quarta-feira, 27 de abril de 2011

O perfil exigido para o pastorado hoje

Tudo o que vivemos hoje é o aumento das demandas na vida de muitas igrejas. Com isso surge a necessidade de se buscar pessoas que supram estas demandas, que entendam o espírito da época, que sejam adaptáveis e confiáveis no mercado de trabalho. Vivemos num mundo onde se cobra muito de todos e quem não está no padrão geral dessas exigências está, por assim dizer desqualificado.

Lamento dizer que há muito isso também é uma realidade em muitas igrejas hoje em dia. A idéia antiga de um pastor ocupando o púlpito da igreja local, sendo uma espécie de arauto, profeta em nossas congregações faz parte de um passado distante, longe de nossos dias. O perfil ideal para o pastorado em nossos dias é altamente exigente. Lembro-me de uma igreja que exigiu que o seu futuro pastor tivesse o grau acadêmico de "doutor". Na época várias foram as críticas contra essa igreja, mas hoje a questão não gira em torno do academicismo do pastor, mas com sua capacidade de gerir uma instituição religiosa.

Vivemos dias onde as igrejas se tornaram um filão lucrativo. Com o aumento considerável do padrão de vida brasileiro, há aquelas igrejas que não dispensam fazer de seus pastores homens importantes e imponentes, verdadeiros empresários da fé. A exigência quanto a esse mercado é demasiadamente sentida por todos aqueles que fazem de suas vidas ministérios, e muitos estão sendo desqualificados, simplesmente porque não estão se adequando a estas exigências. As igrejas se tornaram grandes empreendimentos, lidando com assuntos muitas vezes desnecessários e os pastores são incluídos nestas necessidades desnecessárias. Dando a entender que não basta apenas um curso de teologia, mas outros em áreas nitidamente empresariais, como gestão financeira, administração e outras.

Ao que parece os esteriótipos de homens bem sucedidos estão permeando a igreja moderna, fazendo de pastores homens de negócio, no lugar de homens de Deus. Mas ainda existem os pastores que vivem exatamente como se viviam os antigos pastores. Mas estes, apesar de terem, segundo os padrões atuais os seus ministérios desqualificados estão fazendo a obra de Deus de forma satisfatória, segundo as exigências bíblicas. Com isso não quero dar a entender que o pastor deve se contentar com um ministério mediocre. E quando falo mediocre falo não em condição financeira, mas mediocre espiritualmente, se conformando com a igreja vazia e coisas desse tipo. Acredito que em dias frouxos como os nossos precisamos voltar a priorizar o púlpito. Na igreja apostólica, no livro de Atos, vemos que as demandas exaradas das necessidades tentavam fazer do ministério apostólico uma centralização de ofícios que não cabiam ao ministério (Atos 6), neste momento surge um ofício que hoje tem sido também disprestigiado, o diaconato. Mas a principal questão encontra-se no verso de número quatro "... e, quanto a nós, nos consagremos à oração e ao ministério da Palavra". Esse ativismo em áreas que não fazem parte do ministério está sufocando o ofício ministerial.

Uma palavra de advertência pode ser dita a igrejas que exigem de seus pastores não devida consagração ao ministério, mas dedicação a demandas extra ministeriais. Não esperem que seus pastores sejam gigantes da piedade e conhecimento no púlpito. Não se pode almejar estas coisas quando as demandas exigidas pela igreja não favorecem à consagração ministerial. Os pastores precisam de tempo para exercer a piedade, eles precisam se dedicar à oração, à preparação do sermões e de estudos, ter tempo para ler livros e também se qualificarem. Fazer do pastor um homem de negócio é mal negócio para as igrejas, é um mal negócio para a causa de Cristo e para os próprios ministros. É claro que um pastor sempre poderá dizer não com relação as demandas extra ministeriais exigidas por algumas igrejas, mas também é verdade que em tempos relativistas como os nossos, muitos pastores se comportam como se fossem empregados e temem perder os seus cargos, principalmente em igrejas ricas e poderosas.

Concluo dizendo que estamos sofrendo, enquanto igreja, de uma séria situação quanto aos púlpitos. Não somos mais impactados pelas mensagens, elas parecem estar frias, como as vidas de muitos pastores. Eles externamente são homens influentes, cultos e poderosos, mas interiormente estão matando sua chamada, sua vocação e sua unção. Deus nos livre de sucumbir as demandas e queira o Senhor nos fazer homens dedicados a oração e ao ministério da Palavra.


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