de homens quem somos nós para questionarmos o Senhor? Mas percebo que o problema em questão não é tão fácil de ser resolvido e que a condição espiritual da igreja passa, a princípio, pela conversão de homens ao Senhor. Infelizmente isso não é o comum em nossos dias e alguns pontos precisam ser levantados se nós quisermos fortalecer nossas igrejas com a presença masculina bíblica e saudável. Chamo a sua atenção para algumas considerações:

A Bíblia e o papel do homem
A sociedade como nós conhecemos e que é a mesma que foi estabelecida por Deus em seu propósito original, foi criada de forma a colocar os dois sexos, homem e mulher em certo nível de igualdade, pois nossa matriz genética é composta de genes masculinos e femininos, logo os tais foram fundamentais para toda a humanidade de maneira matricial, não somente no que concerne à genética, mas também no que diz respeito à representatividade em questão, sendo os dois gêneros colocados na criação pelo Senhor de modo a mostrar a totalidade representativa tencionada pelo Criador. É óbvio que o propósito redentivo do Senhor para com os gêneros tencionou dar certa primazia ao homem no texto bíblico, isso foi refletido na própria formação cultural dos povos antigos, onde a participação masculina recebeu certo destaque em grande quantidade pela própria constituição genética do homem, que além de ir às guerras, sempre foi aquele que supre o lar e que por consequência está mais envolvido com grandes conquistas territoriais e de liderança. Porém a própria Escritura atribui ao homem um papel exponencial, quando o coloca como coroa da criação divina, que é completado plenamente com o surgimento da mulher. Mas desde o passado mais remoto vemos a primazia do homem na escolha divina para funções importantes no plano redentivo, como a escolha dos patriarcas Abrahão, Isaque e Jacó. Entre todos os herdeiros das tribos israelitas, que sem dúvida incluíam mulheres, apenas os homens receberam a primazia em seus clãs, nenhum patriarca era mulher. No período posterior, aquele que estabelece a história judaica como nação, a presença masculina também é importante, o libertador Moisés era homem, bem como seu sucessor Josué e, igualmente, os próprios juízes no período posterior, também. Apesar de haverem raríssimas exceções (Como no caso de Debora, da tribo de Efraim, que além de profetisa era também juíza. Jz 4.4). No período conhecido como profetismo o mesmo fato é constatado, apesar de haverem profetisas neste período a grande maioria eram homens (Ne 6.14 e Lc 2.36), assim como os reis no período monárquico. No Novo Testamento os doze apóstolos eram homens e apesar de haverem mulheres importantes no ministério de Jesus, elas não tinham nenhuma primazia na igreja, no sentido de liderança, não foram dados a elas cargos como apóstolas, bispas, presbíteras ou diaconisas. Esses cargos são relativamente novos na história da igreja e fazem parte das conquistas recentes do movimento feminino, apenas instituídos recentemente em igrejas onde prevalece uma teologia liberal. Organicamente e originariamente não havia essa liderança estabelecida nas Escrituras, isso não faz da mulher desnecessária, mas apenas corrobora o entendimento que o ministério na igreja de Cristo é um ministério masculino qualificado.

A conversão do homem ao ministério da igreja
O ministério masculino faz parte então, como já demonstrado anteriormente, do propósito divino para toda humanidade e mais especificamente para a liderança do Seu povo redimido, a igreja. Não estou pregando aqui uma espécie de particularismo machista, mas algo baseado naquilo que encontramos na Revelação e que diz respeito ao propósito redentivo pretendido pelo Senhor. Alguém pode perguntar: “Se faz parte do propósito redentivo do Senhor, então qual é a razão para tal questão não acontecer a contento, uma vez que já demonstramos aqui que existe um desequilíbrio numérico em nossas igrejas quanto ao número de membros masculinos?” Quanto a isso creio que devemos pensar em uma abordagem evangelística que primeiro esteja dentro dos padrões escriturísticos e isso deve ser algo fundamentalmente teológico, ou seja, deve haver uma inclinação a se buscar respostas que partam, antes de qualquer coisa, da Bíblia. Esse entendimento deve realçar a função do homem no processo redentivo, na igreja, família, trabalho e Estado. É a partir de uma conclusão centrada na Bíblia que identificaremos os problemas existentes em nossa abordagem e a maneira como produzimos, segundo a vontade de Deus, homens que possam servir de parâmetro para influenciar outros homens a verem a igreja não como algo que pertence às mulheres, mas que eles mesmos estejam engajados a encorajar outros homens neste particular.

Outra questão é o entendimento de que algo precisa ser feito no sentido de nos fazer mais atuantes em questões que o homem secular se preocupa. Quanto a isso preciso ser bem específico para não ser mal entendido aqui. Não estou defendendo que deveríamos, enquanto homens crentes, termos abordagens parecidas com aquelas demandas pretendidas pelo homem sem Deus, mas que existam sempre e de forma embasada nos princípios que estabelecemos acima, uma preocupação em suprir as principais intenções do pensamento masculino, mas com toda a complexidade da cosmovisão bíblica, ou seja, se vamos procurar falar de companheirismo precisamos ter uma preocupação de suscitar isso dentro do contexto da irmandade cristã, se falamos de lazer, pensarmos dentro da mesma perspectiva e dai por diante. Não que seja necessária uma substituição “sacralizada” do estilo de vida do homem sem Deus, mas que a igreja promova um ambiente que procure alcançar homens que encontraram na igreja uma perspectiva para desenvolver suas responsabilidades masculinas e que possa leva-los a outra que seja inteiramente focada numa teologia que busque esclarecer as principais temáticas suscitadas pelo homem. Acredito que a Bíblia tem muito a nos ensinar sobre isso. Creio que as conquistas do movimento feminino acabaram minando esse desenvolvimento em nosso meio. As igrejas, mais do que qualquer outro setor, estiveram vulneráveis às propostas do movimento feminino, isso aconteceu em grande medida em razão de termos uma teologia pouco sólida a esse respeito. Alguns setores não estavam prontos naquela época e não estão prontos hoje também. É o caso da igreja católica romana, que em sua abordagem a esse assunto se manteve longe de resolver a questão, em grande medida pela sua pouca influência nesse setor, uma vez que no caso específico da igreja romana, suas defesas do celibato dos padres e outras tantas questões como a pedofilia entre seus clérigos, sem dúvida os afastaram dessa questão da masculinidade.

Os protestantes por sua vez, tem um ambiente favorável para esse empreendimento. Temos condições não somente de desenvolver um ambiente teológico seguro, como também de proporcionar que tais doutrinas sejam exclusivamente amparadas em nossa confecionalidade, quanto aos nossos símbolos de fé e quanto nossas convicções da inerrância e infalibilidade bíblica.

O ministério masculino e os benefícios para a igreja e sociedade
Estamos experimentando dias difíceis para nossas concepções escriturísticas quanto ao papel do homem no mundo atual. As conquistas feministas foram um duro golpe à igreja, principalmente porque não houve uma salvaguarda e uma preparação adequada para isso no passado. Hoje em dia vemos o crescimento dos setores envolvidos nas reivindicações de grupos homossexuais, isso parece solapar a esperança, uma vez que prega um mundo desprovido de “pré-conceitos machistas” e enquanto isso empreende uma campanha no sentido de fazer com que o homem seja uma espécie de andrógeno, efeminado ou algo assim. Muitas pessoas de “mente aberta” já estão chafurdadas nesse argumento e pensam num homem no estilo metrossexual, um homem com forte preocupação estética e alvo fácil para os conglomerados de produtos estéticos que buscam justamente a perca da masculinidade, o que faria dessas empresas, que já lucram quantias exorbitantes com as mulheres, lucrarem também com os homens. Veja aqui que eu não estou defendendo que o homem não possa ser higiênico e preocupado com sua saúde, mas que é do interesse desses setores que o homem esteja sendo visto como público alvo de suas campanhas publicitarias, o que lhes renderão grandiosas quantias e inúmeros dividendos.

Ao se reafirmar o papel do homem no propósito redentivo, estaremos colocando a ênfase que Deus coloca sobre a espécie masculina. Dentro dessa perspectiva estaremos viabilizando o crescimento em nosso meio de uma liderança masculina qualificada, fazendo que nossos ofícios sejam supridos quanto a esse particular. Consequentemente as famílias estarão também sendo influenciadas, pois o próprio homem, uma vez ensinado sobre a importância da masculinidade bíblica, estará participando ativamente do prolongamento dessa perspectiva na criação que ele transmitirá a seus filhos. Haverá também a entrada desses conceitos dentro da nossa sociedade onde a mesma estará tendo um ponto de apoio para o impedimento de ideias feministas e homossexuais, uma vez que esse conceito se tornando mais conhecido e não sendo tão somente algo para rivalizar a temática pretendida hodiernamente, será algo fundamentalmente estabelecido logica e teologicamente. As consequências quanto a isso são ilimitadas. Haverá repercussão em todos os setores sociais, desde a família ao Estado, com influências sobre as leis e sobre as futuras gerações de homens.

Conclusão
É claro que ainda estamos no início desse debate. Vários teólogos em nosso país e fora estão comprometidos a fazerem uma exegese bíblica da função do homem no plano redentivo. Os avanços quanto a este particular ainda são incipientes, mas sem dúvida o debate se prolongará fortemente e conseguirá avanços notáveis. Não tenho dúvida de que podemos evitar que nossa sociedade seja tragada desse empreendimento maligno que busca destruir a imagem da masculinidade pretendida por Deus em Sua vontade revelada.



Mesmo que ainda sejamos taxados de machistas e retrógrados não devemos temer aos desafios que se nos apresentam. Precisamos focar nossa pesquisa nesse tão necessário ministério, fazer com que nossas comunidades locais tenham também desenvolvido esse debate, que conferências sobre esse tema possam irromper-se em todo país e mais e mais estejamos orientados. Urge tal necessidade, por isso faz-se necessário abordarmos assuntos como esses. Que Deus continue a despertar outros estudiosos quanto a esse particular e que a igreja de Cristo seja fator de proclamação da função do homem para todo o mundo, essa é a nossa expectativa.

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