quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O homem é Deus?

João 10.34

Queridos irmãos, uma atitude comum a todas as épocas e não somente aos dos dias atuais é uma atitude de rebeldia do homem para com Deus. Algumas expectativas a esse respeito são bem conhecidas como a do vocalista da banda Beatles, John Lennon, que afirmou em 1966 que “o cristianismo estava em declínio e que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo”[1].

É interessante perceber que essa proposta é bem antiga e foi originalmente proferida por satanás em Gênesis 3.5 “Porque Deus sabe que no dia que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. Esse flerte de rivalidade com Deus está no âmago do homem caído. Toda vez que ele peca um pouco desse sentimento prevalece, pois está intrínseco na personalidade adâmica do homem. Quando vemos o homem repetindo as palavras de satanás a Eva em Gênesis 3.4 parte b “...é certo que não morrereis”, estamos ouvindo o eco dessa ideia que infesta as pretensões humanas e que faz atingir até mesmo a religião.

Historicamente um movimento intelectual que descaradamente defendeu a primazia do homem sobre as forças sobrenaturais e sobre Deus é conhecido como humanismo. A Wikipedia define o humanismo da seguinte forma:

“O humanismo é uma filosofia moral que coloca o homem como objeto principal, numa escala de importância. É uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas éticas que atribuem a maior importância à dignidade, aspirações e capacidade humanas, particularmente a racionalidade”[2].

Esse movimento tem sido de diferentes formas, observado não somente no homem descrente, mas até mesmo no homem tido como religioso, que a despeito de ter um Deus, não consegue entender a primazia do Senhor sob sua vida e destino. É comum vermos pessoas tidas como religiosas desafiando Deus. Num exercício blasfemo e perigoso que sem dúvida alguma terá consequências gravíssimas.

A pergunta que eu faço, baseado no texto que lemos é como podemos saber se estamos ou não cheios de nós mesmos. Os fariseus na época de Jesus estavam buscando motivos para acusa-lo de blasfêmia, pois queriam saber se de fato Jesus se fazia o Messias, se este era o Seu ensino.

Esse texto de fato, nos presta uma grande informação sobre como o Senhor compreende Seu ministério. Nesse diálogo Ele diz acerca de Si mesmo:

1.   Ele assume que é o Messias, só que os fariseus não podiam crer nisso (v.25);
2.   A razão deles não crerem é porque eles não eram das ovelhas de Cristo (vv.26-27);
3.   Jesus é um com Deus (v.30);
4.   A Escritura não falha, o Messias foi prenunciado no Antigo Testamento (v.35);
5.   O Messias foi santificado por Deus Pai e enviando ao mundo (v.36);
6.   As obras de Cristo são as obras do Pai (vv.37-38).

Dito isso gostaria de refletir no seguinte título: “O homem é Deus?” Esse título em forma de questionamento tem como objetivo entender porque o homem tão arrogantemente deseja ser como Deus. Para isso, convido os irmãos a refletirem nas seguintes verdades provenientes do texto:

Jesus argumenta baseado no Salmo 82.6.
Depois de fazer uma declaração que enfureceu os fariseus “Eu e o Pai somos um”, nosso Senhor indica que essa não é a primeira vez que um título tão exaltado como Deus é atribuído a alguém nas Escrituras. Para isso ele cita o Salmo 82.6, que diz: “Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo”. Observemos a explicação do mesmo:

O Salmo 82 – Esse salmo foi escrito por Asafe que no corpo do Salmo enfatiza que Deus julgaria os juízes de Israel que estavam julgando injustamente a Lei de Deus (vv.2-4). Deus estava mostrando, através do Salmo, que Ele é o único Juiz de toda a terra (v.8). Os fariseus, certamente, conheciam esse texto, porque razão nunca observaram ou questionaram esse ensino?

Outros exemplos de algo similar – Moisés havia recebido uma designação semelhante perante o Faraó (Êx. 4.16 e 7.1); Os juízes tinha status de reverência, similar ao tributado a Deus (Êx.22.28) e eles quando julgavam faziam isso como se fosse o próprio Deus (Dt. 1.17). Logo, o ensino de Cristo estava pautado nas Escrituras que os fariseus diziam conhecer.

Jesus argumenta de forma retórica e desafiadora.
No argumento de Cristo, além de existir a ratificação de que Ele não estava ensinando nada novo, existe o fato dele usar uma retórica desafiadora para derrotar os seus interpeladores. Vejamos como isso acontece:

Ele os desafiou a olhar para si mesmos – Esse desafio nos faz buscar a razão de nossa própria rebeldia perante Deus. Porque temos o costume de nos autovalorizar, nos colocar na frente dos outros, buscarmos nossos próprios interesses? Apesar de não professarmos abertamente em muitas ocasiões nos colocamos em posição exaltada, isso demonstra que Jesus não falou algo impensadamente.

Ele os desafiou a depender mais de Deus – É somente quando temos nossa altivez destruída, quando nos arrependemos dos pecados que cometemos que podemos realmente entender que nunca estaremos no nível de Deus. O mundo pode mentir para nós e tentar nos lisonjear, mas esse empreendimento em um crente fiel será sempre frustrado, porque Ele aprendeu a depender exclusivamente de Deus e ele não se vê em posição de igualdade com Deus.

Jesus argumenta com o propósito de nos levar à humilhação. Jesus termina nos mostrando que os fariseus não podiam ser seus discípulos enquanto estivessem cheios de si mesmos. Isso nos incita a buscar em nós aquilo que tem nos levado ao orgulho e aquilo que cativa nosso coração para nos afastar do caminho do Senhor. Vejamos um pouco mais isso:

Cristo é o Único Deus – Não existem dois senhores, ou você pertence a Cristo ou não pertence a ninguém. Não é possível termos um culto sincretista, dividido entre nós e Deus. Se você tem posto sua confiança em você mesmo e não em Deus isso significa que você é um crente sincrético, misturando o humano com o sagrado como diz Paulo em Romanos 1.24-25:

“Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente, amém.”

Cristo é a nossa vida – Ao nos opormos ao pensamento dos fariseus de que Cristo era um blasfemo, nos identificamos com o próprio Cristo com Seus milagres, com Sua obra e com Sua justiça. Quanto mais temos a Cristo, mais temos a nossa condição restaurada, mais nos afastamos da idolatria do culto a si mesmo desses dias.

Todos aqueles que trocam Cristo por si mesmos são grandessíssimos idólatras. Com o pretexto de se preocuparem consigo mesmos, acabam relegando a obra de Cristo, Seu culto e a santidade. Precisamos terminantemente ser contra toda e qualquer conceito, seja ele intelectual, seja ele de acomodação, que nos coloque no centro de nossas prioridades.

Lamento que hajam tantos crentes que não escapam dessas palavras pronunciadas por Cristo a tanto tempo. Eles são egoístas, avarentos, amantes de si mesmos e idólatras. Precisamos de cristãos que estejam deixando a si mesmos todos os dias aos pés de Cristo, que não estejam interessados em buscarem seus próprios interesses e sim o de Cristo.

Quando isso ocorrer em nós, descobriremos como são doces as palavras que nos convocam a ter vida, como nos beneficiaremos como Paulo que disse em Gálatas 2.20: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Alguém assim renunciou o próprio eu, tem uma índole parecida com a de Cristo que se identificava com Deus, sendo um com Ele. Deus nos faça assim para Sua glória, que Ele nos abençoe ricamente, amém.




[1] Ver no link http://en.wikipedia.org/wiki/More_popular_than_Jesus
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Refletindo nas passagens preferidas no período de eleição

Provérbios 21.1

O mundo inteiro pertence ao Senhor, nada acontece por acaso ou pelo destino. Confiamos plenamente na soberania de Deus e segundo essa doutrina cremos que nada ocorrerá sem a preordenação e permissão divina. Caminhando junto com essa doutrina está àquela chamada de responsabilidade humana, essa nos informa que o homem toma decisões responsáveis perante um Deus Santo. O homem não é uma máquina, mas um ser autônomo e responsável. Essas duas doutrinas não se conflitam, mas se complementam.

Hoje fomos às urnas para eleger nossos representantes no contexto político da nossa nação. Os que forem eleitos nesse processo serão responsáveis por uma parte considerável de nossas vidas nos próximos quatro anos. Temos a responsabilidade perante Deus por nossas escolhas, mas também cremos que Ele está conduzindo nossa história. Mesmo os nossos erros estão sendo administrados por Deus e é por essa razão que trabalhamos para que nossas decisões reflitam os valores do Reino, quando isso acontece, somos abençoados, mas quando fazemos o contrário, não nos resta nada a não ser pagarmos pelas decisões que tomamos equivocadamente.

Dentro desse conceito de eleições eu gostaria de refletir sobre quatro passagens bíblicas que são geralmente evocadas nessa época. Gostaria de refletir quais são as implicações dessas passagens, saber se realmente aplicamos elas corretamente quando as usamos e vermos o que podemos deduzir de tais passagens. Para isso, a fim de nos orientar, gostaria de sugerir um título: “Refletindo nas passagens preferidas no período de eleição”. Sei que não serei exaustivo na exposição, mas buscarei instruir a igreja naquilo que Deus deseja para nós, nesses momentos onde estamos fitos naquilo que esse processo eleitoral nos reserva.

Considere comigo as seguintes lições das seguintes passagens:

Salmo 33.12, a nação feliz governada pelo Senhor.
Essa passagem bíblica é exaustivamente usada por políticos cristãos. Segundo a comum interpretação, eles entendem que uma nação governada por Deus envolve representantes que sejam fiéis, que tenham princípios cristãos a fim de tornar uma nação realmente governada por Deus. Observemos o texto de perto e vejamos as lições que podemos tirar dele:

Contexto – Esse salmo de romagem demonstra um dos benefícios da comunidade do pacto na antiga dispensação. O salmista está especificando os benefícios da nação de Israel em comparação com as outras nações. As outras nações rivais a Israel confiam em reis, exércitos, homens valentes (v.16), mas Israel confia em Deus.

Relevância para nós – Esse texto tem por base uma nação que pactualmente depende de Deus, logo, bem sabemos que quase nenhuma nação atualmente goza desse privilégio. Mesmo Israel atualmente não tem o direito de se por dessa forma, uma vez que esses negaram o Messias. Este status que foi dado a Israel, nenhuma outra nação possui atualmente.

Aplicação espiritual – É inegável que as nações que tem a graça de que homens de Deus governem estão mais próximas de serem conduzidas por Deus para Seus propósitos santos, mas isso não quer dizer que Deus não possa nos abençoar sob o governo de ímpios. A Inglaterra do século XVI, sob o governo de Mary “a sanguinária” recebeu talvez os homens mais santos da Europa ocidental e isso foi uma bênção para a igreja daquele país.

Provérbios 21.1, o coração do rei nas mãos do Senhor.
Essa passagem é bastante usada para demonstrar a regência de Deus sobre o coração do rei. E isso quer dizer suas volições, vontades e inclinações. Vejamos a mesma mais de perto:

Contexto – O livro de provérbios é uma coletânea de pensamentos em linguagem de sabedoria. O mesmo é atribuído ao rei Salomão, que pediu sabedoria a Deus e recebeu. O texto em questão se enquadra nesse conceito, pois não tem nexo com o restante dos outros versos a não ser o verso seguinte provavelmente.

Relevância para nós – Deus continua sendo o administrador do coração de qualquer líder que haja no mundo. Esse não é um privilégio apenas de Salomão. Mesmos reis ímpios são usados por Deus como Ciro, são usados por Deus para obedecerem ao Seu propósito (Isaías 45.1). Esse conceito ajuda-nos a confiar no governo de Deus, mais exaltado do que qualquer governo.

Aplicação espiritual – Nesse entendimento entendemos que toda história obedece à determinação do Senhor, mesmo reis ou governantes que não conheçam ao Senhor podem ser usados por Ele e isso Ele o faz. Eles seguem o curso que Deus determinou, mesmo sem saber, mesmo sendo eles descrentes e ímpios. Somos confortados com o governo de Deus sobre toda a terra.

Provérbios 29.2, o governo dos justos.
Outra passagem preferida pelos políticos cristãos é essa que estamos analisando. Segundo eles, apenas quando somos governados por justos teremos o lenitivo, em contrapartida um governo ímpio é uma tragédia para o povo. Vejamos o que podemos aprender aqui:

Contexto – Nem todas as traduções traduzem בִּרְב֣וֹת - birōw por governo. Algumas usam a expressam como “multiplicar”, como no caso da revista e atualizada. Na King James a tradução é “tem autoridade”, logo, nem todas indicam governo, na forma como conhecemos. Segundo a tradução que usamos pode ser entendida somente como quando crescem os fiéis há mais justiça sobre a terra.

Relevância para nós – Deus não depende de governos para fazer a Sua vontade. Na época de Cristo existia claramente um governo muito distante dos propósitos divinos, mas foi a época conhecida como plenitude dos tempos. No período apostólico a igreja conheceu talvez a pior perseguição que já houve, no entanto, foram dias de crescimentos expressivos em número e em piedade. Nesse caso os justos se “multiplicaram”, mesmo sem a interferência no Estado.

Aplicação espiritual – O texto nos conclama a buscarmos a expansão do Reino de Deus através de nossas vidas santificadas, no testemunho, piedade, evangelismo, igrejas sadias. Não nos diz que devemos ter um “projeto de poder”, ou seja, dominarmos todas as esferas culturais e sociais. Isso pode acontecer um dia, mas enquanto isso não acontece devemos continuar nossa marcha de levarmos pecadores aos pés de Cristo.

Mateus 22.21, o que pertence a César e o que pertence a Deus. Finalizando estaremos observando o último texto, esse por sua vez está no Novo Testamento e foi dito pelo próprio Senhor Jesus Cristo.

Contexto – Jesus está sendo questionado o pelos discípulos dos fariseus e pelos herodianos (v.16). O primeiro grupo já estava a algum tempo buscando fazer o nosso Senhor cair em alguma falha na Lei de Moisés. O segundo grupo tinha uma bajulação subserviente à Roma, então todos estavam interessados em saber um pouco sobre a opinião do Senhor sobre as questões relativas ao Estado. Seria Jesus contrário ao Estado? Eram essas as questões envolvidas aqui.

Relevância para nós – A fé cristã não se opõe as organizações humanas como o Estado. Jesus deixou claro que ambos podem coexistir, a fé e as responsabilidades cívicas. Não somos como os anabatistas no passado, contrários e com pensamentos anarquistas quanto a toda forma de governo. Servimos a Deus neste mundo como peregrinos, sabendo que nossa pátria está no céu. “Tememos a Deus e honramos o rei” (1 Pedro 2.17).

Aplicação espiritual – Enquanto depender de nós trabalharemos exaustivamente para que todas as esferas de nossa atuação nesse mundo caído reflitam os princípios do Reino de Cristo. Ele reina, mesmo que esses princípios não estejam plenamente estabelecidos. Nós somos instrumentos desse Reino, vivemos como se lá vivêssemos, com isso cumprimos a determinação de Cristo exposta nesse texto.

Quando descansamos nessa expectativa, ou seja, Deus governa o mundo, entendemos que nada pode impedir o avanço fiel de sua Grei. Somos instrumentos de Deus nessa terra, seja em nossas famílias, nossa sociedade e em nosso Estado. Os governantes dessa nação estarão nas mãos de Deus, sejam eles crentes ou descrentes. Nenhum deles tem autonomia de governarem sem Deus. É por isso que oramos para que eles exerçam seus governos com a bênção de Deus. Que a igreja não seja tocada por eles, pois assim sendo a ira de Deus vira sobre os mesmos.


Seja quem for que seja eleito, hoje e no futuro, serão como todos os outros do passado, apenas homens que Deus colocou ali. Não estão neles a nossa confiança de coisa alguma. Nossa confiança está em Deus. É nEle que descansamos, e é somente nEle que iremos viver. Que Deus conduza todas as coisas em nosso país. Que os justos se “multipliquem”, que os crentes trabalhem para o bem de nossa pátria e que Deus governe todas as nossas esperanças, amém.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

UM NORDESTINO TENTANDO ENTENDER OS VOTOS DO NORDESTE EM DILMA ROUSSEFF


Faz um bom tempo que não debato política em meu blog, acredito que não somente eu, mas outros blogueiros com o crescimento das redes sociais no Brasil, deixaram de publicar mais opiniões em blogs ou sites de notícias. Mesmo esses sites, contam com bastante visibilidade nessa nova plataforma o que fez com que muitos deixassem de ler exclusivamente dos blogs. Esse é um blog reformado cristão que se ocupa em sua grande maioria, com notícias referentes a trabalhos realizados nesse âmbito, bem como instrução a aqueles que precisam conhecer mais o ponto de vista reformado, além de se divulgar os esboços das mensagens pregadas pelo autor do blog. Mas hoje desejo fazer uma análise, baseado no descontentamento de alguns amigos do facebook e também de algumas notícias vinculadas na mídia nacional acerca da vantagem obtida pela candidata presidente Dilma Rousseff no Nordeste brasileiro. Eis a minha modesta opinião.

A falta de instrução do eleitor nordestino. É inadmissível que os cidadãos nordestinos estejam alheios aos debates que estão ocorrendo no cenário político nacional no que concerne aos escândalos recentes envolvendo a administração ptista. Ninguém, com razoável capacidade intelectual e tempo suficiente para assistir ou navegar na rede pode se desculpar de desconhecimento a esse respeito. Não é possível que não leiam, que não vejam o retrocesso de nosso país em diversos setores, inclusive do ponto de vista moral, que essa administração tem empreendido. É fato notório que as regiões norte e nordeste são as mais precariamente assistidas no quesito educação em todo o país. Os índices neste quesito são baixíssimos nessas regiões o que justifica um pouco a questão toda envolvendo a participação política de qualidade dos habitantes dessa região.

O Estado de Pernambuco. O único estado do Nordeste a não conceder a votação majoritária para a candidata Dilma foi justamente o Estado onde moro, Pernambuco. Aqui alguns fatores são dignos de nota, como a influência da família Campos nessas eleições, fato comprovado pelas vitórias no Senado com Fernando Bezerra Coelho e para Governo com Paulo Câmara, aliados políticos do já falecido ex-governador do Estado Eduardo Campos, além da votação expressiva conquistada por Marina Silva, que fazia chapa com o ex-candidato a presidência. Esses fatores servem para indicar a rejeição a Dilma, mas é necessário realçar que essa oposição se deve a uma questão política, mas que também indica as diferenças econômicas de Pernambuco em relação aos outros estados do Nordeste.

Entendendo o Nordeste. Outro fator determinante para isso é a condição extremamente degradante que vive o povo nordestino. Nenhum governo foi capaz de transpor as barreiras econômicas nessa região, no sentido de tornar a mesma em trajetória crescente de desenvolvimento. Obras no período ptista que poderiam viabilizar algum tipo de crescimento como a transposição e a transnordestina estão quase paralisadas e pouco modificaram as regiões beneficiadas. Mesmo estando no PAC, programa do governo que se autodenomina “de aceleração do crescimento”, estão envoltas em atrasos e superfaturamento. O Nordeste a se julgar pela eleição ao Senado de Collor em Alagoas e outros tantos que estão no cenário político a tantos anos e nada fizeram por seus estados, continua a trabalhar em um clientelismo grandioso, mesmo com a ascensão da tão afamada “classe média” dos governos Lula-Dilma. Esse clientelismo eleitoreiro e de cabresto está cada dia mais forte em tempos de Bolsa Família. O afamado programa de governo assistencialista do governo federal que escraviza tantos brasileiros é o programa de governo mais eleitoreiro da história da República Brasileira. Tudo isso, ao juntarmos falta de instrução, voto de cabresto e outros fatores típicos da cultura nordestina, ajudam a explicar tão esmagadora votação em comparação com os outros estados brasileiros.

Meu conselho ao novo governo, que espero ser o de Aécio Neves. Não despreze o povo nordestino. Priorize essa região importante da nação, que decide eleições, mas não só por isso, mas que ajude o povo nordestino a se desvencilhar desse clientelismo paralisante que temos presenciado por gerações sem fim. Que o restante do país procure entender esse fenômeno não fazendo do Nordeste brasileiro o responsável pelos déspotas dessa nação, mas tenham o anseio de colaborar com o desenvolvimento dessa região que não precisa de favores, precisa sim de atenção.

Acredito que essa região, responsável por tantos intelectuais em tão diferentes esferas em nosso país pode ser o celeiro de desenvolvimento de nossa nação. Um Nordeste forte significa um Brasil mais forte ainda. Essas são bandeiras que o nosso futuro “presidente” precisa abraçar. Que Deus se apiede do povo do Nordeste.





segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Assumindo riscos pela fé ao exemplo de Raabe

Josué 2.1

Queridos irmãos, vivemos dias em que a verdadeira fé está sendo enfraquecida por crentes que se dizem “desingrejados”, ou seja, que não tem vínculos denominacionais. Que estão entrelaçando-se com o mundo e pouco estão apercebidos da falta das suas convicções cristãs. Temos testemunhos entres estes, não de coragem, mas de covardia e indefinição, quanto a aquilo que se crê, aquilo que se professa em nome de Cristo.

Quando olhamos para Bíblia vemos alguns homens e mulheres que tiveram o mesmo caminho, como Nicodemos, um homem duvidoso que relutou muito para se tornar um cristão, além do próprio povo de Israel que flertava com os ídolos e ao mesmo tempo desejava os favores de Deus. Mas também é verdade que somos informados de homens e mulheres corajosos que mereceram o status de “mártir” por causa da fé em Cristo. Esses homens e mulheres, conforme fala o escritor aos Hebreus, “o mundo não era digno” (Hb 11.38). Dentre esses está a nossa personagem dessa noite Raabe, a meretriz (Hb.11.31).

O povo de Israel está de novo perto do estabelecimento do propósito divino a posse da terra prometida. Assim como em Números 13, são enviados espias com a função de avaliar a terra. Naquela ocasião foram enviados 12 homens representando as doze tribos, desta feita, apenas 2 são enviados (v.1). Não fica clara a razão da quantidade de espias, mas dá a entender que como naquele caso, (Nm. 13.1-2) em que apenas dois creram, Josué e Caleb, que o número preconizava exatamente a quantidade fiel dos espias. Já se passaram 38 anos, desde aquele momento, eis que é chegada a hora de Israel prevalecer definitivamente sobre os seus inimigos.

Creio que também nós temos que buscar a convicção e a apropriação das promessas divinas. Nesse sentido, penso que devemos demonstrar a mesma convicção que teve Raabe. Tendo isso em vista gostaria de chamar a atenção da igreja para o seguinte título: “Assumindo riscos pela fé ao exemplo de Raabe”. Todo crente deve estar disposto a correr riscos pela fé, vejamos como Raabe se torna nosso exemplo nesse texto. Os riscos que Raabe correu foram:



O risco de lutar contra seu próprio povo (vv.1-7)
Todos nós que fizemos pública a nossa fé, precisamos correr determinados riscos, seja de que natureza for. Mas imagine o caso de Raabe que segundo o reverendo James Montgomery Boice, comparando-a com Atanásio disse que “Raabe estava contra o mundo” (Raabe contra mundum)[1]. Ou seja, ela precisou ir contra todos para receber sua parte na promessa. Vejamos mais de perto como ela correu esse risco:

Ela era uma prostituta (vv.1-2) – Muitas questões são subtendidas nesse texto, a primeira é porque eles procuram inicialmente a Casa de Raabe. De acordo com alguns comentaristas, a casa de Raabe era uma pousada e isso quer dizer que eles não sabiam que naquela pousada era a casa de uma prostituta. Outra questão é a rapidez com que a notícia da permanência deles ali se espalha (v.2). Ora, Israel já tinha cercado Jericó, o povo inteiro da cidade estava preparado para o pior. A chegada dos espias trouxe a eles o terror para além dos muros da cidade.

A descoberta dos espias na casa de Raabe (vv.3-4) – Toda a cidade estava atenta para os movimentos das tropas de Israel. Enviar dois espias era uma estratégia de risco. Aqui fica claro porque Raabe desafia seu mundo. Ela logo é descoberta, não foi por sorte que sua casa foi denunciada, alguém viu os espias em sua casa, isso tornou a situação para ela bem difícil.

Raabe protege os espias (vv.5-7) – Raabe estava decidida a correr riscos não pelos espias, mas por sua vida e sua casa. Sua preocupação era entender que os espias deveriam ser protegidos, pois essa era a única chance que ela tinha de escapar com vida. Ela esconde os homens e nega que os mesmos estivessem em sua casa. Por algum motivo eles não duvidam dela, provavelmente porque ela, apesar de prostituta, tinha uma boa reputação perante eles.

II- O risco de abandonar a sua religião (vv.8-13)
Esse risco corrido por Raabe é algo que todos nós precisamos fazer se quisermos agradar a Deus. É quando deixamos todas as nossas superstições e corremos para o Deus que se revela nas Escrituras. Vejamos como Raabe efetuou o abandono de sua velha religião:

Ela abandonou o medo (vv.8-9) – Toda a cidade de Jericó estava espavorecida diante dos israelitas, não propriamente do povo de Israel, mas, sobretudo, por causa das notícias dos grandes livramentos do Senhor. Ela, ao invés de optar pelo medo, escolhe optar pela esperança do Senhor.

Ela se apegou ao Deus revelado (vv.10-11) – Os feitos do Senhor já estavam bem conhecidos aos habitantes de Jericó. Raabe lista dois desses livramentos: 1) A passagem pelo mar vermelho; 2) a vitória sobre Seom e Ogue (v.10). Logo, após ela revela sua conversão a Deus com o reconhecimento de que outro Deus não há em toda a terra e céu.

Ela se apegou ao Deus que livra (vv.12-13) – A preocupação de Raabe não estava restrita a preservação de sua vida, mas também com aqueles que faziam parte de sua família, pai, mãe e irmãos. A casa de Raabe, posteriormente, se torna uma espécie de arca, conforme a palavra dos espias. A salvação dependia de estar perto dela. Isso só foi possível porque Raabe se apegou ao Deus que pode livrar.

O risco de vacilar na nova fé (vv.14-21)
Assim como todos nós, havia o risco do enfraquecimento da fé que Raabe acabara de aceitar. Após a saída dos espias houve um período de tempo que Raabe deveria passar para maturar sua fé. É justamente nesse período que devem ter acontecido os maiores dilemas para Raabe, vejamos isso de perto:

Ela devia provar a fé (v.14) – Se Raabe estava mesmo convicta, ela não denunciaria a missão dos espias. Caso ela não estivesse o próprio Deus estaria julgando sua convicção, com o juízo que se abateria sobre toda a cidade.

Ela orienta a fuga dos espias (vv.15-16) – Raabe dá provas de que sua fé não era vacilante. Ela instrui os espias de forma a viabilizar a fuga dos mesmos. Todos os detalhes que ela dá da fuga, livram os espias dos seus patrícios.

Ela tem um novo teste de fé (vv.17-21) – Durante a saída dos espias ela passa um tempo afastada daqueles homens. Sua fé poderia retroagir e se caso ela fosse nacionalista, poderia voltar às suas raízes. Porém, mais uma vez ela demonstra sua fé inabalável ao esperar por promessas que livrariam ela e os de sua casa.

O risco de confiar em outrem (vv.22-24)
O último risco que Raabe correu foi de confiar apenas nos espias. Ela não tinha garantia de Josué de que essas palavras seriam cumpridas. Da mesma forma estamos confiados apenas nas Palavras e obras de Cristo. Analisemos mais um pouco desse risco:

Os espias contam a Josué (vv.22-23) – Com toda certeza eles falaram da promessa feita a Raabe. A estratégia de ocupação israelita em Jericó certamente levou em conta a proteção de Raabe e sua família.

O testemunho reforça a fé (v.24) – Mesmo que esse último verso não fale de Raabe, vemos como o testemunho dos espias ajuda as tropas israelitas. Ela serve de incentivo e fé para eles, logo ela também está presente ali.

Ao vivenciarmos esses dias temos talvez, tanto quanto Raabe, a necessidade de sermos convictos em nossas decisões. Deus não aceitará, menos do que isso. Devemos correr riscos. O risco de lutar contra o povo, de abandonar a antiga religião, o risco de não vacilar na nova fé e por fim, o risco de confiar em outrem, sendo esse o próprio Cristo.

Raabe ocupa uma posição especial na redenção por causa do seu testemunho. Ela é antepassada do nosso Senhor (Mt.1.5); ela é exemplo de fé na galeria da fé (Hb.11.31) e exemplo de fidelidade (Tg. 2.25).

E nós o que somos? Também temos que vencer o medo, temos que estar prontos para sermos subjugados por Deus, como a cidade de Jericó foi, mas Raabe teve uma sorte melhor do que eles. Assim como ela somos chamados para o mesmo empreendimento. Que Deus nos faça firme, ao exemplo de Raabe, que Ele nos conceda sua bravura e convicção nesses dias, amém.








[1] BOICE, James Montgomery. An Expositional Commentary, Joshua, Editora Backer Books, 2005, Grand Rapids, EUA

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O triunfo da Semente da mulher, a nossa consolação e alegria

Gênesis 3.15

É evidente que o Evangelho não é uma novidade pertencente apenas ao Novo Testamento. Muitos resquícios dessa verdade estavam presentes no Antigo Testamento. É por isso que o Senhor com os dois discípulos no caminho de Emaús expôs essa verdade de forma tão efusiva (Lc. 24.27), de modo que lhes ardeu o coração (Lc. 24.32). O texto que iremos considerar essa noite é chamado de “síntese do Evangelho no A.T”. Charles Spurgeon, disse que “esse texto contém, praticamente todas as verdades que são encontradas no Novo Testamento”. E é tendo isso em mente que estaremos laborando nessa noite. Estaremos observando que tais verdades foram o farol para os crentes do passado, um anúncio anterior a grande verdade que hoje dispomos, de uma forma poderosa e pactual, algo que sem dúvida anuncia nossa redenção e triunfo sobre o inimigo na Pessoa da semente da mulher, o nosso Senhor Jesus Cristo.

O pano de fundo desse texto remonta a um dos dias mais negros da humanidade. Dia esse que de tão importante, ainda hoje afeta nossas afeições, desejos e interesses. Esse dia é o dia da queda da raça humana e especificamente nesse contexto é que somos informados das providências tomadas por Deus em razão dessa terrível queda. Os três personagens envolvidos estão diante do Senhor a fim de ouvirem as terríveis sentenças do Juiz de toda a terra, a serpente, o homem e a mulher. A pequena porção que estamos observando é parte da sentença divina dita à antiga serpente, satanás.

Creio que esse pequeno texto pode nos ajudar a compreender melhor as promessas de Deus no Evangelho. Ele também nos ajuda a compreender pontos importantes de nossa luta contra a semente da serpente, além de sermos conduzidos a contemplar o triunfo de Cristo sobre Seu inimigo. Tendo isso em vista, gostaria de propor um título para a nossa meditação: “O triunfo da Semente da mulher, a nossa consolação e alegria”.

Vejamos porque podemos nos consolar e alegrar nessa antiguíssima mensagem. Olhemos de perto as partes constituintes dessa mensagem, na ocasião do decreto da derrota do inimigo e entendamos como isso nos enche de alegria e regozijo.

A mulher em inimizade com a Serpente.
Uma amizade anterior – Antes dessas palavras serem ditas pelo Senhor, o que ficou constatado é que anteriormente é que havia amizade entre a mulher e a serpente. Houve uma troca de gentilezas no sentido de anuírem em comum acordo um tratado de paz de rebeldia contra o Senhor. Satanás soube conduzir a mulher no sentido de conquistar sua atenção. Com palavras agradáveis à mulher, a velha serpente a engana muito sagazmente.

Uma situação diferente a partir daqui – Depois que essas palavras foram pronunciadas pelo Senhor, houve um revés nessa relação. Como disse Spurgeon “a amizade dos pecadores não dura muito tempo”, sendo assim, nitidamente essas duas partes estiveram em um litígio permanente.

Descendências distintas e inimigas.
Muitos debates têm sido travados aqui, pois existe a necessidade de se compreender bem a questão relativa as palavras hebraicas para “tua descendência” (zar‘ăḵāזַרְעֲךָ֖) e “descendente” (zar‘āh; - זַרְעָ֑הּ). O problema está no uso do pronome hebraico para “o” descendente, no lugar de descendência. De acordo Walter Kaiser Jr, que cita R. A. Martin, diz que ele conclui que “em 103 vezes que o pronome masculino hebraico é empregado em Gênesis, em nenhum caso em que o tradutor traduziu literalmente ele tem rompido a concordância em grego, entre o pronome e seu antecedente, a não ser aqui em Gn. 3.15”[1]. Logo, segundo essa informação, é muito estranho o uso de um representante para a descendência, a não ser que consideremos o conceito de pessoa régia, existente no Messias.

A descendência da serpente – Hora, é claro que satanás não reproduziu, logo não tem descendentes filias ou genéticos, então, o que a Bíblia quer dizer com descendência da serpente? Segundo o entendimento bíblico, uma parte da humanidade foi adquirida pelo próprio satanás, ele passou a vindicar aqueles que são rebeldes contra Cristo. Logo, todos aqueles que vivem nesse estado pertencem a ele. Sendo assim, mesmo os eleitos estiveram nessa condição em outro momento, antes de serem salvos por Cristo.

O descente da mulher – Como já observamos o uso desse conceito, não de uma descendência, mas de um descendente, denota uma condição régia e messiânica. Estamos falando então daquele que tem condições de esmagar a cabeça da serpente. Isso quer dizer que a partir dele uma nova descendência seria criada. Esses são hoje inimigos dos descendentes da serpente, logo estão estes em total litígio, pois estão assegurados na pessoa do “Descendente” que é Cristo.

O ferimento da serpente na cabeça.
Quis o Espírito Santo que o triunfo fosse enunciado antes do final, talvez para mostrar que a suprema vitória do descendente é algo perfeitamente esperado, pois não existem contratempos para o Senhor.

Um golpe fatal – Dentre todos as partes constituintes do ser humano a cabeça é a mais exaltada. Nela está a sede de todos os empreendimentos, nossa racionalidade, além de nossos sentidos mais nobres. Quando o Senhor atinge essa parte do corpo de satanás, com a vitória de Cristo, isso implica dizer que todo o empreendimento do inimigo não tem mais o poder de antes. Cristo vitoriou-se sobre o algoz da raça humana, o descendente, o cabeça federal do pacto destruiu os intentos da grande serpente.

Um golpe salvador – Esse golpe significa, sobretudo, a vitória de Cristo sobre o território do maligno, sobre aqueles que lhe eram vassalos, mas que hoje são os despojos de Deus, os eleitos. Quando somos conduzidos a profundidade dessas palavras lembramos que nós pertencíamos a serpente, éramos sua descendência, porém agora, depois do golpe de Cristo, temos um novo Senhor, o Descendente, Cristo Jesus, o nosso vitorioso redentor.

IV- O ferimento do descendente no calcanhar.
Resta-nos falar dos efeitos do golpe dado pela serpente, vejamos o que isso quer dizer:

Não foi um golpe fatal – Em comparação ao golpe do Descendente, o golpe da serpente não causa tanto espanto assim. É verdade que é a partir desse golpe que vemos a terrível atrocidade que é o pecado, pois isso custou a vida do Justo, mas uma vez que Aquele que sofreu o golpe, é “a Ressurreição e a Vida”, tal golpe não o pode destroçar, mas apenas causar-lhe danos temporais. Esses são suas chagas graciosas por Seus eleitos.

Um golpe sorrateiro – Esse, uma vez que foi desferido pela serpente, ganha contornos de tocaia, pois é assim que as serpentes desferem o seu golpe. Porém, Cristo prevaleceu sobre tal empreendimento, todas as forças do inferno não foram capazes de destruir o empreendimento santo, há muito previsto da derrota do inimigo. E nenhum dos seus esforços malignos foram capazes de anular, tão previsível desfecho.
Conclusão: O Evangelho é antiguíssimo. Ele não é um planejamento, tendo por base uma estratégia mudada conforme as adversidades. Ele está previsto por Deus desde os tempos eternos. Cristo é o Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (Ap.13.8). Logo, Deus tinha em vista a morte substitutiva do nosso Mediador, antes que tudo tivesse ocorrido, antes da queda dos nossos pais, antes da queda do próprio diabo.

Que consoladora mensagem temos aqui. Se estamos do lado daqueles que hoje podem ser considerados “sementes da mulher”, assim como o nosso Cristo, podemos dizer que ninguém pode triunfar sobre nós. Nossa vitória em Cristo, a vitória da Noiva, da igreja é um enredo conhecido, antes mesmo de qualquer acontecimento. Cristo é a nossa garantia, Ele é o nosso Rei invicto, aquele que inimigo algum pode destruir.

Termino esse sermão com as palavras de Apocalipse 6.1,2.

“Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu Cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; ele saiu vencendo e para vencer.”







[1] KAISER JR Walter C. Teologia do Antigo Testamento, pg. 39, Editora Vida Nova, São Paulo, 2007

sábado, 20 de setembro de 2014

A profecia de Caifás: A morte de um homem, a redenção de uma nação

João 11.47-57

É verdade que a morte de Cristo é uma inesgotável fonte de bênção para o crente, pois foi por meio dela que o nosso grandioso Salvador pagou o preço requerido por nossos pecados. Mas, também é verdade que ela é celebrada imensamente por muitos. Recentemente um filme intitulado “Deus não está morto” chamou a atenção do público evangélico quanto às implicações, trazidas pela academia sobre a existência ou não de Deus.

A questão é que o Senhor morreu para muitos hoje em dia, assim como Ele já estava morto, antes de morrer, para aqueles homens instruídos na Lei que buscavam o bem de si próprios e não a vontade de Deus. Tendo isso em vista gostaria de refletir nessa noite no seguinte tema: “A profecia de Caifás: A morte de um homem, a redenção de uma nação”.

Ao comentar sobre isso gostaria de refletir acerca dos estratagemas encontrados no texto bíblico empreendidas por esses homens, no sentido de silenciar e abafar a voz do Senhor em suas vidas, algo muito parecido com aquilo que fazem os homens que nos dias atuais estão buscando o “silêncio do Senhor” no sentido de amoldarem suas expectativas ao seu alvitre corrompido.

Vejamos como isso ocorre, contemplando as seguintes nuances dessa pretensão arrogante. Vejamos como a morte de Cristo foi planejada por eles:

Uma morte idealizada (vv.47-48)
É claro que houve um período, entre os líderes judeus, que eles avaliaram os ensinos de Cristo. Eles realmente analisaram à luz da experiência e de seus métodos, se o Senhor era realmente o Cristo, se Ele realmente era o que Ele pretendia, mas isso desvaneceu em suas mentes e corações rapidamente. O que estaremos vendo aqui são os estratagemas desses homens a fim de resolverem um problema que o Senhor lhes trouxe, vejamos mais detidamente:

Os “muitos milagres” como pretexto (v.47) – João, taxativamente, explica que a razão da morte do Senhor eram os “Seus milagres”. O que é estranho é que os milagres nunca foram problema em Israel, em outras épocas eles eram vistos como sinais evidentes da ação de Deus, porque nesse caso eles estavam incomodados? A razão era que Jesus estava conquistando o povo com milagres incontestáveis, como a ressurreição de Lázaro (João 11.1-46). A assembleia mais famosa dos judeus, o sinédrio, é convocada em razão disso e percebamos o argumento defendido aqui.

O ciúme religioso nutrido pelos fariseus (v.48) – Eles entendem que era uma causa nacional. Eles, os fariseus, membros do sinédrio, desejam se identificar com a nação, quando na realidade estavam defendendo a si próprios. Nesse discurso parece haver uma observação de fraqueza na proposta religiosa de Cristo, pois eles acreditavam que isso poderia por em ruína a própria nação perante os romanos. Eles temiam a perca do poder e seu status exaltado, não estavam dispostos a viver segundo o Evangelho.

Uma morte aconselhada (vv.49-53)
O conselho dado por Caifás (v.49) – Talvez se esse conselho fosse algo de si próprio não receberia a atenção que recebe aqui, mas João vê nas palavras desse sumo sacerdote ímpio, aquilo que seria a vontade de Deus na questão da obra do Senhor, ou seja, a Sua morte vicária. Seu discurso é cheio de arrogância, mas prevê a morte de Cristo pela nação.

Um homem pela nação (vv.50-51) – Mesmo um homem cego espiritualmente pode advertir o povo quanto a algo pretendido por Deus. Deus usa a quem quer. E a verdade é a verdade de Deus, como falava Calvino. Nesse aspecto, Caifás foi profeta. Isso nos leva a entender que mesmo ímpios podem proferir o evangelho, logo, pregadores ímpios podem falar algo verdadeiro, mesmo sendo ímpios.

A aplicação evangélica (v.52) – Nesse verso, temos a explicação dada por João dessa profecia. Jesus não somente morre pelos judeus, mas para ajuntar os filhos de Deus espalhados pelo mundo, os quais são aqueles que creem em Seu nome.

Uma morte há seu tempo (vv.53-54)
A morte de Cristo, antes de tudo, foi prevista por Deus. Nem o diabo, nem os homens foram à causa dela. Estava em Deus os tempos que isso ocorreria. Vejamos como João narra isso:

Uma ação consumada (v.53) – Aqui vemos exatamente o momento em que o nome de Cristo e Sua Palavra foram desprezados por esses homens. Uma vez que esse nome está desprezado, pouco se pode fazer para fazê-Lo importante para muitos homens.

Ação evitada soberanamente (v.54) – Não é a primeira vez que Jesus evita certas pretensões humanas. Em outras ocasiões, onde Ele também estava ameaçado de morte, Ele também buscou evitar tais situações. Ele evitou ser coroado rei, Ele evitou falar abertamente, preferindo as parábolas, tais ações foram soberanamente administradas a fim de que nada atrapalhasse os propósitos soberanos do Senhor. Aqui não vemos um covarde fugindo da morte, mas o Santo de Deus obedecendo a vontade soberana do Senhor.

Uma morte controversa (vv.55-57)
A festa nacional (v.55) – Multidões de judeus frequentavam Jerusalém, principalmente durante as festas. A páscoa era talvez a mais importante delas. Estar em Jerusalém durante a páscoa era um dever para os judeus, imagine para um Rabi?

Aqueles que procuravam por Ele (v.56) – Existiam dois motivos que faziam os judeus buscar o Senhor, um era o desejo de conhecer o afamado Rabi e o outro era buscar erros em Seu ensino para o levarem para o cárcere. Os mesmos motivos ainda hoje estão em evidência e o encontro do objetivo dependerá muito daquilo que pensamos previamente do Senhor.

Aqueles que buscavam calá-Lo (v.57) – Esses homens tencionavam previamente silenciar a voz daquele que tem poder de fazê-los mudos, pois nenhum argumento é maior do que o dele. Eles buscavam o mal não somente do Senhor, mas de si próprios, mesmo que suas motivações não visassem isso.

Assim como naqueles dias muitos tencionam calar a voz de Cristo. Isso acontece por inveja ou por ódio consumado, uma vez que desprezam seus ensinos. Ainda hoje vemos a ira dos homens por Aquele que proclama o Reino de Justiça. Tais homens são amantes de seus próprios ventres e não desejam que viva a Palavra da Verdade. Que Deus não nos faça emudecer diante de tantos desmandos. Na contramão daqueles que buscam o silêncio de Cristo estão aqueles que tencionam ouvir a Sua voz, quanto a esses existem promessas de audiência eterna. Porém, aos demais, pouca esperança resta, a não ser que se arrependam-se e busque a mesma voz de poder encontrada no Senhor.