domingo, 8 de maio de 2011

A busca por sermos bem aventurados

Mateus 5.7-11

Dando continuidade à exposição das bem aventuranças iniciada no domingo passado, estaremos contemplando às últimas quatro que nos faltam. Estas dão conta, como as antecedentes, da vida cristã vivida do ponto de vista de homem regenerado, não bastando apenas se dizer cristão, mas ser de fato um convertido.

Diante desse fato, sugiro um título para a nossa meditação: “A busca por sermos bem aventurados”. Com esse título não quero dar a entender que nós conseguimos isso por conta própria, mas apenas que nos falta, após termos considerado anteriormente, um maior entendimento daquilo que realmente podemos conseguir com esta contemplação.

Para que possamos continuar a vislumbrar o que é um homem, cidadão do Reino, que vive bem aventurado, sugiro os seguintes aspectos:  

I- Bem aventurados os misericordiosos (v.7)
O que não significa – Não é bondade intrínseca, mas extrínseca. Não procede do homem, porque a misericórdia é a condescendência pelo mísero, como podemos fazer isso, se nós também estamos nesse estado, ou seja, mortos em delitos e pecados (Ef 2.1)? Também não é ser complacente. Alguém que vê algo injusto ou errado e nada faz, tornando-se complacente com o erro ou a transgressão de outrem. Devemos também tomar cuidado com a confusão com o termo “graça”, como diz Martyn Lloyd Jones: “A graça é especialmente vinculada aos homens em seus pecados, mas a misericórdia é especialmente vinculada aos homens em sua miséria”. 

O que significa – É a ação do homem samaritano em Lucas 10, apiedando-se do homem convalescente. É a ação do Pai enviando o Filho a fim de nos acudir. Ele viu as nossas misérias e teve compaixão, sendo misericordioso conosco. Portanto, ser misericordioso é externar, a exemplo de Cristo, a piedade por miseráveis. Essa deve ser também a nossa postura em face ao evangelismo. Enquanto não vermos os homens como míseros, teremos dificuldades para evangelizarmos.

Recompensa – Não existe uma permuta aqui, mas o contrário. Uma vez que recebemos misericórdia, devemos estar prontos em exercer misericórdia. É a misericórdia causando-nos os efeitos salvifícos, sendo perdoados por nossas misérias.

II- Bem aventurados os limpos de coração (v.8)
Segundo Martyn Lloyd Jones “subimos a montanha nos versos seguintes e agora começamos a descer”, demonstrando a relação das bem aventuranças anteriores com as demais, a partir daqui.

O que não significa – Não é a idéia que podemos conseguir isto, independentes da obra de Deus, o ensinamento da Escritura não ensina isso. A purificação do coração é algo espiritual. Também não é uma virtude que nascemos com ela, uma vez que somos gerados corruptos, logo, ninguém pode se considerar puro desde o nascimento (Sl 51.5).

O que significa – Os limpos de coração são os que passaram pelas demais bem aventuranças, ou seja, se tornaram humildes de espírito, choraram por seus pecados, foram tornados mansos, misericordiosos e agora tem seus corações limpos pela graça de Deus.

Recompensa – Verão a Deus. Eles terão vislumbres reais da glória de Deus, serão aproximados por Cristo e viverão para sempre contemplando a munificência do Deus Eterno. 

III- Bem aventurados os pacificadores (v.9)
O que não significa – Assim como nos mansos, aqui não significa aquele que foge de brigas. Nem tão pouco os covardes.

O que significa – É verdade que aqui o Senhor quis dizer que os filhos do Reino promovem a paz, mas esta é a paz de Cristo e não a paz com o mundo (Jo 14.27). Nossas posições cristãs têm uma sonora advertência para o mundo e não um comunicado de paz (Mt 10.34), logo esta paz é mais bem exercida por aqueles que pregam o Evangelho e trazem a paz com Deus, mediante o nosso Senhor Jesus Cristo.

Recompensa – Aqui na recompensa fica claro que não seremos os ganhadores do prêmio Nobel da paz, mas aqueles que pela graça de Deus foram decretados filhos do Altíssimo. É aquilo que chamamos de justificação pela fé. É o pronunciamento formal de Deus ao homem redimido.

IV- Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça (v.10)
O que não significa – Justiça aqui não são as causas sociais ou políticas, nem tão pouco democráticas. Nem mesmo as nossas justiças. Estas são aos olhos do Senhor “como trapo de imundícia” (Isaías 64.6).

O que significa – O Senhor está se referindo a justiça da fé no Evangelho e quando Ele fala sobre o fato de sermos perseguidos esta nos comprovando que não podemos ter uma vida estável, mas que seremos como estranhos a este mundo e mesmo repugnantes aos incrédulos, isso explica a perseguição.

Recompensa – Assim como os humildes (v.3), estes, ou todos os crentes serão proprietários do Reino Eterno por causa do testemunho fiel.

V- Bem aventurados os injuriados e perseguidos por causa de Cristo (v.11)
O que não significa – Que todos que são perseguidos e injuriados são de Cristo. Existiram seitas que foram perseguidas em algumas épocas e isso não os condiciona às virtudes alocadas aqui.

O que significa – São os mesmos que já mencionamos quanto à justiça, só que agora com uma ênfase ao fato de serem perseguidos por causa de Cristo. Esses são caluniados e acusados de delitos, assim como fizeram com o Senhor.

Recompensa – Devem estes regozijar e exultar, porque já estão, decretivamente, destinados um galardão providenciado por Deus nos céus, e estão sendo promovidos ao status de profetas, que também foram perseguidos noutras épocas.

Estas palavras são muito significativas hoje em dia. Tanto quanto na época que foram ditas, elas continuam verdades inalienáveis. Hoje, muitos podem se confundir, mas apenas aqueles que foram eleitos podem manifestar estas bem aventuranças, logo, não é algo forjado pelo homem pelo simples fato de cumprir um código moral, mas algo totalmente espiritual. É a capacitação de Deus, fazendo verdadeiras testemunhas do Seu Reino. Deus nos capacite assim, amém.


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