sexta-feira, 2 de julho de 2010

POR QUE EVANGELIZAR EM UMA IGREJA DE FÉ REFORMADA


Várias são as desculpas para a inércia e para o escapismo. A evangelização é considerada como o termômetro da igreja. Se há evangelização, há preocupação pelas almas perdidas, conseqüentemente há empenho e sobrevida em uma comunidade. É verdade que muitas ações que têm sido introduzidas no atual evangelicalismo, no que tange à evangelização, são escancaradamente pragmáticas e por isso devem ser repudiadas. Mas também é verdade que existe a tendência de que em algumas comunidades reformadas o evangelismo seja negligenciado e até mesmo desprestigiado, não havendo espaço para se discutir estratégias e planos para o alcance dos perdidos.

Sem dúvida em algumas comunidades remanescentes da Reforma Protestante este fato é claramente percebido. Várias são as atribuições pastorais e defendo aqui um zelo para com as diversas facetas do ministério, como a reforma do culto, a doutrinação do povo, entre outros pontos, mas defender uma postura pouco agressiva quanto ao chamado cristão para o evangelismo é algo que deve ser evitado.
Que fique claro que aqueles que estão preocupados com temas teológicos e assuntos que purificariam suas denominações são temas urgentes. Creio que devemos necessariamente nos preocupar com isso e que jamais deve haver empenho em uma Reforma se questões elementares da fé reformada forem esquecidos, mas o que dizer da preocupação básica de alcance dos perdidos? 

A fé reformada historicamente tem sido alvo de vários ataques caluniosos, dentre eles aquele que diz que o calvinismo é empecilho para o evangelismo. Os defensores deste ponto de vista argumentam que a doutrina da soberania de Deus e a predestinação são doutrinas irreconciliáveis para quem deseja empreender o evangelismo. Quanto a isso não precisamos nos preocupar em responder. É esmagador o testemunho histórico que prova o contrário dessa tese. Basta olhar para as grandes agências missionárias criadas por reformados ao longo do cristianismo, bem como os grandes movimentos de avivamentos existentes em igrejas filhas da Reforma que produziram nomes como D. L. Moody, Charles Haddon Spurgeon, John Owen, Richard Baxter, George Withifield, Jonathan Edwards, entre outros. Todos comprometidos com o evangelismo e com a complexidade da fé reformada.

Seja também mencionada aqui a enorme contribuição da Reforma em todos os países que Deus agradou-se instalá-la. Visto que a contribuição reformada vai muito além de campanhas evangelísticas (nada contra), muito além de movimentos esporádicos de mobilização missionária. Pois a Reforma é uma cosmovisão, que abarca valores escriturísticos a toda a sociedade, trazendo efeitos a curto, médio e longo prazo em todos os setores que alcança. Basta olhar para os países reformados como Suíça, Holanda e EUA. Neles veremos o imenso legado histórico de nações que foram impactadas pela genuína pregação reformada, influência que chega até os nossos dias, mesmo que distorcidas pelo tempo.

Quando um pastor empreende incentivar a Reforma na vida da igreja ele deve ter em mente a preocupação com a salvação dos perdidos. A doutrina da eleição não fornece base para a apatia ministerial, nem tão pouco para a falta de amor em anunciar o evangelho. Muito pelo contrário, incendiados com o ardor evangelístico devemos anunciar o evangelho completo, da maneira como aprendemos na exposição reformada, simples, sereno e eficaz afim de que os homens entendam o chamado divino e se rendam ao Senhor em um solo seguro, o solo da doutrina reformada, alicerçada na genuína Palavra de Deus.

Logo, nossa obrigação é deveras grandiosa, pois não somos pragmáticos, evangelizamos com a certeza de que horas a fio são necessárias para desenvolver a fé dos eleitos. Nosso trabalho não termina quando damos um panfleto, nem tão pouco quando recebemos visitantes em nossas igrejas, começa quando acaba o outro. Ele é seguro no doutrinamento, ele é eficaz na prática vivenciada e por assim dizer estável, não sujeito às motivações alheias que fazem o convertido buscar o que seja melhor ou aprazível. 

Quem dera as nossas igrejas e pastores parecem de se desculpar do seu crescimento e do pouco sucesso ministerial. Quem dera olhássemos para trás e víssemos a grande nuvem de testemunhas que nos são fonte de inspiração. Quem dera olhássemos para o futuro e víssemos o enorme desafio que é plantarmos igrejas que sejam comprometidas com o evangelho reformado, mas que este não seja desculpa para apresentarmos o nosso relatório culpando a não eleição e o crescimento das seitas neo pentecostais como algo que agrada a nossa sociedade acostumada com o misticismo. A razão de não crescermos está na falta de motivação para evangelizar, bem como em outras prioridades que não o anúncio de Cristo. Façamos o trabalho de Deus sabedores de que Ele nos honrará. Maranata, ora vem Senhor Jesus (Apocalipse 22.20).




Soli Deo Gloria!

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