quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A PROBLEMÁTICA RELIGIOSA BRASILEIRA E AS ELEIÇÕES



Talvez “nunca na história desse país”, com o perdão do bordão do nosso presidente atual, a igreja brasileira tenha se posicionado tanto em questões do seu interesse como nessa atual conjectura. Estamos vivendo dias excitantes, pois pela primeira vez está se exercendo o Mandato Cultural (doutrina que diz que todo cristão tem responsabilidade com o mundo físico), com responsabilidade e maturidade. Assuntos como aborto e homofobia fazem parte da pauta dos candidatos e os cristãos conscientes democraticamente estão discutindo todos esses assuntos abertamente em igrejas, escolas e no dia a dia. Mas algumas coisas precisam ser ditas a este respeito. Creio que muitas dessas posturas não podem ser confundidas com fundamentalismo, mas com um despertar religioso em nosso país, por esta razão sugiro algumas considerações.
Argumentos eleitoreiros - É fato que muitas declarações podem ser ditas no âmbito da satisfação ideológica por parte de alguns, ou seja, algumas posições de pastores e pessoas ligadas à religião podem estar fundamentadas não no zelo bíblico, mas em aspirações políticas manifestadas por alguns, mas este aspecto da influência do ministro seria altamente questionado e certamente não seria digno de um verdadeiro profeta que se propões a alertar seu povo. Por esta razão, defendo que o pronunciamento dos pastores deve ser acompanhado por um desejo de ver o povo de Deus com sua visão aclarada frente às questões éticas levantadas pelos candidatos e não uma tentativa de se beneficiar.
Cuidado com especulações infundadas – Outra questão que julgo altamente recomendável é a condição de se apresentar textos que realmente comprovam aquilo que se recomenda. Não se devem desprezar os pronunciamentos feitos pelos candidatos durante toda sua vida, pois a vida política de um candidato não aparece totalmente em uma eleição e muitos candidatos podem estar escondendo algumas opiniões apenas pelo desejo de agradar a maioria. Portanto, é necessário fazer um apanhado de informações sobre as opiniões de determinado candidato se quisermos ter uma real noção do que ele defende. Para isso é necessário colher material que esteja disponível em sites de revistas especializadas, livros e assim por diante. Tendo como objetivo elucidar nossa convicção a respeito daquele que estaremos expondo sua vida.
Existe carência cultural em nosso segmento – Algo completamente distinto em nossa noção democrática é a experiência de nações como os Estados Unidos da América que ao longo dos anos tem exercitado a influência política nas questões religiosas. O Brasil não aprendeu ainda a exercer tal influência. Temo que agindo de forma meramente primária, possamos correr o risco de errarmos quanto a isso, falando em tom apocalíptico contra alguns candidatos e assim fazer política de forma irresponsável e radical. Não temos uma nação com maioria protestante, como no caso dos Estados Unidos, somos ainda uma nação em sua maioria católica não praticante, onde até mesmo a noção de religiosidade de muitos é deturpada e leviana, digo isso não por causa da fé católica dos candidatos, mas da falta de entendimento de muitos deles, que vão as suas reuniões religiosas apenas em velórios ou em campanha. Logo, eles têm pouco interesse naquilo que suas confissões de fé defendem. Um adendo precisa ser feito quanto à posição católica romana nessas eleições, muitas vezes sendo aliados dos evangélicos em questões de interesse mútuo.
A posição conflitante do PT – Quanto ao partido que muitos associam diretamente nessas eleições à falta de temor de Deus, gostaria de dizer que o mesmo tem ideologias marxistas e comunistas em sua formação ideologia e que por esta razão o mesmo tenta desvencilhar-se de questões religiosas, pois é sabido por todos que o socialismo onde foi implantado questionou, criticou e até mesmo restringiu a atividade religiosa. Justamente porque seus ideais são seculares e ateus. Não se espera muito de uma convicção como essas, como a defesa dos ideais bíblicos. Eles em sua maioria são ateus. Mas é verdade que outros partidos têm em suas fileiras parlamentares que não são defensores dos princípios bíblicos, nem dos direitos democráticos do povo quanto à religião. Leis estão sendo levadas aos plenários do Senado e da Câmara por deputados, que defendem uma visão de direita e não o socialismo, como é o caso do PT.
Os candidatos evangélicos – Esses, em sua maioria, também, ao exemplo dos católicos, são frágeis em suas convicções doutrinárias. A maioria deles não são membros ativos  aos seus ofícios religiosos e principalmente quando são eleitos deixam de freqüentar uma igreja regularmente, tendo suas obrigações políticas em primeiro lugar, deixando de buscar o bem de suas almas e o compromisso com a piedade. Ao meu modo de ver um político cristão é como um comerciante cristão, um açougueiro cristão, um músico cristão e assim por diante. Ele deve se comprometer com seu mandato cultural, aquilo que os puritanos chamaram de “chamado” e no caso específico deles do chamado para a política, mas não deve negligenciar o chamado para a piedade e para a glória de Cristo, pois isso seria uma violência contra os princípios que defende, sendo inabilitado para representar os interesses da igreja, sendo, portanto, indigno do cargo que ocupa.  Quanto aos meios de se fiscalizar isso temos recursos mais do que suficientes, é possível acompanhar a freqüência dos parlamentares evangélicos, como é possível saber em quê eles votaram. É possível ver se eles aparecem nas igrejas apenas quando estão em processo político, além de saber se eles respondem as cartas e e-mails dos seus eleitores. Sendo assim, cabe aos irmãos que votaram nestes fiscalizarem e não agirem como se eles fossem os únicos que podem nos representar condignamente.

Concluindo, precisamos estar atentos nestas eleições. Não estamos fazendo uma cruzada religiosa como querem alguns. Estamos apenas usando critérios que para muitos deixaram de ser importantes, pois a religião em suas vidas deixou de ser importante. Quando escolhemos nossos candidatos por princípios éticos e religiosos estamos apenas afirmando as convicções que aplicamos a nossas próprias vidas. Princípios que queremos ver institucionalizado em nossa nação. Não como uma espécie de Teocracia hodierna, mas como uma nação que se propõe a viver na Lei de Deus e em Seu Evangelho. Onde fiquem longe desse país leis desrespeitosas aos nossos interesses religiosos, visto que somos um dos maiores países cristãos do mundo, tendo sua maioria esmagadora de habitantes reconhecidamente cristã. Seria pedir muito aos políticos que nos representam que nos respeitem quanto a isso? Seria uma violação da democracia, que em geral é o governo da maioria, que a maioria cristã fosse ouvida? Acredito que temos o dever de cobrar isso dos nossos representantes, respeito ao povo que elegeu é dever do parlamentar, do homem público, ainda que não concorde conosco, deve respeitar a maioria, enquanto que as minorias elas mesmas formem suas plataformas e não pressionem apenas pela mídia ou por qualquer outra fonte de pressão. Deus nos abençoe neste processo político, amém. 

  


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