segunda-feira, 12 de março de 2012

O chamado divino firme e santa promessa


Daniel 9.19

Daniel é inspirado nessa belíssima oração em um contexto desfavorável para qualquer um. Nesta ocasião ele estava no exílio e apesar de ser um dos mais eminentes líderes no exílio ele não perdia de vista o propósito para o povo judeu, ou seja, de ser o povo escolhido, separado para a adoração ao Senhor, na terra de seus ancestrais. Sua oração nasce do entendimento que ele obteve quando estudava o livro do profeta Jeremias que o cativeiro duraria 70 anos (v.2). Esse entendimento não causou nele um sentimento de alívio pelo fim do cativeiro, mas um sentimento contrito, partindo do entendimento daquilo que fez a nação ser afligida pelo Senhor.

O final da oração é justamente o texto que eu gostaria de abordar, tendo em vista a consideração do nosso chamado diante de Deus. De acordo com Daniel esse chamado reveste-nos de uma grande consolação, uma vez que está respaldado em Deus. Diante disso, gostaria de refletir no seguinte título: “O chamado divino firme e santa promessa”.
Justifico o título no próprio texto, pois o profeta relaciona o fato das promessas desse chamado estarem intrinsicamente relacionadas com o nome do Senhor. Dito isso, gostaria de sugerir três verdades a este respeito:

A súplica do profeta evoca a ação divina (parte a)
Três súplicas menores são relacionadas aqui, observemos uma a uma individualmente:
Que o Senhor ouça – Esta sem dúvida é o objetivo de todo aquele que ora a Deus, não que não saibamos da Sua audiência, pois Ele é onipresente, mas se Ele está disposto a atentar para nossos anseios de uma maneira especial, santa e atenciosa. Daniel busca essa audiência, característica das orações que são feitas na vontade de Deus, o mesmo que deveríamos fazer todas as vezes que O buscamos.

Que o Senhor perdoe – Toda a oração anteriormente tinha esse foco, a confissão da maldade nacional de Israel. Aqui somos lembrados de que não é possível estar diante de Deus sem lembrarmos da nossa malignidade. O profeta, portanto, nos dá uma fórmula para que façamos o mesmo em nossas preces, pois estamos diante de um Deus Santo.

Que o Senhor atenda e agisse – Aqui está a expectativa do profeta, de que aquela oração não fosse apenas orar por orar, mas dada a sua importância, que ela fosse atendida cabalmente. Quantas vezes não começamos a orar sem motivação alguma, sem a expectativa de recebermos, esta não deve ser a nossa condição. Outra questão é a certeza de o Senhor agiria, tão logo houvesse a necessidade prevista por Ele mesmo. Isso não é uma ordem, mas uma súplica piedosa, fiada na santidade e no caráter divino.

A súplica do profeta evoca a urgência em socorrer (parte b)
O que justifica essa urgência, penso que tem a ver com:
A glória de Deus – O profeta, nem por um momento pensa e atenuar o seu próprio sofrimento e do seu povo. Ele não está se queixando dos efeitos do cativeiro, pois via neles a mão retribuitiva e justa de Deus punindo o povo. Mas sim na glória do seu nome. É por causa da honra e daquilo que Deus é que o profeta se preocupa e não consigo ou com o povo.

O efeito da demora – Poderia lançar o nome do Senhor, entre os pagãos, de uma maneira cruel, como se tivesse abandonado o povo que Ele mesmo escolheu, algo muito parecido com a visão de Moisés, a respeito da glória de Deus.

A súplica do profeta evoca o fato de o povo ser guardado nas promessas de Deus (parte c)
Deus de Seu povo – Deus é relacionado aqui no contexto grandemente pessoal. Ele não é o Deus dos pais de Daniel, nem do povo de Israel, mas seu Deus pessoal, amado e respeitado.

A cidade e o povo “chamados” pelo Teu nome – A identificação de Deus e Seu povo é uma verdade exposta nas Escrituras. Não defendemos nossos interesses, mas os de Deus. Não devemos meramente nos preocupar com nosso umbigo, mas com a glória de Deus, caso contrário, não podemos ser chamados de povo de Deus.

O chamado divino é a associação plena e completa que o fiel deve manter com seu Deus. Ele deve buscar o zênite dessa oração de Daniel que repousa tão somente na glória de Deus. Nossos interesses, nosso sofrimento, nossas expectativas devem descansar nessa grandiosa necessidade, sermos conhecidos como povo de Deus. Caso contrário, de nada adiantará, clamarmos em alto em bom som “Somos Teu povo”, se nossas vidas reprovarem nossas palavras. Que toda essa oração possa nos conduzir a este fim é o que devemos buscar imensamente por toda a nossa vida, amém.



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