quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A evangelização do sertão um grande desafio

Em minha primeira postagem do ano de 2012 gostaria de refletir sobre aquilo que tem sido a minha labuta desde que sai do seminário a 7 anos atrás, a evangelização do sertão. Tenho, a partir da experiência vivenciada nestes anos, observado uma série de fatores que nos fazem ainda percebermos muitas dificuldades quanto a esta tarefa. São estes fatores que gostaria de analisar detidamente neste meu primeiro post do ano:

A falácia da dificuldade financeira - Digo falácia porque durante muitos anos esta foi a imagem que pintaram a respeito do sertão nos grandes centros urbanos de nossa nação. É uma grande falácia, pois, ainda que existam regiões extremamente pobres no sertão, existem grandes e prósperas cidades em toda a região. Só para fornecer um dado palpável, estamos no sertão do araripe, interior de Pernambuco e somente aqui temos um nível de desenvolvimento econômico bastante satisfatório, com uma renda per capita aceitável considerada dentro dos padrões para o nosso desenvolvimento, bem como o surgimento de pólos importantes em algumas cidades num raio de mais ou menos 300 km de onde estamos falando, a cidade Trindade-PE. Cidades como Salgueiro, Petrolina, Araripina e Ouricuri, desfrutam de um grande desenvolvimento urbano, contrariando aquilo que se promove a respeito do sertão. Acredito que em outras regiões este desenvolvimento seja relativamente semelhante. Logo, as maiores dificuldades estão em vilas e povoados, mas mesmo nesses lugares não vemos o sertanejo sentindo fome, ou tendo seus filhos em estado de desnutrição e miséria, só para citar.

As tradições do povo - Evidentemente é fato comprobatório que o sertanejo possui uma ampla ligação com alguns setores culturais. Desdes cito a crença católica romana, característica marcante da região. Entendo que esse é uma grande empecilho para a evangelização em razão do vínculo histórico existente e outras nuances que ligam o sertanejo a esse tipo de crença. Porém, é fato comprovado que cidades mais desenvolvidos, sem mencionar a situação das capitais nordestinas, tem desfrutado um grande crescimento na fé evangélica. Mas em regiões onde o desenvolvimento ainda é menos perceptível, esse crescimento é bastante tímido e quase inexpressivo. É comum aparecer em dados estatísticos fornecidos por agências missionárias, que boa parte do sertão não tem um percentual de 5% de sua população que professa a fé evangélica e isso entendo que não é necessariamente vinculado a crença católica romana.

Os próprios católicos romanos veem com preocupação a perca das tradições em certos setores da sociedade nordestina. Isso se deve ao aumento considerável da secularização do interior do Nordeste. Hoje é comum chegar-se em qualquer lugar no interior e perceber a imensa despreocupação dos jovens com os assuntos espirituais. Isso fica claro na forma de vida que os mesmos demonstram, extremamente ligados a festas e amizades, mas quase nada com as questões religiosas. Isso, infelizmente, não é apenas um fenômeno ocorrido apenas nos arraiais católicos, mas também em algumas igrejas evangélicas e creio ser também comum em vários setores da sociedade brasileira e isso como um todo. Partindo dessa premissa, em poucos anos a religiosidade católica, ligada ao sertanejo, vai ser enormemente prejudicada em razão desse quadro.

Algo profundamente espiritual - Os estudiosos no fenômeno religioso comprovam que existem algumas migrações dos centros tidos como evangélicos em todas as épocas. Entendo que agora, nestes dias, o interior do Nordeste sofre com a inoperância de muitas de nossas igrejas e isso não é culpa da falta de recursos apenas, mas também da qualidade dos conversos existentes em nossas igrejas. É lamentável perceber o individualismo, a falta de atenção as coisas sagradas existente em tantas igrejas. Passamos um bom tempo de nossas vidas esperando que o auxílio viesse das regiões mais prósperas da nação e hoje quando desfrutamos de um certo desenvolvimento, somos os primeiros a não se importar com a nossa própria situação. Dito isso, tenho plena convicção que vivemos uma estiagem espiritual em terras sertanejas. Falta-nos igrejas fortes biblicamente. A qualidade dos crentes, por esta razão, é imensamente comprometida. Até quando iremos chorar como coitados e não faremos absolutamente nada? Nesta questão migratória, espero em Deus que o sertão futuramente colha um pouco desse desenvolvimento, mas hoje é hora de reflexão e de oração para que possamos identificar onde está o erro em nós, além de buscarmos a nossa própria realidade em ações que visem o crescimento do Reino de Deus neste lugar.

Concluo esta postagem com essa certeza, que nossa situação é eminentemente espiritual e por consequência deveríamos lutar espiritualmente. Buscando o Senhor nestes dias e esperando pela mudança que esta ação redundaria. Deus nos faça participar do crescimento evangélico em nosso sertão e que tenhamos uma nova postura, plantando igrejas, evangelizando e investindo nossos recursos nesta obra, que Deus nos abençoe, amém.

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