segunda-feira, 30 de maio de 2011

As diversas formas de se cometer um homicídio contra o próximo

Mateus 5.21-26

A partir daqui vemos a aplicabilidade de Jesus diante da Lei de Deus. Ele tinha dito outrora (v.17) que não revogaria a Lei mais que cumpriria, sendo assim, Ele começa a mostrar como um cristão deve fazer para que também cumpra a Lei, uma vez que temos o Senhor como nosso exemplo.
A partir desta porção bíblica, Jesus define como cumprir o mandamento “Não matarás” (Êx. 20.13). Diante dessa exposição do Senhor sugiro um título: “As diversas formas de se cometer um homicídio contra o próximo”.
Observemos em nosso texto, como isso pode ser possível, ou seja, como podemos causar dano ao nosso próximo, segundo a interpretação da Lei que faz o nosso Senhor. De acordo com Ele isso acontece da seguinte maneira:

I- Indo além da morte do outro (vv.21-22)
a) O que foi dito aos antigos (v.21) – O Senhor aqui está fazendo referência ao sexto mandamento. Mas também, de acordo com alguns comentaristas, está se referindo ao acréscimo que fizeram os fariseus “estará sujeito a julgamento”, eles se baseavam para isso em Nm 35.30,31. Dando força ao fato que não tinham cometido coisa alguma se não estivessem diante de um tribunal.
b)   O conceito de Cristo (v.22) – A interpretação do Senhor é grandemente diferente, ela começa com a ira. Ela está dentro daquilo que chamamos de foro íntimo do homem, é interno, não demonstrável, logo este assassinato começa no coração. É interessante perceber que a expressão “sem motivo” não aparece nos melhores textos, isso torna a exigência bem maior. Logo a intenção já é suficiente para nos credenciar como assassinos.
Outra questão é o termo raca (revista e corrigida), corresponde a chamar o próximo de desprezível, a nossa versão omite o termo, mas chama de insulto, dando a entender que ficamos magoados e esta mágoa nos faz ferir o outro. Este insulto é considerado como o próprio ato do homicida, nos fazendo dignos de julgamento divino.

II- Quando não entendemos que a misericórdia é maior do que o sacrifício (vv. 23-24).
a)   O ato de louvor (v.23) – O Senhor aqui nos lembra do ato externo da oferta, mas poderia ser o de ir ao culto, fazer orações e etc. Ele quer nos fazer lembrar palavras semelhantes a 1 Samuel 15.22 Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à Sua Palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros”. Ele nos recomenda a perscrutar o coração e vê se há algo que prejudique nosso relacionamento com o próximo, para só então realizar o ato externo.
b)   Uma postura pouco realizada hoje (v.24) – Essa recomendação mostra-nos como estamos longe de um comportamento condizente, nos agradamos dos atos externos, muito mais do que a limpeza da alma através do cumprimento da Palavra. O correto é deixar a oferta no altar, ou seja, sem que essa seja ainda depositada e então, correr para se reconciliar com aquele que ofendemos e só depois voltar e fazer o depósito.

III- Quando não entramos em acordo com o nosso adversário (vv. 25-26)
a)   O acordo (v.25) – A solução para que não sejamos tidos como assassinos é o acordo, no original, fazer amizade, ou reconciliar-se. É preciso fazer isso enquanto estamos no caminho, ou seja, enquanto temos tempo, como filhos, devemos imitar o exemplo do Pai que se reconcilia com seus inimigos que somos nós. O Senhor pensa em alguém que pode nos entregar diante do tribunal divino e reclamar as nossas ofensas diante dEle, quando Ele julgar a causa pode ser que sejamos os réus e não vítimas, sendo dignos de pagarmos a dívida até fim.
b)   O pagamento (v.26) – Ele tem poder para nos fazer pagar tudo o que devemos, através de Seu juízo. Em Cristo sabemos que isso já foi feito, mas estas palavras não devem ser vistas de forma leviana por aqueles que se consideram salvos, caso contrário, podemos ter uma terrível surpresa no futuro.

Conclusão: Quantos de nós temos demandas contra o nosso próximo? Quantos de nós nos iramos de maneira irresponsável e pecaminosa, fazendo-nos merecedores dessas solenes palavras? Precisamos tomar cuidado com palavras que querem diminuir, humilhar e desconsiderar aquele que nós consideramos adversário. Temos várias formas de transgredir este mandamento e nas palavras do Catecismo de Westminster somos informados que fazemos isso quando: “o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém.” (Catecismo Maior, pergunta 136).

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Considerações sobre o casamento cristão

Os padrões bíblicos para os relacionamentos humanos devem ser preservados em nossa sociedade. Não apenas porque faz parte do conceito religioso entre os relacionamentos, nem tão pouco porque queremos ser radicais e retrógrados, como acusam os nossos adversários. Mas porque o padrão estabelecido pelo Senhor visa o bem da humanidade e contempla uma ordem de santidade que muitos não consideram mais hoje em dia. Na realidade, boa parte das posturas utilizadas hoje nessa questão, não se importam em preservar a vontade de Deus, com isso se igualam a rebelião preconizada pelo nosso Pai, Adão, reconsiderando uma ordem de Deus ao bel prazer, acabamos nos balizando por nossos conceitos pecaminosos, incorremos, portanto, na mesma transgressão cometida por nosso pai.

O casamento é um desses relacionamentos que têm sido constantemente golpeado por esta rebelião de contradizer o propósito divino. Ao instituir o matrimônio, o Senhor não quis apenas estabelecer um acordo entre homem e mulher, mas uma aliança, com exigências pactuais a serem obedecidas pelos conjuges. Lamentavelmente, este conceito bíblico está sendo substituído gradativamente por uma idéia displicente acerca do matrimônio e muitos líderes religiosos são responsáveis por essa decadência. Tendo em vista esse problema gostaria de refletir sobre alguns aspectos do casamento que deveriam acender um sinal de alerta para todos que desejam ver o casamento sendo colocado em um lugar de honra, um lugar que faz o casamento a célula mater de nossa sociedade, sendo extremamente necessário para esta mesma sociedade. Vejamos a seguir estes aspectos:

O Casamento um propósito divino - Deus institui o casamento no Éden, antes do pecado original, dando a entender que o mesmo faz parte de uma comunidade redentiva e que não foi posto apenas para remediar um dano. Esse casamento é deveras monogâmico, pois o Senhor não cria mulheres para Adão e sim Eva, uma mulher auxiliadora. O homem e a mulher são concebidos assexuados, com orgãos genitais que tinham o nítido princípio de reprodução e não apenas isso, mas que conferia prazer na relação, também antes mesmo do pecado original. Isso destrói a tese de que o sexo no casamento é pecado, defendido pelo catolicismo por muito tempo. Deus não nos teria feito com esta constituição se ele concebesse o sexo como pecado. É claro que aqui temos uma conjectura, uma vez que não existe relato na bíblia, mas sem dúvida, os nossos pais viviam normalmente em um relacionamento entre homem e mulher, se relacionando sexualmente e tendo a bênção de Deus neste relacionamento.
 
O modelo Bíblico da Igreja e Cristo - Paulo no Novo Testamento tem isso em foco quando em Efésios 5.22-33, traça um paralelo do casamento ao usar a alegoria de Cristo e a Igreja para determinar os fundamentos do relacionamento existente entre homem e mulher. Nesse texto a mulher tem suas obrigações e o marido também. Neste relacionamento o homem é o cabeça da mulher, assim como Cristo é o Cabeça da igreja, indicando a submissão da mulher e da igreja a Aquele que foi constituido superior (v.23). Este conceito não dá base para o domínio autoritário do homem, mas a regência em amor, assim como Cristo trata a igreja. Com o exemplo de Cristo somos instruídos que o marido deve amar a mulher no mesmo sumo exemplo oferecido pelo Senhor, dando Sua vida por Sua igreja, sendo exemplo de dedicação e autruísmo em prol de sua amada (v.25). A base desse relacionamento é a pureza, a castidade, nos moldes desse relacionamento. Assim como Cristo se mantém casto por Sua igreja, o marido se conserva casto num relacionamento monogâmico e piedoso com sua esposa, bem como é exigido da igreja subserviência e dedicação ao marido que é Cristo, por parte da igreja, e a esposa também deve se conservar em obediência a este relacionamento de amor. Tal conduta tem em vista um propósito, apresentar essa mesma igreja gloriosa e sem mácula (v.27), a esposa é portanto a glória do marido, assim como a igreja é a glória de Cristo. É função do marido cuidar da própria carne e isso ele faz quando cuida da mulher, visto que são ambos uma só carne (v.29). Finalizando Paulo diz que este relacionamento é vivido sobre bases de unidade, citando Gênesis 2.24, Paulo indica que os noivos devem deixar pai e mãe e se tornarem uma única carne, num relacionamento pleno de concórdia e auxílio mútuo por toda vida. 
Esse relacionamento não pode ser quebrado em hipótese nenhuma, a não ser por relações sexuais ilícitas ou por falecimento de um dos conjuges (Mateus 19.3-12). Não é aceitável perante Deus o rompimento dessa aliança, pois a mesma foi ratificada na presença de Deus e o homem não tem mais poder sobre ela (v. 6). O facilitamento que existe no tocante ao divórcio, promovido pelo Estado, é ímpio segundo o ensinamento divino e jamais se poderá aceitar na presença de Deus o rompimento desses laços, a não ser pelas ocasiões enumeradas acima.

A manutenção do casamento - Quanto a manutenção do casamento é dever primeiramente dos conjuges manter as bases dessa aliança. Os conjuges devem empenhar-se em conhecer o outro e tolerar possíveis falhas que houverem, não usando pretextos, como incompatibilidade de gêneros para se divorciar. O problema dos casamentos atuais é que muitos já se casam pensando no divórcio. Muitos vêem no casamento uma oportunidade para se conseguir bens após uma separação. Os padrões bíblicos estão sendo maculados e questionados e muitos nem sequer o consideram mais, numa atitude displicente e profana, violam o matrimônio, corrompendo-se e adulterando. Outra prioridade de manutenção é da igreja de Cristo. Esta deve se empenhar para inculcar a doutrina acerca do casamento em seus membros, de modo que não reste dúvida sobre este compromisso. Que os membros também estejam informados sobre a consequência dos votos desfeitos e da condição que estarão incorrendo, caso isso aconteça de acordo com Mateus 19.9. Os pastores são responsáveis perante Deus quanto a isso, não permitindo que aqueles que fazem uso do matrimônio tratem o mesmo de forma incoviniente e irreverente, casando-se várias vezes com o aval da igreja. Por último o Estado deve ser o mantenedor do matrimônio, penalizando aqueles que descumprirem a aliança e dificultando o divórcio civil. Infelizmente não é essa a postura do Estado Brasileiro, visto que dia após dia, algumas leis têm sido criadas para legitimar o divórcio em um flagrante derrespeito ao ensinamento de Deus.

Os desafios hodiernos que comprometem o casamento - O casamento cristão nos moldes bíblicos corre sérios perigos hoje em dia. Se não bastasse a cultura pagã que infesta nossa sociedade que relativiza nossos conceitos e nos torna uma sociedade cada dia mais promíscua, com a pemissividade de pastores que não são mais exemplos para o rebanho, aceitando os vários casamentos dos membros de suas igreja e eles mesmos casam-se e divorciam, sem haver nenhum tipo de sensura. Não podemos esperar muito de um Estado promíscuo e paganizado como o nosso, mas pelo menos as igrejas deveriam priorizar o casamento e honrá-lo. É necessário um debate com aqueles que são responsáveis pela manutenção desta instituição divina. Devemos mantê-lo nos moldes originais, mesmo que sejamos taxados de retrógrados e antiquados. Uma igreja, um pastor que relativiza isso, corre sérios perigos em sua doutrina, sendo desqualificados para o santo ministério.

Concluo fazendo um apelo a aqueles que pensam seriamente a este respeito. É necessário usarmos o freio da Palavra nesta nossa sociedade. A igreja deve deixar de aprovar conceitos seculares e promíscuos e voltar para a autoridade da Palavra, não podemos negociar estes valores. Somos responsáveis pela integridade de nossas congregações, cuidando para que a mesma seja, em tudo, santificada ao Senhor. Da mesma forma que o casamento é santificado no convívio monogâmico entre homem e mulher debaixo da aliança divina, a igreja a principal mantenedora dos conceitos bíblicos e éticos do casamento cristão. Como coluna e baluarte da verdade somos os mantenedores desse ensino e não o Estado e o mundo. Deus nos torne fiéis a este respeito, amém.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Lei de Deus e o ensinamento do Senhor Jesus Cristo

Mateus 5.17-20

INTRODUÇÃO: No último domingo consideramos o fato do crente no Senhor ser sal e luz nesse mundo, de modo que esta é a postura daquele que é bem aventurado. Na continuação da nossa exposição, esta noite, veremos como é necessário mantermos o foco em uma vida mais ilibada por meio do Evangelho, vendo que o Senhor não revogou a Lei, mas a cumpriu e a exaltou.
Para tanto, vejamos um título: “A Lei de Deus e o ensinamento do Senhor Jesus Cristo”. Parece estranho fazermos um confronto entre estas verdades, uma vez que muitos o têm como sinônimo, mas é justamente isso que veremos esta noite e eu convido a todos a refletirmos em três verdades a este respeito. São elas:

I- O cumprimento da Lei (vv.17-18)
A Lei de Deus é um código moral estabelecido pelo Senhor. É uma constituição do povo eleito e sua entrega foi feita no Sinai. O Senhor Jesus tinha consciência das implicações que adviriam de Seu ensinamento, por isso fala em termos comparativos. Vejamos o que Ele nos diz.
a)   Ele não revoga a Lei – Os dons de Deus são irrevogáveis, de modo que Ele não pode dar algo a alguém e depois tomá-lo, se isso é verdade no que concerne aos dons o é também com a Sua própria Lei. Ele não faria uma Lei para revogá-la, pois seria como se Ele tivesse mudado de opinião acerca dela. O que foi retirado da Lei foram os rituais e cerimônia, mas não o princípio moral, pois estes são eternos.
b)   Ele cumpriu a Lei – Apenas Jesus pode dizer isso acerca de Si mesmo. Nenhum outro homem pode falar com propriedade que tem sido fiel a Deus em sua plenitude, pois todos nós falhamos em algum pormenor. Mas não o Senhor Jesus, apenas Ele cumpriu cabalmente cada exigência da Lei de Deus.

II- A violação e o ensino da Lei (v.19)
a)   A violação – Como foi dito anteriormente, é impossível que isso não aconteça, todos nós violamos e no ensinamento do Senhor sob a graça, observamos isso não nos descredencia a bênçãos, uma vez que Aquele que a cumpriu transfere seus méritos para nós. Só que talvez o Senhor queira apontar para os galardões que serão dados aos eleitos (1 Co 3.8). Este não perde a salvação, mas será mínimo no Reino dos céus.
b)   O ensinamento – Está se referindo a maneira como ensinamos o Evangelho. O Senhor está indicando que nem todos os ensinamentos errados serão punidos com a exclusão da salvação, mas que alguns deverão redundar em perdas, uma vez que instruiu mal o povo de Deus. É claro que aqui serão julgados os ensinamentos que não prejudicaram os eleitos, visto que aqueles ensinos considerados heréticos, que não fazem parte do Evangelho e que atingem um ponto fundamental da fé evangélica são ofensivos e podem fazer reprovar o fiel (Gl 5.2)
 
III- Excedendo a lei dos religiosos (v.20)
a)   A justiça dos escribas e fariseus ­– Esta estava relacionada ao tipo de vida pretendida por aqueles que sentavam na cadeira de Moisés. Estes eram homens religiosos que viviam conceitos exagerados da Lei, induzindo os homens a cumpri-la, mas que não estavam dispostos a converterem seus corações a Deus, mas unicamente buscarem seus próprios interesses (Mt 23.2-4).
b)   A forma superior de justiça cristã – Os cristãos são impedidos de manter um relacionamento hipócrita com Deus da mesma maneira que mantinham os escribas e fariseus. A forma de vida do homem eleito transpõe esta hipocrisia e redunda na adoração genuína e na observância da verdadeira Lei de Deus, sem fardos pesados, mas por meio da graça, elevando o padrão de justiça, exigido pelo Senhor.

Conclusão: Não fazemos separação entre o ensinamento da Lei e o ensino do Senhor Jesus Cristo. Apenas é feita uma releitura nesta mesma Lei e estabelecido princípios mais elevados. Estes são a forma de viver do crente. Forma de viver que o faz agradar o Senhor, sem hipocrisia e sem falsos ensinos, na certeza que nossa Lei, a do Evangelho nos supre muito mais ainda. Deus nos faça manifestar esta Lei por onde nós andarmos, amém.  

sábado, 14 de maio de 2011

A igreja de Cristo, sal e luz desse mundo

Mateus 5.13-16

INTRODUÇÃO: Compete-nos agora, depois de considerarmos as ‘bem aventuranças’, observarmos como isso se aplica na vida de um crente. De fato, começaremos a entender como isso se efetua e como se aplica a alguém que é bem aventurado na forma como foi exposto anteriormente.
Antes disso é necessário sugerirmos um título que é: “A igreja de Cristo, sal e luz desse mundo”.
Não apenas hoje, mas o mundo sem Deus sempre foi o palco de desvios morais, sociais e espirituais. A tal ponto de o apóstolo João proferir que ele “jaz no maligno” (1 Jo 5.19), ou seja, pertencente ao maligno, bem como, vivendo sobre a influência deste.
Quanto à igreja, observamos que ela é, nas palavras de John Stott, “a contra cultura”, uma cultura distinta do mundo, vivendo sob os padrões de Deus e não pertencendo ao mundo. Por isso que é tão importante ver a igreja como a antítese do mundo e não o seu reflexo. Apesar de estarmos do mundo não pertencemos a ele (João 17.15-16).
Diante disso chamo a atenção da igreja para duas características que devemos manifestar como igreja de Cristo vivendo no mundo. São elas:

I- A igreja o sal da terra (v.13)
Quanto a isso não é preciso ir a muitos exemplos, pois o próprio texto é suficiente. Ele explica as características essenciais do sal, bem como, dá uma conotação espiritual do sal aplicando a igreja, vejamos o que diz o texto detidamente:
a)   A igreja como sal – Nitidamente o Senhor promove a igreja a uma característica não encontrada no mundo. Ser sal é uma prerrogativa exclusiva da igreja.
b)   A insipidez da igreja e sua inutilidade – Estudiosos defendem que o cloreto de sódio não pode perder o sabor, por esta razão defendem que o tipo de sal utilizado na palestina nos tempos do Senhor era de uma natureza impura, que depois de lixiviado (tornado branco) podia perder o sabor. Quanto ao sentido espiritual o Senhor estava indicando que se o crente não tempera e salga o mundo, através de uma vida santa, ele não serve para ser considerado discípulo, tornando-se imprestável espiritualmente, sem objetivo como crente.
c)    O destino de um crente insípido – Ele não serve para os objetivos do Reino. Sua tarefa no Reino se torna infrutífera, bem como, imprestável. O próprio Deus o lançará fora, vindo depois disso algo grave, os homens o pisarão. A igreja ou o crente sem uma vida santa será humilhado por seus opositores.

II- A igreja a luz do mundo (vv.14-16)
Outra parábola utilizada para refletir a verdade de como devemos ser no mundo é a da luz, aqui mencionada. Nesta vemos outras características de como o crente deve se portar frente suas responsabilidades, vejamos:
a)   A igreja é luz (v.14) – A luz é o antagonismo das trevas. Em muitas passagens o mundo é chamado de trevas (Lc 1.79; Jo 1.5; 3.19 e 8.12), em razão de sua incapacidade de entender a Cristo e produzir a luminosidade dos conceitos do Reino. Sendo luz, a igreja é tida como a única instituição que realmente brilha neste mundo.
b)   A cidade edificada – Provavelmente o Senhor tem em vista uma cidade iluminada pelas luzes, localizada em cima de um monte. Ela não pode se esconder. Assim sendo, como crentes também não podemos viver escondidos do mundo.
c)    A proeminência da candeia (v.15) – O Senhor continua defendendo o objetivo da luz. Ele explica que uma casa para ser iluminada precisa de uma candeia (lâmpada), esta não é posta debaixo de sacos da plantação ou escondida, mas no velador, lugar específico para iluminar. Somos, portanto, criados em Cristo para brilhar sem impedimentos. Um crente que não brilha em um mundo de trevas está negligenciado sua função como luz desse mundo e permitindo a prevalecência das trevas, é, portanto, um omisso. Esta refulgência alcança a todos aqueles que Deus determina que iluminemos.
d)   O efeito da luz (v.16) – Ela não serve para nos promovermos, mas promover a glória de Deus. Ao brilharmos estando irradiando a glória de Deus e não a nossa própria. Quando brilhamos refletimos a luz de Cristo, iluminando o mundo com nossos valores e espiritualidade, algo que os homens não podem negar.

Conclusão: Todo crente tem uma tarefa a cumprir neste mundo que não pode negligenciar. Somos postos neste mundo para sermos diametralmente opostos ao próprio mundo. Se refletirmos os padrões deste mundo e formos cópias dele não estaremos glorificando a Deus, mas sendo uma vergonha a causa de Cristo. Precisamos proclamar isso, em dias onde se omitir é palavra de ordem e onde o mundanismo infesta a igreja. Se não formos sal e luz nesse mundo, estaremos falhando. Devemos salgar este mundo insípido, iluminar as trevas do pecado e da ignorância. Essa é a nossa tarefa, Deus nos ajude a efetuá-la a contento do Pai, amém.

Soli Deo Gloria!