segunda-feira, 28 de julho de 2014

O cuidado dos fortes para com os fracos na busca da paz na igreja

Romanos 14.1-12

Queridos irmãos, estamos diante de um assunto que é perfeitamente recorrente no meio da religião cristã, que é o nível de apreensão que dispomos no caminho de Cristo. Como a fé destoa de pessoa para pessoa na questão de maturidade, havendo uns que estão em um nível e outros estão em outros, de tempos e tempos, deveríamos nos submeter ao crivo da Palavra e buscarmos a paz da igreja quanto a este assunto.

Paulo enfrenta de perto este contexto nessa parte da carta aos romanos. Ele repreende a atitude dos mais fortes em condenar os mais fracos, que parece pelo texto, ser o grupo menos influente e por isso o que sofria por sua defesa. Esta noite saberemos, conforme o texto bíblico, qual é a vontade de Deus para nós, quando nós também estivermos diante da mesma situação. Conforme o ensino das Escrituras, estaremos aprendendo como tratar o fraco, caso sejamos fortes, de acordo com o padrão do Espírito, nela elucidado.

Devemos promover a paz no meio da igreja e cabe aqui uma citação de Calvino quanto a isso:

“Aqueles que atingem os cumes do conhecimento da doutrina cristã devem acomodar-se aos menos experientes, envidando todos os esforços para que as fraquezas de tais pessoas sejam supridas”. – Comentário de Romanos, Editora Fiel.

Diante desse assunto, proponho o seguinte tema para a nossa meditação: “O cuidado dos fortes para com os fracos na busca da paz na igreja”. Justifico o título defendendo que nós devemos lutar contra o erro e que podemos muitas vezes nos ver inseridos em alguma demanda controversa, mas cabe a nós ceder, dentro dos limites da Palavra, para que a paz na igreja possa ser preservada.

Vejamos qual deve ser a nossa procedência de acordo com o texto que estamos contemplando:

O “acolhimento” do crente fraco deve ser desenvolvido (vv.1-4). Não é consenso entre os comentaristas acerca da situação aqui envolvida. Hendriksen defende que existiam dois grupos na igreja de Roma que pensavam de forma diferente em razão da expulsão dos judeus da cidade de Roma por um tempo, durante o governo de Cláudio, o que fez com que esses recebessem um ensino mais característicos dos judaizantes e depois tentaram imprimir o mesmo estilo de vida na igreja, mas tinham encontrado resistência em razão do pequeno número de adeptos. Como a igreja estava em transição, do judaísmo para a igreja gentílica, isso causava alguns transtornos.

Outros comentaristas, no entanto, como Calvino e Murray veem apenas questões de natureza de opinião. Murray argumenta que Paulo está tratando de um problema diferente de 1 Coríntios 8, onde naquela situação tratava com os judaizantes, aqui ele trata com pessoas que temiam ingerir comidas sacrificadas aos ídolos, mas que não tinham a influência daquele grupo. Vejamos então, os conselhos do apóstolo quanto a tudo isso:

O “acolhimento” e a discussão (v.1) – Paulo enxerga um problema com a discussão com os fracos. Eles provavelmente eram novos convertidos e podiam correr o risco de ter sua fé abalada caso não fossem tratados com cuidado. Por isso a ordem em acolher. Não há aqui o intento de esconder a verdade, mas de amar o próximo, preservando-o do erro.

Uma questão de dieta (v.2) – Como dissemos a influência do judaísmo ainda era forte aqui. Os irmãos faziam isso no intuito de se preservar das comidas dos ídolos, mas os outros não viam necessidade, talvez se estribando no que Paulo tinha dito a respeito disso “o ídolo nada é”. Eles eram vegetarianos. Paulo os chama de “débil”, logo estavam com um conceito diferente e até mesmo infantil de se portarem para Deus.

O desprezar deve ser evitado (v.3) – Essa atitude “desprezar” é bem comum hoje. “Quem não pensa comigo deve estar errados”, pensam alguns, mas a orientação é buscar a concórdia e não a divisão. Havia dois pecados aqui o desprezo e o julgar, todos deveriam ser evitados.

O sustento de Deus (v.4) – Aqui existe uma advertência aos “fracos”, uma vez que Paulo os acusa de julgamento. Paulo insta para que não julgue, pois apenas Deus pode julgá-los, além de mantê-los de pé, pois Ele é poderoso para isso.

A guarda dia e a dieta não deve ser a causa de tropeço (vv.5-8). Outra característica do grupo considerado “fraco” era a guarda dos dias. Paulo parece ter uma posição branda e conciliatória quanto a isso, vejamos o que ele nos diz aqui

A opinião e a convicção (v.5) – Essa “guarda de dias” pode não se restringir apenas ao sábado, mas às outras festas judaicas. Não havia consenso aqui quanto a isso. Só posteriormente houve a aceitação completa do Dia do Senhor, estamos aqui num período de transição. Paulo recomenda a convicção como nosso juiz, mas isso é claro com o auxílio da Palavra.

A “ação de graça” na prática (v.6) – Os dois grupos estavam tentando agradar a Deus, logo seria o próprio Deus que julgaria a intenção e a observância de cada postura na Sua presença.

Não pertencemos a nós mesmos (vv.7-8) – Nesse entendimento somos propriedade de Deus e Ele é que nos julga naquilo que fazemos para Ele. Somos dEle tanto na vida quanto na morte. Prestaremos satisfação a Ele em tudo o que fizermos.

Todos nós somos responsáveis e compareceremos perante o tribunal de Deus (vv.9-10).

A morte de Cristo e o domínio sobre nós (v.9) – Eis aqui um dos textos que demonstram claramente o propósito da redenção. Segundo Paulo é por isso que Ele morreu, para ter todos sob seu domínio e poder.

O julgar e o desprezar (v.10) – Paulo novamente está falando dos pecados característicos aqui (desprezo e julgar). O primeiro pertencente aos “fortes”, o segundo aos “fracos”. Ele afirma que daremos conta a Deus no Seu tribunal.

A fala divina e a responsabilidade pessoal (vv.11-12).
Joelhos dobrados e língua louvando (v.11) – Paulo está citando Isaías 45.23, ele está enfatizando em que condição todo homem se apresentará diante de Deus

Novamente o tribunal (v.12) – Ao finalizar essa parte, Paulo mostra que não estamos aleatoriamente conduzidos na igreja. Prestaremos contas a Deus, e apesar de sermos distinguidos por grupos nossa prestação de contas será individual.

Apesar de sabermos que a verdade é o nosso maior vínculo enquanto corpo de Cristo é inevitável que existam contendas. Muitas delas são teológicas como no caso aqui. Não podemos pensar com isso que não devemos condenar o erro, mesmo daqueles que consideramos nossos irmãos. Mas essa condenação deve ser com amor e cuidado cristão, afim de preservar o corpo de Cristo. Aqui no texto exposto, Paulo nitidamente se solidariza com o grupo denominado de “fortes”, mas nem por isso pede a cabeço dos “fracos”. Que tenhamos o mesmo cuidado, mas que, sobretudo, amemos a verdade, sem ofender os irmãos que são “débeis na fé”.


2 comentários:

  1. Blog encantador,gostei do que vi e li,e desde já lhe dou os parabéns,
    também agradeço por partilhar o seu saber, se achar que merece a pena visitar o Peregrino E Servo,também se desejar faça parte dos meus amigos virtuais faça-o de maneira a que possa encontrar o seu blog,para que possa seguir também o seu blog. Paz.
    António Batalha.

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  2. Obrigado por gostar do nosso blog Antonio Batalha, pode deixar estarei atento ao conteúdo do seu blog irmão. Abraço irmão.

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