quarta-feira, 27 de abril de 2011

O perfil exigido para o pastorado hoje

Tudo o que vivemos hoje é o aumento das demandas na vida de muitas igrejas. Com isso surge a necessidade de se buscar pessoas que supram estas demandas, que entendam o espírito da época, que sejam adaptáveis e confiáveis no mercado de trabalho. Vivemos num mundo onde se cobra muito de todos e quem não está no padrão geral dessas exigências está, por assim dizer desqualificado.

Lamento dizer que há muito isso também é uma realidade em muitas igrejas hoje em dia. A idéia antiga de um pastor ocupando o púlpito da igreja local, sendo uma espécie de arauto, profeta em nossas congregações faz parte de um passado distante, longe de nossos dias. O perfil ideal para o pastorado em nossos dias é altamente exigente. Lembro-me de uma igreja que exigiu que o seu futuro pastor tivesse o grau acadêmico de "doutor". Na época várias foram as críticas contra essa igreja, mas hoje a questão não gira em torno do academicismo do pastor, mas com sua capacidade de gerir uma instituição religiosa.

Vivemos dias onde as igrejas se tornaram um filão lucrativo. Com o aumento considerável do padrão de vida brasileiro, há aquelas igrejas que não dispensam fazer de seus pastores homens importantes e imponentes, verdadeiros empresários da fé. A exigência quanto a esse mercado é demasiadamente sentida por todos aqueles que fazem de suas vidas ministérios, e muitos estão sendo desqualificados, simplesmente porque não estão se adequando a estas exigências. As igrejas se tornaram grandes empreendimentos, lidando com assuntos muitas vezes desnecessários e os pastores são incluídos nestas necessidades desnecessárias. Dando a entender que não basta apenas um curso de teologia, mas outros em áreas nitidamente empresariais, como gestão financeira, administração e outras.

Ao que parece os esteriótipos de homens bem sucedidos estão permeando a igreja moderna, fazendo de pastores homens de negócio, no lugar de homens de Deus. Mas ainda existem os pastores que vivem exatamente como se viviam os antigos pastores. Mas estes, apesar de terem, segundo os padrões atuais os seus ministérios desqualificados estão fazendo a obra de Deus de forma satisfatória, segundo as exigências bíblicas. Com isso não quero dar a entender que o pastor deve se contentar com um ministério mediocre. E quando falo mediocre falo não em condição financeira, mas mediocre espiritualmente, se conformando com a igreja vazia e coisas desse tipo. Acredito que em dias frouxos como os nossos precisamos voltar a priorizar o púlpito. Na igreja apostólica, no livro de Atos, vemos que as demandas exaradas das necessidades tentavam fazer do ministério apostólico uma centralização de ofícios que não cabiam ao ministério (Atos 6), neste momento surge um ofício que hoje tem sido também disprestigiado, o diaconato. Mas a principal questão encontra-se no verso de número quatro "... e, quanto a nós, nos consagremos à oração e ao ministério da Palavra". Esse ativismo em áreas que não fazem parte do ministério está sufocando o ofício ministerial.

Uma palavra de advertência pode ser dita a igrejas que exigem de seus pastores não devida consagração ao ministério, mas dedicação a demandas extra ministeriais. Não esperem que seus pastores sejam gigantes da piedade e conhecimento no púlpito. Não se pode almejar estas coisas quando as demandas exigidas pela igreja não favorecem à consagração ministerial. Os pastores precisam de tempo para exercer a piedade, eles precisam se dedicar à oração, à preparação do sermões e de estudos, ter tempo para ler livros e também se qualificarem. Fazer do pastor um homem de negócio é mal negócio para as igrejas, é um mal negócio para a causa de Cristo e para os próprios ministros. É claro que um pastor sempre poderá dizer não com relação as demandas extra ministeriais exigidas por algumas igrejas, mas também é verdade que em tempos relativistas como os nossos, muitos pastores se comportam como se fossem empregados e temem perder os seus cargos, principalmente em igrejas ricas e poderosas.

Concluo dizendo que estamos sofrendo, enquanto igreja, de uma séria situação quanto aos púlpitos. Não somos mais impactados pelas mensagens, elas parecem estar frias, como as vidas de muitos pastores. Eles externamente são homens influentes, cultos e poderosos, mas interiormente estão matando sua chamada, sua vocação e sua unção. Deus nos livre de sucumbir as demandas e queira o Senhor nos fazer homens dedicados a oração e ao ministério da Palavra.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Campo Missionário Presbiteriano em Ipubí

Família Missionária
Conforme outrora anunciei, estaremos promovendo em Evangelismo e Reforma os campos missionários da região do Araripe. Fazendo nossa parte em promover o trabalho missionário, principal temática desse blog, como forma de disponibilizar o auxílio e a interação entre os interessados e esses campos que necessitam de nossa ajuda. O primeiro campo a falarmos é o de Ibupí. O trabalho presbiteriano na cidade tem pouco mais de seis anos de idade e na oportunidade está sendo sustentado pelo presbitério de Petrolina e a igreja presbiteriana do Guará, em Brasília-DF. 

Interior do templo
Os primeiros missionários a plantarem este trabalho foram Eloíza, o pastor João Batista, ainda na época com a Junta de Missões Nacionais-IPB, o evangelista Joseano Laurentino e atualmente a missionária Isabel Cristina, juntamente com o seu esposo Ozeneide. O campo presbiteriano de Ipubí conta com grandes desafios neste momento. Como foi dito anteriormente, o campo vive uma nova fase de sua existência, pois, necessita de maior apoio uma vez que não conta mais com os recursos da JMN-IPB e agora conta com uma parceria que sustenta o mesmo. É bem verdade que esta parceria auxilia na presença da família missionária, mas é necessário realizar ainda alguns investimentos, como a reforma do local do culto, que fica na principal avenida da cidade e é próprio, mas a estrutura não é suficiente para o serviço religioso. Precisa ainda de recursos na propagação do evangelho, como bíblias e panfletos e de mantenedores que estejam interessados em desenvolver um trabalho social na cidade, uma vez que a igreja alcança pessoas de uma classe social ainda muito pobre.

Fachada do templo
Um motivo de oração é ainda o problema que existe quanto aos bares próximos da igreja. Durante os cultos é muito grande o barulho proviniente deles e espera-se que os donos dos bares se concientizem de que deveriam respeitar os lugares de culto. Outra questão é o envio do irmão Ozeneide para o seminário presbiteriano, uma vez que o mesmo se sente vocacionado e tem intenções de permanecer na cidade. A presença do obreiro é essencial para o estabelecimento do trabalho a longo prazo. 
Um dos bares que atrapalham o culto

O campo de Ibupí tem os seguintes horários de culto:
Quarta-feira: 19h30min
EBD em dois horários: 8h30min (crianças) e 9h30min (adultos)
Culto ao Senhor no domingo: 19h30min.

Contatos:

Quem quiser manter contato com o campo missionário poderá fazê-lo através dos seguintes recursos:
Missionária Isabel Cristina Fernandez da Costa e Ozeneide da Silva Costa
Endereço Rua do Acesso, nº99, Bairro Jardim Rocha, CEP 56260-000, Ipubí-PE. Tel. (87)9948-9415 begin_of_the_skype_highlighting            (87)9948-9415      end_of_the_skype_highlighting

Ofertas podem ser enviadas para a seguinte conta corrente: Agência 1081-1 Conta Corrente 0551714-2, favorecida Isabel Cristina F. da Costa.

sábado, 23 de abril de 2011

A páscoa e a libertação do velho fermento

1 Coríntios 5.6-8

Poucas datas são mais significativas do que a páscoa. Todo o drama da redenção da humanidade não encontraria sentido algum sem que pudéssemos contemplar este importante fato, a ressurreição de Cristo. 

No Antigo Testamento a páscoa foi instituída para lembrar permanentemente ao povo judeu que Deus seria o seu Libertador. No Cristianismo foi a data em que o Senhor, em Seus decretos eternos, escolheu para ressuscitar o Seu Filho amado.

Diante de tão importante data e seu significado o que podemos esperar de Deus quando contemplamos a páscoa, uma vez que não podemos conceber esta data como algo sem importância e destituída de significado. Observemos da perspectiva do apóstolo Paulo, que nos fornece de fato, o significado da páscoa cristã. Vejamos isso com o seguinte título: “A páscoa e a libertação do velho fermento”. Isso porque o apóstolo num contexto exortativo onde recomenda a disciplina eclesiástica sobre um membro vivendo em pecado de imoralidade, nos recomenda alguns conselhos que fazemos bem se observarmos. Vejamos quais são eles:

I) O fermento do mundo faz crescer a massa (v.6)
A jactância – Paulo lembra que a igreja de Corinto era uma igreja jactanciosa e que justamente por isso não tinha ainda expulsado o transgressor. Ele lembra que esta postura também é pecado, pecado conivente, como se concordassem com a atitude pecaminosa.

O fermento do mundo – Paulo compara essa postura a aquilo que está narrado nas Santas Escrituras, com respeito ao povo judeu. Ao serem libertos do cativeiro egípcio, o povo de Deus deveria comer pães sem fermento, mostrando que o crescimento não seria forçado de forma artificial, mas natural. O fermento tipifica então o Egito, que era o objetivo da fuga. O crente quando se mistura com o mundo em suas imoralidades está alimentando a carne a fim de que esta esteja sujeita ao mundo e não a Deus (Rm.13.14).

II) Somos nova massa por causa do Cordeiro Pascal (v.7)
Lançar fora – A postura que se deve requerer desta igreja é desfazer-se desse fermento que nada tem a ver com a nossa presente situação.

A nova massa – A razão para que isso aconteça é que hoje somos “nova massa”. Ou seja, somos novas criaturas, onde habita o Espírito Santo de Deus, sendo assim, todas as influências mundanas sobre nossas vidas precisam ser repelidas, de fato extirpadas, caso contrário, estaremos laborando em grande erro.

Sem fermento – Nós não estamos inchando com o fermento artificial do mundo, mas crescendo em graça por um processo natural e espiritual, que não depende de nós, mas de Deus. E isso nos faz uma massa especial, cuidada e santificada pelo próprio Deus, você entende o porquê de não podermos usar o fermento? O fermento é espúrio e falso, nada mais nada menos que uma imitação barata daquilo que Deus faz em nós.

Cristo, o Cordeiro imolado – Paulo está fazendo referência a crucificação de Cristo em nosso lugar, está nos lembrando que a oferta voluntária de Cristo, apontada no Velho Testamento no cordeiro pascal é a causa de vivermos esta novidade de vida.

III) O convite a celebração pela ressurreição de Cristo em nós (v.8)
O convite a festa – Paulo compara a festa da páscoa com a nossa nova vida em Cristo. Ele nos convida à celebração da vida em Cristo, demonstrando que apenas esta é a vida que todo cristão deveria primar. Evidentemente sem o velho fermento do mundo, que são a malícia e a maldade, comportamentos típicos do homem sem Deus.

Os nossos novos asmos – No entanto, nossos asmos são constituídos de sinceridade e verdade. Somos diferentes, vivendo sobre princípios santos e eternos, divergindo com o mundo, sendo uma nova cultura, cultura de paz por meio de Cristo nosso Cordeiro pascal.

Sempre que chegarmos a esta data do ano devemos nos lembrar o que ela significa para nós. Significa libertação, significa o renovo de uma vida com Deus, algo muito diferente daquilo que o mundo tem a nos oferecer. Os verdadeiros crentes lembram do sacrifício do Senhor não como algo a lamentar, mas como algo a nos alegrar, uma vez que este sacrifício expiou todos os nossos pecados, ainda que tenha sido o preço de sangue e mais importante ainda o sangue precioso de Cristo. Louvamos a Deus por tão grande graça e celebremos a páscoa com os asmos da sinceridade e verdade, asmos de uma nova vida em Cristo Jesus.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Visita do supervisor do PRPE aos campos do Araripe

Rev. Marcelino em frente ao templo em Trindade-PE
Nos últimos dias, 19, 20, 21, 22, os campos presbiterianos da região do Araripe em Pernambuco estiveram recebendo a visita do supervisor da Junta de Missões do presbitério de Petrolina. O rev. Marcelino Silva Oliveira começou sua visita pelo campo de Trindade-PE no dia 19 (terça-feira), o mesmo foi o pregador na reunião de oração em nosso campo. No dia seguinte (20) visitou o campo de Ipubí e no dia 21 o campo de Araripina. Na oportunidade além de conversar com o rev. Eudes Flávio, pastor do campo, esteve também com o missionário Kleiton Luíz do campo de Exu-PE. Por fim no dia de hoje esteve encerrando a visita aos campos na cidade de Ouricuri-PE.

Casa da Missionária Isabel Cristina em Ipubí
A visita do reverendo Marcelino teve como principal objetivo observar o desenvolvimento dos campos missionários da região, bem como desenvolver uma previsão orçamentária que viabilize um maior aproveitamento financeiro desses campos. Além de conversar com cada missionário e saber das suas respectivas necessidades. Na cidade de Araripina o foco foi a ênfase na preparação dos oficiais para este campo que está em processo de emancipação, conforme decisão da última RO-PRPE.

 
O reverendo Marcelino veio acompanhado com sua esposa, a irmã Lidiane e com seus filhos pequenos Eduardo e Lana Letícia. Evangelismo e Reforma destaca a atuação do nobre reverendo e deseja aos campos da região do Araripe o desenvolvimento planejado por nosso concílio. As fotos dessa visita podem ser vistas abaixo.



Campo de Araripina-PE
Reunião com a Mesa Administrativa em Araripina-PE


Reunião com o missionário Kleiton do campo de Exu-PE
Rev. Marcelino diante do terreno do futuro templo de Trindade-PE

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Como ofertar de maneira adequada

Todos nós que estamos familiarizados com o Evangelho sabemos que a obra evangelística não se mantém sozinha, ou seja, todo trabalho insipiente deve ser mantido por uma instituição, agência missionária, denominação, igreja, enfim, que haja algum tipo de salvaguarda no empreendimento, de forma que supra os gastos relativos a obra, de maneira a atender as demandas existentes. Também sabemos que o trabalho evangelístico é sobretudo um propósito divino, pelo menos esta é a motivação que nos faz investir no mesmo. Sendo propósito divino, evidentemente o sustento virá, abundamentemente providenciado pelo próprio Deus, mas isso não exclui nossa tarefa de sustentar a obra, uma vez que nós mesmos somos os instrumentos utilizados por Deus para esta manutenção. 

Com o aumento das instituições evangélicas espalhadas pelo país recebemos e-mails, telefonemas e por meio da mídia, apelos que dão conta das necessidades existentes em alguns trabalhos evangelísticos que se fomos dar conta de todos, certamente nos faltaria condições para isso. Para que haja um entendimento, sobretudo bíblico, quanto a oferta e os princípios que deveriam nortear aquele que lança a mesma diante do trono de Deus, gostaria de refletir em como devemos ofertar de maneira adequada. Observemos os princípios sugeridos.

O conceito no A.T. e N.T. O conceito de oferta em toda a Bíblia é vasto e abundante. Já no início do livro sagrado vemos, num contexto significativamente redentivo, que as ofertas lançadas por Abel e Caim determinaram externamente a fidelidade dos mesmos. Quanto a instituição da oferta na Lei Mosaica vemos que o povo eleito também deveria ser conduzido por este entendimento como fica claro em textos como Ex 25.2-3, 29.28; Js 22.23 e outros. Portanto, não há dúvida quanto esta prática no A.T e que tais ofertas tinham a ver com a comprovação pactual deste povo, sendo dever de cada israelita depositá-la diante do Senhor. No Novo Testamento o conceito da oferta permanece, já no ministério terreno do nosso Senhor Jesus Cristo vemos a necessidade da manutenção do trabalho, bem como a existência de uma pessoa responsável para recebê-las Jo 12.6. Alguns ensinamentos do Senhor tinham uma preocupação com esta prática, é o que vemos em Lucas 21.1-4. Baseado no ensino geral das Escrituras observamos que a prática de dar ofertas sempre devem ser uma constante para aqueles que são chamados como servos de Deus. Ela endossa o fato de que a oferta é um ato cúltico e que por esta razão faz-se necessário prestar, em todas as ocasiões que se for exigido, mas de acordo com nossas posses e com nossa voluntariedade, uma vez que tudo que temos provém de Deus, nada mais do que justo devolvermos voluntariamente aquilo que nos tem sido doado por Ele.

A oferta no contexto da igreja local. Quanto a igreja local muitas exigências quanto a manutenção são demandadas. Como instituição religiosa, conforme a Lei nacional, as igrejas são instituições sem fins lucrativos, portanto, a igreja local não recebe fundos estatais para sua manutenção, cabendo aos seus membros o sustento próprio dessas comunidades. As necessidades quanto a isso são as mais variadas, desde o sustento ministerial do pastor da igreja (1 Co 9.7-10 e 1 Tm 5.17-18), a manutenção dos funcionários que zelam pela a limpeza do templo, por trabalhos mantidos pela a igreja, além outras despesas como compra de materiais didáticos, despezas ordinárias com a manutenção do templo, entre outras. Tais necessidades são mantidas com o depósito dos dízimos e das ofertas, caso contrário seria praticamente impossível a manutenção do mesmo. Em países onde as leis proibem a existência da igreja sem tais recursos esta estaria totalmente desamparada e a existência dos mesmos servem para mantê-la.

A oferta no contexto mais amplo. Evidentimente que aqueles que são supridos pelo Senhor ainda podem ofertar em instituições cristãs, como orfanatos, hospitais, clínicas anti-drogas e outras, só que estas devem ser ministradas apenas a medida que as ofertas quanto ao trabalho que o crente pertence (igreja local) já estiver suprido pelo próprio crente. Logo, não é o crente que resolve onde o seu dinheiro deve ser aplicado, mas sua obrigação é em primeiro lugar direcionada aos domésticos da fé (Gl 6.10), e apenas então, direcionar seus recursos aos demais. Aqui cabe uma palavra quanto às ofertas destinadas a tele-evangelistas. No sentido mais prudente deste entendimento, acredito que ofertas direcionadas a trabalhos desenvolvidos por esta nova classe de "obreiros" oferecem alguns riscos. Como por exemplo o acompanhamento dos recursos onde as ofertas são investidas. Nunca se sabe se os mesmos são direcionados para o programa ou para o próprio obreiro. Aqui não se está contradizendo o que foi dito acima sobre o salário do obreiro, visto que a maioria desses tele-evangelistas são ligados a denominações e que portanto, tem amplas condições de se manterem condignamente. Mas me refiro ao fato de haver quem demonstre um enriquecimento desmedido e escandaloso. Por isso, aqueles que resolvem investir em divulgação de programas televisivos deveriam antes de mais nada observar a lesura dos mesmos e a maneira como são feitos os acompanhamentos daqueles que são alcançados por estes programas. É fato que nem todos são acompanhados e que muitos tem ido para seitas e estão desamparados espiritualmente, visto que não existe um acompanhamento satisfatório por estas instituições.
 
A oferta como manifestação credal. A última consideração que faremos a este respeito é o compromisso credal que aquele que oferta deve ter com o seu investimento espiritual. Isso vale para igrejas e membros, visto que é bem possível que estejamos investindo em projetos evangelísticos que não farão os que são alcançados por eles desenvolverem uma fé saudável biblicamente. Sei que muitos irão discordar de mim quanto a este particular, mas ao meu modo de ver, projetos evangelísticos que contribuem para trazer mais confusão espiritual do que esclarecimento não deve ser o foco de quem pensa biblicamente. É necessário se pensar de forma confessional quanto a isso e essa questão nada tem a ver com egoísmo e preconceito, mas com compromisso com uma fé genuína e com o crescimento da fé reformada no apoio de projetos que tenham esta preocupação e missão.

Todos estes cuidados devem ser observados quanto a este importante fator da nossa vida cristã. A devida compreensão desta importante área espiritual e o seu consequente investimento, devem ser uma fonte de bênção e um serviço a Deus, de modo que ela atinja satisfatoriamente seu objetivo, que é perpetuar a fé cristã ao longo dos anos, sendo bênção para os ofertantes e para aqueles que recebem os recursos. Que sejamos criteriosos e responsáveis quanto a isso para que cumpramos o nosso papel como despenseiros de Cristo.

sábado, 16 de abril de 2011

A enganosa religiosidade


Apocalipse 3.14-22

INTRODUÇÃO: Chegamos à última carta escrita aos pastores e igrejas da Ásia Menor, a carta a igreja de Laodicéia. A igreja desta cidade refletia claramente aquilo que era a cidade de Laodicéia, orgulhosa de sua riqueza e altiva quanto às coisas espirituais. Esta cidade era cortada por três importantes estradas e sua principal economia vinha do lucro de instituições financeiras e agiotagem.

Hoje também vemos, por parte de muitos, não o crescimento da piedade e humildade, mas o crescimento da arrogância de setores da igreja e consequentemente de seus próprios membros. A igreja cresceu no mundo, mas este crescimento precisa ser refletido tendo por base o entendimento da piedade e genuíno viver cristão. Vejamos um título para a nossa meditação, baseado no texto: “A enganosa religiosidade”.

Precisamos ainda hoje dos conselhos fornecidos nesta carta, vejamos quais são eles, de acordo com a própria Bíblia:

I- A igreja se engana com a frieza e arrogância (vv.14-17)
A manifestação de Cristo (v.14) – Cristo se identifica como a Testemunha fiel e verdadeira, demonstrando a infalibilidade de Sua Palavra e como o Principio da criação de Deus, que significa Aquele que é co-autor da criação, juntamente com o Pai.

A estagnação da igreja (v.15) – A cidade de Laodicéia entendia esta linguagem, pois nela havia fontes termais. A ilustração de Cristo revela alguns princípios.
- Esta igreja era indecisa;
- Esta igreja precisava manifestar o que deveria ser – Frio significa repúdio certo e quente o ponto certo e a aceitação.

A náusea do Senhor (v.16) – Aqui está uma declaração única da Escritura a respeito de Cristo, Ele está enjoado com esta igreja e não suportava vê-la tão em cima do muro. Ele ainda não diz “vomitarei”, mas “estou a ponto de vomitar”, logo mesmo nesta terrível declaração ainda existe esperança para esta igreja.

 A razão do enjôo de Cristo (v.17) – Era a preocupação com uma igreja orgulhosa que se gloriava de já ter alcançado tudo espiritualmente. Achavam-se perfeitos espiritualmente. Quem assim pensa não passa, de acordo com a Palavra de “miserável, pobre, cego e nu.


II- A igreja se engana quando não vai à fonte (vv.18-19)
A verdadeira fonte (Jr.17.13) – O conselho misericordioso de Jesus é que recorram a Ele (v.18). Ele tem a verdadeira riqueza (ouro refinado), não as vestes de lã dos ricos de Laodicéia, mas as vestes de justiça e santidade, para cobrir o pecado e não o remédio descoberto em Laodicéia para os olhos, mas o verdadeiro colírio, para ver o espiritual.

O amor pela disciplina (v.18) – Não era porque a dura mão de Deus estava naquela igreja que ele não a amasse. Ele estava disciplinando porque a amava e deseja o seu bem, justamente como faz um pai amoroso.

III- A igreja se engana quando não ouve a voz de Cristo (vv.20-22)
Cristo à porta (v.20) – Poucos textos são tão mal compreendidos na Bíblia. Jesus voluntariamente, sem a solicitação do homem aparece à porta. Não como alguém se humilhando, mas como aquele que se importa. Chamando a atenção do crente, por meio de Sua suave voz. Vemos aqui, portanto, a graça soberana e responsabilidade humana.

A promessa (v.21-22) – A aquele que escuta Deus concede as bênçãos decorrentes da obediência. Ele tem o direito de sentar ao lado de Cristo para reinar, formando uma nação de reis, regendo a infinita eternidade. É dever da igreja de Cristo ouvir tão amáveis conselhos.

Conclusão: A arrogância não se mistura com a fé em Deus. Pessoas arrogantes são altivas e incorrem naquilo que diz Provérbios 16.18: “A soberba procede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”. Também diz 1 Samuel 2.3 “Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam cousas arrogantes da vossa boca; porque o Senhor é o Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança”. Daremos conta de tudo que falarmos. Seremos aquilo que fala a porta da alma. Seremos constantemente avaliados pelo Senhor e queira Ele nos corrigir como filhos amados para a nossa própria edificação.  


Soli Deo Gloria!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os motivos de nossas orações

Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tiago 4.2-4)

Esta carta foi escrita a cristãos de origem judaica perseguidos num período denominado pelo próprio Tiago como dispersão. Ela constitui-se em recomendações de como esta igreja, mesmo longe da presença apostólica deveria se comportar. Nesta seção em especial (capítulo 4), fica evidente o teor exortativo das palavras de Tiago. Alguns ao lerem estas linhas muitas vezes chegam a pensar que tais palavras são destinadas a descrentes, levando em consideração a forma contundente que a exortação apresenta, mas, no entanto, estas palavras são dirigidas aos próprios crentes e penso que elas tem muito a nos dizer em épocas como a nossa. Por isso, convido você a pensar comigo sobre as palavras de Tiago.

Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. As palavras utilizadas por Tiago são claríssimas e contundentes, haviam pessoas naquelas comunidades que estavam longe do propósito evangélico, ou seja, estavam errando em fazer suas orações de modo adequado. Tiago não se preocupa em ser digerível ao gosto da congregação, mas a urgência de sua mensagem implica em sinceridade, por esta razão ele fala sem rodeios, o pecado não é mascarado, mas exposto com toda sinceridade. Ele fala em termos fortes, dizendo que aqueles crentes estavam cobiçando, buscando coisas que não consistiam no propósito divino e por esta razão estes estavam se prendendo em seus objetivos e em desejos impuros que ele chama de cobiça. Ele diz que estes crentes não recebiam o que pediam porque a razão do pedido era pecaminoso. Eles estavam até mesmo dispostos a matar e comportar-se de maneira injusta com inveja e não tinham nada porque o Senhor não lhes daria o que desejavam por ser algo reprovado por Ele mesmo. Seus projetos eram empreendidos com grande força, mas por serem injustos não seriam atendidos, mesmo que lutassem e fizessem guerras contra os seus semelhantes. Deus não prosperaria seus intentos e isso é evidente. Assim sendo, não basta apenas desejarmos algo, visto que a alma humana se preocupa consideravelmente, durante sua vida, em saciar suas pretenções. Na realidade Deus julga nossas pretenções e nesse julgamento Ele considera se estas são justas diante dEle, caso não sejam Ele simplesmente nega-nos, tendo em vista Seu propósito santíssimo.

Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. As petições que empreendiam estes crentes eram tidas como nulas. Mais na frente fica claro que eles pediam, mas tal eram impuras essas intenções que não importava o vigor das mesmas, elas seriam tidas como nulas assim mesmo. A forma real de pedir, humildimente, sinceramente e buscando a glória de Deus não era exercida e por esta razão obtiveram a negativa do Senhor. A decisão divina era de não receber, porque as súplicas eram más. Aqui lembro-me da frase de M. Lloyd Jones "até mesmo de joelhos, no momento mais sublime somos tentados". Não se engane meu amigo o nosso inimigo não cessa de nos tentar, nem tão pouco devemos desconsiderar nossa própria maldade. O fato de estarmos orando, um ato tão sublime e piedoso, não nos fazem merecedores, principalmente quando o que move estas orações são nossas cobiças. Devemos, como crentes, nos desfazer de nossas intenções impuras, egoísticas e centradas na nossa satisfação "vossos prazeres" e ao longo da jornada da piedade solicitarmos a morte do nosso ego. Deve ser assim em nossas orações e na própria vida. Enquanto estivermos maculados com esta jactância estaremos longe de buscarmos o real sentido da oração que é a glória de Deus.

Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. A severa advertência do escritor não é de forma alguma desmedida, de fato seremos infiéis se a glória de Deus não for o nosso alvo. É por isto que ele relaciona o fato de sermos tidos como infiéis se nos baseamos no modo de viver do mundo sem Deus. A incongruência apresentada por ele é grandemente flagrante, orações sem o objetivo sincero são inimizades contra Deus. Ele não somente não as escuta, Ele as repele, expulsa-as de Sua presença. Está na minha mente as multidões de súplicas influenciadas pela pérfida teologia da prosperidade de nossos dias. Orações por carros, bons empregos, viagens fúteis e uma inormidade de ídolos dos nossos dias, são simplesmente a prova mais evidente de que a igreja de hoje está errando o alvo. Estas são inimigas de Deus, pois são verdadeira abominação diante da santidade de Deus. Logo, se queremos ser amigos de Deus precisamos nos desvenciliar de tais projetos impuros que não visam a glória do Seu Nome. Não bastam apenas as intenções que julgamos as melhores, mas sim aquilo que Deus estabeleceu para todos nós. Portanto, aqueles que são influenciados por essa "teologia" repulsiva deveriam considerar palavras tão claras aos piedosos como estas, desfaçam-se de suas arrogantes pretenções que visam a religião falsa do culto a si mesmo. Não podemos mesclar o culto ao Deus Santo à pérfida adulação própria de nossos dias. Quem assim o faz, como nas palavras ditas acima são verdadeiramente inimigos de Deus e suas orações verdadeiras blasfêmias, pois que não buscam a glória de Deus.

Ao orarmos lembremo-nos desses versos e antes de qualquer projeto de vida olhemos e analisemos se glorifica ao Senhor. Caso elas estejam focadas em nós mesmos façamos um bem a nossa própria vida, "lancemos fora o velho fermento, para que sejamos uma nova massa, como somos de fato, sem fermento, Pois também Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado." (1 Co 5.7). grifo meu.

Soli Deo Gloria

terça-feira, 12 de abril de 2011

Aniversário de um ano do Blog Evangelismo e Reforma

A exatamente a um ano atrás surgia o blog Evangelismo e Reforma. Surgiu de alguma forma despretencioso, como uma ferramenta para interagir com o grande filão que é a internet, bem como da necessidade de encontrar pessoas na grande rede que estivessem interessadas em discutir Evangelismo e Reforma. 

A proposta original deste blog contempla um leque variado de assuntos e tópicos relacionados ao seu foco em si, visto que poucos blogs e sites tem uma conotação específica para o Evangelismo, algo, de fato contrário ao nosso outro interesse que é a Reforma Protestante. Para que não fosse algo batido ou repetitivo resolvi trabalhar as duas temáticas simultaneamente, em algumas ocasiões abordando assuntos relacionados ao evangelismo e suas formas, movimentos missionários, assuntos relevantes, bem como a teologia reformada em sua complexidade. Não me fixando apenas na teologia, mas no cotidiano e na aplicação da doutrina nas diferentes esferas do viver humano.

Depois de um ano inteiro usando este recurso deveras importante, gostaria de refletir sobre os principais destaques deste primeiro ano, agradecendo a todos aqueles que nos seguem, assim como os que nos lêem regularmente. Observe alguns dados do blog Evangelismo e Reforma.

94 postagens, contando com esta.
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As postagens mais populares são:

É interessante perceber que as postagens mais populares são conclusivamente evangelísticas, desde os dados fornecidos na mais vista até o enfoque sobre a realidade nordestina das missões. Provando que o nosso objetivo proposto está sendo alcançado.

Durante esse período de tempo que estamos com o nosso blog tenho aprendido uma série de coisas. 1) Que não é fácil manter um blog, 2) que a linguagem utililizada deve ser aprimorada constantemente para atender as exigências da internet, 3) que o conteúdo oferecido deve ser original, verdadeiro e respeitoso, principalmente porque se trata de um blog cristão, feito por um pastor, 4) além de um aprendizado diário, que tem servido para anunciar nossa missão no sertão nordestino em todo o mundo, de uma maneira responsável e acima de tudo comprometida com a Palavra de Deus, nossa única fonte de fé e prática.

Gostaria de agradecer a Deus por este importante recurso, visto que Ele é a única causa de nosso labor nesse blog e secundariamente aos nossos leitores, solicitando que continuem nos acompanhando, participando e dando suas opiniãos sempre úteis para o nosso crescimento. Meu sincero desejo é que o blog Evangelismo e Reforma continue sendo uma fonte de bênção para todos aqueles que buscam uma informação sincera, a respeito daquilo que nos propomos e se muitas vezes não ficamos à altura de tão grande urgência deve-se a nossa natural ignorância e limitação. Quanto aos elogios, creditamos todos eles ao nosso Deus, pois é dEle e somente dEle tudo o que somos e temos. Muito obrigado a todos os nossos leitores.

Fraternalmente
Rev. Fabiano Ramos Gomes, autor do Blog Evangelismo e Reforma
Soli Deo Gloria

domingo, 10 de abril de 2011

O êxito sob as aflições da Igreja

Apocalipse 3.7-13

INTRODUÇÃO: A cidade da Filadélfia distava 45 km de Sardes e era uma importante cidade da Ásia. Situava-se em um vale em uma estrada importante, era um centro divulgador da cultura grega na Lídia e na Frígia. Na época em que a carta foi escrita esta igreja enfrentava, apesar da pobreza, os ricos acusadores judeus.
Esta carta é tida como a mais benevolente de todas e o exemplo desta igreja é louvado pelas homenagens feitas a ela, nas inúmeras igrejas e denominações que levam seu nome. Mas o que essa carta a essa igreja pretende nos dizer hoje? Ela é um exemplo de como a igreja deve suportar suas próprias aflições. Para que tenhamos um entendimento mais claro disso sugiro um título: “O êxito sob as aflições da Igreja”. Antes de falar do êxito vejamos quais são as aflições que toda igreja tem que sofrer, as quais são:

I- Ser pobre e ter opositores (vv. 7-8)
a)      A manifestação de Cristo (v.7) – A esta igreja, Cristo manifesta-se como o Santo, o Verdadeiro e possuindo as chaves de Davi. As chaves de Davi são a mais alta honra no Reino de Deus (Is. 22.22; Mt 16.19; 28.18; Ap 5.5). É, portanto, uma designação de que ao Seu comando tudo acontece como lhe apraz.
b)      A porta aberta (v.8) – A porta que se refere o texto é a porta da pregação. Os opositores judeus desejavam acabar com ela, mas só Deus podia fechá-la. Nem opositores, nem forças surgidas dentro da própria igreja fariam qualquer dano.
c)      A pouca força (v.8 parte b) – O próprio reconhecimento da fraqueza é a certeza do entendimento correto, quando nos julgamos fortes na realidade estamos fracos (2 Co 12.9).
d)     O depósito da Palavra (v.8 parte c) – É quando não nos apartamos da Palavra, mesmo quando todas as forças são contrárias (Sl 119.11). Esta igreja perseverou com a Palavra e foi beneficiada com esta fidelidade.

II- Ter crescimento mesmo entre lutas (vv. 9-11)
a)      Crescimento e reconhecimento (v.9) – Os opositores cairão com a providência de Deus. Uns adoeceram e morreram, outros reconheceram que Deus estava na igreja e alguns deles foram salvos.
b)      Crescimento e sofrimento poupado (v.10) – Para uma igreja que sofreu tanto existe uma promessa de alívio. Eles não vivenciariam a aflição que recairá sobre a terra. Promessa também estendida à igreja de Deus, que não sofrerá com a grande tribulação.
c)      Crescimento e ação (v.11) – Ao mesmo tempo em que vemos o favor divino como garantia de segurança, vemos a necessidade do trabalho. É necessário empreender esforços para continuar a lutar em prol do Reino de Deus, conservando a coroa já concedida.

III- Vencer e usufruir destes benefícios (vv. 12-13)
Ao que vence:
a)      Coluna (v.12) – O mesmo destino que é reservado os patriarcas e os apóstolos também é reservado ao vencedor (Ap.21.12-14).
b)      Nome gravado – Significa o selo conferido a todos os eleitos, personificando o nome santíssimo de Deus e da nova Jerusalém.
Estes são chamados a usufruir destes benefícios, mas somente quando aprenderem a lutar contra os opositores e tiverem sofrido as lutas.

Conclusão: Não podemos esquecer que somos igreja militante. Aqueles que querem viver sem as lutas e opositores, mas querem pular para os benefícios, logo perceberam que não conseguirão. A norma primeira é a cruz e depois a ressurreição, não o contrário. Não espere subir aos céus em uma carruagem de ouro, ela não existe, amado irmão, ao contrário, por nós espera um calvário de lutas e afirmação da fé, pronto para nos provar e aprovar neste caminho. Amém.

Soli Deo Gloria!

sábado, 9 de abril de 2011

A relevância dos fatos atuais para a nossa reflexão

Caros leitores, gostaria de comentar algo sobre os eventos acontecidos nos últimos dias em nossa nação que certamente tirou o sono e mesmo a paz de pessoas desse imenso país continental. Refiro-me aos acontecimentos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Realengo, precisamente na escola Tácito da Silveira. Na manhã do dia sete de abril, um homem de 21 anos conhecido como Wellington Menezes de Oliveira, invade a citada escola e põe fim a vida de 12 crianças de idades entre 11 e 14 anos. 

Depois de ter ouvido e assistido muita coisa nestes dias, venho aclaradamente refletir sobre o assunto levando em consideração algumas questões que envolvem alguns fatos interessantes. Por esta razão, convido você a refletir comigo sobre este acontecimento:

O esteriótipo do quieto - Acho que algumas questões devem ser levantadas quanto a como estudar aquelas pessas que estão se isolando da sociedade. Refiro-me aos recentes avanços tecnológicos que fazem o ser humano se interiorizar como é o caso da internet. Não quero aqui fazer caça as bruxas quanto a isso ou demonizar a grande rede, mas é verdade que o acesso fácil destas pessoas a conteúdos perigosos fazem um indivíduo transtornado mentalmente um propenso "serial killer". Não estou dizendo com isso que as pessoas caladas ou introspectivas são potenciais assassinos, mas que deveríamos atentar para os desvios de personalidade de alguns, principalmente dos nossos filhos e considerar seriamente as intermináveis horas diante de um computador ligado à internet.

O Bullying - Esta palavra é nova em nossa língua e para ser sincero nem nossa ela é, mas é de origem americana e significa agressão física ou psicológica exercida de forma repetitiva. Mas não quero me ater a palavra e seu significado em si, mas a prática que ela evoca. As escolas sempre estiveram cheias de contradições comportamentais. Lembro-me dos meus dias como aluno e não era diferente. A imagem dos grupos sendo formados, as zombarias e coisas do gênero sempre foram muito comuns. Devemos lembrar que a imagem que se tem feito a respeito da criança hoje em dia, desenvolvida por pedagogos e terapeutas está muito distorcida e não é de modo algum adequada ao princípio bíblico da queda do homem, principalmente levando em considaração a depravação total. Criança não é anjo, elas nascem com o pecado original e manifestações agressivas e preconceituosas são o reflexo dessa queda e do pecado original. É claro que aqui eu concordo com os psicólogos que creditam a criação parte importante na formação do caráter. Logo uma família estabilizada espiritualmente tende a formar pessoas estabilizadas espiritualmente, por isso a importância da religião no lar. Uma família onde a religião deixou de ser praticada tende a esfarelar-se em propostas destruidoras que não tardarão em seus efeitos.

As igrejas - Não somos culpados por mentes psicopatas, o serial killer de Realengo, parecia conhecer religião, mas isso não faz a religião culpada por produzir tais mentes destruidoras, a não ser que se considere o islamismo em sua radicalidade fundamentalista, levando o Corão as últimas consequências, declarando guerra contra o ocidente e tudo que respire cristianismo. Mas o que dizer da nossa responsabilidade frente a pregação de hoje em dia. A pregação de hoje é muito centrada no homem e no alcance de suas necessidades, é fraca e débil e nem de longe evoca princípios morais absolutos. Isso explica a corrupção praticada por aqueles que se dizem religiosos na política e na vida comum. Portanto, creio que boa parte da nossa falência como nação procede de pregações frouxas em nossos púlpitos, para não dizer heréticas que investam a igreja brasileira. Estamos mais preocupados com a notoriedade do quê com o evangelismo. Fala-se muito em crescimento, mas pouco em se pregar o verdadeiro evangelho, isso nos faz, em parte responsáveis moralmente por indivíduos que não compreendem a verdadeira essência do Evangelho.

As leis contra crimes hediondos - Nossos legisladores refletem a fraqueza moral que falamos anteriormente. As leis brasileiras são frouxas e políticos e magistrados nem sempre respeitam estas leis. Muitos passam por cima delas ao bel prazer. Basta lembrar de casos onde desembargadores são soltos depois de cometerem crimes graves e políticos que tem seus mandatos referendados mesmo depois da aprovação da ficha limpa. Se não bastasse isso, tem o caso de policiais que não cumprem as leis e que dão "carteirada" que abrem horizontes e por ai vai. Não temos a coragem de discutirmos leis mais pesadas para o nosso povo, nosso código penal e ultrapassado e não contempla uma série de implicações em uma sociedade crescentemente violenta. Resta ao povo submeter-se e de vez em quando protestar, sem efeito algum, pois os magistrados parecem estar indiferentes quanto a isso. O clamor social nunca é jurisprudente e nunca é recorrente em casos assim, o que nos faz uma nação onde as leis são meramente formais e de modo algum são a espada de Deus, conforme o ensinamento bíblico.

Concluo aqui dizendo que estou chocado com tudo isso, mas creio que podemos considerar e tirar lições profundas sobre este evento. Não é falta de segurança, pois os primeiros policiais que chegaram a escola em questão estavam a duas quadras do evento, mas certamente é espiritual, moral e de legislação. Quando deixaremos de considerar tais implicações, colocar câmeras, seguranças e aparato tecnológico não resolve, o que resolve é a fé cristã, abatendo o homem e humilhando os seus instintos depravados na presença de Deus isso sim resolve. Deus e apenas Ele console as famílias daqueles que perderam seus entes nesse crime bárbaro. Soli Deo Gloria.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O cristão e os jogos de azar

Deus, em Sua obra redentora, tenciona revelar ao homem uma nova natureza em Cristo (2 Co. 5.17 e Gl. 6.15). Logo, as atitudes de um homem regenerado difere, em muitos casos, substancialmente de muitas práticas realizadas pelo homem não regenerado. Certo dia conversando com um pastor de outra denominação, ouvi, em tom piedoso por parte daquele, que ele pregava apenas a Cristo como grande objetivo do Evangelho. Na oportunidade disse a ele que concordava com isso e também fazia o mesmo, mas devemos também considerar que o próprio escritor aos Hebreus chamou isso de princípios elementares dos oráculos de Deus (Hb. 5.12), não no sentido de rudimentar, mas de algo que todos cristãos devem saber, ou seja, que foi Salvo por Cristo, não por suas próprias obras, mas por exclusiva graça salvadora. Mas isso é apenas o início do seu aprendizado no caminho de Cristo.

Com isso quero dizer que conhecer a Cristo é também conhecer as Suas exigências para nós e isto não é de modo algum algo pequeno. É, como na perspectiva calvinista, uma cosmovisão que abarca todas as áreas da humanidade. Por esta razão, o cristão não deve se limitar a alguns fundamentos, aquilo que é conhecido como fundamentalismo, mas com a totalidade da vida cristã, vivida na complexidade da vida comum de todo individuo.  A Bíblia tem, portanto, respostas para como viver de acordo com Deus e esta forma de viver pode ser conhecida plenamente nas Escrituras.

Várias coisas podem ser qualificadas como explícitas e implícitas na Bíblia. Mas o fato de um ensinamento não ocorrer de um modo explícito não significa que esse possa receber opiniões diversas a respeito de como praticar e que uma injunção que seja implícita não possa ser aceita apenas porque não está clara o suficiente. Na interpretação bíblica é possível retirar princípios axiomáticos sobre doutrinas que muitas vezes não são tocadas claramente na Bíblia. Por exemplo, como saber se as drogas são lícitas, de acordo com o texto sacro? Sabemos que são reprovadas pela agressão ao homem em sua complexidade, rebaixando-o a dependente de uma substância estranha ao corpo humano, além de denegrir sua humanidade, ética e religião. Algo estranho ao propósito divino, além de outros conceitos a este respeito que podemos tirar desse comportamento e de outros tantos, de acordo com a  verdade revelada.

Quanto aos jogos de azar, observamos que da mesma forma, apesar de não serem mencionados explicitamente na Bíblia esta prática, vemos que a luz de certas doutrinas ela é de todo reprovável. Vejamos então esta questão:
 
A luz do ensinamento dos povos sem Deus e seus cultos - A Bíblia está repleta de admoestações de que o povo santo de Deus não devia se misturar às práticas pagãs de cultos idolátras que tinham por costume a averiguação dos astros, necromancia e outras rituais que vislumbravam a interpretação do passado e do futuro (2 Cr.33.6, Mq 5.12). Logo, ao povo da aliança, esta prática era tida por Deus como abominável e apenas os meios deixados pelo próprio Deus deveriam ser observados (Dt. 18.10). Enquadram-se nestes termos a prática sacerdotal do Urim e Tumim (Dt 33.8, 1 Sm 28.6), pedras que interpretavam a vontade de Deus quanto ao povo, e os profetas, reconhecidos como videntes, que eram consultados em caso de guerras e em questões nacionais. É evidente que a luz do ensinamento, Deus reprova o uso desses jogos sob o pretesto de se fazer uma "fezinha". A fé genuína descansa na providência de Deus, esperando nEle o fruto do seu trabalho.

A luz da soberania de Deus - Com relação a esta doutrina, podemos inferir que ela é irreconciliável com a prática dos jogos de azar. Pois, Deus em Sua soberania não prevê para o homem o alcance de alguma dávida por meios contrários a Sua vontade revelada. É perfeitamente claro que Deus muitas vezes faz uso do pecado humano para um fim específico de seus decretos eternos, mas quanto a isso Ele faz o mal se tornar bem, para mostrar o Seu poder e reprovar a maldade humana e não porque devemos usar tal argumento para justificar nossas cobiças (Gn 45.5-7).

A luz da providência divina - Quanto a esta doutrina somos informados que Deus sustenta e administra todas as coisas. Com isso somos informados que é Ele que abençoa o fruto do nosso trabalho. Falando em trabalho é bom lembrar que de forma alguma este é tido por maldição de acordo com o ensinamento bíblico. Apesar de algumas maldições serem direcionadas ao homem depois da queda, Deus aprova o trabalho do seu povo, inclusive fazendo com que este trabalho e seu lucro sirva para o bem dos mais pobres e para a sustentação de Sua igreja (2 Co 9.9). Aqueles que querem ganhar em jogos de azar como loteria, bingos e outros não desejam nada disso, estão na realidade querendo ficar ricos por cobiça e mesmo que se justificassem com esses argumentos estariam na realidade pedindo licença para viverem com uma justificativa falaz.

A luz da maldade humana - A Bíblia diz que "Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupisciências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens em ruína e perdição" (1 Tm 6.9), isso justifica o fato de que mesmo as riquezas conquistadas em jogos de azar, em sua grande maioria, escorre pelo ralo do dinheiro fácil. Repete o ditado popular que diz "vem fácil e vai fácil". Crentes que estão interessados em riquezas revelam um caráter pecaminoso e ímpio, digno daqueles que não conhecem a Deus. As riquezas podem nos seduzir e podem nos levar a uma grande e fatídica queda espiritual, nos tornando escravos do dinheiro, ao invés de servos de Cristo. 

Conclusão: Concluo dizendo que tais práticas são na realidade contrárias a vontade de Deus. Que os cristãos que fazem uso desses meios não compreendem ainda a complexidade da fé cristã, vivida na dependência de Deus. Que além de pecarem ao fazerem uso desses métodos, estão se comportando como letárgicos e preguisosos que querem níveis maiores de uma condição por um meio alheio ao trabalho e certamente debaixo da reprovação divina. Recomendo a todos os que leêm este blog, estando firmado no ensimamento bíblico, a se disfazerem desses recursos e confiarem apenas em Deus. Pode ser que com esta postura você não alcance a riqueza material, mas que certamente se enriquecerá espiritualmente, manifestando o fim e o propósito que Deus estabeleceu para aqueles que vivem piedosamente.