terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Uma breve consideração sobre o Natal

O natal é uma época mágica. Todos ficam paralizados diante das luzes, dos enfeites e do apelativo comercial da maior data da cristandade ocidental. O natal, apesar de ser muito comemorado, está envolto em muitas polêmicas do ponto de vista do Sola Scriptura, princípio reformado de validação de uma doutrina ou prática. Alguns cristãos tradicionalmente aceitam a festa irrestritamente, não fazendo uso de critérios balizadores e a festa neste meio se confunde imensamente com a temática comercial. Já outros segmentos são mais criteriosos quanto ao natal e há até mesmo aqueles que não comemoram a data, fazendo ferrenhas críticas e rotulando a mesma de pagã. Mas afinal, que tipo de consideração podemos fazer com respeito ao natal? É uma festa válida para a igreja ou sua origem vinculada ao paganismo pode ser um entrave na comemoração por parte das igrejas? Vejamos algumas considerações a este respeito:


Origem - Muitos creditam ao natal uma origem pagã, sem fundamento bíblico. A data em que comemoramos o natal é a principal argumentação para isso. Nos países europeus e escandinavos entre  os dias 23 a 25 de dezembro havia uma festa que comemorava o Dia do Sol Invicto, era uma celebração ao término de um período rigoroso de inverno. Na Roma antiga havia a festa da saturnália, esta era uma comeração a Saturno, patriarca das colheitas, onde também  estas tinham uma grande conotação sexual. Apenas a partir do século III é que se registram as primeiras informações sobre o natal. Muitos acreditam que este foi fruto de um sincretismo entre a Igreja e os povos conquistados pelo o cristianismo de origem pagã. O fato é que esta data pode ter sido utilizada para substituir estas antigas festas, uma vez que não é possível que este tenha sido realmente o dia que o Senhor nasceu.


Fundamentação Bíblica - Do ponto de vista hermenêutico não há como defender esta questão, uma vez que não existe fundamentação para isso. Como foi dito acima não há registro da comemoração até o século III, logo no período apóstolico não havia nenhuma referência ao dia natalício do Senhor. Mas é perfeitamente aceitável em alguns lugares o uso de certos dias para comemoração de um evento especial, conforme a passagem de Romanos 14.6. Logo, baseado neste texto, é possível a guarda de um dia para um fim específico.


Finalidade - Alguém pode estar perguntando, se não tem fundamentação, qual é a razão da celebração? Respondo dizendo que todas as grandes religiões possuem festas e o cristianismo não é diferente. Defendo que o natal serve para levar uma cultura cristã até mesmo a países que não são influenciados pelo cristianismo. É o caso do Japão, que mesmo que não possua maioria cristã, usa a festa com fins comercias, crescendo o interesse pelo significado da festa. Do ponto de vista da proclamação o natal é uma data ímpar para se proclamar o Salvador e abre portas para a apresentação de equipes de canto Coral de algumas igrejas em Shopping Centers, escolas e tantos outros setores, que seriam impossíveis de ser alcançados em outras circunstâncias. Também pode-se convidar descrentes para as festas nas igrejas, onde geralmente existe uma programação especial para este fim. A ministração da Palavra pode ser direcionada de um ponto de vista da encarnação, do esvaziamento e do amor de Deus pelos pecadores, sendo uma ótima oportunidade para ventilar tais doutrinas.


Conclusão Geral - Acredito que tudo deve ser sistematicamente analizado. Até onde a igreja se misturou com o paganismo na comemoração da data? Será que esta mistura comprometeu o objetivo? Creio que não. O objetivo da glorificação de Cristo pode ser amplamente divulgado através do natal. A igreja quando faz uso do natal não se mistura ao paganismo, mas aproveita a oportunidade para celebrar o nascimento do Salvador do mundo. É perfeitamente aceitável tal postura ao meu modo de ver, claro que respeitando as opiniões contrárias. Sei que os irmãos que preferem não comemorar a data também buscam fidelidade. Porém, creio que os benefícios da mensagem natalina tem suas vantagens. Podemos anunciar a Cristo em uma data só para Ele, quanto a isso não se faz diferenciação entre católicos ou evangélicos, pois todos pensam relativamente parecidos quanto a isso. Também creio que mostrando-se a ênfase na mensagem e não no consumismo a perfeita aplicabilidade da ocasião pode também nos favorecer ricamente. Sou, portanto, favorável ao natal, mas considero que apenas a mensagem bíblica é que deve ser exaltada. Percebo que em dias cada vez mais sem princípios religiosos, abrir mão do natal seria um grande tiro no pé e jogar fora a água suja da bacia juntamente com o bebê. Deus nos faça celebrar esta data e aproveitar as oportunidades de proclamação do nosso Eterno Salvador Jesus Cristo.

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