domingo, 27 de março de 2011

Tiatira e o mergulho na imoralidade

Ruínas de Tiatira, atual Akhisar na Turquia
Apocalipse 2.18-29

INTRODUÇÃO: Quando contemplamos esta carta vemos uma situação deveras calamitosa nesta cidade de Tiatira. O anjo estava recebendo uma carta que acusava os membros da igreja de prostituição. Esta era feita quando da participação de alguns nas festas dos padroeiros de algumas profissões como artesãos de lã, de linho, de capas, tintureiros, artesãos de couro, oleiros e etc. Funcionava basicamente assim: cada profissão tinha um padroeiro (deus), que mantinham festas que quase sempre terminavam em comidas consagradas e orgias. Os cristãos estavam sendo tentados a fazerem uso destas festas sob a desculpa de que assim se conheceria “as cousas profundas de satanás” (v. 24).
Como esta situação tem a ver com um tipo de promiscuidade, hoje contemplaremos o seguinte título: “Tiatira e o mergulho na imoralidade”.
Esse tema é também atual, uma vez que de inúmeras formas a igreja tem sido assaltada de sua pureza pelo comércio da pornografia e sensualidade. É preciso aprender com as lições da Palavra para manifestarmos obras dignas da fé que professamos. Para tanto, sugiro, as seguintes orientações:

I- Um mergulho em religiosidade sem profundidade (vv.18-19)
a)      A manifestação de Cristo (v.18) – Este verso é mais completo quanto à manifestação de Cristo do que as outras cartas. Ele é mostrado como Filho de Deus, uma clara referência a doutrina bíblica sobre o Senhor. Olhos como “chamas de fogo” (v.1.14), que significa olhos que penetram cada coração. E por último “pés semelhante ao bronze polido”, que significa poder para pisar o iníquo.
b)      O estado religioso da igreja (v.19) – São termos de elogio. Reconhecimento do amor da igreja (diferente da de Éfeso 2.4). Era uma igreja servidora. Bem como, uma igreja perseverante e que acrescentava vibração ao labor diário. O mais impressionante disso tudo é que a carta parece apresentar duas igrejas. Uma fiel e outra promíscua. É uma religiosidade sem profundidade, algo muito comum de se acontecer.

II- Um mergulho na imoralidade (vv. 20-24)
a)      Imoralidade no ofício (v.20) – Era naquela época comum a presença de profetas e esta mulher se apoderou deste ofício. Jezabel era o nome da mulher de Acabe (1 Reis 18.13). Provavelmente é uma referência ao caráter da insana do passado.
b)      Imoralidade no endurecimento (v.21) – Esta teve oportunidade para se concertar perante Deus, mas estava tão obcecada que não retroagiu.
c)      Imoralidade dos seguidores (v.22-23) – Ela sofreria o dano pelo pecado, bem como os que pecaram com ela. A punição aos filhos é de uma conotação espiritual, ou seja, são os seus seguidores, mas ainda havia tempo para se arrependerem. A punição será para exemplo entre as igrejas.
d)     A imoralidade do conhecimento (v.24) – Os que não foram incitados por esta mulher, mas se mantiveram fiéis, não cometendo imoralidade contra a consciência seriam poupados. Enquanto os demais sofreriam o dano.

III- Um mergulho em promessas para os fiéis (vv.25-29)
a)      Promessa de pureza (v.25) – A integridade é pré-requisito para a aprovação em meio ao mundo imoral.
b)      Promessa de autoridade (v.26) – A igreja não precisa se vender para ganhar o mundo. Nem precisa se parecer com eles. O Senhor a honrará na fidelidade, fazendo reinar sobre as nações.
c)      Promessa de vingança e zelo (v.27) – A igreja é o braço de Deus para solapar as obras das trevas. O cetro, símbolo de regência, será de justiça e zelo para com o que é santo e verdadeiro.     
d)     Promessa da luz de Cristo (v.28-29) – O Sol da justiça (Ap. 22.16) será o clareador das trevas da ignorância, revelando o entendimento genuíno da igreja por meio de Cristo. Faz bem aquele que escuta estas palavras.

Conclusão: O mundo e satanás desejam que a igreja baixe a guarda para os padrões morais. Relativize o homossexualismo, o aborto, a imoralidade, o sexo fora do casamento e tudo que denigre a santidade. Mas Deus ainda conserva homens santos e zelosos, como nos dias do profeta Elias. A igreja verdadeira há de se purificar dessas ciladas inimigas. Portanto, não se deixe levar pelo relativismo desses dias. Apegue-se a Palavra de Deus, desenvolva seu zelo profético por meio da piedade e do conhecimento de Cristo e vejamos o que Deus fará com este mundo. Deus ilumine a Sua verdadeira grei, amém.

quarta-feira, 23 de março de 2011

CALVINO E O DIREITO À GUERRA LEGÍTIMA

Rebeldes observam fumaça durante confrontos em Sidra, na Líbia (10/03)

A guerra na Líbia, país africano, vivendo sob o regime do ditador Muammar Khadafi, no poder desde 1969, quando o então líder revolucionário tinha apenas 27 anos de idade, foi invadido por uma coalizão, sob a liderança da França nestes últimos dias. Esta ação vem sendo bastante questionada por alguns países, inclusive o Brasil. Khadafi tem uma biografia marcada por conflitos internos, golpes de Estado, crimes de guerra e terrorismo. Diante dos eventos atuais é necessário então refletirmos sobre o direito legítimo à guerra, segundo o ponto de vista reformado, principalmente quando observamos o pensamento do reformador João Calvino quanto a isso. Baseado em suas considerações, documentadas em suas Institutas da Religião Cristã, abordemos o assunto da seguinte perspectiva:

O uso da força pelo poder civil.

Calvino em suas *Institutas é radicalmente contra as demandas injustas de classes isoladas da sociedade que pretendem conseguir o que querem pelo uso da força, ou pela intransigência de suas ações sectárias. Logo, ele não defende a anarquia de modo algum, mas o uso da espada da justiça pelo poder magistrado. Quanto a isso ele diz:

“É pois, fácil concluir que nesta parte eles (os crentes) estão sujeitos a lei comum pela qual, embora o Senhor ate as mãos de todos os homens, todavia não ata a sua justiça, que Ele exerce pela mão dos magistrados.” (XVI, seção X – pg 154)

A razão apresentada pelo reformador para o uso da força pelos magistrados é a contenção da impiedade, uma vez que aos mesmos cabe-lhes o dever de proteger a população. Neste caso, Calvino defende anteriormente que os magistrados devem legitimamente efetuar a justiça para a manutenção da ordem, sendo eles autoridades constituídas. Calvino ainda realça que não cabe ao cristão, ou a qualquer outro tal postura, visto que Deus o impediu de usar a força e a violência, mas apenas aos magistrados o uso desses meios, ainda que estes muitas vezes sejam cristãos fiéis.

Calvino, após considerar o poder que o magistrado civil deve ter, considera também o uso da pena de morte de modo a ratificar sua legitimidade. Para isso ele cita os exemplos de Moisés e Davi, que em algumas ocasiões foram usados pelo braço justo de Deus para sentenciar com a pena capital os transgressores. É por esta razão que em países de tradição calvinista é possível observar a aplicação da pena capital de modo a refrear a impiedade, dando a sociedade uma possibilidade de expurgar os detratores da ordem de um modo a puni-los com a força e com o braço da lei. É claro que aqui virão aqueles que pensam que este pensamento é deveras injusto e anti-bíblico, mas como argumentar quando em várias ocasiões no texto sagrado tal pena é infligida, mas no caso aqui defendido, não por indivíduos mas por leis justas e a devida aplicabilidade pelo magistrado.

A guerra justa segundo Calvino

Quanto ao nosso assunto em pauta, Calvino nos recomenda uma citação do filósofo Cícero que diz: “A guerra não deve ter outra finalidade, senão buscar a paz”. A partir daí o reformador defende o princípio calvinista da guerra justa, quando a impiedade ameaça um reino cristão e ditadores e monarcas caídos se colocam contra o Evangelho de Cristo, estes devem ser arrancados de sua posição que outrora gozava o status de braço de Deus, sendo então considerado como braço da impiedade.

É, portanto, dever do monarca ou reino constituído por Deus manter a ordem da nação que representa. Aqui uma nação, portanto, deve se fazer guarnecida de aparato estritamente militar, tanto para a defesa, quanto para o ataque. Sempre respeitando as leis estabelecidas para a guerra justa, princípio mais do que ratificado pelos órgãos interessados na solução de conflitos, inclusive a ONU. Portanto, é facultado a esta mesma nação, ameaçada por um inimigo, fazer alianças, naquilo que defende Calvino nesta consideração:

Desse direito de fazer guerras justas segue-se que as guarnições, as alianças e as munições civis são igualmente lícitas. Chamo guarnições os soldados postados nas cidades das fronteiras para preservação de todo país. Chamo alianças as confederações que unem príncipes vizinhos para se ajudarem mutuamente, caso haja problemas em seus territórios. (XVI, seção XIV – pg. 157)

Sobre o direito da guerra na Líbia

É necessário ainda considerar, de forma resumida, a situação vivenciada no país em loco, a Líbia. Este país, que reivindicou de forma justa leis mais democráticas em protestos pacíficos que foram reprimidos por truculentos atos de violência pelos soldados de Kadhafi tinha sua paz ameaçada por um regime tirano que lhe oprimiu por vários anos culminando nestas revoltas sociais. Falar de modo conivente com tais ações é no mínimo sujar as mãos de sangue, quando todas as tentativas de paz encerraram-se.

O povo Líbio merece um futuro melhor, ainda que este futuro seja incerto porque durante tantos anos não se sabe o que é oposição. É por esta razão que creio que a guerra que hora alocamos é uma guerra justa e que faz bem as nações envolvidas no conflito, dedicarem seus esforços na libertação deste povo. Este não é o primeiro, nem será o último conflito que questões como essas estarão envolvidas e quando houver outros devemos olhar para as implicações abordadas neste breve comentário. Nunca devemos ser a favor da violência em nenhuma instância, seja ela qual for, mas quando somos inquiridos se é legitima a ação, devemos buscar respostas que satisfaçam para que não sejamos levados ao erro. O legado calvinista certamente nos supre quanto a este respeito e rogamos a Deus a paz sobre o povo Líbio, paz que somente o Senhor Jesus pode trazer.  

*CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2006.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sobre a visita do presidente americano ao Brasil

Lembro-me que o mundo inteiro parou a pouco menos de dois anos para ver a pose do presidente dos Estados Unidos da América, inclusive nós brasileiros. Naquela época estávamos perto de uma eleição presidencial e lembro do ideal que nutri de um país mais justo e igualitário que respeitasse as instituições democráticas. Naquela época até pensei que podíamos repitir o exemplo americano no Brasil. Não que eu pense que os americanos são exemplo de democracia, mas que eles são a democracia mais sólida que se tem notícia. Qual país na história da humanidade conseguiu manter o sistema presidencialista como os Estados Unidos? Observamos que nossa história recente está marcada, assim como nossos vizinhos sulamericanos de golpes, ditaduras e outros tantos catastróficos momentos políticos que trouxeram marcas profundas nas democracias desses países.

Hoje depois de algum tempo, depois que se baixou a poeira, tanto lá como cá nas questões políticas, podemos ver que o presidente americano nunca foi a salvação da lavoura. Ele teve que enfrentar uma grave crise econômica no seu mandato, algo que o fez cair em popularidade, ainda teve que responder o porquê de não trazer as tropas do Afeganistão e do Iraque, além de uma série de oposições, como a perca da maioria democrata no parlamento. Mas ainda assim este homem consegue dispertar paixões neste povo brasileiro. Apesar deste mesmo povo opinar positavemente nas urnas por uma presidente de esquerda, o presidente americano de linha política progressista, prende este mesmo povo em ideais que não vemos no Brasil, que enfrenta drasticamente um populismo começado no governo Lula, que o fez eleger uma militante acusada de terrorismo contra o embaixador americano.
Penso por esta razão que a nossa nação não tem aspirações socialistas. Imagino se teríamos o mesmo nível de aceitação socialista caso, como no governo venezuelano, tivessemos que engolir uma reforma daquela natureza. Penso que não. O Brasil tem aspirações democráticas, ainda que não saiba ao certo como pode fazer isso em seu pensamento político. A direita ainda influencia nossas opiniões, de um ponto de vista todos somos escancaradamente democráticos e sonhamos por um país mais livre. E posso dizer livre de muitas coisas, principalmente da corrupção que nos faz mais atrassados do que deveríamos ser. Hoje somos uma nação equilibrada economicamente e porque não dizer politicamente. O êxito do presidente Lula o fez eleger uma desconhecida, que se mostra muito discreta no início de seu mandato, o que é bom, visto que o populismo de Lula podia causar danos irreversíveis politicamente ao país.

O presidente americano ficou feliz em ter conhecido nossa nação como ele mesmo disse em seu pronunciamento ontem no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, creio que mais feliz ainda de perceber que não somos iguais a Venezuela de Chaves e que as posições ideológicas do governo Lula eram apenas de seu partido e não do povo brasileiro. Se me perguntarem se o povo brasileiro é submisso ao imperalialismo americano eu diria que somos mais admiradores do que sujeitos ao imperialismo. Adimiramos a seriedade política que faz um negro chegar ao topo da hierarquia política, não por conchavos que elegeu uma mulher, mas por capacidade e propostas. Adimiramos a ética e a seriedade e a adimiração a um presidente, algo diferente daquilo demonstrado durante o governo Lula, mais próximo de um paternalismo assistencialista do que a representativade que um presidente de uma nação pode demonstrar.

Apesar de achar que esta visita não nos trouxe grandes vantagens, imagino que para mim ficou claro que não devemos deixar de lutar por esta nação. Vê-la livre de sangue-sugas eleitoreiros e exploradores do povo. Além de imprimir-mos em nossa cultura um maior senso de patriotismo e responsabilidade cível. Deus nos ajude quanto a isso, esta é a minha oração.

domingo, 20 de março de 2011

Evitando os erros de Pérgamo

Apocalipse 2.12-17

INTRODUÇÃO: A maior derrota da igreja é ser tragada pela influência do mundo. Grandes advertências bíblicas são proclamadas a este respeito (Tg. 4.4). E esta era precisamente a situação vivenciada pela igreja de Pérgamo.
Esta cidade era localizada em uma grande montanha, aos pés de um vale circunvizinho. Era a capital da província da Ásia. Ali esculápio, o deus da cura era cultuado, simbolizado por uma serpente, que os cristãos faziam uma analogia com satanás. Lá também havia o grande altar de Zeus, líder do panteão grego. Parece que tudo isso fazia desta cidade um antro de idolatria e libertinagem. Talvez o Senhor tivesse isso em mente quando chamou a cidade de “trono de satanás”.
Nós também corremos o risco de nos fazer amigos do mundo tanto quanto eles, mas o que fazer para termos uma fé íntegra, esperada e aprovada por Deus? Para responder esta pergunta sugiro a contemplação de um título: “Evitando os erros de Pérgamo.” Para tanto, sugiro que avaliemos quais foram estes erros e quais são as definições apresentadas para a santidade de acordo com a Bíblia.

I- O erro do mundanismo (v.13)
a)      A identificação de Cristo (v.12) – Cristo é apresentado como aquele que tem a espada de dois gumes. Essa era uma temida espada usada na guerra. Sua associação bíblica é à Palavra de Deus (Hb 4.12). Portanto, vemos uma referência direta a ser Cristo o portador dessa Palavra, penetrante como espada de dois gumes.
b)      O mundanismo (v.13) – É a perca da identificação da igreja de Cristo. É a maior falha da igreja. A igreja de Pérgamo, afim de não ser perseguida, absorveu a cultura mundana, sendo repreendida pelo Senhor. Antipas provavelmente se refira a um líder local. Esta igreja mesclava fidelidade e abandono das coisas de Deus. Ele deu sua vida em martírio, mesmo vivendo em meio a uma cultura satânica.

II- O erro da doutrina de Balaão (v.14)
a)      Em que consistia esta doutrina – De acordo com o próprio texto e com os correlatos de Números 25.1,2; 31.16 era a prostituição com as filhas dos moabitas, elas convidaram o povo para oferecer sacrifícios aos seus deuses, pervertendo estes. O principal incentivador era Balaão (v.31.16).
b)      Como isso acontecia em Pérgamo? – Os crentes eram incentivados a participarem dos cultos idólatras, sob o argumento que o ídolo nada é (1 Co 8.4). Estes rituais faziam os crentes escaparem da perseguição e muitos deles se prostituiam nestes rituais.
  
III- O erro da doutrina dos Nicolaítas (v.15)
a)      Nicolaítas – Esta era a mesma heresia da igreja de Éféso Ap. 2.6. Alguns defendem que praticavam a mesma heresia dos discípulos de Balaão.
b)      A falta de disciplina – Esta era uma igreja conivente com estes erros (“sustentam” v.14 e 15) . Não se exercia a disciplina eclesiástica, negando uma das marcas de uma igreja verdadeira.

IV- A orientação e Promessa (vv. 16,17)
a)      A orientação (v.16) – Novamente a orientação é arrepender-se. Caso contrário o Senhor viria com a força de Sua Palavra e pelejaria contra eles.
b)      A Promessa (v.17) – Ao vencedor é feita as seguintes promessas:
- O maná escondido – Uma referência a Cristo, como Pão do Céu.
- A pedrinha branca – Alguns vêem correlação com o urim e tumim dos sacerdotes do A.T. E outros com um diamante transparente.
- O novo nome – Alguns defendem um novo nome para os crentes, enquanto outros defendem que é o novo nome de Cristo dado aos crentes.

Conclusão: Amados a advertência ainda é pertinente. A associação com o mundo ainda hoje tem tragado a muitos. Talvez hoje não te chamem para sacrificar a ídolos, mas quantos são os convites para ser mais parecido com este mundo pagão? Negando a Cristo e sua Palavra e nos abstendo de nossas obrigações para com a santidade. Devemos, portanto, lutar para não sermos tragados com o mundo. Que Deus nos fortaleça para sermos o mais fiéis quanto possível. Amém.
 
 Soli Deo Gloria!!!

sexta-feira, 18 de março de 2011

A graça de Deus ao Japão

Estou, tanto quanto qualquer outro surpreso com os fatos catastróficos ocorridos no Japão na última semana. É deveras lamentável a situação que esta admirada nação está passando. Diante desse quadro gostaria de refletir sobre as implicações decorrentes de fatos como esse, que certamente nos fazem refletir sobre a mão de Deus no curso da história humana. Observemos este evento das seguintes perspectivas:

a) Um Deus no controle. O teísmo clássico coloca Deus como providente mantenedor de todos os fatos ocorridos no mundo, sejam eles de natureza boa, de acordo com nossos conceitos, sejam eles maléficos, segundo o nosso conceito. Com isso não esperamos imaginar um deus carrasco, se agradando com a miséria e o sofrimento humano, mas um Deus que traçou um rumo para a humanidade e que neste projeto perfeito Ele resolve administrar eventos naturais catastróficos, que acontecem sim, segundo o Seu santo beneplácito, como também o pecado humano.

Os únicos que tem dificuldades quanto a este entendimento são os teístas abertos, estes sim confundem a questão da administração e providência divina, tentando inocentá-lo, sem considerar, no entanto, Sua soberania e governo. Quanto a isso nada nos conforta mais do que esta doutrina, sabemos que Deus não é um ser relutante e incapaz, mas que Ele determina e administra Seu propósito eterno e este sempre será perfeito e justo, independentemente das considerações humanas quanto à justiça.

b) Um Deus justo, apesar de... Quanto ao conceito de justiça derivado do homem, penso que é semelhante a alguém que não compreende nada sobre anatomia ou qualquer outra ciência e se conforma com suas próprias definições, mesmo que não domine tais ciências. Apesar desta calamidade Deus é justo. Alias, não apenas essa, mas todas as demais que já aconteceram antes dessa e as demais que estão prometidas para o futuro humano. Quanto a isso deveríamos pensar de que maneira estas situações nos levam a entender melhor o Seu propósito e não culpá-lo pela calamidade, visto que isso em nada nos edifica, senão que nos prende a um conceito errôneo de justiça que não condiz com a realidade de um Deus plenamente justo e perfeito em tudo o que faz.

c) Um Deus administrador da calamidade. Por trás de toda dor e sofrimento do povo japonês no momento existe uma consolação que não se pode mensurar para todos aqueles que forem conduzidos a ela. Deus em Sua graça está mostrando a este povo de uma maneira especial, que toda a história brilhante, do ponto de vista ético e moral que essa nação se construiu, pode ser conduzida agora por uma adoração ao Deus verdadeiro. Lançando fora os ídolos que nada são, o culto a ídolos do lar, além das filosofias que apenas colocam no homem a glória, enquanto desvia o foco do Deus verdadeiro, manifestado plenamente no perdão de Cristo por nossos pecados. Podemos ter certeza que este evento em si e suas implicações redentivas quanto à salvação do povo japonês, não pode significar a ausências de calamidades desta envergadura, mas certamente os fará por a confiança no único Deus que pode salvar, o único que fará sentido ser cultuado, mesmo em detrimento de uma tradição milenar de abandono e desconhecimento do Deus verdadeiro.

d) Um Deus de grandes obras prometidas. O povo japonês, assim como todos os demais, estão debaixo de uma grande promessa, aquela que diz que todos se dobrarão diante do Filho de Deus. Digo isto não no sentido de sujeição, do ponto de vista negativo, mas do ponto de vista positivo, onde sujeição signifique o dobrar as frontes de maneira a adorar este Deus e não por força da imposição no último dia. Logo, japoneses, italianos, franceses, africanos, brasileiros, enfim, devem estar certo de que Deus pesa suas ações. Tanto do ponto de vista individual, como do ponto de vista coletivo, ou seja, as ações das nações. No propósito redentivo traçado pelo Senhor, Ele certamente contemplou aqueles japoneses que neste instante procuram em seus ídolos e filosofias aquilo que não podem achar, ou seja, o consolo devido e que só podem encontrar nele, se o buscarem de todo o coração e de todas as suas forças por meio de Cristo e por Sua Palavra, pela instrumentização do Santo Espírito.

Conclusão. Todos nós choramos com os mortos e com o sofrimento desse povo admirável enquanto nação, mas também não podemos deixar de estender a mão de forma a apresentar a Cristo e não a vãs filosofias e ídolos mudos. Esse Cristo, herança de todas as nações é aquele que desejamos ver o mundo inteiro cheio de Sua glória. Aquele que provavelmente não nos transformará na nação mais rica e mais inteligente, como no caso do povo japonês, mas que pode nos oferecer uma eternidade repleta de venturas, muito maior do que qualquer desenvolvimento tecnológico dos nossos dias e mais pleno e repleto de perdão do que qualquer filosofia ou ídolo. Povo japonês, oferecemos nossa fé como reestruturação salvifíca. Oferecemos nosso Cristo como solução, não para problemas momentâneos, mas para o desterro eterno e para a satisfação em Cristo, de forma plena e cabal neste tão grave momento que por hora passa este grande povo. Deus vos guarde pelo seu poder, esta é nossa oração.