sexta-feira, 6 de agosto de 2010

AS MISSÕES NA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL


Este ano é o último ano de uma parceria, pelo menos oficialmente, do presbitério de Petrolina (PRPE) e Junta de Missões Nacionais JMN-IPB, instituições da Igreja Presbiteriana do Brasil, aqui no sertão do Araripe, interior de Pernambuco, região nordeste do Brasil. Isso significa que é possível que este trabalho começado a cinco anos esteja se direcionando para outra jurisdição e até mesmo continuar da forma que já está, apenas contando com um novo direcionamento.


Durante cinco anos de trabalho nesta região tiro algumas lições e são estas conjecturas que gostaria de contemplar, juntamente com aqueles que lêem estas linhas para uma reflexão no planejamento do trabalho missionário.


1) A Parceria – Entendo que o sistema de parcerias, da nova forma de trabalho da Junta é realmente um bom direcionamento para os campos no Brasil, ainda que seja um pouco complicado administrar os investimentos do parceiro que pode ser uma igreja ou um presbitério. Mas algo precisa ficar bem definido quanto a isso, principalmente quais são os motivos que fazem, o potencial parceiro buscar a parceria. Fica claro que, em alguns casos, o parceiro busca a parceria não para investir tempo, dinheiro, atenção e empreendimento no projeto, mas apenas tentar resolver um problema com uma congregação ou campo, sem muitas vezes buscar a real solução, que é a efetiva plantação do campo missionário.


2) As dificuldades com o tempo proposto – Está aí um grande desafio. Tanto no sistema de plantação da Junta e do PMC existe um tempo limite para a plantação da nova igreja e isso é importante uma vez que organiza as prioridades na plantação, bem como estabelece um cronograma para direcionar o trabalho. Além do que o parceiro que é a instituição missionária fica desimpedido para investir em outro lugar ao término do acordo de parceria. Só que algo extremamente importante tem que ser lembrado quanto ao tempo de organização de uma igreja. Nos moldes exigidos pela IPB de igreja organizada é necessário ter independência financeira, líderes locais e um patrimônio para ser utilizado pela futura igreja. Isso por si só é um grande entrave, pois o tempo é curto para se conseguir tanto desenvolvimento. Deve-se ainda considerar que as dificuldades na plantação são diversas, desde a escolha equivocada de um obreiro, até a linha do trabalho desenvolvido no quesito evangelização. Há de se esperar o desenvolvimento natural do mesmo que é realizado no tempo de Deus e se considerando as intempéries circunstanciais.


3) O investimento no projeto – Algo a ser extremamente pensado é a forma de manutenção do trabalho a ser desenvolvido. Para tanto é necessário considerar a forma em que foram abertos os trabalhos presbiterianos no passado, quando da empreitada para estabelecer o presbiterianismo em solo pátrio. O investimento qualitativo na aquisição de propriedades, além de se ter um modus operandis estabelecido que no caso específico do passado, contemplou a educação e as missões. Isso fez com que missionários residentes, pudessem desenvolver pólos presbiterianos em diversas regiões do sudeste do país e também do nordeste. Hoje os recursos investidos são parcos e pouco se assemelha ao empreendimento americano de plantação de igreja. Hoje a IPB é uma denominação forte financeiramente e apesar de não ter tanta presença nas diversas cidades brasileiras é possível encontrar uma boa filosofia de missões na IPB, inclusive a determinação do Supremo Concílio de se investir mais da metade dos recursos em missões. Só que mesmo com o investimento de algumas igrejas visionárias a participação missionária das igrejas locais médias é muito pequena e pouco acrescenta no quadro mais amplo de plantação de igrejas. Tudo isso dificulta a conseqüente estabilidade dos projetos atuais. Como seria ideal se todas as igrejas se conscientizassem de que precisam investir em missões e que a tarefa não ficasse restrita aos esforços denominacionais que são insuficientes para tão grande obra. É necessário ainda lembrar que para ajudar um campo não é obrigado a se sustentar todo o trabalho, mas a ajuda pode ser direcionada a fim de contribuir verdadeiramente, traçando planos para se intensificar cada dia mais os investimentos.


4) Os obreiros – Também é necessário o investimento na formação de uma boa mão de obra especializada. Para tanto, é necessário também o investimento nos institutos bíblicos, seminários e igrejas locais. Pois são nas igrejas que se desenvolvem os missionários. Permitir que a chamada efetue-se na igreja local é dever dos conselhos e pastores. Nisso todos podem se engajar, inclusive os presbitérios, promovendo encontros anuais de missões com a presença de todas as igrejas jurisdicionadas.


5) O alcance da nossa nação – Por fim, devemos estar atentos com os desafios que se nos aparecem para estas épocas. É claro que podemos nos animar com os relatórios de que estamos alcançando praticamente todo o território nacional, mas precisamos ter igrejas fortes e influentes. Não basta ter uma boa membresia é necessário que esta seja ativa socialmente e capacitada teologicamente na divulgação da doutrina reformada, senão de nada adiantará termos crescimento, se perdermos nossa identificação presbiteriana.


Todas essas questões devem ser consideradas. Não apenas pelos órgãos plantadores, mas por igrejas locais, conselhos, pastores, presbitérios e membros. O trabalho evangelístico está em nossas mãos. Não podemos esmorecer, urge a necessidade de sermos mais relevantes para o alcance de novos rumos para o presbiterianismo. Deus nos ajude nesta tarefa e ao invés de somente criticar, vamos arregaçar as nossas mangas em prol do Reino de Deus.

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