terça-feira, 13 de abril de 2010

De que é a culpa do deslizamento do morro do Bumba?

Mais uma vez o país ficou pasmado. Entra ano e sai ano e nos acostumamos em ver notícias trágicas de deslizamentos de morros em favelas das grandes cidades brasileiras. Mas algo fica em nossa mente e é a inquietante pergunta, de quem é a culpa?
Os políticos culpam a sociedade carente por invadir áreas que não poderiam ser ocupadas. Os mais pobres culpam a sociedade capitalista e mais abastada por não se dar prioridade a uma maior distribuição de renda e assim consecutivamente. Não é fácil chegarmos à resposta desta pergunta, antes de respondê-la é preciso olhar para a história de nosso país e ver que esse catastrófico incidente é prenunciado há muito tempo atrás. Desde a política empregada pela monarquia na questão escravagista, até o restante da nossa história marcada por golpes políticos, ditaduras militares e outras tantas intempéries que acometeram e marcaram profundamente nossa sociedade.
O morro do Bumba não era um morro comum. Era um morro de lixo, pois é fruto da ocupação de um lixão na década de 70 e 80. Morro que expôs a ferida de uma sociedade injusta e desigual como a nossa. É realmente preocupante a imagem que o mundo faz do Brasil, mas é mais grave ainda a imagem que o brasileiro tem de sua própria pátria. A imagem é de uma nação que cansou de viver anos e anos de uma política corrupta, mal planejada, antidemocrática e leviana. Os princípios que norteiam nossa sociedade são próprios das nações mais atrasadas do mundo e conseqüentemente produz no brasileiro o desejo de não mais ansiar com uma evolução social que parece nunca vir.
Pergunto sinceramente se não é o caso de entregarmos os pontos e deixarmos de acreditar nas campanhas políticas e nas promessas, quase sempre inatingíveis de nossos governantes? Mas, ao mesmo tempo percebo que o brasileiro é um povo otimista. Um povo que ainda acredita. É isso que nos faz ser o país do futuro. Mesmo que pareça que este futuro jamais chegue.
Aqueles moradores do morro do Bumba em Niterói não estão solitários em sua dor. É claro que a dor que eles passam neste momento é maior do que qualquer coisa que possamos imaginar. Mas eles são nossos representantes em meio à dor. Eles têm a nossa cor, eles têm a nossa fala, cheiram a suor de trabalhadores honestos. Criaram seus filhos com dignidade e a maioria são homens e mulheres dignos. Assim é o nosso povo. Povo que não agüenta mais tanta hipocrisia. Muitas perguntas devem ser feitas, mas talvez a maior delas seja se ano que vem teremos a reprise desses fatos em outra favela em uma das nossas grandes cidades?
Esse texto é um memorial os cidadãos do morro do Bumba. Que Deus em sua infinita misericórdia, ampare os gemidos daquela população sofrida. Que Ele nos conduza a não temer o futuro. As grandes nações são fortes porque venceram grandes desafios. O gigante deitado eternamente em berço esplendido precisa se levantar. Aprender a superar as dificuldades, formar políticos honestos, como é honesto o nosso povo e aprendermos a desenvolver outros princípios, princípios que apontem para Deus e para o Seu Evangelho. Que norteiem um povo que não tem auto-estima, que não tem solução em sua pobreza e que precisa, mais do que nunca, olhar para Deus. Deus abençoe os valorosos brasileiros de Niterói, Rio de Janeiro, morro do Bumba, Brasil.

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