sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O SUBMUNDO POLÍTICO E O TESTEMUNHO CRISTÃO


Este mês, como não poderia deixar de ser, irromperam-se algumas denúncias envolvendo alguns políticos da cidade de Dourado-MS e também no estado Amapá. Tais denúncias revelam esquemas viciosos de compra e venda de favorecimento por meio da política que ao longo dos anos é verdadeiramente visceral em nosso país, revelando um submundo corrompido do nosso quadro político.
Nos últimos anos com o crescimento da igreja evangélica brasileira houveram-se a necessidade de se eleger candidatos que representassem os interesses econômicos de algumas igrejas, digo econômicas porque no início os candidatos crentes não tinham outro interesse a não ser favorecer suas representações religiosas de forma política. Com o passar do tempo se tornou comum o uso do púlpito para a petição de votos entre o eleitorado evangélico. Muitos dos discursos desses candidatos giravam em torno de um versículo usado como chavão que diz “feliz a nação cujo Deus é o Senhor” (salmo 144.15). Houve posteriormente, com o uso desse texto e outros fundamentos, o interesse de eleger um presidente da República com a indicação do ex-governador do estado do Rio de Janeiro, Anthonny Garotinho no ano de 2002. Porém, tal candidatura não logrou êxito por uma série de fatores, mas talvez o maior tenha sido a expressividade do povo evangélico, ainda insuficiente numericamente para isso.
Mas em suma, em todas as eleições existem candidatos que fazem acordos políticos com suas bases eleitorais, e, digam-se de passagem, estas bases são as próprias igrejas que formulam acordos com candidatos, negociando os votos de suas congregações. Havendo até mesmo candidatos oficiais destas denominações, onde os fiéis são orientados a votar nos mesmos. A explicação para essa indicação dos líderes destas igrejas são muitas e variadas. Vão desde interesses televisivos junto às autoridades, até interesses políticos, vistos com astúcia por parte destes líderes. Mas seja o que for tal prática precisa ser refletida seriamente. O que faz um homem público negociar sua campanha com instituições religiosas? Sabe-se que as mesmas são compostas de cidadãos que desempenham suas funções como eleitores também, portanto uma motivação política que se propõem angariar votos com tais instituições devem estar ligadas a interesses comuns, religiosos ou não.
Mas quanto à prudência e a sobriedade com que o crente deve desempenhar a sua vida? Será que o homem crente, que também é um cidadão não deveria ver a política por um anglo diferente? Creio que sim. Principalmente porque tudo o que fazemos, seja o que for, temos como objetivo prestar satisfação ao Senhor que nos arregimentou não para que fossemos um partido político, mas igreja, povo de Deus, que se preocupa acima de tudo com a divulgação dos princípios espirituais absorvidos da Palavra de Deus. Só que para muitos a forma de exercer a política fica fora destes parâmetros escriturísticos. Muitos são completamente adeptos das mesmas técnicas que são usadas no segmento descrente, correndo o risco eminente de se envolverem em escândalos e outras falcatruas, como acontece com os demais.
Mas então qual é a forma correta de se fazer política para o homem crente? Como falei anteriormente, o pilar básico é a Santa Escritura. Dela derivam os valores e ditames da nossa religião em todas as áreas. Não é apenas a política que deve ser contemplada, mas as nossas vidas em nosso chamado comum como defenderam os puritanos ingleses dos séculos XVI e XVII. No Estado, no comércio, na indústria, nas artes e assim consecutivamente, o homem que teme a Deus interpreta sua função no chamado pela Palavra de Deus. Observando a legitimidade de seu chamado pelos padrões bíblicos. Algo que devia fazer todo bom cristão que almeja cargos políticos é a contemplação da liderança real da nação teocrática de Israel no período revelado no Antigo Testamento. Tal contemplação ajudaria, por exemplo, a evitar erros que os mesmos cometeram quando eram reis em Israel. É claro que algumas adaptações devem ser feitas quanto a isso, pois não vivemos em um regime teocrático como no caso de Israel, mas em uma República democrática, que tem como veia basilar a defesa da liberdade de culto, seja de qual linha religiosa for. Portanto, o líder de convicção cristã em dias atuais, deve buscar com extrema sabedoria a conciliação deste ponto de vista, mas sem se esquecer da norma apropriada de defender os interesses da Palavra de Deus. Digo isto não no sentido de subjugar as demais religiões, mas em não aceitar, nem permitir a infiltração de leis que desprestigiem o culto e as liturgias das igrejas cristãs, como é de fato defendido até pela nossa constituição.
Além disso, é necessário observar a maneira incólume que deve ser tratado o testemunho cristão. Como bom homem público, o homem público que é crente deve ter grande conhecimento em leis, no que se é permitido ou não em sua função. Mas até ai mora uma dificuldade. É necessário no que diz respeito a isso, observar algumas leis que flagrantemente são incompatíveis com a posição que ocupam. Farras financeiras financiadas com dinheiro público não somente é falta de decoro, como é incompatível com o testemunho cristão. Lamentavelmente leis como aprovação do 14º salário, férias em dois períodos anuais, verbas de gabinetes e outras não são observadas por alguns que se dizem cristãos, fazendo eles mesmos tais coisas e não vendo problema nessa irresponsabilidade. O cidadão comum que paga seus impostos jamais alcançaria tais regalias e o político não deve viver como se fosse um buraco negro, sugando as forças dos cidadãos comuns.
Muitas outras questões poderiam ser levantadas a este respeito e apenas uma postagem como essa não é suficiente para esgotar o assunto, mas acredito que os nossos políticos deveriam se ocupar a conhecer melhor a Bíblia e a sua teologia. Deveriam antes de tudo serem crentes verdadeiros, ao invés de titubeantes professos que ainda não se libertaram de pecados que só afloram quando chegam ao poder. Para muitos, receber tais posições é um grande laço, tornando-se um abismo inexpugnável, tragando-os direto ao inferno, por não saberem lidar com tão grande responsabilidade.
Oro sinceramente por estes homens públicos que se propõem a defender os interesses de instituições religiosas. Seria bom eles não esquecerem de que não estão tratando com algo corriqueiro e sem expressão, estão tratando com a igreja de Cristo. Assim como, oro pelos pastores que vendem seus rebanhos para alcançar o cabresto de tais políticos, os mesmos são parasitas e tão dignos do inferno como os políticos corruptos. Estas tão “reputadas” personalidades um dia comparecerão diante um tribunal e quanto as suas falhas, elas não serão desconsideradas. Não serão julgados recursos ao Supremo, com a compra de ministros e magistrados, no Supremo Tribunal da glória divina não existe suborno. O Juiz não aceita propina. Portanto, tremam de medo os corruptos, Deus não os perdoará, nem mesmo aqueles que se acham perdoados e cometem graves delitos, tal qual um infiel. Só nos resta a orientação para todo aquele que aspira um cargo público de alta posição, achegue-se a Deus e tema-O. Não se esqueça de que uma tamanha responsabilidade pesa sobre seus ombros. Deus tenha misericórdia e vocacione a todo político cristão.

Soli Deo Gloria!



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